RESUMO: Objetivo: Analisar fatores intercorrentes e a incidência da infecção em pacientes operados no Hospital Universitário da UFRN. Métodos: Foram estudados, através de protocolo previamente estabelecido, 3.120 pacientes internados que se submeteram a procedimentos cirúrgicos no período de janeiro de 1999 a outubro de 2002. Resultados: O índice de infecçãohospitalar foi de 5,9%, e a topografia de maior incidência foi a ferida operatória (3,7%). Infecção respiratória ocorreu em 1,2%, urinária em 0,6% e bacteremia em 0,1%. O índice de infecção comunitária foi de 9,2%, predominando infecção urinária (5%) e respiratória (2,1%). Quanto ao grau de contaminação das feridas operatórias, as feridas limpas (1479) apresentaram infecção em 2,9%, as feridas limpas- contaminadas (1277) em 6,0% dos casos, as feridas contaminadas (270) em 15,1%, e as ferida infectadas (94) resultaram em infecção em 30,75% dos casos. Conclusão: Concluiu-se que a incidência de infecção cirúrgica foi compatível com os índices na literatura mundial. A partir desses dados, ratifica-se a importância de medidas de controle de infecçãohospitalar de forma sistemática, como vem sendo realizado no hospital onde o estudo foi realizado.
OBJETIVOS: Identificar as metodologias de vigilância e controle da InfecçãoHospitalar (IH) e analisar a atuação do enfermeiro no contexto do controle da I.H. MÉTODO: Estudo analítico, realizado em 81 Comissões de Controle de InfecçãoHospitalar (CCIH) de Hospitais Escola, de 21 Estados do Brasil, mediante questionário. As variáveis estudadas foram: características e funcionamento da CCIH, critérios para diagnosticar IH: métodos de coleta de dados, tipos de vigilância epidemiológica, medidas de prevenção e controle e participação do enfermeiro no processo. Os dados foram analisados quanti-qualitativamente. RESULTADOS: prevalece, para a coleta de dados, a vigilância geral (66,6%) e a associação dos métodos passivo e ativo (48,4%). Medidas preventivas e controle foram mencionadas por 67 CCIH; relacionadas ao trato urinário (54 CCIH); respiratório (48CCIH); ferida cirúrgica (36 CCIH) e sistema vascular (21 CCIH). Vários obstáculos foram mencionados destacando-se a falta de ressonância existente entre as CCIH e as equipes das unidades de internação. CONCLUSÃO: os problemas para a operacionalização do controle de IH são, em sua essência, de caráter filosófico, educacional ou administrativo. Evidencia-se a importância de implantar-se metodologias que facilitem o controle de IH, indicando que a adoção do Processo de Enfermagem, como instrumento, poderá resultar em grande benefício, tanto para a CCIH como para o paciente.
Uma das principais limitações de nosso estudo é o viés de recordação, em especial das mães dos recém-nascidos ex- ternos, que não izeram pré-natal na instituição e, portanto, podem ter seus dados de intercorrências subestimados. Os dados neonatais, coletados nos prontuários, inclusive para o cálculo do índice da gravidade, foram feitos de modo retros- pectivo, mas uma das vantagens do NTISS é justamente a possibilidade de coleta retrospectiva de dados. Embora esse escore tenha uma acurácia diminuída em relação àqueles que utilizam dados isiológicos para prever óbitos, é um bom marcador de gravidade e está associado à ocorrência de infecçãohospitalar (20) . O número bem menor de RN
Foram pesquisadas as seguintes variáveis: sexo; ida- de (menor ou maior que 80 anos); presença de doença associada no momento da internação (neoplasia, diabe- tes melito, doença pulmonar obstrutiva crônica, demên- cia); presença de infecção comunitária no momento da internação; procedimento realizado antes do surgimen- to da infecçãohospitalar: sondagens vesical, nasogás- trica e duodenal, entubação orotraqueal e nasotraqueal; endoscopias (digestiva alta, digestiva baixa, laparos- copia, toracoscopia, mediastinoscopia, broncoscopia, rinoscopia, laringoscopia, cistoscopia, ureteroscopia, colposcopia, artroscopia, colangiografia retrógrada endoscópica, pancreatoscopia); traqueostomia; tricotomia; cateterização venosa periférica, central (intracath, flebotomia, tenkoff/schille), arterial, umbili- cal, intracraniano para monitorização da pressão; diáli- se peritonial, hemodiálise; transfusão; radioterapia; uso de corticosteróide; uso de antimicrobiano profilático e para infecção comunitária; uso de antiácido; uso de anti- neoplásico; uso de imunossupressores; uso de suporte respiratório (ventilação mecânica); troca do circuito do aparelho respiratório com intervalo >48 horas; punção/ drenagem (torácica, abscesso, liquórica, líquido ascítico, articular); nutrição parenteral total; realização de cirur- gia; tipo de cirurgia realizada (limpa, potencialmente contaminada, contaminada, infectada); instalação de prótese; instalação de órtese e instalação de enxerto.
RESUMO: Trata-se de um artigo de atualização tendo como objetivo destacar aspectos conceituais sobre a infecçãohospitalar de interesse para o cuidado de enfermagem, evidenciando os fundamentos que norteiam a compreensão deste fenômeno de indiscutível importância epidemiológica para a assis- tência à saúde. O tema é trabalhado no sentido de evidenciar a responsabilidade em controlar a infecção como sendo papel inerente aos profissionais da equipe de saúde. Destaca-se a formação profissional voltada para uma cultura prevencionista como condição necessária para se concretizar um programa de controle e prevenção de infecção, descrevendo-se uma experiência local sobre a importância das ativi- dades desenvolvidas pelo núcleo de pesquisa na área, como instrumento que interfere, positivamente, nos resultados das ações dos enfermeiros. Evidencia-se o importante papel do enfermeiro no desenvol- vimento das ações de prevenção e controle de infecção e a educação continuada como estratégia de implementação de medidas eficazes na busca da qualidade do cuidado.
Os dados foram coletados em 1994, utilizando- se a entrevista não-diretiva, a partir da seguinte pergunta: "O que representa a infecçãohospitalar para você e o que você considera fatores de risco para a sua aquisição?" As e ntre vistas foram realizadas pela enfermeira da Comissão de Controle de InfecçãoHospitalar (CCIH), registradas por meio de gravações em fitas magnéticas, com autorização dos entre vistados, e submetidas à análise de conteúdo, no referencial de MARTINS; BICUDO 20.
Todas estas medidas de assepsia, introduzidas nos hospitais, no século XIX, vieram provar que elas são importantes e muito eficazes na prevenção e controle da infecçãohospitalar. Nos anos subseqüentes, estas técnicas assépticas foram implementadas com outras inovações, como, o uso de luvas, uso do calor (esterilização) para destruir bactérias, e tornar estéreis instrumentos cirúrgicos, aventais, propés, máscaras, luvas. Todos estes materiais, mais o conjunto de medi- das de assepsia e de anti-sepsia, são utilizados ampla- mente nos centros cirúrgicos e demais setores de hos- pitais no intuito de reduzir ao máximo as taxas de infecção.
Os dados foram recolhidos duas vezes por semana por uma enfermeira treinada em controle de infecçãohospitalar, que utilizou o método ativo de vigilância epidemiológica. Mensalmente houve o preenchimento de uma ficha contendo o agente etio lógico e a localização da infecção e posteriormente calculou-se a taxa mensal de infecçãohospitalar. Estes dados foram obtidos dos prontuários dos RN, confirmados quando possível pela bacteriologia e discutidos em reuniões quinzenais ou no dia-a-dia com a neonatologia. Foram utilizados os critérios de defi nição de infecçãohospitalar do Centro de Controle de Doenças (CDC)4. Para a suspeita de infecção hospi talar foram analisados dados como o tempo de inter namento, infecção matema, clínica de infecção, re sultados de RX, cultura e hemograma, uso de anti bióticos.
dimensão do problema no país. Como os pacientes que falecem após 48 horas de internação freqüentemente apre- sentam infecçãohospitalar associada 1 , as causas de morte mencionadas no atestado médico da declaração de óbito se constituem em importante fonte de dados para o dimensio- namento do problema. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que as estatísticas de mortalidade sejam apresentadas segundo a denominada “causa básica de mor- te”, definida como “(a) doença ou lesão que iniciou a cadeia de acontecimentos patológicos que conduziram diretamen- te à morte, ou (b) as circunstâncias do acidente, ou violência que produziram a lesão fatal”. A causa básica de morte é apresentada nas chamadas estatísticas primárias, que tradi- cionalmente descrevem a mortalidade de populações. O controle de doenças que provocavam mortes precoces determinou o aumento da sobrevida de populações. Para descrever melhor o padrão da mortalidade nessas popula- ções, houve necessidade de levar em consideração, além da causa básica, todas as demais mencionadas na declaração de óbito. Deste modo, as afecções geradas como complica- ções da causa básica, chamadas causas conseqüenciais, e outras presentes no momento da morte, chamadas causas contribuintes, somadas, definem as causas múltiplas de morte. Nos Estados Unidos, em 1988, a freqüência de infecções hospitalares, determinada por meio das múltiplas causas de morte, foi de 3,83/100.000 pessoas/ano 4 .
Os dados coletados foram obtidos por meio de entrevistas com os membros das Comissões de Controle de InfecçãoHospitalar (CCIH) das instituições participantes e de análise dos documentos, com o intuito de identiicar as práticas que compõem cada um dos indicadores avaliados. Os instrumentos utilizados na forma de indicadores clínicos processuais, previamente construídos e validados (7) quanto ao seu conteúdo, estão
Os programas de controle de infecçãohospitalar (PCIH) realizam avaliações de resultado, identifi cando a preva- lência e a incidência de casos de IH, classifi cando-os segundo topografi a, especialidade, local e outras carac- terísticas, para estabelecer fatores de risco. Tais avalia- ções, no entanto, são insufi cientes para reconhecer ou determinar a qualidade das práticas assistenciais realizadas e atuar preventivamente. Deve-se também reconhecer a própria qualidade dos PCIH para avaliar e intervir na qualidade dessas práticas assistenciais. O presente estudo teve por objetivo validar as proprie- dades de medidas (construto e discriminante) dos PCIH.
Atualmente, as normas consoantes a biossegurança são motivos de preocupação, tanto por parte da Comissão de Controle de InfecçãoHospitalar (CCIH) quanto pelos Serviços de Medicina Ocupacional. A utilização de precauções básicas auxilia os profissionais nas condutas técnicas adequadas à prestação dos serviços, através do uso correto de Equipamento de Proteção Individual (EPI), de acordo com a Norma Regulamentadora nº. 6 (NR-6) da Portaria nº. 3.214, de 08.06.78. Essas medidas devem gerar melhorias na qualidade da assistência e diminuição de custos e infecções advindos da prática hospitalar tanto para os profissionais como para os clientes e seus familiares (16,17) .
A partir dos anos 1970, a Organização Mundial da Saúde (OMS) organizou um aprofundamento dos estudos a fim de qualificar as infecções hospi- talares em diversos países. Entretanto, concluiu-se que a incidência de IH é extremamente variável entre as instituições de saúde e as diferentes re- giões; portanto, não há índice aceitável de infecçãohospitalar, de forma que o esperado é sua não ocorrência. Na pesquisa, constatou-se uma taxa média mensal de 13,4% de IH entre idosos 7,15 .
Minimiza o contraste entre interesses e os legítimos valores humanos. A base do conflito está em que a medicina existe para manter a saúde e acabar com as doenças, e após alcançar tal objetivo poderia ser extinta. Mas, na verdade, a sobrevivência dos profissionais a ela dedicados depende da doença. Muitos conflitos estão relacionados à interferência na autonomia do profissional. Certamente para aqueles que trabalham no controle de infecçãohospitalar, um exemplo está relacionado ao contraste entre a racionalização do uso de antimicrobianos, considerando a adequação da droga quanto à indicação, espectro, posologia e riscos de interação com outras drogas e conseqüente toxicidade para o paciente em relação à liberdade de prescrição do médico e seu compromisso com o mesmo.
objetivo de verificar a relação entre a gravidade da afecção à admissão e a ocorrência de infecçãohospitalar. Desta forma, a afecção de base do paciente foi classificada como fatal, paciente com possibilidade de ir a óbito na presente internação, como por exemplo, leucemias refratárias ao tratamento, leucemias crônicas recidivantes e outras doenças letais. Em alguns casos, pacientes com afecções consideradas potencialmente fatais ou não fatais foram incluídos nesta categoria, pois o comprometimento clínico no momento da internação mostrava indícios de evolução fatal; potencialmente fatal, paciente com afecção de gravidade intermediária, estimada de se tornar fatal nos próximos quatro anos, como por exemplo, l e u c e mi a s c rô n i c as , l i n fo m as , c a rc i n o m a s metastáticos, doenças colagenosas, coma hepático, doenças renais e hepáticas crônicas, nefrite causada por lupus eritematoso sistêmico, neuropatias congênitas, hidrocefalia congênita, cardiopatia congênita cianótica, Tetralogia de Fallot, recém- nascido anoxiado grave, recém-nascido de pré-termo infectado; não fatal, os demais pacientes.
Uma vez organizados os dicionários e o banco de dados, estes foram produzidos a partir do Teste de Associação Livre de Palavras (TALP), que se estrutura sobre a evocação das respostas dadas aos estímulos indutores e processados pelo software Tri-Deux Mots que deram origem a um conjunto de 417 palavras originadas dos estímulos infecçãohospitalar e procedimentos invasivos. Destas, 133 com significados diferentes. Para análise do material final deste processo, foram consideradas as modalidades que obtiveram a contribuição por fator superior a duas vezes a média, que corresponde às modalidades ou palavras que contribuíram com maior significação na construção dos fatores (11) , interpretados por meio da Análise Fatorial de Correspondência (AFC).
A situação da infecçãohospitalar em nosso país, delineia-se como um problema grave, considerando-se estimativas realizadas por especialistas nacionais, 720.000 pesSoas são infectadas em hospitais brasilei ros por ano e, dessas, 1 44 . ( )()() vão a óhito. O índice de infecçãohospitalar no Brasil gira em torno de 6 % , en quanto a Organização Mundial de Saúde aceita o índi ce de 2% como tolerável. Outro dado também relevante é que o custo do cliente com infecçãohospitalar é três
De acordo com a Portaria Nº 2.616/98 do Ministério da Saúde, a CCIH é uma comissão formada por técnicos de nível superior, que tem como função criar e cumprir o Programa de Controle de InfecçãoHospitalar (PCIH), o qual é um conjunto de ações sistematizadas que visam prevenir e reduzir agravos infecciosos. Esse programa preconiza diversas intervenções tais como: implantação de um sistema interno de prevenção epidemiológica, notificação e controle estatístico de casos suspeitos e confirmados, uso racional de antibióticos e germicidas, educação continuada dos profissionais próprios da instituição, dentre outras ações (2) .
Uma vez que grandes esforços vêm sendo empre- gados no sentido de implantar o controle das infecções hospitalares em todos os hospitais nacionais, desde 1985, e o único método de coleta [r]
Estudo Epidemiológico, retrospectivo, documental, realizado em um hospital público universitário no Sistema de saúde de Fortaleza, referência em transplante hepático e renal, no ano de 2008, revelou, pelos arquivos da CCIH, 260 pessoas acometidas por IH, dentre as 512 fichas analisadas. A idade verificada dos pacientes foi na faixa etária de 0 a 89 anos, com média de 53 anos. As faixas etárias de maiores porcentagens de IH ocorreram entre 45 a 49 anos (10,3%) e entre 70 a 74 anos (9,4%), sendo que o acometimento foi mais elevado na faixa acima de 60 anos, (38,4%). As doenças de base eram linfomas, leucemias, doenças cardiovasculares e doenças hepáticas e renais necessitando de transplantes. O tempo médio de internação foi de 36 dias, o que pode estar relacionado com as doenças de base dos pacientes que adquiriram IH. A taxa de infecçãohospitalar ficou entre 2,19 a 10,9% ao longo do ano, com uma taxa média anual de 8,2%. Esta taxa pode variar com o porte do hospital, tipo de assistência, se público, privado, ou de ensino, entre outros. A prevalência das infecções por sítio foi pneumonia (29%), septicemias (27%), trato urinário (17%), cateter central (11%), incisão cirúrgica (9%). Os principais microrganismos encontrados foram '1 (22%), 1