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3 PIONEIRISMO LUSO-BRASILEIRO, SESQUICENTENÁRIO ALEMÃO E

3.2 OS ESTUDOS DA IMIGRAÇÃO ENTRAM EM CENA: a institucionalização da história

3.2.3 Álbuns Comemorativos ao Sesquicentenário Alemão e ao Centenário Italiano

Durante as comemorações do Biênio da Colonização e Imigração, as Comissões Executivas de Homenagem à imigração alemã e italiana propuseram a criação de álbuns comemorativos dedicados a contar a história de seus grupos, mas também a registrar a passagem das comemorações. De acordo com Knack (2013, p. 277) os álbuns comemorativos são meios de celebrar acontecimentos e auxiliam na definição e transmissão do conteúdo das comemorações, já que neles podemos ver de maneira ordenada os fatos e personagens históricos, além das autoridades políticas e sociais da época. Mas também os álbuns comemorativos podem ser entendidos como um mecanismo de propaganda, ao estampar em suas páginas o desenvolvimento e prosperidade alcançados pelos imigrantes.

... el álbum conmemorativo, como una especie de inventario, clasifica, controla y define aquellos elementos capaces de expresar la unidad de las nuevas naciones y asegurar las bases de una tradición nacional. Exhibiendo lujosas encuadernaciones en cuero, gran formato y una cuidadosa atención a la presentación y el diseño gráfico, los álbumes documentan el triunfo (GIAUDRONE, 2012, p.427).

O álbum comemorativo do Sesquicentenário da Imigração Alemã no Rio Grande do Sul foi lançado em 1974, e nele foram desenvolvidos temas variados, como vamos

elencar:

1) Temos a presença de várias autoridades políticas através de mensagens por eles escritas acerca das comemorações, como o Presidente da República Ernesto Geisel, o Governador Euclides Triches, o Cônsul Geral da República Federal da Alemanha Werner Von Beyne, e Fernando Gonçalves em nome da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul.

2) As comemorações do Biênio da Colonização e Imigração aparecem no álbum através do relato da instalação de seus festejos e da posse da Comissão do Sesquicentenário, situando as comemorações alemãs no bojo desta festa maior. Uma sucessão de discursos pronunciados nestas solenidades também foram transcritos. As memórias do Biênio da Colonização e Imigração foram guardadas nestas páginas através de fotos e textos que registraram os principais atos comemorativos do Sesquicentenário da Imigração Alemã.

3) Em uma sessão intitulada “Depoimentos”, a imigração alemã foi abordada por pessoas consideradas importantes e de renome no estado e no país, como: o historiador Leopoldo Petry, o Presidente da Província de São Pedro do Rio Grande em 1840, José Feliciano Fernandes Pinheiro, Antonio Augusto Borges de Medeiros, historiador Aurélio Porto, Getúlio Dornelles Vargas, Luiz Alves de Lima e Silva e Theodomiro Porto da Fonseca. 4) Sobre a empreitada imigratória propriamente dita, o álbum dedicou parte considerável para relatos da viagem, da chegada e da instalação dos imigrantes no estado. Também ganhou destaque a cidade de São Leopoldo, entendida como o Berço da Colonização Alemã. A partir do título “São Leopoldo de Hillebrand a Prieto, 150 anos de história” se buscou fazer uma linha de tempo política e histórica pela qual passou a cidade.

5) Outros temas também foram trazidos para a documentação em formato de álbum comemorativo, como: o espírito associativo do imigrante; a língua falada na colônia diferentemente da língua falada na Alemanha; o histórico da Igreja Católica na figura do Cardeal Vicente Scherer; os jesuítas lembrados através da Sociedade Antonio Vieira e nas figuras do Padre Teodoro Amstad e do Padre João B. Reus, além do Colégio Anchieta e UNISINOS; a Igreja Evangélica de Confissão Luterana na figura do pastor Karl Gottschald, bem como pela Associação Beneficente e Educacional de 1858; a arquitetura típica alemã; a educação, o ensino e a pesquisa; a saúde na figura do Hospital Moinhos de Vento; as artes gráficas; a imprensa; as artes visuais na figura dos artistas Ernesto Frederico Scheffel e Pedro Weingärtner; o Instituto Cultural Brasileiro-Alemão; o Museu Histórico Visconde de São

Leopoldo; a relação entre o Rio Grande do Sul e a República Federal da Alemanha; as festas e tradições; o esporte; a literatura e a tragédia do Muckers.

6) Muitas páginas foram dedicadas à propaganda da indústria e do comércio, como forma de demonstrar a prosperidade atingida: em São Leopoldo – Indústria de Artefatos de Borracha BINS, Ferramentas Gedore do Brasil, Weinmann Cia Ltda; em Novo Hamburgo – Indústria de Electro Aços Plangg, Turiscar do Brasil; em Campo Bom – Schmidt Irmãos Indústria e Comércio; em Portão – Curtume Boa Vista, Curtume Arthur P. Müller e Cia; em Gramado – Calçados Ortopé, Artesanato Gramadense; em Santa Cruz do Sul – Arcal Indústria do Vestuário, Cimasa Carrocerias Implementos e Máquinas Agrícolas; em Cachoeira do Sul – Reinaldo Roesch Comércio, Indústria e Cultura de Arroz, Fundição Jacuí; em Santa Maria – Indústrias Cerâmicas, Verafumos Comércio, Indústria e Agricultura de Fumos e Cereais. Outras cidades foram citadas como: Canoas, Esteio, Sapucaia do Sul, Igrejinha, São Pedro do Sul, Santo Antônio da Patrulha, Guaíba, Gravataí, Pelotas, São Lourenço do Sul, Lajeado, Estrela, Ijuí, Três Passos, Panambi, Ibirubá, Carazinho, Campo Real, Giruá, Três de Maio, Santo Cristo, Horizontina. A partir destas cidades e indústrias, foi abordada a participação dos imigrantes na economia do Rio Grande do Sul e do Brasil através de grandes empresas como a Volkswagen, da Varig, do grupo Renner, da Neugebauer, da Gerdau, Bayer do Brasil, Mercedes Benz, Deutsche Lufthansa e Stihl.

Já o álbum comemorativo ao Centenário da Imigração Italiana, lançado em 1975, desenvolveu temas como:

1) Marcou a presença de governantes e autoridades, através da publicação de mensagens como do então Governador Sinval Guazelli, do ex-Governador Euclides Triches, da Assembleia Legislativa do Rio Grande Sul na figura do Presidente João Carlos Gastal, do ex-Prefeito de Caxias do Sul Mario Bernardino Ramos, do Presidente do Biênio Victor Faccioni e do Presidente da Comissão Executiva do Centenário da Imigração Italiana.

2) As comemorações do Biênio da Colonização e Imigração foram registradas através da XIII Festa da Uva no ano do Centenário Italiano no estado e a presença do Presidente Geisel na réplica de chegada dos imigrantes em Nova Milano, mas também pelo relato das instalações das festividades do Centenário da Imigração Italiana e seus pronunciamentos, que situaram a publicação do álbum dentro deste presente comemorativo.

3) A imigração italiana foi abordada através da descrição do processo imigratório, da instalação dos imigrantes no estado, da localização das cidades de origem dos imigrantes e das motivações que os conduziram à decisão de mudança de espaço físico, social e cultural.

4) As cidades que faziam parte da região colonial italiana ganharam destaque através de históricos e descrições: Silveira Martins, Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Veranópolis, Garibaldi, Guaporé, Encantado, Flores da Cunha, Nova Prata, Farroupilha (destacada como Berço da Colonização Italiana), Casca, Marau, Carlos Barbosa, Serafina Corrêa, São Marcos, Anta Gorda, Ilópolis, Putinga, Nova Bassano, Nova Araçá, Nova Bréscia, Paraí, Soledade e São Borja.

5) Como forma de demonstrar a prosperidade alcançada pelos imigrantes, indústrias das mais diferentes áreas de produção também foram citadas, entre elas: Madezatti, Metalúrgica Abramo Eberle, Incopesca Indústria e Comércio de Pesca, Marcoplan Equipamentos Industriais, Cooperativa Vitivinícola Forqueta, Cervejaria Pérola, Marcopolo Carrocerias e Ônibus, Gazola Indústria Metalúrgica, Tecelagem Marisa, Pena Branca Integração Avícola, Cooperativa Vinícola Aurora, Vinhos Salton, Cooperativa Vinícola Garibaldi, Malharia Farroupilha, Granja Radaelli, Aviária Piazza e Pirelli.

6) Outros assuntos que foram tratados no álbum: a arquitetura italiana; a produção de uva e o vinho; o cooperativismo; a UCS; a religião; a língua; o ensino; ascendência cultural dos descendentes; as sociedades italianas; o Instituto Dante Alighieri; o Centro Ítalo- Brasileiro; os italianos na história da América Portuguesa nas figuras de: Giuseppe Garibaldi, Franscisco Anzani e Tito Lívio Zambecari; a imprensa italiana; os italianos na política e administração; a presença italiana na Guerra dos Farrapos.