Na fase do condicionamento alimentar, não se registrou efeito signiicativo da frequênciaalimentar, taxa de arraçoamento e interação entre estas quanto às variáveis de desempenho analisadas (Tabela 1). A literatura a respeito destes manejos durante a fase de condicionamento alimentar ainda é escassa, e é comum o uso de alimentação até a saciedade (Salaro et al., 2012), fato que diiculta a determinação da quantidade ideal de alimento a ser fornecida nesta fase crítica do cultivo de peixes carnívoros. Aderolu et al. (2010) veriicaram que, para juvenis de Clarias gariepinus, a frequência de alimentação de três ou quatro vezes ao dia também pode ser empregada, sem afetar o desempenho durante as fases iniciais de criação. A frequênciaalimentar de três vezes ao dia foi considerada a mais eiciente para Ictalurus punctatus (Peterson & Small, 2006), um bagre carnívoro como o pacamã. Em estudo prévio, ao se utilizar alimentação com 120% da biomassa e a frequênciaalimentar de três vezes ao dia, a sobrevivência de juvenis de pacamã variou de 60 a 73%, ao inal do condicionamento alimentar (Luz et al., 2011). Estes resultados foram semelhantes aos do presente trabalho, o que indica que a alimentação pode ser reduzida a 50% da biomassa e que não há necessidade de se utilizar a frequênciaalimentar de quatro vezes ao dia. Isto pode reduzir os custos com alimentação e diminuir a necessidade de manejo de limpeza dos tanques, além de reduzir a possibilidade de problemas com a qualidade da água.
CARNEIRO, P.C.F.; MIKOS, J.D. Frequênciaalimentar e crescimento de alevinos de jundiá, Rhamdia quelen. Ciência Rural, v.35, p.187‑191, 2005. DOI: 10.1590/S0103‑84782005000100030. CHAGAS, E.C.; GOMES, L. de C.; MARTINS JÚNIOR, H.; ROUBACH, R. Produtividade de tambaqui criado em tanque-rede com diferentes taxas de alimentação. Ciência Rural, v.37, p.1109‑1115, 2007. DOI: 10.1590/S0103‑84782007000400031. CORRÊIA, V.; RADÜNZ NETO, J.; LAZZARI, R.; VEIVERBERG, C.A.; BERGAMIN, G.T.; PEDRON, F. de A.; FERREIRA, C.C.; EMANUELLI, T.; RIBEIRO, C.P. Crescimento de jundiá e carpa húngara criados em sistema de recirculação de água. Ciência Rural, v.39, p.1533‑1539, 2009. DOI: 10.1590/ S0103‑84782009005000070.
A sobrevivência foi menor no tratamento 2/dia em relação aos demais tratamentos, enquanto os tratamentos 4/dia e 8/dia não diferiram entre si (Tabela 3). A sobrevivência de tilápias-do-nilo também foi menor no tratamento que recebeu menor frequênciaalimentar, em experimento feito com larvas alojadas em hapas durante 28 dias, no período de inversão sexual (FERDOUS et al., 2014). Já Sousa (2010) e Meurer et al. (2012) não registraram influência da frequênciaalimentar sobre a sobrevivência das tilápias-do-nilo na fase de reversão sexual. Na produção de alevinos de trairão Hoplias lacerdae (LUZ e PORTELLA, 2005) e juvenis de pacu Piaractus mesopotamicus (DE REZENDE FIOD, et al., 2010) também não houve influência da frequênciaalimentar sobre a sobrevivência.
Resumo Para determinar fatores de calibração do Questionário de FrequênciaAlimentar para Ado- lescentes (QFAA), participaram do estudo 74 ado- lescentes de Piracicaba (SP), com idades entre 10 e 14 anos. Dados de consumo alimentar foram le- vantados por meio de um QFAA e dois recordató- rios de 24 horas ajustados pela energia. Foram rea- lizadas análises descritivas, análise de variância com um fator de classificação, coeficientes de cor- relação de Pearson e regressão linear. A média dos dois recordatórios foi utilizada como referência para calibrar os dados. Os coeficientes de calibra- ção variaram de -0,07 (ferro) a 0,40 (vitamina C), mostrando substancial erro no método de in- quérito dietético testado, mas sendo semelhantes aos observados na literatura. Devido ao fato de se apresentarem baixos, indicam a necessidade de reformulação do instrumento para alguns nutri- entes, sendo desaconselhada sua aplicação para corrigir informações de ferro e retinol. A metodo- logia utilizada é capaz de considerar nas análises os erros de mensuração quando suas pressuposi- ções são respeitadas, uma vez que violações desses pressupostos podem levar ao surgimento de outros erros de difícil predição.
Há vários instrumentos para avaliar o con- sumo alimentar, entre eles está o Questionário de FrequênciaAlimentar (QFA), que permite iden- tificar o consumo alimentar habitual praticado em um período longo de tempo, além de oferecer rapidez na aplicação e menor custo operacional, pois pode ser autopreenchido ou ainda adminis- trado por meio de entrevistas pessoais 4 . É uma
validade do questionário de freqüência de consumo de alimentos. Rev Saúde Pública 2002; 36(4): 505-12. 17. Mendes LL, Campos SF, Malta DC, Bernal RTI, Sá NNB, Velásquez-Meléndez G. Validade e reprodutibilidade de marcadores do consumo de alimentos e bebidas de um inquérito telefônico realizado na cidade de Belo Horizonte (MG), Brasil. Rev Bras Epidemiol 2011; 14(1 Supl): 80-9. 18. Lima FEL, Slater B, Latorre MRDO, Fisberg RM. Validade de um questionário quantitativo de frequênciaalimentar desenvolvido para população feminina no nordeste do Brasil. Rev Bras Epidemiol 2007; 10(4): 483-90.
O Questionário de FrequênciaAlimentar (QFA), utilizado para a avaliação do consumo alimentar habitual, é um instrumento que pode apresentar boa reprodutibilidade e validade, principalmente para energia e macronutrientes, sendo prático quanto ao preenchimento se comparado ao detalhamento exigido por outros métodos, como o Diário Alimentar (DA). Este último oferece informações detalhadas, sendo bastante valorizado como referência em estudos de validade, em especial por depender menos da memória do participante. Idealmente, o DA deve ser preenchido por mais de um dia, incluindo o inal de semana, e, por requerer grande investimento na coleta dos dados por parte do investigador e do participante, tem a sua utilização em estudos epidemiológicos 1 limitada.
Avaliou-se a reprodutibilidade e a validade do Questionário de FrequênciaAlimentar (QFA) utilizado no Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil). Foram aplicados três regis- tros alimentares e um QFA em dois momentos no período de um ano (n = 281). Valores de energia e nutrientes dos registros alimentares foram de- atenuados e Log transformados. Para avaliação da reprodutibilidade e validade foi aplicado o teste de correlação intraclasse (CCI) e calcula- dos percentuais de concordância do consumo de nutrientes após categorização por tercis. Na ava- liação da reprodutibilidade, coeficientes de CCI variaram de 0,55-0,83 para proteína e vitamina E, respectivamente; na avaliação da validade, variaram de 0,20-0,72 para selênio e cálcio, res- pectivamente. Concordâncias exata e adjacente entre métodos variaram de 82,9% para vitamina E a 89% para lipídio e cálcio (média = 86%). Foi encontrada uma discordância média de 13,6%. Conclui-se que o QFA ELSA-Brasil apresenta con- fiabilidade satisfatória para todos nutrientes e validade relativa razoável para energia, macro- nutrientes, cálcio, potássio e vitaminas E e C.
O questionário quantitativo de frequênciaalimentar (QQFA) é um instrumento que se adequa à categorização da estimativa de nutrientes em grupos populacionais. Entretanto, este deverá ter precisão e acurácia conhecidas previamente ao seu emprego em investigações científicas. Estudos de reprodutibili- dade permitem avaliar a precisão da informação, ou seja, a consistência entre as respostas quando há aplicações repetidas de um determinado método. 2
Esta revisão teve como objetivo analisar e discutir os procedimentos metodológicos empregados nos Questionários de FrequênciaAlimentar elaborados no Brasil. Foram consultadas as bases de dados PubMed, SciELO, Lilacs, IBECS, MedLine e Cochrane Library, e encontrados vinte e dois Questionários de FrequênciaAlimentar elaborados para populações brasileiras. Entre os Questionários de FrequênciaAlimentar encontrados 50% deles (n=11) foram elaborados a partir de recordatório de 24 horas, 27,27% (n=6) de Questionários de FrequênciaAlimentar pré-existentes, 13,63% (n=3) de registro alimentar e 9,09% (n=2) de outras fontes; 72,72% (n=16) apresentaram listas com 50 a 100 itens, número ideal. Quanto ao tipo, 45,45% (n=10) eram quantitativos, 45,45% (n=10) semiquantitativos e 9,09% (n=2) qualitativos. Apenas 27,27% (n=6) relataram teste em estudo-piloto e apenas 45,45% (n=10) referiram teste de validação ou validação e reprodutibilidade. Quanto à faixa etária, apenas 36,36% (n=8) dos Questionários de FrequênciaAlimentar apresentavam público- -alvo específico: crianças, adolescentes ou adultos. O maior número de Questionários de FrequênciaAlimentar (54,54%; n=12) foi desenvolvido na região Sudeste, especialmente no estado de São Paulo. A revisão da literatura permitiu conhecer os Questionários de FrequênciaAlimentar elaborados para a população brasileira e suas respectivas metodologias, público-alvo, bem como sua distribuição em termos de região do País. Embora exista uma orientação em termos de proposta metodológica de elaboração aqui discutida, há algum distanciamento em relação ao recomendado que deve ser observado pelos pesquisadores da área, ainda que haja uma maioria de procedimentos adequados aos métodos pressupostos.
Entre as décadas de 60 e 70 muitos pesquisadores desenvolveram e utilizaram questionários de frequênciaalimentar, embora ainda houvesse uma grande descrença sobre este tipo de avaliação dietética. Os epidemiologistas acreditavam que era muito difícil obter uma medida real da ingestão, visto a dificuldade de memória e a pouca variabilidade da dieta em um mesmo grupo demográfico, o que tornaria desnecessário medi-la. Graças a essa descrença dos cientistas, houve um aprimoramento dos métodos de avaliação dietética, visando à reprodutibilidade e validade desses instrumentos através da comparação com recordatórios de 24h e com medidas bioquímicas. A implicação disso foi uma melhora na correlação com os métodos de referência e a utilização ampliada dos QFAs em pesquisas e práticas clínicas (Willet, 1994).
reservada. Na oportunidade, as crianças e adolescentes estavam acompanhados dos pais ou responsáveis que assinaram a autorização e estiveram presentes durante toda a avaliação. Preencheu-se uma lista de checagem, a im de veriicar se eles: foram acompanhados pelo COI desde 2009, por período ininterrupto de, no mínimo, 12 meses; compareceram a pelo menos uma consulta com cada um dos seguintes proissionais: nutricionista, endocrinologista e preparador físico e não utilizaram medicamentos que interferissem no apetite e/ou peril lipídico e glicídico. Após essa lista ser respondida e atingidos os critérios de inclusão, os pacientes foram submetidos à aferição de medidas antropométricas e aplicação de questionário que versava sobre dados demográicos e frequênciaalimentar. Nesse último quesito, havia perguntas objetivas sobre a frequência de cada alimento no período passado, na admissão ao tratamento em 2009, e no período presente, após, pelos menos, 12 meses de atendimento. Salienta-se que, quando necessário, os respectivos responsáveis pelas crianças e adolescentes auxiliaram nas respostas.
Após o estudo piloto, em um primeiro encontro na Divisão de Saúde da Universidade Federal de Viçosa, as crianças responderam ao Questionário de FrequênciaAlimentar Semiquantitativo acompanhadas por pai/mãe ou responsável (BLUM et al., 1999) para melhor detalhamento dos alimentos consumidos (VAN HORN et al., 1993) com auxílio de um álbum fotográfico e um kit de medidas caseiras para auxiliar na definição da porção consumida (COLUCCI; SLATER; PHILIPPI, 2005). Para cada alimento ou preparação, este álbum continha cinco fotografias de porções com gramaturas diferentes e dois ângulos de visão cada (superior e diagonal lateral) (SALES; SANTANA; COSTA, 2004; SALES et al., 2006). Foi permitido às crianças indicar estimativa de consumo entre duas das cinco fotografias do álbum caso nenhuma das imagens representasse a quantidade consumida (FOSTER et al., 2008). Quando para algum alimento não tivesse a fotografia, os indivíduos podiam usar a de outro que fosse semelhante em aparência e densidade para estimar o seu consumo (PUFULETE et al., 2002).
RESUMO: Objetivo: Artigo metodológico com o objetivo de descrever a construção de um questionário de frequênciaalimentar (QFA) digital autoaplicado, desenvolvido para as coortes de nascimentos de Pelotas de 1982 e 1993. Métodos: O instrumento foi criado com base em QFAs anteriormente utilizados nas duas coortes em acompanhamentos nos anos de 2004 e 2008. O QFA foi elaborado incluindo 88 alimentos e/ou preparações cujas frequências foram agrupadas em categorias desde o valor mínimo de consumo de nunca ou < 1 vez/mês até o máximo de ≥ 5 vezes/dia. As opções fechadas relativas à porção foram construídas considerando recordatórios de 24 horas (R24Hs) anteriormente aplicados à subamostra da coorte de 1993. Três alternativas de porção foram construídas: igual, menos ou mais. A porção igual foi descrita com base no percentil 50 do consumo de cada alimento, obtido a partir das distribuições das porções constantes nos R24H. Fotos das porções relativas ao percentil 50 de cada alimento foram também incluídas ao formato do programa. Resultados: Esse QFA digital incluiu alimentos e preparações que atendem aos objetivos das pesquisas atuais. A aparência do programa foi atrativa à equipe de trabalho e também aos participantes do estudo. O tempo médio de aplicação de 12 minutos e a facilidade de preenchimento possibilitaram que vários participantes respondessem às questões ao mesmo tempo. Além disso, o instrumento dispensou a necessidade de entrevistador e a dupla entrada de dados em programa especíico. Conclusão: Recomenda‑se o uso dessa mesma estratégia em outros estudos, adaptando‑a aos diferentes contextos e situações.
Uma elevada frequência de alimentação, em pequenas porções diárias, leva a uma maior disputa pelo alimento, o que favorece o consumo dos peixes dominantes em relação aos demais (Hayashi et al., 2004). Da mesma forma, a oferta de alimento em baixa frequência diária também pode levar a problemas similares, como formação de hierarquias, heterogeneidade no tamanho e, consequentemente, maior mortalidade. Assim, a implantação de uma adequada frequênciaalimentar pode levar à maior uniformidade e sobrevivência, o que facilitaria o manejo e a comercialização dos peixes (Hayashi et al., 2004).
Resumo – O objetivo deste trabalho foi avaliar a taxa e a frequênciaalimentar ideal para juvenis de pampo (Trachinotus marginatus). Foram conduzidos dois experimentos, em delineamento inteiramente casualizado, com três repetições cada um. No experimento I, 25 peixes (4,8±0,6 g e 6,48±0,01 cm) foram estocados em 15 tanques (50 L) durante 21 dias e alimentados com 4, 8, 12, 16 e 20% da biomassa total por dia. No experimento II, 20 peixes (4,1±0,1 g e 6,6±0,1 cm) foram estocados em 15 tanques (40 L) durante 28 dias e alimentados 2, 6, 8 e 10 vezes por dia. As taxas e as frequências alimentares testadas não influenciaram a sobrevivência. O peso e o comprimento finais no experimento I foram significativamente menores nos peixes alimentados com 4% da biomassa total por dia, enquanto, no experimento II, somente o peso foi significativamente menor nos peixes alimentados 2 e 6 vezes por dia. Ao final dos dois experimentos, a conversão alimentar aparente apresentou diferença significativa, com pior valor observado nos peixes alimentados com 20% da biomassa total por dia, no experimento I, e 2 vezes por dia no experimento II. Juvenis de pampo apresentam melhor desempenho de crescimento quando alimentados com 8% da biomassa total por dia e oito vezes por dia.
No que diz respeito ao QFA, esse foi simplificado do tipo qualitativo, referente ao consumo de nove alimen- tos nos últimos seis meses (refrigerantes, suco artificial, salgadinho industrializado, bolacha recheada, guloseimas, frutas, hortalic¸as, leite e feijão). O QFA usado foi adap- tado de um instrumento proposto para indivíduos adultos de Belo Horizonte. 13 A frequência de consumo desses ali-
Estudos observacionais que investigaram o papel da dieta habitual no período pré- gestacional empregaram como método de avaliação do consumo alimentar questionários de freqüência alimentar desenvolvidos e validados para população não gestante (SALDANA et al., 2004; TOVAR et al., 2009; RADESKY et al, 2008; BO et al., 2001; ZHANG et al., 2004), desconsiderando-se as alterações do consumo alimentar das mulheres no período gestacional. A gravidez é um período crítico de mudanças fisiológicas e metabólicas que modificam as necessidades de energia e nutrientes da mulher, promovendo alterações do consumo alimentar, muitas vezes também influenciada por aspectos culturais (PINHEIRO ; SEABRA, 2008). Um estudo conduzido entre mulheres americanas, verificou um aumento na estimativa de energia e macronutrientes da dieta habitual de 18-20%, e para micronutrientes, como folato e cálcio, um aumento de 35 e 40% durante a gestação, quando comparado ao período pré-gestacional (BROWN et al., 1996).
Como limitação do presente trabalho, destaca-se a utilização do R24h de um único dia. Conforme indicado na literatura, apenas um dia de recordatório alimentar, possivelmente não reproduzirá a ingestão habitual dos sujeitos (FISBERG, 2009). Por esse motivo, para amenizar esse provável viés, foi usado o questionário de frequênciaalimentar para complementar as informações obtidas no R24h (PEDRAZA & MENEZES, 2015). Além disso, os entrevistadores foram treinados e utilizaram álbum de fotografia de medidas caseiras para diminuir o viés de memória (LOPEZ; BOTELHO, 2013).
Uma avaliação por período de tempo maior e com instrumentos que possam identiicar as principais fon- tes alimentares, como um questionário de frequênciaalimentar validado, poderia auxiliar nas orientações nu- tricionais para esses pacientes, cujo controle metabólico é na maioria ruim e a frequência de excesso de peso é elevada. A educação nutricional é uma opção válida e viável para os pacientes, cuidadores e toda a equipe de saúde, para que tabus e antigos conceitos de restrições alimentares sejam corrigidos, e a alimentação saudável, que fornece todos os nutrientes necessários, seja con- templada (3).