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ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS pré-leitura

No documento A MULHER DE PÉS DESCALÇOS (páginas 27-41)

Como sabemos, a experiência da leitura literária permite uma relação singular com a linguagem: ultrapassamos as fronteiras do espaço e as imposições do tempo sem deixar o lugar em que estamos, deslocamo-nos para realidades históricas distintas sem perder de vista o contexto em que vivemos. A literatura possibilita estar no lugar do outro sem deixarmos de ser nós mesmos. Essa é a abordagem da leitura que propomos nestas atividades.

Com isso, assumimos que a literatura tem uma dimensão humanizadora. A qualidade de A mulher de pés descalços é a do texto como uma força da liberdade, pois é a linguagem

trabalhada para dar sentido ao mundo e à História. Apresentada dessa forma, o processo desencadeado com a leitura da obra abre uma oportunidade para que os estudantes ampliem seus repertórios e, mais do que isso, concebam um sentido particular a uma prática que é comum. Embora o livro aborde temas de uma realidade distante e tenha sido escrito em outra língua e traduzido para o português, sua linguagem literária per-mite uma apropriação por parte do leitor que, em suma, favorece a construção pessoal a partir do que é alheio a si mesmo.

Desse modo, uma forma de aproximação dessa obra é buscar o interesse dos estu-dantes iniciando uma roda de conversa para sondar os conhecimentos prévios deles sobre a escritora, o país de origem dela e os acontecimentos históricos que marcaram esse país no século XX. Alguns conceitos são importantes de serem relembrados, pois estarão subjacentes a diversas passagens da obra. Um deles é o conceito de identidade, bastante trabalhado por sociólogos e antropólogos.

Se algum estudante manifestar a dúvida bastante comum e perguntar: “Mas para que servem a Sociologia e a Antropologia?”, podemos responder que elas nos ajudam a refletir melhor sobre questões fundamentais como: “Quem somos nós? Quem sou eu?”. A Filosofia é outro componente curricular que tem contribuições importantes nessas reflexões. A literatura também, cada uma a seu modo. Neste momento, vamos nos concentrar, no entanto, na particularidade da Sociologia e da Antropologia.

Um dos principais temas que atravessa A mulher de pés descalços é justamente o da identidade. Com a colaboração do professor de Sociologia, pode-se usar a metodologia da sala de aula invertida para que os estudantes tragam para uma roda de conversa um pequeno texto sobre o significado desse termo. O texto não precisa necessariamente ser autoral, eles podem trazer trechos de livros ou de artigos. Como não haverá a priori um gabarito para essa atividade, o que se espera é que eles comparem as definições que trouxeram entre si e cheguem a uma definição comum.

Será importante ressaltar que a identidade de um indivíduo é a compreensão que ele tem de si mesmo com base na interação com outros. Por isso, diz-se que ela é construída socialmente. Afinal, as identidades podem ser vistas tanto como caracterís-ticas pessoais quanto sociais: um eu precisa necessariamente interagir com um outro para se reconhecer. O estudo das identidades, por esse ponto de vista, não pode estar desvinculado do estudo das sociedades.

Em A mulher de pés descalços são vários os momentos em que a questão da identidade é colocada: desde a chegada da família ao exílio no interior do país até os momentos

em que se fala sobre alimentação, saúde, beleza e casamento. Por ser definida também na esfera social, a identidade das pessoas que viviam em Ruanda foi profundamente afetada pela colonização do país, como bem indica este trecho:

Os brancos pretendiam saber melhor do que nós quem éramos e de onde vínhamos.

MUKASONGA, Scholastique. A mulher de pés descalços. p. 97.

Esse excerto pode ser lido no início da roda de conversa, se achar conveniente, como um ponto de partida para que os estudantes façam uma primeira interpretação dele. Em seguida, complemente a conversa com a noção de identidade que chegaram em conjunto na discussão e, posteriormente, confrontada por eles mesmos com a leitura finalizada.

atividade direcionada

título: Colonização e violência

competências gerais da educação básica: 2 e 7

tema contemporâneo transversal: Educação em Direitos Humanos competências de linguagens e suas tecnologias: 1 e 3

competências de ciências humanas e sociais aplicadas: 1, 5 e 6

habilidades específicas: EM13LP04 e EM13LP05; EM13CHS105, EM13CHS503, EM13CHS504, EM13CHS603 e EM13CHS605

Leia os textos a seguir:

Colonização é violência, e há muitas maneiras de levar a cabo essa violência. Além dos chefes militares e administrativos, e de um verdadeiro exército de clérigos, os belgas enviaram cientistas a Ruanda. Os cientistas trouxeram balanças, fitas métricas e compassos e saíram pesando ruan-deses, medindo sua capacidade craniana e realizando análises compa-rativas da protuberância relativa de seus narizes. Claro que os cientistas encontraram aquilo em que haviam acreditado o tempo todo. Os tutsis tinham dimensões “mais nobres”, mais “naturalmente” aristocráticas que a dos “rústicos” e “brutos” hutus. No “índice nasal”, por exemplo, o nariz médio tutsi era dois milímetros e meio mais longo e quase cinco milímetros mais fino que o nariz hutu médio.

GOUREVITCH, Philip. Gostaríamos de informá-lo de que amanhã seremos mortos com nossas famílias. Tradução de José Geraldo Couto. São Paulo:

Companhia das Letras, 2006. p. 54.

Os brancos jogaram em cima dos tutsis os monstros famintos de seus próprios pesadelos. Eles nos ofereceram espelhos que distorciam a farsa deles e, em nome da ciência e da religião, nós tínhamos que nos reconhecer nesse duplo perverso nascido de seus fantasmas.

MUKASONGA, Scholastique. A mulher de pés descalços. p. 97.

Comente: o que seriam “os monstros famintos de seus próprios pesadelos”?

Resposta pessoal.

aprofundamento

Nessa atividade, a ideia é que os estudantes levantem hipóteses. Eles podem mencio-nar criticamente o projeto colonial, que, como bem mostra o texto de Gourevitch, era baseado na violência e em teorias científicas racistas. Para os tutsis, os colonizadores criaram uma falsa identidade, pois supostamente reconheciam semelhanças neles, mas, na prática, os europeus ainda se colocavam como dominadores em seu projeto de controle do território.

leitura

O acompanhamento da leitura é importante pois auxilia os estudantes em suas difi-culdades e, no caso de uma atividade coletiva, equilibra o ritmo de leitura deles. Como estamos lidando com um texto mais extenso do que habitualmente são oferecidos nos livros didáticos, a leitura terá que ser feita fora da escola. Oriente os estudantes sobre a importância do lugar em que farão a leitura: um local silencioso, confortável e bem iluminado provavelmente tornará o momento mais proveitoso. Se eles não tiverem acesso a bibliotecas ou salas de leitura nos horários em que podem ler, seria interessante que conversassem com seus familiares sobre a instituição de um lugar da leitura em suas casas, isento, quanto for possível, de ruídos ou de distrações como televisão ou outros aparelhos eletrônicos. Nem sempre será possível ter um espaço como esse, mas, eventualmente, pode-se negociar um horário para que esse espaço exista. De certo modo, essa viabilização do espaço ou do tempo para leitura é uma maneira de estimular a autonomia, o diálogo e o protagonismo do estudante. Criar uma atmosfera acolhedora e se organizar de modo a reservar um tempo no dia para a leitura contribui para que os estudantes criem, desde cedo, esse hábito que poderão levar para a vida.

Assim, nestas atividades literárias, o estudante é o principal agente de seu apren-dizado. Por isso, é importante que ele seja motivado a ser ativo e colaborativo, e duas serão as principais instâncias dessa ação: a experiência da leitura e o compartilhamento dessa experiência.

aprofundamento

A leitura coletiva em sala de aula requer que o professor assuma determinadas fun-ções. É preciso reconhecer a leitura em sala de aula como um mecanismo didático e, assim, entender a necessidade de um trabalho planejado. A respeito da relevância do professor nesse trabalho, Rildo Cosson afirma:

O papel do professor

[...] Essas abordagens baseadas na interação e na ação são aquelas que melhor traduzem (e conduzem), em termos pedagógicos, os meca-nismos de manuseio e compartilhamento das obras literárias na escola.

Dessa maneira, o papel primeiro do professor é essencialmente arqui-tetural, no sentido de que a sua função é planejar as atividades e projetar os caminhos que serão percorridos pelos alunos, sabendo que o desenho feito é tão somente um conjunto de indicações mais ou menos precisas pois a execução da atividade em si é função exclusiva dos alunos.

Um segundo papel assumido pelo professor é o de guia ou condutor da experiência literária. Nessa condição, o professor é um guia porque ele mesmo já experienciou literariamente aquela obra [...]. Todavia, como seu nível de competência literária é certamente maior do que o nível de seus alunos, a função de guia não implica demandar dos alunos uma reprodu-ção de sua experiência de leitura daquela obra, nem analisar a obra para os alunos. [...] Dessa maneira, o papel de condutor a ser exercido pelo professor no paradigma do letramento literário é acompanhar a leitura do aluno sem impor uma direção, mas apontando caminhos por onde o leitor pode escolher transitar dentro do texto. [...]

O professor possui, ainda, um terceiro papel a cumprir [...] que é a constituição de uma comunidade de leitores em sala de aula.

COSSON, Rildo. Paradigmas do ensino da literatura.

São Paulo: Editora Contexto, 2020. p. 216-217.

Durante a leitura, por vezes, uma simples conversa a respeito do andamento da história é suficiente para que o trabalho seja bem-sucedido. Provocar reflexões que o próprio texto literário suscita é uma maneira de engajar mais os estudantes na leitura e preparar melhores interpretações, por isso sugerimos, em alguns momentos, estas atividades direcionadas.

atividade direcionada 1

título: Fabulação e experiência autoritária

competências gerais da educação básica: 2 e 7

competência de ciências humanas e sociais aplicadas: 1 habilidades específicas: EM13CHS101 e EM13CHS103

Nas páginas 50 a 52, a narradora conta sobre os esforços da mãe em ensinar as filhas, ela mesma e Julienne, a caminharem à noite sem machucarem os pés. Stefania tenta treiná-las para que caminhem no escuro em um terreno irregular. A preocupação parece estética, mas o contexto da obra pode sugerir uma dimensão política nessa preocupação. Peça a um ou dois estudantes que leiam a sequência e à turma, em uma roda de conversa, que dialoguem sobre os seguintes pontos:

1. Qual era a principal preocupação de Stefania nesse trecho?

Ela se preocupava com a aparência dos pés das filhas, que ficavam muito machucados.

2. De que maneira Stefania busca resolver sua preocupação?

Ela sai à noite com as filhas para treinar seus pés, ensinando a elas que eles também podem ter olhos que enxergam, basta conseguir abri-los.

3. Havia outros perigos nas noites em Nyamata que amedrontavam Stefania e para qual esse treinamento também serviria? Apresente outro trecho do livro que sustente sua hipótese.

Resposta pessoal.

aprofundamento

Uma hipótese que valeria a pena trabalhar com eles é a do risco de violência, pois soldados e milicianos perseguiam as famílias tutsis. Seria interessante confrontar a passagem da atividade com um outro da página 17, em que a narradora afirma “Minha mãe nunca relaxava”. Nessa parte, ela comenta que, durante o jantar, Stefania ficava em alerta para captar eventuais ruídos de soldados e orientar para que as crianças fugissem.

Na passagem das páginas 18 e 19, é narrada a forma como Merciana, uma mulher con-siderada “civilizada” na região, foi assassinada por “capangas da prefeitura”. Lidos em conjunto, esses trechos podem sugerir que a mãe preparava de forma delicada e lúdica as filhas para uma eventual fuga. No lugar do medo de soldados, ela preferia comunicar às filhas os ensinamentos aos pés que “sabem enxergar”.

O filósofo camaronês Achille Mbembe (1957-) formulou um conceito que pode suscitar debates a respeito da realidade descrita no livro. Ele chama de necropolítica o poder do Estado decidir quem pode viver e quem deve morrer. Sua tese é baseada no conceito do filósofo francês Michel Foucault (1926-1984) sobre biopoder e o controle das populações pelo disciplinamento de seus corpos. Mbembe acrescenta que a raça é o fator primordial nessa definição de que corpo é mais “matável” que outro. Conheça o ensaio em que o Mbembe desenvolve essa ideia: MBEMBE, Achille. Necropolítica.

Arte e ensaios. n. 32, 2016, p. 124-151. Disponível em: https://revistas.ufrj.br/index.php/

ae/article/view/8993/7169. Acesso em: 11 fev. 2021.

atividade direcionada 2

título: O que é o progresso?

competências gerais da educação básica: 2 e 7

competências de linguagens e suas tecnologias: 1, 3 e 4 competências de ciências humanas e sociais aplicadas: 1, 4 e 5

habilidades específicas: EM13LGG103, EM13LGG104, EM13LGG302 e EM13LGG401;

EM13CHS101, EM13CHS103, EM13CHS401 e EM13CHS504

Observe , a seguir, o quadro do pintor suíço Paul Klee (1879-1940). Ele foi adquirido pelo filósofo e crítico judeu alemão Walter Benjamin (1892-1940) em 1921. Note que a técnica da pintura faz parte

das vanguardas artísticas do início do século, que foram in-fluenciadas pela arte fora do mundo europeu, sobretudo as de origem africana. Uma via-gem à Tunísia, em 1914, marcou profundamente a arte de Klee.

Paul Klee. Angelus Novus (1920). Óleo e aquarela sobre papel, 31,8 cm × 24,2 cm.

Museu de Israel, Jerusalém.

© THE ISRAEL MUSEUM, JERUSALÉM

Walter Benjamin inspirou-se nessa obra para escrever a seguinte tese:

Há um quadro de Klee que se chama Angelus Novus. Representa um anjo que parece querer afastar-se de algo que ele encara fixamente. Seus olhos estão escancarados, sua boca dilatada, suas asas abertas. O anjo da história deve ter esse aspecto. Seu rosto está dirigido para o passado.

Onde nós vemos uma cadeia de acontecimentos, ele vê uma catástrofe única, que acumula incansavelmente ruína sobre ruína e as dispersa a nossos pés. Ele gostaria de deter-se para acordar os mortos e juntar os fragmentos. Mas uma tempestade sopra do paraíso e prende-se em suas asas com tanta força que ele não pode mais fechá-las. Essa tempestade o impele irresistivelmente para o futuro, ao qual ele vira as costas, en-quanto o amontoado de ruínas cresce até o céu. Essa tempestade é o que chamamos progresso.

BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política:

ensaios sobre a literatura e história da cultura.

Tradução de Sérgio Paulo Rouanet. São Paulo:

Brasiliense, 1987, p. 226. Vol. 1. Série Obras Escolhidas.

1. Observe uma vez mais a obra Angelus Novus e o seu título. Como você interpreta a expressão da figura representada?

O título em latim Angelus Novus significa, em português, “anjo novo”. Trata-se de uma figura angelical, pois seus cabelos são cacheados (forma tradicional da representa-ção de anjos) e seu braços remetem a asas. Incentive os estudantes a falarem mais sobre o que identificaram na expressão da figura, por exemplo, um sentimento de susto, espanto ou mesmo medo, de modo a estabelecerem coerência com a análise do texto de Benjamin.

2. Segundo o texto de Benjamin, o que significa a imagem representada estar voltada ao passado?

O autor imagina movimento em uma imagem estática. O anjo do quadro está voltado para o observador, por isso o vemos de frente, mas o filósofo o imagina voltado ao passado, observando os resultados catastróficos de acontecimentos históricos.

3. O filósofo compara a ideia de progresso a uma tempestade poderosa. Interprete essa comparação com base no que você conhece sobre o colonialismo europeu,

à época encarado como um meio de se levar progresso a sociedades atrasadas, e comente como essa ideia se relaciona à presença europeia na narrativa A mulher de pés descalços.

Os estudantes podem escrever ou falar (no caso de a atividade ser feita em uma roda de conversa) que o filósofo tem um ponto de vista crítico sobre a ideia de pro-gresso, já que, para ele, o resultado é um amontoado de ruínas. Eles podem indicar exemplos da sociedade ruandesa contidos em A mulher de pés descalços para ilustrar essa crítica, uma vez que o país africano experimentou conflitos estimulados pelos colonizadores europeus que culminaram no genocídio.

pós-leitura

Este é o momento de interpretação e registro da experiência dos estudantes.

Vários são os temas que podem ser aprofundados. Por exemplo, as histórias narradas demonstram que, ao longo dos anos, um discurso de ódio eficiente criou um clima de agressões extremas. A associação dos tutsis a baratas era feita diuturnamente nos meios de comunicação e em círculos de convivência dos hutus. O que significou para essa sociedade tamanha desumanização? Retomando o debate da pré-leitura: O que essas agressões nos dizem a respeito da identidade?

Outros conceitos podem permear a discussão entre os estudantes: as noções de comunidade e sociedade. Esses conceitos estruturantes da Sociologia aparecem en-trelaçados na experiência da narradora. O primeiro é representado sobretudo pelas ações de sua mãe, que retrata uma força vital para práticas comunitárias. Por isso ela também é uma referência literária na própria obra. Ela é uma produtora de histórias.

O segundo, pelas instituições e espaços fora do vilarejo e nas novidades que eles re-presentam, principalmente a escola na cidade.

Após os massacres do genocídio, o país precisou ser reestruturado, e as mulheres tiveram um papel fundamental nesse processo. Elas passaram a ocupar postos im-portantes nas instituições do país e protagonizaram a transição para um período que superasse as divisões que levaram ao genocídio. Atualmente, com cerca de 12 milhões de habitantes, Ruanda é uma das nações mais igualitários do globo para as mulheres, que lideram na participação política do país. Os estudantes podem pesquisar reporta-gens que tratem desse tema – a participação das mulheres na reconstrução do país – e levá-las para a sala de aula. O ponto inicial da conversa pode ser a força das mulheres representadas no livro.

Como conclusão, a turma também pode ser dividida em grupos de até cinco estu-dantes para criar murais informativos para toda a comunidade escolar. Nesses murais, eles podem escrever: resenhas de A mulher de pés descalços, uma minibiografia da auto-ra, informações sobre a história política de Ruanda, aspectos culturais do país, como alimentação, e informações sobre o país atualmente. Essas são algumas sugestões de recortes temáticos, mas os estudantes podem oferecer outras.

Umushyikirano, palavra do quiniaruanda que se traduz em “encontro cujos participantes podem trocar ideias, compartilhar experiências e questionar uns aos outros”. Trata-se de um evento anual, presidido pelo presidente de Ruanda, que dá a todos os ruandeses a oportunidade de fazer perguntas diretamente aos seus líderes. O evento conta com a presença de membros do Conselho de Ministros e do Parlamento, cuja participação feminina é, por lei, superior a 30% dos cargos ocupados. Foto de 2013.

RWANDA GOVERNMENT/FLICKR

Por fim, uma palavra sobre avaliação. As atividades com leitura literária não combi-nam com padrões tradicionais de avaliação escolar, pois o que se busca é o aprimora-mento da competência literária de cada estudante. As atividades de pré-leitura e leitura já fornecem elementos para diagnóstico dessa competência. Para a parte final, que não encerra a comunidade de leitores formada, a sugestão é que se verifique de que modo os estudantes incorporaram essa leitura em seu repertório, estabelecendo uma relação com sua própria história de vida. As descobertas sobre si e sobre o outro, a compreensão de pertencimento a um nós coletivo, a projeção do que se quer construir para o futuro, todas essas dimensões contam na apropriação que fazem da leitura. Os registros devem contribuir, também, para o desenvolvimento da competência escritora de cada um.

Como estamos imersos em um projeto que prevê a autonomia e o protagonismo do estudante nos espaços coletivos em que eles tiverem que se posicionar, é importante que saibam fazer e receber críticas com respeito e maturidade, compreendendo que o ajuizamento sério sobre o trabalho do colega e a recepção do juízo alheio só são ne-cessários quando para o desenvolvimento intelectual de todos.

Nem toda descoberta ou reflexão proporcionada pela literatura se manifestará na sala de aula, mas nesse processo de aprendizagem em que o estudante é o protagonista, eventualmente o professor pode ser uma referência para inquietações provocadas pela leitura. Esses momentos abrem oportunidades para perceber de que maneira a literatura provoca reflexões e contribui para a autocompreensão e o desenvolvimento deles.

aprofundamento

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No documento A MULHER DE PÉS DESCALÇOS (páginas 27-41)

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