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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.4 TEOR DE ÁGUA

sensíveis a presença do oxigênio.

Embora a entrada de ar, provavelmente, ocorra em todas as camadas da célula experimental, a camada superior oferece uma maior exposição ao ambiente externo, se comparada com as demais, em função da maior área de contato com o ambiente externo. Tal fato pode ser constatado na Figura 32, que apresenta o comportamento das bactérias aeróbias ao longo do tempo na célula experimental. Observa-se que embora em um ambiente de aterro sanitário se estabeleçam condições anaeróbias, em função das grandes profundidades e do seu isolamento, na célula experimental em estudo, os teores de oxigênio foram elevados e as bactérias aeróbias e/ou facultativas estão presentes em altas concentrações provavelmente pelas condições descritas anteriormente.

Por serem mais sensíveis às condições adversas e/ou alterações das condições do ambiente, as arqueas se reproduzem mais lentamente. Assim, na camada superior, as elevadas concentrações de oxigênio, possivelmente, promoveram uma redução no quantitativo destas bactérias e consequentemente no pH, visto que estas bactérias são responsáveis pela produção de bicarbonatos no meio, fato que ocasionou um retardando na atividade metanogênica nesta camada, ao passo que proporcionou um aumento no número das aeróbias e/ou facultativas produtoras de ácidos no meio.

4.4 TEOR DE ÁGUA

A Figura 28 apresenta o comportamento do teor de água na célula experimental. O percentual observado inicialmente nos RSU foi de 57%. Valores semelhantes foram encontrados por Garcez (2009) e Melo (2011) também em resíduos sólidos da cidade de Campina Grande-PB. Tal teor apresenta-se dentro da média nacional que é de 60% (LIMA, 2004) e pode ser atribuído ao quantitativo de matéria orgânica presente na célula experimental, cerca de 47% (Figura 22).

Mudanças significativas nos teores de água foram observadas neste estudo, com percentuais que variam entre 20 e 85%. Tais variações podem estar associadas ao quantitativo de matéria orgânica presente nos RSU, as condições meteorológicas locais, a taxa de biodegradação, a capacidade e ao funcionamento dos sistemas de coleta de líquidos no interior da célula e a camada de cobertura.

Figura 28 - Comportamento do teor de água ao longo do tempo e da profundidade na célula experimental

Os teores de água presentes na célula experimental encontram-se dentro da faixa que não limitou o desenvolvimento dos processos de biodegradação. Estudos desenvolvidos por Palma et al. (2000), mostraram que o teor de água ótimo para a atividade degradativa varia entre 50 e 70%. Alcântara (2007) sugeriu como teor de água adequada para o processo de degradação teores variando entre 53 a 58%. Yuen et al. (2001) considera que teores de água, reportados na literatura, sempre apresentarão uma faixa muito ampla, uma vez que a quantidade de água pode ser influenciada por fatores como a composição, peso específico, porosidade e idade dos RSU.

De maneira geral, o teor de água presente nos RSU apresentou-se variável ao longo do tempo de monitoramento, existindo uma tendência à redução no nível superior e um aumento nos níveis intermediário e inferior. A ocorrência de tal fato, na camada superior, pode estar associada às trocas de calor ocorridas entre o interior da célula e o meio externo, uma vez que o

ambiente da célula não é completamente impermeável devido às fissuras existentes na camada de cobertura e as aberturas para coleta das amostras de resíduos sólidos.

Além disso, os elevados índices de evaporação que ocorrem na cidade de Campina Grande, também contribuem para redução dos teores de água nos resíduos aterrados nesta camada. Analisando esta Figura 29, percebe-se que a evaporação, durante grande parte do ano, é mais expressiva que a precipitação, reduzindo-se somente nos meses característicos de chuvas na região. Tais períodos correspondem aos dias 594 a 713, dos meses de abril a agosto de 2013 e aos dias 1019 a 1116, de maio e setembro de 2014. Nestes períodos, as precipitações favoreceram a elevação no percentual de teor de água nesta camada.

Figura 29 - Precipitação e evaporação da cidade de Campina Grande – PB Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia (2014)

Através da análise comparativa das Figuras 28 e 29, pode-se perceber que os maiores teores de água, principalmente na camada superior, ocorrem nas épocas de maiores precipitações. E que, embora exista uma tendência à redução do teor de água nesta camada, nas épocas de chuvas ocorrem aumentos consideráveis.

Diferentemente da camada superior, nas camadas intermediária e inferior da célula experimental, não foram observadas reduções significativas nos teores de água, indicando que estas camadas não sofrem influências

diretas do meio externo. Maiores teores de água nestas camadas podem ser explicados pela entrada de águas pelas paredes laterais da célula experimental. Ao sofrer o fenômeno de contração, devido a perda de umidade para o ambiente externo, tanto a massa de resíduos sólidos aterrados, quanto a camada de cobertura do solo compactado, deslocam-se da parede da célula experimental, favorecendo caminhos preferenciais. Assim, ao escoar pelas suas laterais, a água infiltra e se dispersa longitudinalmente acumulando-se nas partes mais baixas da célula.

Teores de água fora da faixa considerada ótima podem interferir na biodegradação, atuando como um componente tóxico no meio, uma vez que altera a atividade microbiológica podendo comprometer o desenvolvimento dos micro-organismos e consequentemente, das suas funções vitais. Neste trabalho, assim como nas pesquisas desenvolvidas por Meira (2009); Melo (2011) e Silva et al. (2012) observou-se que valores de teor de água não interferiram no desenvolvimento dos micro-organismos.