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4.1 LOCALIZAÇÃO

O rio Itajaí-Açu está localizado no litoral Norte de Santa Catarina, aproximadamente 80 km ao norte de Florianópolis. Sua desembocadura fica entre as cidades de Itajaí ao sul e Navegantes ao norte, onde se encontra com o oceano Atlântico em 7020903.90 m S e 734866.45 m L (Figura 16).

Figura 16 - Localização da área de estudo (coordenadas: UTM / datum: WGS 84).

Sua formação tem início no município de Rio do Sul, pela confluência do rio Itajaí do Sul com rio Itajaí do Oeste. Seus maiores afluentes pela margem esquerda

39 são o rio Itajaí do Norte e o rio Luís Alves. Já na margem direita o seu principal afluente é o rio Itajaí-Mirim situado no município de Itajaí, a 9 km antes da foz do Oceano Atlântico. Apartir deste ponto o rio passa a ser denominado de rio Itajaí (COMITE DO ITAJAÍ, 2008).

Sua bacia de drenagem possui aproximadamente 15,500 km², sendo a maior bacia da Vertente Atlântica (VA) catarinense (Figura 17), estando limitada ao norte pela Serra do Mar, e a oeste e sul pela Serra Geral (GAPLAN, 1986).

Figura 17 - Bacia do Rio Itajaí-Açu e sua respectiva elevação digital disponibilizado no site da EPAGRI (coordenadas: UTM / datum: WGS 84).

4.2 CARACTERIZAÇÃO

4.2.1 REGIME DE MARÉ

A variação do nível do mar na área de estudo é predominantemente controlada pelas marés astronômicas, exercendo uma influência de aproximadamente 70%. O restante (30%) é devido a oscilações de baixa frequência

40 causadas ou por marés meteorológicas ou por eventos extremos de vazão fluvial (SCHETTINI & TRUCCULO, 2009).

4.2.1.1 MARÉ ASTRONÔMICA

O regime de maré astronômica na região é classificado como de micromarés misto com predominância semidiurna, possuindo o número de forma (Nf) em torno de 0.4. A altura média de maré na desembocadura do estuário é de 0,8 m, com mínimas de 0,3 m e máximas de 1,2 m durante período de sizígia (SCHETTINI, 2002).

Vale ressaltar que o regime de maré astronômica dentro do rio Itajaí-Açu é bastante influenciado por constituintes harmônicas de águas rasas, possivelmente devido à complexidade da linha de costa e extensa plataforma continental, apresentando uma equivalência de amplitude com a principal constituinte diurna O1, da ordem de 0,1 m (SCHETTINI & TRUCCOLO, 2009).

4.2.1.2 MARÉ METEOROLÓGICA

Na área de estudo sob condições extremas, como observado algumas vezes durante passagens de frentes frias, a maré meteorológica pode atingir amplitudes na ordem de 1 m em relação ao nível da maré astronômica, com períodos que variam entre 3 a 15 dias (TRUCCOLO, 1998).

4.2.2 COMPONENTE FLUVIAL

O rio Itajaí-Açu possui uma grande variabilidade anual em sua descarga fluvial, com máximas nos meses de julho e agosto e mínimas nos meses de março e outubro. A descarga média é de aproximadamente 228 m³/s, sendo que em períodos de enchente ela pode chegar a 5390 m³/s (enchente de 1984) e em períodos de estiagem a 17 m³/s (SCHETTINI 2002).

Segundo estudos da JICA (1990), o rio Itajaí-Açu possui uma descarga média anual de 271 m³/s e o Itajaí Mirim de 24.6 m³/s.

41 4.2.3 MASSAS DE ÁGUA

Segundo Carvalho & Schettini (1996) as principais massas de água no litoral Centro-Norte Catarinense são:

Água Costeira (AC): apresenta temperatura variável em função da época do ano, com salinidade inferior a 34 0/00;

Água Tropical (AT): é originada da corrente do Brasil com temperatura superior a 22 0C e salinidade superior a 35 0/00.

Água Central do Atlântico Sul (ACAS): apresenta temperatura inferior a 20 0C e salinidade superior a 35 0/00

A ACAS ocorre nas camadas mais inferiores, ressurgindo esporadicamente em função das forçantes meteorológicas associadas a ventos do quadrante norte. Esse afloramento se da entre a Ilha de Santa Catarina e o Cabo de Santa Marta (SCHETTINI et al., 1998).

4.2.4 REGIME DE VENTO

O regime de ventos na área de estudo são predominantes de nordeste durante todo o ano, porém nas estações de inverno e primavera tem-se um aumento na importância dos ventos do quadrante sul. Isto ocorre, porque há um aumento na intensidade e frequência das frentes frias em Santa Catarina (TRUCCOLO, 1998; JICA, 1990).

4.2.5 CLIMA

O clima local é classificado como mesotérmico úmido com temperatura média anual de 21,8 0C, precipitação média anual de 1416 mm e evapotranspiração média anual de 1080 mm (GAPLAN, 1986). Já segundo JICA (1990) a temperatura média anual é de 20,1 0C, com uma precipitação média anual de 1696 mm e evapotranspiração média anual de 1130 mm.

42 4.2.6 CLIMA DE ONDAS

Segundo JICA (1990) o clima de ondas na área de estudo possui altura significativa (Hs) de 0,5 a 1,0 m e períodos de pico (Tp) de 6 a 10 s. Já segundo Rosman (2006), o clima de ondas possui uma altura significativa (Hs) entre 0,5 a 1,5 m e períodos de pico (Tp) entre 6 a 12 s com modal entorno de 9 s. Suas direções podem variar de SE e NE sendo que as ondulações de E são mais frequentes.

4.2.7 ASPECTOS SEDIMENTOLÓGICOS

No rio Itajaí-Aço os aspectos sedimentológicos de fundo durante períodos de baixa descarga fluvial são dominados por siltes e argilas. Já em altas descargas fluviais o teor de areia aumenta, devido a maior competência de transporte do rio (PONÇANO 1982 e 1987 apud SCHETTINI, 2002). Porém é possível observar durante períodos de baixa vazão, areia fina de origem marinha sendo transportada pela corrente de fundo no estuário (DOBEREINER, 1986 apud SCHETTINI, 2002).

4.2.8 ESTUÁRIO DO RIO ITAJAÍ-AÇU

O estuário do rio Itajaí-Açu pode ser classificado como de cunha salina segundo os padrões de distribuição de sal descritos por Pritchard (1955), e de planície costeira de frente deltaica conforme a classificação geomorfológica e fisiográfica sugerida por Pritchard (1967) e Fairbridge (1980) (SCHETTINI 2002).

Seus principais forçantes hidrodinâmicos são a descarga fluvial e o regime de maré, sendo que o principal aporte fluvial para o estuário é o próprio rio Itajaí-Açu. Atribui-se a ele, aproximadamente 90% do total, enquanto os 10% restantes são atribuídos ao rio Itajaí Mirim (SCHETTINI & TRUCCOLO, 2009).

Após períodos prolongados de baixa vazão a intrusão salina pode chegar a mais de 30 km da desembocadura. Por outro lado em eventos de vazões acima de 1000 m³/s toda a água salgada do rio é expulsa, tornando o estuário totalmente misturado sem estratificação (SCHETTINI 2002).

43 Segundo Schettini (2002), os ventos não afetam diretamente a hidrodinâmica do estuário do rio Itajaí-Açu, porém de forma indireta eles podem causar anomalias nas variações do nível d’água do oceano (marés meteorológicas), que por sua vez irão causar mudanças na dinâmica do estuário.

As ondulações praticamente não interferem na dinâmica do estuário, devido ao seu canal de entrada ser retificado por dois molhes, agindo como um filtro para ondas de alta frequência (SCHETTINI 2002).

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