Temos, pois, que em termos de (lenta) evolução legislativa dos direitos do empregado doméstico, a categoria percorreu longo caminho, desde um inicial “limbo” jurídico, quando sua prestação de serviços era regida pela regra geral da locação de serviços do direito civil, não atraindo para si nenhuma regulamentação especial, bem como quando foi expressamente excluída da proteção geral trabalhista (a CLT), passando por uma específica (e inicialmente tímida) legislação protetiva, até finalmente merecer tratamento constitucional, a par dos demais empregados, com a Magna Carta de 1988.
poderão exercer “a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades” (CF, art. 24, § 3º), tal como esta Suprema Corte já teve o ensejo de reconhecer e proclamar (RTJ 166/406-407, Rel. Min. CELSO DE MELLO). Com essa cláusula, inscrita no art. 24, § 3º, da Constituição, o legislador constituinte, pondo termo a dissenso doutrinário que então lavrava, perfilhou orientação exposta no magistério de MANOEL GONÇALVES FERREIRA FILHO (“Comentários à Constituição Brasileira”, v. 1/98-98, 2ª ed., Saraiva), PONTES DE MIRANDA (“Comentários à Constituição de 1967 com a Emenda n.º 1, de 1969”, tomo II/168-176, 2ª ed., 1970, RT) e MICHEL TEMER (“Elementos de Direito Constitucional”, p. 55, 1982, RT), que, dentre outros autores, já salientavam, no regime constitucional anterior, a possibilidade de o Estado-membro desempenhar, em plenitude, as suas atribuições normativas em relação às matérias postas pela Carta Política sob o regime da competência legislativa concorrente. Tal situação, porém, não se registra na espécie ora em exame, eis que a União Federal, no estrito desempenho de sua competência para editar a legislação fundamental ou de princípios sobre a organização e a estruturação da Defensoria Pública no plano estadual, prescreveu normas gerais disciplinadoras de tal matéria. [...] “A Lei Complementar n° 80, de 1994, instituiu um verdadeiro ‘Estatuto da Defensoria Pública’, concretizando e dando efetividade ao parágrafoúnico do artigo 134 da Carta Constitucional, norma de princípio institutivo, nas palavras de José Afonso da Silva. Verificando a importância das funções dos membros da instituição a ser criada por imposição constitucional, e visando à defesa de direitos dos cidadãos necessitados, inclusive com atribuição de propor ações judiciais contra
A presente dissertação tem como objetivo a análise da compatibilidade do parágrafo 15 do artigo 525 do Código de Processo Civil com o Ordenamento Jurídico Brasileiro. A partir do modelo teórico do construtivismo lógico-semântico, tem-se o direito como conjunto de normas jurídicas, objeto cultural constituidor das suas próprias realidades por meio de atos de fala deônticos. A cada produção de norma jurídica tem-se um novo sistema jurídico em determinado tempo. A segurança jurídica salvaguarda os fatos jurídicos que ocorrem em cada um dos sistemas jurídicos, garantindo a manutenção das relações jurídicas criadas pelo direito. Para proteger a ConstituiçãoFederal o constituinte criou formas de controle de constitucionalidade que serão exercidas ora de modo difusa, ora de forma concentrada, não havendo hierarquia entre essas duas formas. Sob essa perspectiva, conceitua-se a coisa julgada a partir da sua estrutura normativa e como direito fundamental garantido pela ConstituiçãoFederal de 1988. Esse panorama teórico e legislativo arrima conclusão pela inconstitucionalidade do dispositivo inserido pelo Código de Processo Civil de 2015.
EMENTA: I. Ação direta de inconstitucionalidade: Confederação Nacional de Saúde: qualificação reconhecida, uma vez adaptados os seus estatutos ao molde legal das confederações sindicais; pertinência temática concorrente no caso, uma vez que a categoria econômica representada pela autora abrange entidades de fins não lucrativos, pois sua característica não é a ausência de atividade econômica, mas o fato de não destinarem os seus resultados positivos à distribuição de lucros. II. Imunidade tributária (CF, art. 150, VI, c, e 146, II): "instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei": delimitação dos âmbitos da matéria reservada, no ponto, à intermediação da lei complementar e da lei ordinária: análise, a partir daí, dos preceitos impugnados (L. 9.532/97, arts. 12 a 14): cautelar parcialmente deferida. 1. Conforme precedente no STF (RE 93.770, Muñoz, RTJ 102/304) e na linha da melhor doutrina, o que a Constituição remete à lei ordinária, no tocante à imunidade tributária considerada, é a fixação de normas sobre a constituição e o funcionamento da entidade educacional ou assistencial imune; não, o que diga respeito aos lindes da imunidade, que, quando susceptíveis de disciplina infraconstitucional, ficou reservado à lei complementar. 2. À luz desse critério distintivo, parece ficarem incólumes à eiva da inconstitucionalidade formal argüida os arts. 12 e §§ 2º (salvo a alínea f) e 3º, assim como o parág. único do art. 13; ao contrário, é densa a plausibilidade da alegação de invalidez dos arts. 12, § 2º, f; 13, caput, e 14 e, finalmente, se afigura chapada a inconstitucionalidade não só formal mas também material do § 1º do art. 12, da lei questionada. 3. Reserva à decisão definitiva de controvérsias acerca do conceito da entidade de assistência social, para o fim da declaração da imunidade discutida - como as relativas à exigência ou não da gratuidade dos serviços prestados ou à compreensão ou não das instituições beneficentes de clientelas restritas e das organizações de previdência privada: matérias que, embora não suscitadas pela requerente, dizem com a validade do art. 12, caput, da L. 9.532/97 e, por isso, devem ser consideradas na decisão definitiva, mas cuja delibação não é necessária
Ampliando o sistema de proteção, a Lei Maira da Penha englobou as uniões homoafetivas 47 . No entanto, o parágrafoúnico do artigo 5° padece de inconstitucionalidade. Isto ocorre, pois os mecanismos de proteção criados pela Lei Maria da Penha, como forma de discriminação positiva, encontram limites nas normas constitucionais. No caso em tela, no artigo 226, § 8°, da ConstituiçãoFederal 48 e nos tratados internacionais ratificados pelo Brasil: Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres 49 e a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher 50 .
Forçoso é dizer, entretanto, que essas palavras, óbvias algumas, meramente retóricas outras, não contribuem em nada para uma análise serena da Constituição, produto das transações políticas, de negociações (nas quais nem sempre se colhia “o quanto válido havia na divergência, nas opiniões diversas”, na expressão otimista de Miguel Reale Junior, em o artigo “Legitimidade Plena”, na Folha de São Paulo, de 12-10-88), enão de sólidas convicções, e cujos elaboradores (teriam estudado cerca de 39.000 emendas) deveriam calçá-la de legitimidade plena, submetendo-a referendum, tal como se fez, na França, em 5 de maio de 1946, tendo sido rejeitada a Constituição votada em 19 de abril, o que motivou a Constituição de 24 de outubro do mesmo ano. Em o nosso caso, o interesse partidário falou mais alto que o interesse nacional.
a inequívoca simbiose havida entre os agentes públicos e particulares na satisfação dos direitos fundamentais elencados na Carta Magna, dentre os quais, os princípios da dignidade da pessoa humana e da isonomia, que não mais permitem a manutenção desse entendimento. Pois, diante do novo cenário oriundo da constitucionalização do direito, revela-se indispensável a interação entre público e privado, ainda mais que este último ao prestar serviços públicos, além de suprir as lacunas deixadas pelo Poder Público, contribui para a efetivação de direitos fundamentais albergados no seio da ConstituiçãoFederal. Em tal momento, igualmente será trazida à discussão, a natureza principiológica da sustentada supremacia do interesse público. Finalmente, buscar-se-á apresentar uma proposta para a minimização desse entrave através do princípio da proporcionalidade, com vistas a orientar a administração pública no sopesamento dos valores em conflito, visando a prevalência daquele que se revelar mais relevante no caso concreto.
A ConstituiçãoFederal de 1988 passa a requerer a institucionalização e a regulamentação da assistência social por meio de um processo de negociações entre o Estado e a sociedade, tendo em vista que atribui a Assistência Social o status de política pública. Após cinco anos deste marco nasce a Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS, Lei nº 8.742 de 07/12/93, que regulamenta os artigos 203 e 204 da ConstituiçãoFederal, representando um esforço coletivo de vários atores que se debruçaram sobre um tema ainda desconhecido e repleto de preconceitos. Para materializar o descrito na LOAS surgem as Políticas Nacionais de Assistência Social - PNAS dando diretrizes para as ações que nortearão as ações da Assistência Social por todo o país. Ao se fazer o paralelo entre as PNAS dos anos de 1998 e 2004, identificou-se como uma das grandes alterações a proposta de gestão da Política de Assistência Social por meio de um sistema único para todo o país: o SUAS- Sistema único de Assistência Social. O SUAS foi uma importante deliberação da IV Conferência Nacional de Assistência Social (2003) e passou a reorganizar ações e serviços em todo o território nacional, por meio da articulação e provimento de ações em dois níveis de atenção: Proteção Social Básica e Proteção Social Especial. A construção do Sistema Único da Assistência Social visa consolidar a estrutura descentralizada, participativa e democrática e a constituição de uma rede serviços, buscando eficácia nas suas ações específicas e nas ações que relacionem com as demais políticas públicas setoriais.
Resumo: Neste artigo, analisamos se a ConstituiçãoFederal de 1969 (CF69) ressoa ou não na ConstituiçãoFederal de 1988 (CF88), considerando a noção de exterioridade como fator constituinte do discurso. Para tanto, será analisado o funcionamento do discurso constitucional de 1988, buscando compreender os efeitos de sentido produzidos pelo texto - a unidade de análise. Observaremos como e em que medida esses efeitos remetem ou não à CF 69, tornando-a presente no discurso constitucional atual. Observar a exterioridade como componente do discurso e, por isso, atuante no processo de produção de efeitos de sentidos, explicita a tensão entre os processos parafrástico e polissêmico próprios da linguagem.
O artigo analisa as charges publicadas no jornal Correio Braziliense sobre a promulgação da ConstituiçãoFederal de 1988. Utilizando como metodologia a análise crítica da narrativa, tal como proposta por Motta (2013), o objetivo é investigar os significados e efeitos de sentido produzidos e compreender como essas narrativas interpretaram esse acontecimento histórico. Como resultado, o trabalho mostra que as charges fornecem elementos impor- tantes para compreendermos os bastidores, as representações, posições e ideias durante o processo histórico de redemocratização e elaboração do novo texto constitucional brasileiro. Por meio da análise crítica da narrativa percebe-se que, embora a primeira charge do Correio Braziliense represente a Constituição como um símbolo maior de esperança pela busca de um Esta- do democrático de direito e uma nova chance de transformação, com o de- senrolar dos fatos e os novos episódios, a Constituição de 1988 nas páginas do Correio Braziliense também começou a ganhar traços que permitissem o questionamento de sua obediência, bem como sua funcionalidade e futuro. Incertezas se o Estado seria realmente capaz de cumprir com as promessas constitucionais. O artigo também aponta que as charges vão muito além do humor ao evidenciarem as manobras políticas da época. Elas têm o papel de informar e vão se apoiar sempre em uma narrativa maior, que são as notícias diárias.
O art. 38, inciso III, da ConstituiçãoFederal permite que o servidor público, sendo eleito para mandato de vereador, continue a exercer seu cargo, desde que haja compatibilidade de horários com o mandato eletivo. Entretanto, segundo os autores que de detém o entendimento explicitado no parágrafo anterior, não se pode interpretar tal dispositivo legal de modo a entender que o vereador, no exercício de mandato eletivo, possa vir a assumir cargo público, o que para eles seria uma leitura inversa do artigo. Fundamentam tal posicionamento no fato de considerarem que ele é mais coerente com a regra constitucional de ser vedada a acumulação de cargos públicos, exceto nos casos previstos na Constituição, bem como com na regra de que toda exceção interpreta-se restritivamente.
Ainda tratam da estrutura educacional, sobre o sistema de financia- mento através das receitas obtidas pelo poder público. Todas essas premissas são parâmetros que pautam a atuação do legislador e do administrador pú- blico em prol da realização concreta desses direitos (Duarte, 2007). Vieira (2001) já afirma que a Constituição, além de deliberar acerca da vida social, política e jurídica do Brasil, organizando o Estado e sociedade, passa também a tratar da educação de forma a concretizá-la. Diz o autor: “Assim, quando se buscam as bases do Direito Educacional, o ponto de partida deve estar na Constituição, naqueles princípios abrangentes, capazes de se multiplicarem em muitos direitos, em muitas garantias e muitos deveres” (p. 7). Dentro desse contexto, a educação foi tratada como um dos fundamentos para o desenvolvimento do cidadão. Essa conjuntura deve ser compreendida aos olhos do artigo 3º, 5 conforme considera Ferreira (1995): “A fórmula educação
Em razão da demora sistemática no processamento de pedidos de patentes por parte do Inpi, no entan- to, a patente passou a ter uma vigência maior que aquela inicialmente prevista no caput do artigo 40 da Lei de Propriedade Industrial. Assim, a exploração exclusiva da patente farmacêutica, que deveria ter prazo inicial e final fixados previamente num total de 20 anos, passa a poder vigorar por prazo indeterminado, conforme es- tudos, entre 1,75 e 5,58 anos adicionais. Essa indeterminação faz com que versões genéricas de medicamen- tos demorem mais para entrar no mercado, causando sérios prejuízos aos cofres públicos e aos particulares.
A questão da divisão dos bens quando da dissolução de uma união estável antes do advento da lei 9.278/96 era bem controvertida, pois, como não havia lei regulando o tem[r]
Para alguns autores, como Fernando Tourinho Filho, o interesse da vítima na persecução penal é meramente patrimonial, uma vez que o art. 91, I do Código Penal estabelece como um dos efeitos da sentença penal condenatória a constituição da obrigação de indenizar o dano causado pelo crime. Dessa forma, transitada em julgado a sentença condenatória, que constitui título executivo judicial, o ofendido poderá mover execução cível contra o acusado, por essa razão, afirma-se que a função do assistente não é auxiliar a acusação, mas a de procurar defender seu interesse na indenização do dano exdelicto. 31
Somado a isso, a extinção de importantes ministérios, como o de Mu- lheres, Igualdade Racial, Juventude e Direitos Humanos, o do Desenvolvimento Agrário, o do Desenvolvimento Social, além do enfraquecimento do Instituto Na- cional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e a recriação do Ministério dos Direitos Humanos — com poder e recursos esvaziados pelo Executivo Federal que assumiu o governo após o impeachment — significa outro golpe sobre os direitos conquistados pela população brasileira, em geral, e pela negra, particularmente. Esses ministérios e órgãos federais extintos ou esvaziados eram os que possibilita- vam a implementação de políticas de direitos constitucionalmente garantidos na CF/88 e representavam o compromisso do Estado no atendimento às demandas históricas dos movimentos sociais, especialmente do movimento negro.
Ferreira Filho (2014) afirma que a ideia de existência de um poder constituinte encontra raízes na antiguidade, no entanto, surge apenas durante o século XVIII com o advento das constituições escritas. O autor afirma que na Antiguidade já havia uma diferença entre as leis responsáveis pela organização do Governo e as leis criadas pelo Governo, as quais eram consideradas de menor hierarquia. Essa diferença já era apontada no livro Política de Aristóteles e transparecia na própria prática política de Atenas, a qual possuía leis ditas fundamentais. Tais leis estavam relacionadas à estrutura da cidade e eram protegidas por meio da ação graphe paranomon, considerada antecedente da Ação Direta de Inconstitucionalidade. No entanto, apesar de haver a ideia de hierarquia entre leis, não havia a ideia de um poder responsável pela organização do sistema existente.
Por todo o exposto, faz-se fundamental resgatar uma cultura cívica para que a essência democrática seja respeitada em definitivo. O cidadão deve ter consciência sobre o poder que o voto tem e que o voto pode resultar em benefícios para a coletividade. Não se deve abster-se deste direito, tão importante no processo democrático. Além disso, os representantes eleitos carecem expressar nas suas ações a vontade do povo e agir apenas no interesse da coletividade, deixando de lado qualquer ranço de corrupção, interesse ou vantagem pessoal. O povo está legitimado para eleger seus representantes e definir os rumos políticos do país, a partir de uma nova consciência política estabelecida. Para tanto, a pesquisa apresenta, sem pretensão de esgotar o tema, novas perspectivas para a superação da crise da Democracia Representativa no Brasil, após 1988, por meio de um novo paradigma ético-democrático difundido nas instituições e na sociedade como um todo, como vetor para o fortalecimento desse modelo de Democracia., capaz de fortalecer a Democracia Representativa.
Este artigo tem o escopo de analisar o princípio constitucional da liberdade de ensino sob a óptica da ConstituiçãoFederal de 1988. Primeiramente, faz-se uma abordagem sobre o direito à educação, berço do direito à liberdade de ensino, o qual tem por objetivo promover a cidadania, a humanização, a valorização do acesso ao conhecimento, do acesso e da permanência na escola, bem como do ensino de qualidade, com a finalidade de formar sujeitos críticos e conscientes, capazes de agir em sociedade. Posteriormente, investigará o direito à liberdade de ensino em seu aspecto conceitual, além da justificativa para aplicação deste direito na atividade docente, unindo-o ao direito ao pluralismo de ideias.
RESUMO: Numa abordagem retrospectiva, este artigo objetivou resgatar as discussões sobre a temática étnico-racial no contexto da Assembleia Nacional Constituinte, responsável pela construção da ConstituiçãoFederal de 1988, considerada a “constituição cidadã”. No marco dos seus 30 anos, é importante reconhecer na Constituição de 1988 tanto os limites do alcance político de seu textono tratamento da questão racial, quanto os avanços que dela derivariam para a luta antirracista — avanços, sobretudo, ligados à implementação de suas leis complementares. O artigo abordaas ambiguidades do texto constitucional no campo da educação e aponta os desdobramentos relevantes na luta por igualdade racial e por ações afirmativas.