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LISTA DE TABELAS

2.3 Água Superficial e Subterrânea

Segundo relatório da Agência Nacional de Águas, através do Atlas Brasileiro (ANA, 2011), o País terá sérios problemas com abastecimento de água a partir do ano de 2015, mesmo tendo um grande potencial hídrico, comparando com outros países do mundo. Um dos aspectos que mais influenciam a problemática da água é a falta de investimentos em obras de captação de água e a não proteção dos mananciais existentes. O relatório fala ainda da distribuição irregular dos mananciais, da baixa produção e baixos investimentos envolvidos. Por fim, cita a questão da poluição dos recursos hídricos devido a não existência ou ineficiência de tratamento de esgotos domésticos e industriais. Em outro aspecto, o problema se refere à produção inferior à demanda devido à precariedade dos sistemas de captação, adução e tratamento de água aliado às perdas existentes em todas as etapas de produção e distribuição de água.

Somado a esses aspectos, tem-se a extensa área do Brasil grande variedade climática, dos inúmeros ecossistemas existentes e de inúmeras características socioeconômicas e políticas que afetam a população e são predominantes nas demandas e recursos existentes.

Relativo ao consumo pode-se afirmar que a distribuição é bastante desigual no planeta. As áreas de ocupação concentram-se em regiões metropolitanas e são menos intensas em regiões mais remotas ou que possuem problemas com vegetação e clima. Segundo o Instituto de Defesa do Consumidor (IDEC) existe uma variação do consumo de água em todo o mundo. O instituto aponta como fatores determinantes para o consumo os seguintes: i) a disponibilidade local, ii) nível de desenvolvimento do país, , iii) nível de renda das pessoas. A necessidade diária é de pelo menos 40 litros de água

por dia por pessoa. Porém, o consumo varia de 150 em países europeus reduzindo-se a menos de 25 litros por habitante por dia na Índia.

Clarke e King (2005) afirmam que “o abastecimento de água no mundo está em crise”. Há um crescente aumento da população e de suas necessidades. Com isso, haverá cada vez mais, menor quantidade de água disponível por pessoa no planeta. Já Gore (1993) refere-se às grandes mudanças na relação do homem X terra, que, prolongando- se desde Revolução Industrial, vem provocando danos irreparáveis aos recursos hídricos. O autor cita algumas chamadas “ameaças estratégicas ao sistema hídrico global”: i) a redistribuição das reservas de água doce; ii) a elevação do nível dos mares e a perda de áreas litorâneas baixas; iii) mudanças nos padrões de uso da terra, a exemplo dos desmatamentos; iv) a contaminação de todas as reservas de água pelos poluentes químicos produzidos pela civilização industrial; v) pressão do rápido aumento da população; e, vi) sistemas de irrigação inadequados.

Segundo Santos (2009) o Brasil possui a maior reserva mundial de água do planeta, destacando-se o Aquífero Guarani, que se estende pelo Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, com mais de 40.000 km³ de água. O País possui grande disponibilidade de água, porém com má distribuição, segundo a ANA (2011). No relatório anterior (ANA, 2007) afirma-se que o Brasil é rico em volume de água, com uma disponibilidade hídrica de 33 mil m³/hab./ano, distribuídos nas doze regiões hidrográficas. A distribuição nas regiões é muito variável, com grande disponibilidade nas regiões menos povoadas. Porém, comparando-se com outros países o Brasil é o primeiro em reservas mundiais.

O Semiárido Nordestino, que compreende oito estados do Nordeste (excetua-se o Maranhão) apresenta reservas insuficientes de águas em seus mananciais, altas temperaturas, baixas amplitudes térmicas, altos índices de evapotranspiração e forte insolação, de acordo com o Relatório Atlas (ANA, 2011). Na região pode-se chegar a índices extremos de aridez provocados pelos longos meses de estiagens.

Com relação às demandas hídricas, as maiores ocorrem na agricultura com destaque para a irrigação. No ano de 2000 houve uma retirada de 1.592 m³/s de água para o consumo no País. As demandas naturais sobre água de superfície podem ser superadas se houver investimentos e estímulos a aberturas de poços subterrâneos para retirada de água a fim de atender as diversas necessidades, inclusive para suprir as demandas de irrigação em pequenas lavouras. No entanto, como há uma variação muito

grande no território brasileiro de suas reservas subterrâneas, não havendo homogeneidade em seus aquíferos, não se pode garantir que a oferta disponível pode superar as demandas.

A Agência Nacional de Água, através de seus relatórios anuais chama a atenção para o fato das águas subterrâneas perfazerem 97% das águas doces e líquidas do planeta, fazendo parte do ciclo hidrológico. No mundo todo existem, por estimativa, 300 milhões de poços perfurados. No Brasil estima-se que existam pelo menos 400.000 poços tubulares. Ainda, segundo a ANA (2007), os aquíferos são responsáveis em 90% pela regularização (perenização) dos rios, córregos, lagos, dentre outros, o que permite sua fluidez mesmo em épocas de estiagem. De acordo com o IBGE (2000) mais da metade do abastecimento público do Brasil provém de reservas subterrâneas.

Conclui-se que um melhor aproveitamento da água no uso em campo traduz em respeito ao meio ambiente além de redução de custos. Nas regiões onde houver pouca disponibilidade são necessários investimentos para a abertura de poços que permitam sua retirada da forma mais econômica possível. Com o abastecimento mundial em crise, seu uso racional deve ser incentivado, buscando tecnologias que possam reduzir desperdícios e reaproveitamento sem agressões ao meio ambiente.