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3- A ABORDAGEM DA ÁGUA NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO

3.3 a água e a natureza

Foram utilizados para respaldar esta pesquisa os estudos de Marques (2004) e do OPAL (Open Air Laboratories), os quais trazem protocolos bem-sucedidos.

O trabalho de doutorado do professor Paulo Marques, da UFSCAR, foi realizado com estudantes do ensino formal do Ensino Médio em uma escola

estadual de Pinhais – PR, estudantes da graduação em Biologia e em cursos de

formação continuada para professores. O OPAL contribuiu com suas práticas de qualidade da água, desenvolvidas com estudantes do Ensino Fundamental.

Marques (2004) faz referência aos estudos de Medina (2009), que resgata a idade média e o desenvolvimento da agricultura utilizada pelos seres humanos, que quando interagiram com a natureza, pela sobrevivência, alteraram o cenário natural, sem, portanto, impedirem a regeneração dos ambientes explorados, o que não foi possível constatar a partir do advento da Revolução Industrial e do capitalismo. Aqui houve uma acentuada dominação e extradição dos recursos naturais, ultrapassando a sua capacidade de reconstituição, indo além da necessária sobrevivência humana.

Marques (2004) acentua as fases pós-Segunda Guerra Mundial e o avanço técnico-científico do século XXI, que trouxeram progressos, mas que não permitiram

a recuperação dos recursos ambientais na mesma velocidade desse desenvolvimento. Para complementar, enfatiza o aumento demográfico que acelerou a urbanização, apontado como responsável pelo aumento do consumo dos recursos naturais, especialmente da água.

Marques (2004) relembra que a água presente em todo organismo vivo e nos vários ambientes do planeta Terra, desde suas profundezas até a atmosfera, é um

bem natural e precioso. O “solvente universal”, que dissolve e transporta

substâncias, passa por um ciclo que depende da ação solar e provoca sua presença em todos os lugares, nos seus vários estados físicos. Dessa forma, a água interfere do clima da Terra até a formação do solo, como também nas funções de todos os seres vivos. Desde a evapotranspiração à absorção de água e nutrientes pelas raízes, a água é a grande mantenedora da vida dos vegetais. No ciclo da vida, todos os animais, vegetais e microrganismos devolvem à Terra todos os nutrientes e elementos dela adquiridos, o que possibilita a renovação da vida.

Marques (2004) acentua a importância da água ao longo da história da vida humana, desde as mais antigas civilizações do mundo até as atuais, e em nossas bacias brasileiras. Percebemos as relações afetivas com a água, sejam nas entrelinhas das histórias contadas por nossos antepassados, de episódios e situações vivenciadas em lugares onde a água estava presente na paisagem, em um Córrego, mar, rio ou cachoeira. Contudo, por meio de uma bacia hidrográfica hoje, analisamos o quanto as atividades humanas por tanto tempo vêm e têm sido contraditoriamente nocivas, e o quanto contribuem para a poluição hídrica, afetando a qualidade da água para o consumo social e o ambiente ecológico pelo qual ela atravessa.

São bastante procurados os lugares onde há água nos momentos de férias e lazer das pessoas, mas é perceptível o quanto muitas dessas pessoas que a veneram para uso, diversão e consumo são capazes de demonstrar desrespeito, descaso e descuido para com esse bem tão preciso ao despejar lixos, produtos químicos, dejetos e produtos considerados descartáveis na mesma água que um dia foi e ainda é tão apreciada, sem o compromisso de zelar e manter limpo o bem que é de todos e que é indispensável à vida. Enquanto isso, iniciativas governamentais e/ou nãogovernamentais não conseguem atingir o objetivo de superar os transtornos ecológicos hídricos.

Marques (2004) afirma que Curitiba não possui nenhum rio limpo e é uma

cidade constituída de favelas à beira dos cursos d’água ou em áreas de mananciais

de abastecimento. Destaca a importância da preservação dos recursos hídricos e dos ecossistemas das áreas naturais das bacias hidrográficas continentais e litorâneas da Serra do Mar do Paraná, que abastecem a população da RMC e do litoral paranaense. Analisa o crescimento acelerado da cidade de Curitiba em da busca por moradia, sobrevivência e abrigo para as famílias. O uso e a apropriação dos recursos naturais representam a análise da sua pesquisa.

Marques (2004) define diversos problemas que motivaram sua pesquisa, dentre eles, a falta de estudos específicos dos recursos hídricos e do funcionamento dos ecossistemas a eles relacionados; os obstáculos para desenvolver ações sociais que visam à regeneração e à preservação do espaço hídrico através dos estudos da ciência; o obstáculo da ignorância acerca das principais causas de devastação das bacias hidrográficas; a falta de orientação curricular específica para as demandas ambientais referentes aos bens hídricos, que amplie as perspectivas da efetivação da EA integrada a um currículo, que atenda as várias etapas do ensino formal nas escolas municipais, por meio de metodologias e recursos didáticos específicos.

Marques (2004) relata como mais significativo o crescimento exorbitante e acelerado das grandes cidades que atingem a circunvizinhança dos ecossistemas, e que em função do fenômeno mundial do desenvolvimento econômico, gera problemas locais nas bacias hidrográficas das diversas regiões metropolitanas do

país, inclusive em Curitiba – PR. E, a partir desses problemas, esperou instigar,

através da sua pesquisa básica, a multiplicação de ações de iniciativas populares eficazes, de encontro aos desequilíbrios ambientais, para solucionar os problemas locais.

O Brasil se encontra na era medieval em matéria de saneamento básico, com vergonhosos indicadores que apontam o retrocesso do país, nessa área, nos últimos anos. Em pleno século XXI, os rios se encontram contaminados e mortos pela

poluição. São esgotos lançados nos rios de todo o país, que retratam tal atraso. Na

matéria Investimento (2019), o presidente-executivo do Instituto Trata Brasil, Édson Carlos, acentua que se o Brasil continuar assim, nunca poderá ser considerado país desenvolvido, e demorará anos para sanar esse problema. O Brasil precisa de alto investimento para universalizar o saneamento básico até 2033, segundo o Ministério de desenvolvimento regional.

Presznhuk (2019) conta que os nossos rios são os principais indicadores de contaminações das águas, porém a origem da contaminação pode ser variada. Esse é um trabalho de diagnóstico diário, até se descobrir a origem daquela contaminação. O ideal é a prevenção, porque são realmente a obstrução e a falta de ligação correta da rede coletora de esgotos nas casas, as maiores causas de

rompimento dos canais de esgoto e contaminação dos cursos d’água.