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Área aproximada do Termo de Mariana no final do século XVIII

No documento camilacarolinaflausino (páginas 49-53)

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BOXER, Charles R. A idade de ouro do Brasil: dores de crescimento de uma sociedade colonial. 3.ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000, p. 71-72.

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Mapa confeccionado por Renata Romualdo a partir dos dados de, Theophilo Feu. Comarcas e Termos -

Creações, supressões, restaurações, encorporações e desmembramentos de comarcas e termos em Minas Gerais (1709-1915). Belo Horizonte: Imprensa Oficial do Estado de Minas Geraes, 1922, p.71-96.

Fonte: DATASUS

Entretanto, essa intervenção do governo tinha outros propósitos, visto que a Coroa experimentou e estimulou diversas formas de cobrança de impostos, buscando obter o máximo de renda da exploração aurífera para os cofres reais. Este ‘incentivo’ à povoação das Minas por parte do governador objetivava, na verdade, “apenas aumentar a produção de ouro e, com isso, auferir mais quintos. Era uma política fiscal e não social”.96

Com o ouro, a cidade de Mariana prosperou ao longo da primeira metade do século XVIII, em termos de comércio e riquezas, transformando-se em uma das principais cidades da Capitania97 e, posteriormente, da Província. Importante também do ponto de vista eclesiástico, pois Mariana foi elevada à categoria de cidade para sediar o bispado que aqui se instalou em 1748; e como centro educacional desde que ocorreu a instalação do Seminário da Boa Morte, em 1750, que:

Foi fundado por alguns mineiros ricos que desejavam educar bem seus filhos, sem precisar enviá-los à Europa. Tinham-se anexado ao patrimônio desse estabelecimento terras e escravos, e nada fora esquecido para fazê-lo digno do

96 ZEMELLA (1951, p. 39). 97

A Capitania de Minas Gerais foi criada em 1720, separando-se da Capitania de São Paulo devido às importantes necessidades administrativas das Gerais. ZEMELLA (1951, p. 47).

fim a que se destinava. Se entre os proprietários de certa idade que habitavam os campos das comarcas de Sabará e Vila Rica se encontram outros tantos homens polidos e com certa instrução, deve-se isso em grande parte à

educação recebida no seminário de Mariana. 98

Não obstante, a importância da cidade se estenderia pelo século seguinte:

Até meados do século XIX Mariana continuaria a acumular essas importantes funções de centro religioso, educacional e administrativo. Assim, embora tendo nascido e prosperado em função da exploração aurífera, mesmo com o declínio da produção deste metal a cidade continuaria a desempenhar um papel

de destaque no contexto da capitania e mais tarde da província. 99

O município de Mariana, assim como muitas outras cidades da região Metalúrgica – Mantiqueira, teve grande importância econômica, política e social para a história de Minas Gerais, tanto no período setecentista quanto oitocentista, com sua povoação tornando-se próspera ao longo dos anos de ocupação de seu território e da exploração de suas riquezas naturais. Não obstante, esse processo de ocupação e expansão do território do município, que se estendeu até o século XIX, torna nosso recorte espacial ainda mais fecundo, sobretudo quando levamos em conta as afirmações de Graça Filho:

A delimitação regional pela paisagem geográfica só pode responder em parte pelo recorte regional a ser adotado. Mesmo porque ela resulta da relação entre o homem e a natureza. Assim, o conceito de região é sempre uma construção histórica mutável, que abarca múltiplos fatores, tais como as características produtivas, a circulação econômica dos bens de capitais, a mobilidade do homem, as identidades culturais, a jurisdição do poder religioso, político e

administrativo, em geral não coincidentes. 100

No caso de Mariana, notamos a influência de vários aspectos que não somente jurídico-administrativos, mas também os de ordem econômica, política e social, ora separados, ora inter-relacionados que ajudavam a delimitar o limite espacial de nossa pesquisa. Nesse sentido, e buscando contornar as inúmeras separações que aconteceram no território do município, especialmente no século XIX, trabalharemos com as únicas freguesias que

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SAINT-HILAIRE (1975, p.79-80). 99

ALMEIDA (1994, p. 48). Ao longo do século XIX, a região Metalúrgica – Mantiqueira, a qual incluía a cidade de Mariana, foi ainda a região mais populosa e urbanizada de toda a Província, compondo-se de localidades tais como a vizinha cidade de Ouro Preto, capital da Província desde 1721; São João Del Rei e Barbacena, maiores entrepostos do comércio mineiro. LIBBY (1988, p. 43).

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O autor se baseia no conceito de região encontrado em RONCAYOLO, Marcel. “Região”. Enciclopédia

Einaudi, Porto, Imprensa Nacional/ Casa da Moeda, 1986, v. 8, pp. 161-261; e também em MATTOSO, José. A escrita da história: teorias e métodos. Lisboa, Estampa, 1997, pp.169-80. GRAÇA FILHO, Afonso de

estiveram ligadas ao município de Mariana ao longo de todo o período de nossa pesquisa (1850-1886)101, tendo como referência as localidades presentes em nossas fontes primárias e com base na bibliografia consultada.

Os pequenos arraiais ou povoados mencionados nas escrituras de compra e venda de escravos foram agrupados às freguesias a que pertenciam. Assim, os dados coletados foram registrados nos cartórios de Mariana por vendedores e compradores residentes nos arraiais e freguesias pertencentes ao município, bem como pelos que residiam em outras regiões da província e mesmo fora dela, mas que registraram seus negócios com escravos nos cartórios de Mariana.

Desse modo, trabalhamos com as freguesias que compunham o município de Mariana na segunda metade do século XIX, visualizadas no mapa 3:

1- Nossa Senhora da Assunção da Catedral ou a Sé de Mariana, sede do município, incluindo o distrito de Passagem;

2- Nossa Senhora da Conceição de Camargos; 3- Nossa Senhora do Nazaré do Inficionado; 4- Nossa Senhora do Rosário do Sumidouro; 5- Nossa Senhora da Cachoeira do Brumado; 6- São Caetano do Rio Abaixo;

7- Senhor Bom Jesus do Monte do Furquim; 8- Paulo Moreira;

9- Nossa Senhora da Saúde; 10- Barra Longa.

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CARVALHO (1922, p.71-96). BARBOSA (1968, p. 276). O autor faz um histórico de inúmeras localidades mineiras, dentre elas as freguesias que compõem o município de Mariana na segunda metade do século XIX, desde as origens até as emancipações ocorridas. Confrontamos estes dados ainda com os estudos de HALFELD, H.G.F. TSCHUDI, J.J.Von. A província brasileira de Minas Gerais. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro, 1998, p. 142-143. Essa mesma delimitação regional foi anteriormente utilizada por TEIXEIRA (2001, p.16).

No documento camilacarolinaflausino (páginas 49-53)