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HISTÓRIAS INFANTIS E O ENSINO DA MATEMÁTICA: CONTRIBUIÇÕES DE LIVROS INFANTIS PRESENTES NO PROGRAMA PACTO NACIONAL PELA ALFABETIZAÇÃO NA IDADE CERTA

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Academic year: 2021

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ISSN 2176-1396

HISTÓRIAS INFANTIS E O ENSINO DA MATEMÁTICA:

CONTRIBUIÇÕES DE LIVROS INFANTIS PRESENTES NO

PROGRAMA PACTO NACIONAL PELA ALFABETIZAÇÃO NA

IDADE CERTA

Talita Fernanda de Souza1 - UFSCar Cármen Lúcia Brancaglion Passos2 - UFSCar Grupo de Trabalho - Educação Matemática Agência Financiadora: CNPq Resumo

Este trabalho baseia-se em uma pesquisa de iniciação científica concluída sobre as contribuições de histórias infantis sugeridas no Programa de Formação Continuada Pacto Nacional Pela Alfabetização na Idade Certa – PNAIC para o ensino da matemática no Ciclo de Alfabetização, tendo como tema a utilização da literatura infantil para o ensino dessa área do conhecimento. Foi realizada uma análise minuciosa dos livros infantis, com o propósito de identificar o(s) conteúdo(s) matemático(s) presentes, a maneira como esses conceitos são abordados, o contexto da história, a possível sugestão de atitudes, a presença de proposta de atividades e o auxílio das ilustrações na compreensão da história e do conhecimento matemático. Sendo assim, com essa investigação, teve-se como objetivo compreender como essas histórias infantis podem contribuir para a efetivação do processo de letramento matemático. A abordagem metodológica dessa investigação é de caráter qualitativo, tratando-se de uma pesquisa documental e bibliográfica. Primeiramente, foi realizado o levantamento de livros infantis sugeridos no PNAIC em Educação Matemática. Em um segundo momento, foi feita a escolha dos livros infantis a serem analisados, tendo como critério de seleção o livro que possuir maior relação com o Caderno de Formação no qual foi indicado. A discussão dos resultados envolve referenciais teóricos que abordam a importância da matemática no Ciclo de Alfabetização e das histórias infantis como recurso didático-pedagógico para o trabalho dessa área do conhecimento, assim como os dados obtidos nas análises com relação ao contexto da história, conteúdo matemático e ilustrações. Essa investigação constatou que é possível haver a conexão de histórias infantis com o ensino da matemática no Ciclo de Alfabetização, contribuindo para práticas de leituras e escritas e para uma abordagem de conteúdo matemático de maneira significativa e contextualizada.

1

Graduanda no Curso de Licenciatura Plena em Pedagogia na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). E-mail: talita.fsouza13@gmail.com.

2

Professora Doutora do Departamento de Teorias e Práticas Pedagógicas e do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). E-mail: carmen@ufscar.br.

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Palavras-chave: Letramento matemático. Histórias infantis. Pacto Nacional Pela Alfabetização na Idade Certa.

Introdução

O ensino da matemática é muito importante, sobretudo nos Anos Inicias do Ensino Fundamental, no qual as crianças terão um contato sistematizado com essa área do conhecimento e, com isso, formarão sua base em relação à matemática. Contudo, muitas vezes, não é dada a devida importância para o seu ensino, o qual acaba se tornando dificultoso para várias crianças ainda em período de alfabetização.

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN): matemática (BRASIL, 1997), apesar dessa área do conhecimento ser considerada extremamente importante, o seu processo de ensino-aprendizagem tem provocado a sensação de insatisfação, tanto por parte de quem ensina como de quem aprende, devido aos resultados negativos que, frequentemente, são tidos em relação à sua aprendizagem, o que torna necessário que aconteçam mudanças em seu ensino.

Dessa forma, é fundamental pensar o trabalho da matemática nos Anos Iniciais de uma maneira que supere a supervalorização do aspecto sintático do ensino e valorize o aspecto semântico, não restringindo essa área do conhecimento aos números e às quatro operações básicas, bem como não fazendo imposições às crianças quanto à maneira de pensar e de registrar seus pensamentos, não as enquadrando em modelos que já estão pré-estabelecidos, os quais, infelizmente, são práticas que permaneceram e, muitas vezes, permanecem dentro das escolas até os dias de hoje (BRASIL, 2014).

Muitas vezes quando pensamos na alfabetização matemática tradicional, estamos nos referindo apenas ao domínio de códigos necessários para sobreviver dentro da escola. Contudo, a linguagem matemática vai além do espaço da escola, ela está diretamente relacionada com a vida do estudante como cidadão, por isso, é fundamental perceber a ação social que essa área do conhecimento possui. É necessário que a alfabetização matemática aconteça na perspectiva do letramento (BRASIL, 2014).

É essa a proposta do Programa de Formação Continuada Pacto Nacional Pela Alfabetização na Idade Certa em Educação Matemática - PNAIC, abordar a alfabetização matemática na perspectiva do letramento, tendo como compromisso alfabetizar e letrar todas as crianças brasileiras em língua portuguesa e em matemática até o final do 3º ano do Ensino

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Fundamental (que contempla os alunos até os oitos anos de idade), isto é, até o final do Ciclo de Alfabetização.

Dessa maneira, o PNAIC (BRASIL, 2014, p. 08) é formado por “um conjunto integrado de ações, materiais e referências curriculares e pedagógicas”, o qual subsidiará a Formação Continuada de professores alfabetizadores, tendo em vista que esse material foi distribuído para cerca de 400 mil desses profissionais da Educação. Além disso, o Pacto (BRASIL, 2014, p. 08), se baseia em quatro eixos de atuação, a saber:

[...] formação continuada presencial para professores alfabetizadores e seus orientadores de estudo; materiais didáticos, obras literárias, obras de apoio pedagógico, jogos e tecnologias educacionais; avaliações sistemáticas; gestão, controle social e mobilização.

O curso de Alfabetização Matemática oferecido pelo Pacto é composto por oito Cadernos de Formação, os quais devem ser trabalhados em 80 horas, que podem ser distribuídas em 10 meses, o que equivale ao período de duração do Curso de Formação Continuada. Os conteúdos referentes aos Cadernos são bastante amplos, abrangendo questões de organização, diversos conceitos matemáticos com os quais as crianças devem ter contato durante o período de alfabetização e também outras áreas de conhecimentos, além da matemática (BRASIL, 2014).

É importante destacar que, no decorrer de tais Cadernos (BRASIL, 2014, p. 25), são abordados diversos exemplos, no sentido “de tornar o processo de alfabetização matemática na perspectiva do letramento significativo para as crianças”, fazendo uso de situações cotidianas, e, consequentemente, levando a matemática presente em tais situações para dentro da sala de aula, pois não deve haver a separação de dois mundos: o mundo da sala de aula e o mundo fora da sala de aula (BRASIL, 2014).

Os encontros em grupo (os encontros de Formação Continuada) se iniciam por uma leitura deleite, que é indicada na seção Sugestões de Atividades Para os Encontros em Grupos, que há em cada um dos Cadernos de Formação, sendo que “por vezes a leitura é seguida pela discussão de como a Literatura Infantil e a Matemática podem dialogar” (BRASIL, 2014, p. 15).

Dessa maneira, pode-se notar que a conexão da matemática com a língua materna, por meio de histórias infantis é valorizada e abordada no Programa do Pacto para o ensino da matemática no Ciclo de Alfabetização, sendo considerada importante para a efetivação de um trabalho matemático de qualidade para com as crianças de 6 a 8 anos de idade, pertencentes

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aos Anos Iniciais. Dessa forma, a utilização de histórias infantis como recurso-didático pedagógico no ensino da matemática constitui-se como objeto de estudo deste trabalho.

Durante muito tempo pensou-se que, dificilmente a prática de leitura e de escrita e a matemática poderiam ser trabalhadas de forma interligada, pois ambas eram (e ainda hoje, muitas vezes são) vistas como sendo de naturezas diferentes e, por isso, também deviam ser trabalhadas separadamente. Além disso, a tradição que predominou por bastante tempo dizia que a alfabetização na língua materna antecedia qualquer abordagem de outras áreas do conhecimento.

Contudo, conforme expõem Souza e Oliveira (2010), a apropriação da língua materna e da matemática inicia-se antes de se ter contato sistematizado com a escola. Nesse sentido, para Smole et al. (2001), a conexão da matemática com histórias infantis pode configurar-se em uma maneira de diminuir esse distanciamento, sendo que “[...] a literatura infantil nas aulas de matemática é uma das possibilidades para tornar essa disciplina mais interessante e motivadora [...]” (CARNEIRO; PASSOS, 2007, p.02).

Neste contexto, é importante destacar que, a ligação da matemática com a língua materna realmente existe, pois de acordo com Souza e Oliveira (2010), a matemática é um conhecimento que não possui oralidade própria, e, portanto, é necessária uma conexão com a língua materna.

Segundo Andrade (2005), quando escrevemos e lemos, é feito o uso de diversas linguagens, sendo umas delas, a linguagem matemática. Assim, as alfabetizações na língua materna e em matemática têm muitas afinidades, pois mesmo sendo diferentes, possuem o mesmo propósito, o de possibilitar a comunicação entre as pessoas.

A importância de um trabalho contextualizado com situações cotidianas dos alunos e a relação entre a língua materna e a linguagem matemática também é demonstrada por Andrade (2005, p. 159), ao abordar alguns pontos em comuns entre ambas as línguas:

[...] o trabalho para que a criança venha a ler e escrever implica colocá-la em contato com a língua materna nas suas mais diferentes situações, enquanto a tarefa de preparar uma criança para contar, calcular, estimar, escrever, ler, interpretar e analisar tabelas e gráficos, dividir espaços e objetos e raciocinar levantando possibilidades e probabilidades requer que seja posta em contato com diferentes situações problemáticas e instigadoras presentes no seu dia-a-dia.

Silva (2013) também aponta o diálogo que pode ocorrer com outras áreas do conhecimento, inclusive com a língua materna. Tanto a língua materna como a linguagem

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matemática faz parte do processo de formação do ser humano, e, por isso, estão relacionadas. Quanto a um ensino contextualizado da matemática, Silva (2013, p.18) aborda que:

[...] é uma das formas de desenvolver a articulação com outros conteúdos e disciplinas. Uma formação matemática comprometida com a formação do cidadão subentende a integração dos conhecimentos dessa ciência com os de outras áreas, principalmente com a língua materna, promovendo o desenvolvimento integral do indivíduo.

De acordo com o referido autor citado acima, a Matemática é uma forma de linguagem que dá possibilidade de a criança formar os primeiros esquemas operatórios e une-se à língua materna para nos auxiliar na leitura e na compreensão do mundo em que vivemos. A linguagem matemática, assim como outras linguagens, também possui registros orais, escritos e pictóricos, pois, segundo Silva (2003, p. 72):

[...] na verdade, a linguagem matemática dispõe de um conjunto de símbolos próprios, codificados e que se relacionam segundo determinadas regras, que, supostamente, são comuns a uma certa comunidade e que as utiliza para comunicar ideias específicas.

Conforme Machado (1992 apud SILVA, 2003), pelo fato de a matemática não possuir oralidade própria, assim como destacado anteriormente, ela está voltada para a escrita, contudo, é importante ressaltar que, “[...] a escrita não apresenta para a Matemática um segundo código de representação, mas um código único, embora haja uma relação entre as mesmas [...]” (SILVA, 2003, p. 73).

Quanto a isso, segundo Machado (1992 apud SILVA, 2003, p.73), existe uma relação de complementaridade entre a linguagem matemática e a língua materna, mas não se sobrepondo uma a outra, já que o aspecto mais importante dessa complementaridade pode estar “na possibilidade de a Matemática tomar emprestada à língua materna a oralidade que, na transação, funcionaria como suporte de significações para o aprendizado da escrita matemática.”

Dessa maneira, em concordância com Silva (2003, p.75), “a linguagem matemática é híbrida, pois resulta do cruzamento de sua linguagem única com uma linguagem natural, no nosso caso, o português”. Sendo, por isso, de extrema importância a relação entre a língua portuguesa e a matemática, a qual pode ser proporcionada por meio de histórias infantis, com práticas de leituras e escritas nas aulas de matemática.

Seguindo proposta semelhante, Smole et al. (2001) aponta que, é importante haver a aproximação da matemática com o ensino da língua materna, pois além de ser uma maneira

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inovadora e gerar mudanças no ensino tradicional da matemática, também propicia um maior enriquecimento desse próprio ensino, com maior ludicidade e desafios no momento do processo de ensino-aprendizagem, desenvolvendo de modo simultâneo habilidades da língua materna e de matemática.

Em concordância, Silva (2003, p. 95) aborda que quando há a conexão entre áreas do conhecimento, como a ligação entre histórias infantis e a matemática, as aprendizagens ocorrem simultaneamente, pois:

[...] ao estudar matemática em textos literários, o aluno não aprende primeiro a Matemática para depois usá-la na interpretação da literatura, ou o oposto dessa afirmação, mas pode explorar as idéias matemáticas e a história do texto, ao mesmo tempo. Dessa forma, a aprendizagem de uma não se constitui na outra, mas em ambas, desenvolvendo-se enquanto os educandos lêem, escrevem e discutem sobre as idéias e conceitos, tanto matemáticos quanto lingüísticos, que vão aparecendo ao longo da leitura. E é nesta participação conjunta que a conexão da matemática com a literatura infantil se faz presente.

O ensino da matemática ligado às histórias infantis é de extrema importância, pois pode oferecer diversas capacidades à criança. Em concordância com Silva (2003), ao haver tal ligação, é possível interrogar o texto, refazer leituras, formular ideias, aprender e fazer matemática com a exploração que o texto do livro infantil proporciona, como conceitos matemáticos e linguísticos.

Essa conexão proporciona um trabalho diferenciado, no qual matemática, língua materna e a própria realidade da criança são relacionados, dando a oportunidade aos alunos de terem contato com a escrita, oralidade e pensamento matemático, desenvolvendo também noções matemáticas, assim como habilidades para formular e resolver problemas (SILVA, 2003).

Além disso, quando falamos na utilização de histórias infantis para o ensino da matemática, vê-se que, implicitamente, falamos da interdisciplinaridade, que segundo Fonseca e Cardoso (2005), diz respeito a um trabalho que não é fragmentado, predominando a ação coletiva e, de acordo com Kleiman e Moraes (1999 apud FONSECA; CARDOSO, 2005), permite a ligação das disciplinas, a qual está concatenada às práticas sociais dos alunos, isto é, com sua realidade.

Fazendo-se uso de tal interdisciplinaridade, de acordo com Solé (1998 apud FONSECA; CARDOSO, 2005), a criança estará se tornando uma leitora autônoma em matemática, pois não compreenderá a leitura como sendo limitada a perguntas a serem

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respondidas, mas, passará a reconhecer a grande variedade que a leitura pode ter nas atividades matemáticas e nas práticas sociais.

Sendo assim, em concordância com o que se abordou acima, as questões que nortearam a pesquisa, da qual se refere este trabalho, foram: É possível haver a conexão de histórias infantis com o ensino da matemática no Ciclo de Alfabetização? Quais são as contribuições das histórias infantis no processo de letramento matemático? Qual a importância de examinar não somente os conteúdos matemáticos presentes no livro infantil quando o professor se propõe a utilizar tal recurso no trabalho da matemática? É possível proporcionar o sentimento de prazer, encantamento e descoberta por meio das histórias infantis ao mesmo tempo em que são utilizadas como uma conexão para o ensino da matemática?

Portanto, o objetivo geral da pesquisa consistiu em realizar a análise de livros infantis sugeridos nos Cadernos de Formação em Educação Matemática pelo Programa Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, a fim de identificar o(s) conteúdo(s) matemático(s) presentes em tais livros e a maneira como esses conceitos são abordados, tendo em vista também, o âmbito do contexto da história e das ilustrações, investigando se tais livros infantis contribuem para a efetivação do processo de letramento matemático no Ciclo de Alfabetização.

Desenvolvimento

Nesta seção apresenta-se a metodologia utilizada para a efetivação da pesquisa, assim como alguns referenciais teóricos que nortearam a investigação e a discussão de alguns dos resultados obtidos.

Metodologia de Pesquisa

Para a efetivação da pesquisa, primeiramente, foram realizados estudos acerca da temática da pesquisa, envolvendo o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa em Educação Matemática, o ensino da matemática no Ciclo de Alfabetização na perspectiva do letramento e a conexão da matemática com histórias infantis, evidenciando as potencialidades desse recurso didático-pedagógico.

Vale ressaltar que, a revisão bibliográfica esteve presente em todo o desenvolvimento da pesquisa. De acordo com Araújo e Borba (2004), por meio da revisão bibliográfica o

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pesquisador situa a sua pesquisa em relação ao conhecimento que está sendo produzido na comunidade científica, além de ser um processo essencial após a definição do tema.

Em seguida, foi executado o levantamento dos livros infantis sugeridos nos Cadernos de Formação em Educação Matemática do PNAIC, no qual foi constatada, no total, a indicação de vinte livros. Logo após, iniciou-se o processo de escolha dos livros a serem analisados, tendo o seguinte critério de seleção: o livro que possuir mais relação com o conteúdo matemático referente a determinado Caderno de Formação no qual foi indicado. Após a leitura minuciosa de todos os livros infantis, com o intuito de escolha, de acordo com tal critério, foi possível escolher os livros analisados nesta pesquisa. Foram selecionados oito livros infantis, sendo um livro de cada Caderno de Formação.

Para realizar a análise dos livros, visando cumprir o objetivo da pesquisa, foi necessário estabelecer alguns eixos de análise que abarcam o contexto da história, o conteúdo matemático e as ilustrações. Os eixos foram: o contexto da história, com o intuito de investigar qual o assunto tratado na história e a presença de possíveis sugestões de atitudes para o leitor e quais; o conteúdo matemático, com o objetivo de verificar qual o conceito matemático presente no texto, se a matemática aparece de forma mais implícita ou de forma mais explícita, se são propostas atividades que envolvem a matemática para o leitor e como são propostas; e a ilustração, verificando se auxilia na compreensão da história e na compreensão do conhecimento matemático.

Trata-se, portanto, de uma pesquisa bibliográfica e documental de caráter qualitativo. Os livros são materiais construídos em um contexto sócio histórico, e que, consequentemente, possuem conteúdos que podem ser analisados em pesquisa. Segundo Sá-Silva, Almeida e Guindani (2009, p. 01):

[...] o uso de documentos em pesquisa deve ser apreciado e valorizado. A riqueza de informações que deles podemos extrair e resgatar justifica o seu uso em várias áreas das Ciências Humanas e Sociais porque possibilita ampliar o entendimento de objetos.

Vale ressaltar que, a análise dos dados obtidos nos livros foi interpretativa, relacionando o estudo do referencial teórico e tais informações, de modo que pudessem revelar possíveis contribuições que a conexão entre a matemática e as histórias infantis pode oferecer para o Ciclo de Alfabetização, para que assim, trouxessem indícios que permitissem responder à temática da pesquisa e atender aos objetivos delineados.

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Referencial Teórico

Conforme apontado inicialmente, o Ciclo de Alfabetização corresponde aos três Anos Iniciais do Ensino Fundamental, nos quais a criança deve ter acesso às aprendizagens básicas, pois isso é direito de cada uma delas. Esse ciclo foi implementado devido à meta de que todas as crianças brasileiras até seus 08 anos de idade estejam letradas e alfabetizadas (BRASIL, 2012).

A alfabetização matemática possui grande relação com os saberes prévios que as crianças possuem, sendo possível perceber isso pela sua caracterização no Documento Elementos Conceituais e Metodológicos para Definição dos Direitos de Aprendizagem e Desenvolvimento do Ciclo de Alfabetização (1º, 2º e 3º anos) do Ensino Fundamental (BRASIL, 2012, p. 60), a qual é definida com:

[...] processo de organização dos saberes que a criança traz de suas vivências anteriores ao ingresso no Ciclo de Alfabetização, de forma a levá-la a construir um corpo de conhecimentos matemáticos articulados, que potencializem sua atuação na vida cidadã.

Com isso, percebe-se que tal alfabetização deve auxiliar a criança a resolver problemas que encontrará em seu cotidiano, já que com as ideias matemáticas aprendidas, o educando poderá compreender o mundo em que vive, agindo também sobre ele (BRASIL, 2012).

As primeiras noções de espaço, de forma e suas representações e as primeiras ideias de grandezas são conceitos construídos no período de alfabetização matemática, e, não estão separadas da organização e da comunicação de informações, sendo necessário, por isso, não separar a alfabetização do processo de letramento. Dessa forma, é importante destacar que, a resolução de problemas e o desenvolvimento do pensamento lógico estão intrinsecamente relacionados ao letramento matemático, que deve ocorrer no período de alfabetização (BRASIL, 2012).

Smole el al. (2001, p. 02) abordam que uma maneira interessante de trabalhar-se tal conhecimento no Ciclo de Alfabetização via investigação e situações-problema é por meio das histórias infantis, visto que “é conhecida a riqueza do potencial literário para a alfabetização devido ao estímulo que representa na construção do código da língua escrita”.

Desse modo, quando pensamos em textos nas aulas de matemática, segundo Fonseca e Cardoso (2005), primeiramente vêm às nossas mentes os textos que dizem respeito unicamente aos conteúdos matemáticos, como os livros didáticos. Contudo, há textos que em

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sua originalidade não foram criados para ensinar matemática, mas, essa relação é e pode ser estabelecida. Assim, textos de outros contextos podem ser utilizados para o ensino/ exploração da matemática a fim de evidenciar o caráter social que essa área do conhecimento possui.

Sendo assim, por meio das histórias infantis também podem ser estabelecidas relações com a matemática, proporcionando contextualização para o seu ensino, o que é essencial para a aprendizagem significativa dessa área do conhecimento. Segundo Silva (2003) os livros literários são os responsáveis pelo prazer que a criança poderá ter ao ler, além de poder formar o seu senso crítico, oferecer subsídios para que compreenda a realidade que a cerca e também o conhecimento sobre a língua escrita.

Com isso, por que também não trabalhar a leitura nas aulas de matemática, visto sua importância para o desenvolvimento da língua materna juntamente com a matemática? Por que não unir histórias infantis a uma prática interdisciplinar? De acordo com Fonseca e Cardoso (2005), é preciso que seja estabelecida uma situação específica das leituras sociais nas aulas de matemática, pois assim o estudante procurará nos textos respostas para suas dúvidas, procurando satisfazer uma necessidade real e não ler apenas para responder a perguntas já pré-estabelecidas.

Em suma, é possível perceber a importância de aliar o processo investigativo à aprendizagem da matemática pelas crianças, o qual deve ser visto como um processo criativo que desafia a criança a pensar e a propor soluções para um problema contextualizado e do qual vê a necessidade de resolvê-lo, o qual pode ser oferecido pelas histórias infantis.

Resultados e Discussões

Os livros sugeridos na seção “Sugestões de Atividades Para os Encontros em Grupo”, de cada um dos Cadernos de Formação em Educação Matemática do Programa de Formação Continuada Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, e escolhidos de acordo com o critério de seleção abordado, foram, respectivamente, segundo a ordem dos Cadernos (Caderno 1 ao 8): O tempo, de Minkovicius (2011), O presente de aniversário do marajá, de Rumford (2004), Livro dos números, bichos e flores, de Busatto (2011), Quem ganhou o

jogo? Explorando a adição e a subtração, de Dreguer (2011), Clact... clact... clact..., de

Lalocca (1988), A lua dentro do coco, de Caparelli (2010), Fugindo das garras do gato, de Yun-Jeong e Sun-Yeong (2009) e o Almanaque Maluquinho – Pra quê dinheiro?, de Ziraldo (2011).

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A partir da análise realizada, tendo em vista os eixos de análise, que abarcam conteúdo matemático, contexto da história e ilustrações, foi possível obter os resultados elencados a seguir.

Sobre os conteúdos matemáticos abordados, tendo como referência os Eixos Estruturantes do ensino de Matemática propostos pelos “Elementos Conceituais e Metodológicos para Definição dos Direitos de Aprendizagem e Desenvolvimento do Ciclo de Alfabetização (1º, 2º e 3º anos) do Ensino Fundamental” (BRASIL, 2012): o livro O tempo, indicado no Caderno 1, envolve somente o conteúdo de Grandezas e Medidas; a história O

presente de aniversário do marajá aborda a temática de Número, Pensamento Algébrico e

Grandezas e Medidas; o livro intitulado Livro dos números, bichos e flores envolve os conceitos de Número e Pensamento Algébrico; já por meio do livro Quem ganhou o jogo?

Explorando a adição e a subtração pôde-se verificar a presença dos conteúdos de Números e

Operações; na história infantil Clact... clact... clact.., o conteúdo matemático observado foi a Geometria e o Pensamento algébrico; no livro, A lua dentro do coco, indicado no Caderno 6, o conteúdo presente é de Grandezas e Medidas; já na história infantil Fugindo das garras do

gato foi possível verificar os conteúdos de Estatística, Números e Grandezas e Medidas; e,

por fim, no último livro analisado os conceitos encontrados foram Grandezas e Medidas, Operações e Números.

Dessa forma, cinco livros envolvem conteúdo de Números, cinco livros abordam o conceito de Grandezas e Medidas, três livros desenvolvem a temática de Pensamento Algébrico, dois livros envolvem o conteúdo de Operações, um livro aborda o conteúdo de Geometria (Espaço e Forma) e um livro desenvolve a temática de Estatística (Tratamento da Informação).

Quanto à maneira que os conteúdos matemáticos são abordados nas histórias, obteve-se o obteve-seguinte resultado: cinco livros possuem uma abordagem explícita, isto é, pode-obteve-se inferir que possuem a intenção de ensinar conceitos matemáticos, e três livros possuem uma abordagem implícita, ou seja, possivelmente não foram elaborados com a intenção de ensinar a matemática, apesar de ser possível a conexão com essa área do conhecimento. Os trechos dos livros apresentados a seguir ilustram essas considerações:

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[...] nove formigas carregam uma pétala. Dão bom dia às oito lesmas que andam deeeeevaaaagaaaaar. Sete borboletas voam sobre os seis jacintos que sorriem para as cinco minhocas saídas da terra. As minhocas se arrastam pela grama em direção às quatro joaninhas que descansam às sombras das folhas ouvindo os três passarinhos que piam para as duas abelhas pousadas no girassol que despertou no jardim (Abordagem explícita do conteúdo de Números – Livro: Livro dos números, bichos e flores).

[...] Lucas respondeu: No começo eu tinha vinte e oito. Agora não sei. Priscila: -Quantas você perdeu para o Paulo?. Lucas: - Dez. Priscila: - Então, dá para saber com quantas cada um ficou sem mexer nas figurinhas. Priscila explicou: - Primeiro, desenhamos vinte e oito bolinhas nesta folha de papel. Depois, riscamos as dez que você perdeu. Você ficou com dezoito. Pode conferir.

Lucas contou e, surpreso respondeu: - Tá certo! (Abordagem explícita do conteúdo de Operações – Livro: Quem ganhou o jogo? Explorando a adição e a subtração) [...] Era pequena e fica grande, enorme, essa pirâmide! E atento o macaquinho, vai chegando de mansinho [...] Diante dele, cheia de graça, a lua cheia se despedaça [...] Medo? Sim, mas pouco. Pouco? Um medo louco [...] E depressa macacada acha a corda abandonada, uma corda arrastada, uma corda bem pesada [...] Arrastada até a areia para salvar a lua cheia [...] Abre a boca essa cobra, e depressa já se acorda [...] É miragem sem mirada. Vazia, esburacada [...] (Abordagem implícita do conteúdo de Grandezas e Medidas – Livro: A lua dentro do coco).

[...] - Clact... clact... clact... os amarelos todos do lado esquerdo. E os pedacinhos amarelos foram para o lado esquerdo. - Clact... clact... clact... os azuis todos do lado direito! E os azuis foram para o lado direito. - Clact... clact... clact... os vermelhos fiquem no meio! E os vermelhos ficaram no meio. E assim, um pouco mais pra cá e um pouco mais pra lá, a tesoura separou os verdes, os pretos e os alaranjados (Abordagem implícita do conteúdo de Geometria e Pensamento Algébrico – Livro: Clact... clact... clact...)

No geral, os temas (contextos) verificados nos livros envolvem desde a fantasia, a realidade, até a junção de ambas; animais, crianças, adultos, situações escolares e extraescolares, família. Com relação à sugestão de atitudes, foi possível notar que: quatro livros fazem a indicação de atitudes, de maneira direta ou indireta, mas perceptível. As atitudes identificadas foram: priorizar as amizades/não ser orgulhoso; importância do trabalho em equipe; o respeito ao próximo; como a matemática pode ser utilizada em nosso favor/ nas situações cotidianas; como a matemática pode estar relacionada às outras áreas do conhecimento (no caso da história analisada, a Educação Física); ouvir a opinião de todos na tomada de decisão; como usar, guardar e economizar nosso dinheiro; e, quatro livros não fazem a indicação de atitudes aos leitores. Conforme pode-se observar nos seguintes excertos: [...] - Para que eu preciso de presentes? – perguntou, tomando fôlego. – Esta história e a amizade de vocês são os melhores presentes para mim (Sugestão de atitudes sobre a importância das amizades – Livro: O presente de aniversário do marajá).

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[...] Mas, afinal, o que Lucas e seus amigos aprenderam com esse jogo? Eles descobriram que a matemática pode ajudar no esporte e que o trabalho em equipe faz a força de um grupo! (Sugestão de atitudes acerca do trabalho em equipe e da utilidade da matemática em outras áreas – Livro: Quem ganhou o jogo? Explorando a adição e a subtração)

[...] Por que não nos dividimos em duas filas para escolhermos, em vez de ficarmos discutindo? Na fila da direita fica quem vota em uma coisa pesada. Na fila da esquerda fica quem vota em uma coisa leve” (Sugestão de atitudes sobre a tomada de decisões – Livro: Fugindo das garras do gato)

[...] Pro dinheiro não faltar, é claro que a soma do que a família ganha tem que ser maior do que a soma dos gastos e das dívidas (Sugestão de atitudes acerca do uso do dinheiro – Almanaque Maluquinho – Pra quê dinheiro?)

Quanto à relação do livro com o cotidiano, isto é, com os aspectos da realidade: três livros possuem relação direta com o cotidiano, por tratarem de temas totalmente relacionados à realidade; dois livros possuem relação, em partes, com o cotidiano, já que há a presença de aspectos da fantasia, contudo, contendo alguns aspectos relacionados ao cotidiano; e três livros não possuem relação com o cotidiano, permanecendo somente na fantasia.

Tendo em vista as propostas de atividades, foi observado que: três livros propõem atividades, sendo que todas elas são feitas por meio da interação escritor-leitor; e cinco livros não fazem propostas. Segue exemplos de algumas propostas:

[...] E por falar em lembrança, você se lembra do começo da história? Vá, refresque a memória. (Livro: O Tempo)

[...] Mas, afinal, o que Lucas e seus amigos aprenderam com esse jogo? Eles descobriram que a matemática pode ajudar no esporte e que o trabalho em equipe faz a força de um grupo! E você, também já percebeu isso? (Livro: Quem ganhou o jogo? Explorando a adição e a subtração).

[...] E agora? Os ratos têm um novo problema. O Gato Malvado convidou seu amigo, o Gato Tom, para uma visita. Por isso, os ratos fizeram uma reunião de emergência. [...] Qual opção teve mais votos? O que nós podemos amarrar no Gato Tom? Uma coisa com cheiro, uma coisa brilhante ou uma coisa com som [...] (Livro: Fugindo das garras do gato).

Quanto à ilustração, constatou-se que: todos os livros auxiliam na compreensão da história e na compreensão do conteúdo matemático presente no texto, sendo que em um deles, o auxílio em relação à compreensão da matemática é menor, mas acontece.

Dessa maneira, por meio da pesquisa realizada, foi verificado que os livros infantis analisados oferecem subsídios para o trabalho da matemática no Ciclo de Alfabetização, abrangendo diversos conteúdos matemáticos referentes aos cinco eixos estruturantes para alfabetização e letramento matemático (BRASIL, 2012), sendo tais eixos: números e

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operações, pensamento algébrico, espaço e forma, grandezas e medidas, e tratamento da informação.

Vale destacar que, como visto, os livros analisados podem ser classificados em dois grupos quanto à abordagem do conhecimento matemático. O primeiro grupo diz respeito aos livros que carregam consigo ideias matemáticas diretamente ou indiretamente, aparecendo de forma implícita no texto, mas que não foram construídos com o propósito de abordar conceitos matemáticos. Já, o segundo tipo refere-se aos livros que têm a intenção de trabalhar conceitos matemáticos de forma direta, contudo, com uma abordagem diferente dos livros didáticos tradicionais, mostrando a matemática de maneira mais explícita no texto.

De acordo com Smole et al. (2001), quando a matemática aparece implicitamente no texto, necessita de problematizações acerca do assunto para que haja a percepção do alunos em relação à matemática ali presente, com isso o professor deve se atentar para a realização de problematizações ao longo da leitura, selecionando os aspectos matemáticos que pretende enfatizar no texto e na ilustração.

Os temas das oito histórias são bastante diversificados. Em sua maioria, direta ou indiretamente, os livros possuem relação com o nosso dia a dia, isto é, com a realidade. Mesmo que, algumas vezes, os livros são marcados pela fantasia, é possível perceber que, na maioria das vezes, aspectos da realidade são trazidos à tona. A história propicia um contexto, no qual é possível que a criança entenda o enredo da história, o que dá sentido para a compreensão do próprio texto, assim como para a compreensão da matemática, a qual se torna significativa.

Constatou-se também que, todas as propostas de atividades encontradas nos livros foram no sentido de interação do autor com o leitor. Além disso, em todos os livros, a ilustração tem grande importância, pois ajuda tanto na compreensão da história, assim como na compreensão do conceito matemático presente no texto. Por fim, cabe destacar que, alguns deles possuem a linguagem mais clara e direta, contudo, os que possuem a linguagem mais estruturada também estão de acordo com o trabalho do Ciclo de Alfabetização. A forma da escrita, geralmente, é feita em tamanho grande e com letra bastão, formato ideal para esta fase do desenvolvimento.

Considerações Finais

Por meio deste trabalho procurou-se abordar sobre a temática utilização de histórias infantis para o ensino da matemática no Ciclo de Alfabetização, assim como evidenciar

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alguns dos resultados obtidos com uma pesquisa de iniciação científica, evidenciando as contribuições de histórias infantis, por meio de uma análise detalhada, para o ensino da matemática.

De acordo com Smole, Diniz e Cândido (2000), um ensino de matemática de qualidade não é constituído em memorizações, mas deve ser constituído da exploração das várias ideias matemáticas, as quais não dizem somente respeito ao campo numérico, mas também à geometria, medidas e noções de estatística. Levando em consideração a experiência de vivência de cada criança, dando-lhes a oportunidade de criar relações, resolver problemas e refletir, a fim de que o desenvolvimento de noções matemáticas aconteça.

Dessa forma, a utilização de histórias infantis, tema deste trabalho, pode propiciar que tal educação seja efetivada, pois de acordo com os aspectos analisados e os resultados obtidos na investigação, contata-se que as histórias infantis como recurso didático-pedagógico, assim como abordado no PNAIC (BRASIL, 2014), podem proporcionar ao professor um caminho a ser trilhado, que vai na contramão de um posicionamento tradicional no ensino da matemática.

Abramovich (1993) aponta a importância da literatura infantil, pois vê na história o início para uma vida de leitor, por meio da qual são feitas grandes descobertas e compreensões do mundo, são respondidas diversas dúvidas e curiosidades que os alunos possuem, além de propiciar às crianças os mais diversos tipos de sentimentos.

O oferecimento de um ensino contextualizado da matemática, que estabelece relações com a realidade é de extrema importância para as crianças, e, como verificado, as histórias infantis, além de terem relação com diversos conteúdos referentes ao Ciclo de Alfabetização, podem contribuir significativamente para isso, ou seja, para um processo de letramento matemático efetivo, colaborando para a alfabetização matemática, na perspectiva do letramento.

Além disso, verifica-se que, quando se propõe estabelecer conexões entre o conhecimento matemático e as histórias infantis, é preciso não apenas observar e analisar atentamente os conteúdos matemáticos ali presentes, é necessário haver uma análise minuciosa sobre todo o livro, afinal, o assunto e como é abordado, as atitudes sugeridas, as propostas de atividades, as ilustrações do livro, a maneira que a matemática aparece no texto, podem fazer grande diferença na aprendizagem dos alunos.

É possível proporcionar o sentimento de prazer, encantamento e descoberta por meio da literatura infantil ao mesmo tempo em que é utilizada como uma conexão para o ensino da

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matemática, sendo importante destacar que, ao utilizar histórias infantis com esse fim, não se deve perder a essência que a história traz consigo a fim de “privilegiar” a matemática contida no texto, pois, segundo Smole et al. (2001, p. 09):

[...] seja qual for a forma pela qual se leve a literatura infantil para as aulas de matemática, é bom lembrarmos que a impressão fundamental da história não deve ser distorcida por uma ênfase indevida em um aspecto matemático.

Por fim, com a pesquisa realizada, foi possível identificar em livros infantis sugeridos no Programa de Formação Continuada de Professores em Educação Matemática do PNAIC, as diversas contribuições das histórias infantis para o ensino dessa área do conhecimento, que podem subsidiar práticas pedagógicas significativas de professores alfabetizadores às crianças em fase de alfabetização matemática.

REFERÊNCIAS

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Referências

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