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7 O CASO DE JACAREÍ

7.1 Área de Estudo

Jacareí é um município pertencente à Bacia do Paraíba do Sul, localizada no sudeste do Estado de São Paulo. Segundo os dados demográficos do IBGE (2010) a cidade possuí 211.214 habitantes, com uma densidade demográfica de aproximadamente 454,94 habitantes/km², e uma área de 464,272Km². As áreas rurais do município possuem 1425 domicílios, sendo que 895 encontram-se ocupados, 526 não ocupados e 4 de uso coletivo.

O município encontra-se na latitude –23,3° e longitude –45,96°. O bioma que recobria a região era o da Mata Atlântica. Segundo o IBAMA, a Mata Atlântica pode ser vista como um mosaico diversificado de ecossistemas, apresentando estruturas e composições florísticas diferenciadas, em função de diferenças de solo, relevo e características climáticas existentes na ampla área de ocorrência desse bioma no Brasil.

Figura 1 – Localização do município de Jacareí

A Lei nº 11.428 (Lei da Mata Atlântica), de 2006, define que a Mata Atlântica contempla diferentes formações florestais e ecossistemas associados os quais foram detalhados pelo Decreto nº 6.660, de 2008. No caso de Jacareí, o ecossitema florestal predominante, segundo o inventário florestal, promovido pelo Instituto Florestal do Estado de São Paulo, é a Floresta Ombrófila Densa, que tem como característica, segundo o mesmo inventário, é uma formação com vegetação característica de regiões tropicais com temperaturas elevadas (média 25°C) e com alta precipitação pluviométrica bem distribuída durante o ano (de 0 a 60 dias secos), sem período biologicamente seco.

De acordo com o Manual de adequação ambiental da Mata Atlântica (BRASIL, 2010), a Floresta Ombrófila Densa é Caracterizada pela presença de árvores de grande e médio portes, além de lianas (cipós) e epífitas em abundância. Estende-se pela costa litorânea desde o Nordeste até o extremo Sul. Sua ocorrência está ligada ao clima tropical quente e úmido, sem período seco, com chuvas bem distribuídas durante o ano (excepcionalmente com até 60 dias de umidade escassa) e temperaturas médias variando entre 22º C e 25o C.

De acordo com a Resolução CONAMA N°1 de 31 de janeiro de 1994, que teve como a necessidade de se definir vegetação primária e secundária nos estágios pioneiro, inicial, médio e avançado de regeneração de Mata Atlântica, considera-se vegetação primária aquela vegetação de máxima expressão local, com grande diversidade biológica, sendo os efeitos das ações antrópicas mínimos, a ponto de não afetar significativamente suas características originais de estrutura e de espécie. E as vegetações secundária, ou seja, aquelas que já sofreram os efeitos da ação antrópica, podem ser definidas de acordo com o seu grau de regeneração, variando de pioneiro, inicial, médio e avançado.

Portanto, de acordo com o Inventário Florestal do Estado de São Paulo, o município de Jacareí apresenta 7,5% de vegetação nativa dentre esta: Floresta Ombrófila Densa Montana,

Floresta Ombrófila em Contato Savana/ Floresta Ombrófila; Vegetação Secundária de Floresta Ombrófila Montana; e Vegetação Secundária de Floresta Ombrófila em Contato com Savana/ Floresta Ombrófila. Sendo a vegetação primária correspondente a um percentual de 1,81% e a vegetação secundária com 5,69%.

Os fragmentos florestais do município de Jacareí, de acordo com o Inventário Florestal do Estado de São Paulo, onde foram classificados em relação a sua área e perímetro correspondem a: 368 fragmentos florestais, com área inferior a 10ha; 43 de 10-20ha; 22 de 20-50; 8 de 50-100ha; e 2 de 100-200; e maior que 200ha não tem nenhum. Comparado com outros municípios do Vale do Paraíba do Sul, no seu trecho paulista, Jacareí é um dos quatro municípios com menor cobertura florestal de mata nativa. E seus fragmentos florestais são muito pequenos, desconectados e muito espalhados, diminuindo o seu potencial de sobrevivência.

A área rural do município de Jacareí compreende 86% do seu território, entretanto com apenas 4,14% de sua população morando nesta. A população economicamente ativa do município aponta para um maior dinamismo nas atividades de comércio, serviços, indústria; as atividades agrícolas são as que menos contribuem na economia municipal. Sendo que no rural predominam propriedades comerciais com atividades de pecuária leiteira, pecuária de corte, haras, floricultura, fruticultura, olericultura e turismo rural. Entre essas, existem as propriedades consideradas não comerciais que são de lazer / recreio e de subsistência (RACHID, 2005).

Figura 2 – Uso e ocupação do solo rural (hectare)

A figura 2 mostra as áreas ocupadas com pastagem natural e/ou formada e indica ainda a bacia leiteira, que vem vivenciando seu momento de declínio enquanto atividade intensiva, e que vem sendo substituída por atividades como pecuária de corte, reflorestamento econômico com eucalipto entre outras. Sendo que, as propriedades que mais geram emprego em Jacareí são em primeiro lugar a pecuária leiteira, seguida de olericultura, floricultura, fruticultura e pecuária de corte (RACHID, 2005).

No levantamento de dados realizado pela mesma autora, indica que em 890 propriedades rurais, somente 41 % destas exercem atividades agropecuárias, já as demais são consideradas de lazer, subsistência, inativa e pequenas indústrias. Dentre as atividades exercidas, o ramo de floricultura vem se destacando na utilização de altas tecnologias, estando atualmente em destaque no município, não em quantidade de propriedades, mas sim na adoção de qualidade da produção.

De um modo geral, o rural de Jacareí sofreu alterações como demais municípios brasileiros que possuem além das atividades agrícolas, atividades não agrícolas necessárias para o aumento da renda das famílias de produtores rurais. Sendo assim as propriedades de lazer geram empregos de caseiros (comumente antigos produtores rurais), bem como os pequenos comércios (“vendinhas”, fábrica de blocos, tijolos, carvoarias), além dos condomínios e propriedades de turismo rural que também empregam muitos moradores da área rural. Cabe salientar que no meio rural de Jacareí, não se encontram assentamentos de reforma agrária e nem agrovilas (RACHID, 2005).