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O estudo foi desenvolvido no reservatório Salto Grande Salto Grande no município de Americana, SP (Figura 2). Os pontos de coleta foram alocados em locais com maior freqüência de banhistas em frente ao Iate Clube de Americana (S22°43´13,9´´; W47°16´22,9´´ - Altitude: 545m) e na Praia dos Namorados (S22°42´15,3´´; W47°16´00,3´´ - Altitude: 550m). O reservatório Salto Grande tem sido amplamente estudado em suas características limnológicas que foram detalhadamente descritas em DEBERDT (2002) e ESPÍNDOLA et al. (2004) e sumarizadas no QUADRO 8.

Foram realizadas coletas mensais ao longo de 11 meses para cobrir eventos sazonais de seca e cheia que influenciam o aparecimento das florações, sempre aos domingos para observar a utilização do reservatório para fins recreacionais. As amostras foram coletadas com balde de inox, subsuperficiais e em 2 réplicas. Foram registradas as condições climáticas e os principais usos recreacionais na hora das coletas. Estas observações encontram-se no Anexo 2.

As coletas, conservação e transporte das amostras foram realizados de acordo com as recomendações técnicas descritas em CETESB (1987).

QUADRO 8 Informações gerais sobre o reservatório Salto Grande (DEBERDT, 2002; ESPÍNDOLA et al., 2004) PARÂMETROS VALORES Localização Americana – SP Latitude 22º 43’ Longitude 47º 16’ Elevação (m) 530

Principal rio Rio Atibaia

Área de drenagem 2.770 km²

Área mínima inundada 10,55 km²

Área máxima inundada 13,80 km²

Perímetro do reservatório 64 km

Profundidade máxima 19 m

Profundidade média 9,2 m

Comprimento do reservatório 17 km

Volume máximo do reservatório 106 x 106

Vazão máxima 37,1 m³/s

Tempo médio de retenção da água 30 dias

Tipo de circulação Polimítico

Uso principal Geração de energia elétrica

Capacidade nominal 30,0 MW

Capacidade efetiva 33,6 MW

Geração média 9,0 MW

Tomada de água Barragem (porção inferior)

Altura da barragem 25 m

Comprimento da crista 228 m

Número de comportas 3

Figura 2 Reservatório Salto Grande - Pontos de coleta na Praia dos Namorados (1) e no Iate Clube (2), o Rio Atibaia (3), barragem (4), direção do vento (5). (Fonte: Google Earth, acesso em 15/11/2006, às 17:00hs).

A região onde está situado o reservatório Salto Grande faz parte da Região Metropolitana de Campinas – RMC, considerada um dos maiores aglomerados urbanos do Estado, com aproximadamente 2,5 milhões de habitantes distribuídos por 19 municípios. O intenso crescimento urbano e industrial das últimas décadas aliado à modernização das práticas agrícolas afetou significativamente a qualidade ambiental da região, deixando os recursos hídricos em situação bastante crítica, não apenas em relação aos aspectos de quantidade, mas também de qualidade. Como reflexo principalmente da falta de coleta e tratamento de esgotos domésticos despejados durante anos nos corpos hídricos sem tratamento adequado e também da

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falta de uma política de controle da eutrofização para promover uma remoção efetiva de nutrientes dos efluentes domésticos, industriais, agrícolas, os corpos hídricos da região encontram-se em avançado processo de eutrofização, com destaque para o reservatório Salto Grande, classificado como hipereutrófico.

O reservatório Salto Grande, localiza-se na porção mais baixa do rio Atibaia e faz parte da Sub-bacia do Atibaia, uma das formadoras da Bacia do rio Piracicaba, pertencente à Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos 05– UGRHI 05, que abrange um total de 62 municípios e uma área de drenagem de 15.303,67 km2,com 92,6% de sua área localizada no Estado de São Paulo e 7,4% no Estado de Minas Gerais. Informações detalhadas sobre as Bacias Hidrográficas dos Rios Piracibaba, Capivari e Jundiaí e da UGRHI 05 encontram-se nos Relatórios de Situação e Planos de Bacia (CBH-PCJ, 2000; CBH-PCJ, 2001; CBH-PCJ, 2004a; CBH-PCJ, 2004b) e Relatório de Qualidade das Águas Interiores da CETESB (CETESB, 2007). A disponibilidade hídrica da sub-bacia do Atibaia é considerada crítica, pois parte de seus recursos hídricos que contemplam um sistema de reservatórios em suas cabeceiras é revertida pelo sistema Cantareira para a Região Metropolitana de São Paulo, suprindo 60% dos seus habitantes (cerca de 8 milhões de pessoas). Como contrapartida da renovação da outorga em 2004 para operar o sistema, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo - SABESP comprometeu-se a tratar os esgotos dos municípios por ela operados, muito destes a montante do reservatório, que, aliado ao comprometimento de diversos municípios de tratarem seus esgotos, está promovendo um ganho substancial na qualidade das águas do rio Atibaia à montante do reservatório.

Conforme os dados apresentados em CETESB (2007) os corpos d´água das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí – PCJ encontram-se em uma região com elevada densidade populacional onde descargas contínuas de efluentes domésticos lançados in natura, representam o grande estressor ambiental que acarreta a degradação da qualidade da água e conseqüentemente alteram as comunidades biológicas. Também a atividade industrial e as fontes difusas são apontadas como agentes ativos e significativos no desequilíbrio ecológico desses ambientes aquáticos, que encontram-se em elevado processo de eutrofização devido às elevadas cargas de nutrientes, especialmente fósforo e nitrogênio, como evidenciado pelos elevados valores de Índice de Estado Trófico - IET em quase todos os pontos amostrados. AGUJARO & ISAAC

(2003) registraram vários episódios de florações de cianobactérias em corpos d´água das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiai.

A coleta e tratamento adequado dos esgotos domésticos com implementação de tratamento terciário para eliminação dos nutrientes são apontados no “Plano de Gestão do Reservatório Salto Grande” (IRRIGART, 2006) como fundamentais para atenuação deste quadro, pois a maioria das ETEs contempla apenas o tratamento primário e secundário com baixas remoções de nutrientes. Processos erosivos na bacia e poluição difusa urbana também contribuem para o agravamento deste quadro.

No monitoramento realizado pela CETESB em seu Relatório de Qualidade das Águas (CETESB, 2006) referente ao ano de 2005, em ponto no rio Atibaia que se localiza logo à montante da entrada do reservatório e à jusante do município de Paulínia, foram observadas altas concentrações de fósforo total, um quadro que vem se repetindo anualmente nesta avaliação. Nesse relatório encontram-se também descritas, as porcentagens de coleta e tratamento de esgoto nas Bacias PCJ e cargas orgânicas lançadas, potenciais e remanescentes. A porcentagem de tratamento de esgotos domésticos na Bacia ainda é baixa, em torno de 25% do esgoto coletado e, no rio Atibaia, as principais fontes de nutrientes são o ribeirão Anhumas, que recebe grande parte do esgoto lançado no município de Campinas e os lançamentos do município de Paulínia, muito próximos da entrada do reservatório. As Estações de Tratamento de Esgoto - ETEs destes dois municípios, em início de operação, estarão contribuindo significativamente para a redução das cargas.