Pensar na vulnerabilidade programática associada ao envelhecimentobem-sucedido não é um exercício fácil e, muito menos, trivial. É preciso considerar que, nas últimas décadas, o envelhecimento populacional brasileiro aconteceu de forma mais acelerada do que em países europeus, acarretando escassez de programas de suporte e de contingência às necessidades sociais e de saúde da população idosa. Há que se entender, como cita Neri (2005), que o Brasil não atingiu o “walfare state” e não o atingirá tão prontamente, pois, com as desigualdades sociais, econômicas, educacionais, o idoso foi pouco privilegiado. Apesar do Estatuto do Idoso (2003) e da Política Nacional do Idoso (1994), muitas vezes, outras faixas de idade acabam por concorrer com os idosos pelos mesmos recursos.
INTRODUÇÃO: As mudanças demográficas e epidemiológicas acontecidas nos últimos anos têm conduzido à realização de uma série de estudos relacionados ao envelhecimento. O conceito de EnvelhecimentoBem-Sucedido (EBS) está associado à manutenção das funções físicas e cognitivas, baixa deficiência associada a doenças e um engajamento positivo com a vida. OBJETIVO: A proposta deste estudo consistiu em identificar os fatores associados ao envelhecimentobem- sucedido em idosos do município de Barra Funda, Estado do Rio Grande do Sul. MÉTODO: O estudo realizado foi observacional com delineamento transversal. A população do estudo foi constituída por idosos do município de Barra Funda-RS, sendo 218 sujeitos (88 homens e 130 mulheres). Foram utilizados os seguintes instrumentos: questionários para obtenção dos dados demográficos e epidemiológicos; Índice de Barthel e Escala de Lawton para a avaliação da capacidade funcional e para a capacidade cognitiva utilizou-se o Mini-Exame de Estado Mental. Foram também avaliados: o apoio social, a espiritualidade e a resiliência com escalas específicas para tais fins. Os dados foram analisados utilizando-se o SPSS, versão 11,5. Adotou-se um nível de significância de 5%. As associações entre as variáveis quantitativas foram verificadas por meio do Coeficiente de Correlação de Pearson e entre as variáveis categóricas o Teste do Qui-Quadrado. As variáveis independentes associadas ao envelhecimentobem- sucedido foram determinadas por meio da análise discriminante. RESULTADOS: Os idosos foram categorizados em dois grupos: um com envelhecimento normal ou usual e outro com envelhecimentobem-sucedido. Foram considerados com envelhecimentobem-sucedido os idosos que declaram ausência de doenças crônicas, independentes quanto à capacidade
Entretanto, como é citado por vários autores, muitas vezes, os termos envelhecimentobem- sucedido, qualidade de vida, satisfação com a vida, bem-estar subjetivo, acabam por serem usados de forma indiscriminada ou como sinônimos (Paschoal, 2006; Revicki, 2004; Neri, 1993). Exemplo disso é que, em sua tese de doutorado, Paschoal (2002) fez um levantamento sistemático dos trabalhos que tinham, no título, o termo qualidade de vida e idosos, e encontrou, no Brasil, 289 publicações; ao olhar com profundidade tais publicações, apenas dez estudavam, de fato, qualidade de vida, as outras ou apresentavam o tema de forma superficial, ou apenas citavam, em seus títulos, o tema qualidade de vida. O mesmo acontece com a questão do envelhecimentobem-sucedido no momento. A seguir, enfocaremos a questão sob a óptica pela qual ele originalmente foi cunhado na literatura internacional, ou seja, no original inglês “successful aging” (Kahn, 2003; Baltes, Baltes, 1990).
Sobre o inventário da medida de envelhecimentobem-sucedido, em comparação com o original, o que mudou foi a adição de um significado adicional à dimensão “espiritualidade”, que foi o “propósito/satisfação com a vida”. O mesmo sucedeu com a dimensão “mecanismos de desempenho funcional” à qual se adicionou o significado de “inovação” (denominação nossa) que provinha da dimensão “fatores intrapsíquicos” no modelo original. Mecanismos de desempenho funcional era no original uma dimensão centrada no uso da consciência e da escolha para se adaptar às perdas físicas e fisiológicas do envelhecimento. Agora, com esta adição, além desse mesmo significado quer-se significar, também, a capacidade do indivíduo de usar criatividade na forma de resolver problemas ou de fazer novas coisas. Nos nossos dados esses aspetos configuram uma dimensão única. Do mesmo modo, à dimensão espiritualidade que no original é a expressão de “visões pessoais e comportamentos que expressam relação com algo maior que a própria pessoa” (Troutman, Small, & Bates, 2011, p.223), agora adiciona-se o propósito/satisfação com a vida. Assim, a dimensão “espiritualidade e propósito/satisfação com a vida” da versão portuguesa significa a expressão de visões pessoais ou comportamentos de relação com algo de maior dimensão que a pessoa e a capacidade de encontrar ou criar propósito e satisfação na vida. Esta nova organização não altera a conceção teórica de envelhecimentobem-sucedido do modelo original mas parece desenvolvê-la; por exemplo, a adaptação às perdas físicas e fisiológicas associadas à idade não parece tão separada da capacidade de inovação, derivada de processos intrapsíquicos; a adaptação às perdas não é substancialmente separada do uso da criatividade e da inovação. Há, contudo, um pormenor que não pode ser totalmente desvalorizado que é o valor da consistência interna do IEBS que é mais baixo que o original. Havia vantagens em que pudesse ser mais elevado, embora entre dentro do domínio do aceitável. Este dado deverá ser tido em conta em novos estudos.
O papel determinante da sociedade foi apontado por Erikson, pois as experiências sociais ao longo do ciclo-de-vida contribuem para as atitudes e capacidades continuamente adquiridas pelo ego, e são determinantes para o indivíduo enquanto membro ativo da sociedade. A forma como o ser humano entende e interage com os outros deve-se essencialmente à cognição social, que compreende um conjunto de conhecimentos críticos para a coesão individual e para as relações em sociedade (Moran, 2013). Esta compreende a capacidade de atribuir estados mentais (crenças, desejos, pensamentos e sentimentos), e prever e interpretar o comportamento dos outros com base nesses, revelando-se elementos fulcrais nas relações interpessoais diárias (Baron-Cohen, Wheelwright, Hill, Raste, & Plumb, 2001). Subjacente à cognição social, a Teoria da Mente (TOM) é um conceito que traduz a capacidade de representação de estados mentais e a compreensão dos fatores que motivam o comportamento dos outros (Moran, 2013); por isso procuramos, nesta investigação, analisar qual o seu impacto para o envelhecimentobem-sucedido.
Como temos vindo a perceber, a nossa velhice depende essencialmente da forma como fomos vivendo, é um processo de escolhas que se faz de forma inconsciente, mas influência o nosso processo de envelhecimento e, por consequente, a nossa velhice. Deste modo, torna-se fulcral preparar a nossa velhice, através essencialmente de projetos educativos de cariz preventivo. A educação tem neste ponto um papel fundamental “na mudança de mentalidades e representações acerca do processo do envelhecimento, preparando adultos e idosos a aprender a perspetivar e planear o tempo de reforma, a aceitar as mudanças inerentes ao processo de envelhecimento e a manter o interesse e conhecimento pelo mundo que os rodeia” (Simões, 1999 cit. in Antunes, 2016, p. 59). Assim, pessoas podem optar por aprender a adquirir capacidades que as ajudem a obter um envelhecimentobem-sucedido. Contudo, quase nada tem sido feito a este nível preventivo. Trabalhar nesta perspetiva, não deve ser apenas das instituições que cuidam dos idosos, mas também do estado. Nunca esquecendo que estes projetos educativos devem abarcar as três dimensões do envelhecimento ativo: saúde, segurança e participação social.
O presente trabalho pretende contribuir para o estudo deste contexto educativo e não formal, começando por um enquadramento teórico sobre o envelhecimentobemsucedido e da sua relação com o surgimento das Universidades da Terceira Idade. A questão central deste estudo é analisar como é que a Universidade Sénior Albicastrense, contribui para o envelhecimentobemsucedido, e de que forma é que os seus protagonistas concretizam o seu projecto educativo e bem-estar social. Para tal, é apresentado o estudo empírico desenvolvido, de natureza qualitativa, que utilizou a metodologia focus groups com alunos da Universidade Sénior Albicastrense. Os resultados deste estudo sugerem que os principais contributos são: o bem-estar que proporciona aos indivíduos que a frequentam, através de um leque alargado de actividades que visam a continuidade da aprendizagem ao longo da vida, o convívio permanente, o combate à solidão e isolamento, o enriquecimento das suas redes de relações e o bem-estar emocional.
Pensar na vulnerabilidade programática associada ao envelhecimentobem-sucedido não é um exercício fácil e, muito menos, trivial. É preciso considerar que, nas últimas décadas, o envelhecimento populacional brasileiro aconteceu de forma mais acelerada do que em países europeus, acarretando escassez de programas de suporte e de contingência às necessidades sociais e de saúde da população idosa. Há que se entender, como cita Neri (2005), que o Brasil não atingiu o “walfare state” e não o atingirá tão prontamente, pois, com as desigualdades sociais, econômicas, educacionais, o idoso foi pouco privilegiado. Apesar do Estatuto do Idoso (2003) e da Política Nacional do Idoso (1994), muitas vezes, outras faixas de idade acabam por concorrer com os idosos pelos mesmos recursos.
Se, efetivamente, na idade adulta as condições de vida sofrem alterações profundas, a boa nova reside no facto de que podemos (e devemos) preparar-nos para nos adequarmos da melhor forma possível a essas alterações. A educação de adultos jovens e maduros constitui um mecanismo poderoso para a pro- moção do conhecimento do processo de envelhecimento, para a adequação às alterações inerentes à fase mais madu- ra da vida (velhice) e para a promoção das relações interpessoais, participação social e qualidade de vida (CACHIONI; NERI, 2004; REQUEJO, 2005; ANTU- NES, 2016). A finalidade da educação para a terceira idade é a promoção do envelhecimentobem-sucedido não só no que diz respeito à boa condição física e mental, mas, também, à inclusão social que permite ao idoso desempenhar as tarefas que gostaria de exercer dentro da sociedade, acrescentando qualidade aos anos de vida (RIBEIRO; PAÚL, 2011; GRAZINA CORTEZ; SOUZA, 2012).
Em formato de painel, o estudo MIDUS publicou os principais achados de suas investigações sobre idade subjetiva e suas relações com o envelhecimentobem-sucedido (Westerhof, 2007). Apesar de tratar-se de um estudo americano e a amostra não ser composta exclusivamente de idosos (indivíduos com idades entre 25 e 74 anos), esse estudo tem relevância na literatura gerontológica, pois utilizou uma amostra nacionalmente representativa e deu ênfase específica ao conceito de idade subjetiva. Assim, o resumo dos achados a respeito dos adultos que se sentem mais jovens do que de fato o são, em comparação com os que se sentem mais velhos, é que estes são mais ativos socialmente e mais tendentes a relatar o contato com amigos pelo menos uma vez por semana e a sentir que contribuíram positivamente com outros no curso de sua vida; relatam maior controle sobre sua vida e maior propósito na vida; são mais escolarizados e habilitados a ter maior renda e referem ter mais controle sobre sua situação financeira; são mais propensos a descrever sua saúde como excelente ou muito boa e tendem a relatar mais controle e esforços em saúde. É menos provável que manifestem fatores de risco de doenças futuras (como tabagismo, altos índices de gordura corporal, etc.). referem menor uso de medicações e de atendimento médico; esperam estar em melhor estado de saúde daqui a 10 anos do que os adultos que se sentem mais velhos; relatam menos condições crônicas, melhor desempenho em atividades de vida diária e geralmente dizem sentir que seus níveis de energia e memória melhoraram ou permaneceram os mesmos ao longo dos últimos cinco anos.
121 No estudo de Strawbridge et al foi utilizado o modelo de envelhecimentobemsucedido de Rowe e Kahn, composto de três variáveis: ausência de doença, inaptidões e fatores de risco; manutenção do funcionamento físico e mental e engajamento ativo com a vida. 115,35 No estudo citado, apenas uma minoria (21,5%) de 484 idosas apresentou EBS; 25,0% das portadoras de EBS tinham entre 65-69 anos (faixa etária mais jovem); 21,7% das pesquisadas com EBS possuíam grau de escolaridade acima de 12 anos de estudo; 43,2% das idosas da amostra portadoras de EBS afirmaram se encontrar com a saúde excelente e 14,6% com a saúde boa; 30,5% das classificadas com EBS se encontravam com boa aptidão funcional e cognitiva e 32,5% daquelas com EBS não possuíam nenhuma doença crônica. 115,35
No que se refere à área de intervenção, esta decorreu no âmbito do envelhecimentobemsucedido, tendo em conta as palavras de Oliveira “se o idoso é educado da melhor forma, nas diversas dimensões da sua inteligência, personalidade, relações sociais e mesmo no confronto com a doença e a morte, pode afirmar--se que está apto a viver a velhice de forma positiva” (2008:74). Na sociedade vigente, a imagem usual do idoso alterou-se. Aquele que usufrui da institucionalização exige e reclama por outros serviços que até hoje pareciam desnecessários. Nas sociedades mais desenvolvidas, a visão da pessoa idosa cansada e analfabeta esbateu-se, dando origem a um indivíduo culturalmente avançado e com sede de sabedoria e ocupação do tempo livre. È já este género de idosos que a comunidade institucional, em que decorreu o estágio, se depara, não sendo o lar Nevarte Gulbenkian excepção, fazendo todo o sentido aprofundar e dar a conhecer este tema, não só à comunidade institucional, assim como a todos os que afirmam que a reforma é para descansar e ocupar o tempo livre com o ócio passivo.
Estes dados são consistentes com o quadro apresentado na literatura relacionada sobre idosos ativos (AARP PESQUISA SOBRE APRENDIZAGEM AO LONGO DA VIDA, 2000; THOMPSON; FOTH, 2002), particularmente com referência à geração baby-boom do envelhecimento. Esta visão positiva das capacidades e recursos dos idosos é uma importante mudança filosófica de uma nova política de envelhecimento, que visa incentivar a contínua contribuição dos idosos ao longo da vida. A participação dos idosos em atividades educacionais é um componente importante para novas perspectivas políticas, para incentivar o envelhecimentobemsucedido. A aprendizagem ao longo da vida como uma estratégia de mudança social coincide com a nova perspectiva política que desencoraja a dependência dos idosos e encoraja a produtividade continuada, a saúde e a autosuficiência dos idosos (TREAS; HILL, 2009). O aumento escolaridade leva a uma maior participação em todas as atividades, incluindo atividades educacionais e melhorias na saúde mental, espiritual, física e o bem-estar (EBERSOLE; HESS, 1990; HAMMOND, 2004; WITH- NALL, 2006). Estes resultados podem contribuir para uma discussão mais aprofundada sobre gerontologia educacional e política de aprendizagem ao longo da vida, bem como reformular e desenvolver novas abordagens para a prática de educação continuada e de pes- quisa que reconhece e inclui o envelhecimento como uma parte importante desta equação. Os resultados sugerem também, novas pesquisas sobre a relação entre participação em atividades educativas e características de envelhecimentobemsucedido. Outra sugestão é que essas pesquisas podem enfocar os idosos que não participam de atividades educacionais. Há também uma necessidade de estudos adicionais para examinar a etnia dos idosos, a diver- sidade e as novas populações imigrantes em Manitoba e Canadá.
Um arranjo conceitual que descreve o processo de envelhecimentobem-sucedido na perspectiva life-span é o modelo de estratégias denominado de seleção, otimização e compensação. Tais estratégias evocam maneiras de alcançar objetivos de vida e promovem crescimento pessoal. Compensar ou otimizar atitudes através das aprendizagens é o foco do estudo que teve como objetivo investigar as aprendizagens de atletas durante os anos de prática da modalidade esportiva da corrida através de uma pesquisa qualitativa realizada com atletas do sexo masculino provenientes de diferentes clubes e sociedades esportivas do Brasil. A coleta de dados foi realizada por meio de uma entrevista semiestruturada e de um questionário sociodemográfico, após uma triagem realizada com 83 atletas. O grupo de 11 atletas entrevistados ( χ = 59,91; DP = ±10,58 anos) demonstrou em suas respostas diferentes tipos de aprendizagens que garantiram desenvolvimento pessoal e no esporte e os auxiliaram em atividades cotidianas. Além disso, para desenvolver essas aprendizagens, os atletas utilizaram vários tipos de espaços e pessoas, o que demonstrou que eles são seres autônomos diante do seu aprendizado e vão à busca da solução para seus problemas.
No primeiro capítulo enquadra-se teoricamente o tema tratando os seguintes conceitos: o Envelhecimento, o EnvelhecimentoBem-Sucedido, a Qualidade de Vida, o Bem-estar, o Lazer e o Suporte Social. Procedeu-se a uma caracterização sociodemográfica de Portugal e a sua relação com a importância da Gerontologia Social, abordam-se conceitos relacionados com o processo de envelhecimento e com as teorias subjacentes, uma vez que é necessário explicar a influência dos fatores culturais e sociais sobre o envelhecimento. Quando se fala em qualidade de vida dos idosos, fala- se em envelhecimentobem-sucedido e nas teorias com este conceito relacionadas, uma vez que o mesmo promove a participação ativa da população idosa na sociedade. Considera-se que é essencial criar mecanismos que promovam a integração plena do idoso na sociedade, para que esta contribua ativamente para o seu desenvolvimento. Fala-se, igualmente, em lazer, uma vez que este é considerado imprescindível para a autovalorização das pessoas idosas, contribuindo para o seu bem-estar. Torna-se, ainda, essencial tratar do Suporte Social, pois é necessário criar métodos de intervenção adequados à nova realidade social criada pelo envelhecimento demográfico.
Houve, em setembro de 2002, uma reunião na qual os participantes foram informados do propósito e dos objetivos do estudo. Oportunidade em que lhes foi entregue uma síntese do projeto de pesquisa, a qual foi explicitada pela pesquisadora. Todos foram orientados no sentido de manifestar seu consentimento por meio de assinatura em documento específico para tal fim. O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foi elaborado a partir do modelo proposto por Goldim 111 , que foi lido e explicado a todos os participantes. O documento foi assinado pelo idoso e por seu cuidador. Observou-se com os participantes especialmente, os aspectos que determinam as obrigações do pesquisador. Assim, pretendeu-se fornecer aos participantes do estudo um elenco de informações que lhes assegurasse tanto o conhecimento adequado acerca dos propósitos e conseqüências do estudo, quanto o sigilo absoluto das informações e identidades, bem como a livre decisão de continuar participando da pesquisa. Também foram esclarecidos de que as informações seriam utilizadas exclusivamente com finalidade científica para o estudo, não representando risco de alteração nas relações que os mesmos mantinham com a instituição (APÊNDICE C).
• Perceções do envelhecimento bem-sucedido e qualidade de vida (Marisa Martins) • Perceções da doença em idosos (Marta Assunção). • Conhecimentos, complicações e qualidade de vida do do[r]
Ainda neste âmbito, assinale-se o estudo de Garcia e colaboradores (2011) com o objetivo de definir quais os preditores do envelhecimentobem-sucedido, analisando os seguintes preditores: as características sociodemográficas, os estilos de vida, as características físicas, o funcionamento cognitivo, a personalidade e as características psicossociais. No que diz respeito às caraterísticas sociodemográficas, o estudo revelou que o indicador mais importante é o género, sendo o sexo masculino um preditor do envelhecimentobem-sucedido. Por sua vez, quanto aos estilos de vida, este encontra-se associado ao consumo moderado de bebidas alcoólicas e à prática regular de exercício físico. No que se refere às características físicas, é a força o principal indicador do envelhecimentobem-sucedido. Ao nível do funcionamento cognitivo, os resultados mostraram que este se relaciona com o envelhecimentobem-sucedido através da prova Digit symbol (Código) da WAIS III. A personalidade relaciona-se através da avaliação das próprias aptidões e dos traços de neuroticismo, extroversão e abertura à experiência. Por fim, no que se refere ao último preditor, características psicossociais, estas relacionam-se com o envelhecimentobem- sucedido através do ato de ajudar os outros e da existência de uma rede familiar.
Estima-se que 28 a 35% dos indivíduos ambulatórios na comunidade, com idade igual ou superior a 65 anos, sofre uma queda por ano. Este valor aumenta para 32 a 42% nos indivíduos com idade superior a 70 anos e para 50% nos indivíduos com idade igual ou superior a 85 anos (WHO, 2007, Branco, PS.,2013). Um estudo secundário ao estudo piloto (LIFE-P); duplo-cego; multicêntrico; randomizado controlado; com uma amostra de 406 indivíduos; comparou a intervenção de actividade física com a intervenção do envelhecimentobem- sucedido em idosos sedentários e funcionalmente limitados, (idade entre 70-89 anos, score ≤ 9 pontos na Short Physical Performance Battery- SPPB) que foram capazes de completar um teste de caminhada de 400 metros (m) em 15 minutos ou menos (Life Study Investigators, 2006 cit por Marsh A. et al.,2011).
para um maior crescimento, menor dependência e diminuição subs- tancial de custos com pensões e saúde” (EC, 2002, p. 6). Ou seja, as preocupações da Comissão Europeia ignoram dimensões fundamen- tais da vida humana e revelam um carácter predominantemente eco- nomicista. As suas propostas para um envelhecimento activo denun- ciam a influência incontornável duma óptica centrada numa perspec- tiva económica, não tem em conta a heterogeneidade das pessoas mais velhas e reflecte-se negativamente no grupo dos muito idosos, consi- derado, frequentemente, como um fardo (Ribeiro, 2012). Esta é uma visão perturbadora, que vai, insidiosamente, criando um fosso entre gerações e minando os valores de solidariedade social que constituem os fundamentos democráticos da segurança social e promovem uma vivência comunitária harmoniosa.