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Variação da área útil e das sub áreas

1.2.5. A área de serviço

A área de serviço do apartamento de dois dormitórios pode apresentar-se claramente delimitada por alvenaria e portas de acesso pela cozinha, ou mesmo ser apenas um apêndice desta. Mesmo com a redução da área útil dos apartamentos, verificou-se, através da amostra de unidades levantadas, que a área de serviço se manteve constante (4,5%, aproximadamente) quanto à parcela de área útil por ela ocupada (grf. 21). Diferente do que ocorreu com as dependências de empregada, manteve-se a área de serviço no programa dos apartamentos de dois dormitórios nos anos 80 e 90, ainda que se prevendo área bastante para nada mais além de um tanque e, nem sempre, uma máquina de lavar roupas.

Grf. 21 – Percentagem de área útil ocupada por

dependências de empregada, área de serviço e cozinha: universo da amostra.

1.2.6.

O sanitário social

Deixando definitivamente para os anos 60 e 70 as grandes bancadas e os espaçosos compartimentos destinados ao banho de chuveiro, na década de 80, o projeto do sanitário social dos apartamentos de classe média, embora incorporando o desenvolvimento na indústria nacional de revestimentos, metais e louças sanitárias, tornou-se restrito a um mínimo de área disponível, na qual

-2 3 8 13 18 1980 1981 1981 1982 1982 1983 1986 1987 1988 1989 1990 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999

a tarefa de dispor racionalmente as peças básicas – chuveiro, vaso sanitário, lavatório e bidê – tornou-se um verdadeiro desafio.

Dentro do universo da amostra de apartamentos, verificou-se entre os sanitários sociais uma diminuição de aproximadamente 16% (tb. 01). Com a redução, ocorrida principalmente a partir da segunda metade da década de 80, esse espaço passou por uma extrema racionalização. O bidê passou, com certa freqüência, a ser substituído por uma ducha higiênica sanitária; viram-se praticamente banidas as cubas de lavatórios acopladas a amplos tampos de mármore ou granito, passando a ser substituídas por lavatórios de coluna, menores e mais compactos. Tendo sido adotadas medidas reduzidas – muitas vezes inferiores às internacionalmente recomendadas91 –, as instalações de chuveiro, bacia e lavatório freqüentemente apresentaram dimensões abaixo das mínimas exigidas pela lei nº 11.228 92 (tb. 02 e fig. 11).

Tb. 02 – Dimensionamento de instalações sanitárias segundo o Código de Obras e Edificações do Município de São Paulo.

Tipo de peça Dimensões mínimas das instalações

1

Largura (m) Área (m2)

Bacia 0,80 1,00

Lavatório 0,80 0,64

Chuveiro 0,80 0,64

Bacia, lavatório e chuveiro 0,80 2,00

91

Segundo os teóricos Julius Panero e Martin Zelnik. Las Dimensiones Humanas en los Espacios

Interiores. Gustavo Gili, S.A., 1998; Nuno Portas. Funções e Exigências de Áreas de Habitação.

Bertrand (irmãos) Ltda.,1969 e Ernst Neufert. Arte de Projetar em Arquitetura. Gustavo Gili do Brasil, 1976.

92

Fig. 11 – Exemplo de confronto entre as instalações de um sanitário da amostra de

apartamentos (planta 61) e as áreas mínimas para bacia, lavatório e chuveiro, exigidas pelo Código de Obras e Edificações do Município de São Paulo (sem escala).

No final da década de 80, a “necessidade” já incorporada aos apartamentos maiores de se contar com um segundo sanitário social, passou a ser prevista, ainda que não com muita freqüência, também no programa dos apartamento de dois dormitórios. O segundo sanitário, geralmente anexo ao “quarto do casal” – a suíte –, surgia para suprir uma necessidade da família “na hora do ‘rush’ doméstico”93 (tb. 03). Usado como atrativo diferenciador pelas imobiliárias, a suíte passaria a conferir aos usuários a privacidade e o conforto de se usufruir de um segundo – exclusivo – sanitário no setor íntimo do apartamento (mesmo que esse conforto estivesse comprometido pelas mínimas dimensões impostas aos usuários). Ainda que a construção de um banheiro representasse um custo mais alto do que o da média dos outros cômodos, para as construtoras, o fato de o apartamento não contar com uma suíte passou a significar, muitas vezes, uma perda no potencial de venda.

93

Segundo afirmara o então presidente do Secovi-SP (Sindicato das Imobilárias e Construtoras de São Paulo). Folha de S. Paulo, 26/01/1997.

Tb. 03 – Percentagem de apartamentos com dois sanitários sociais, e área média dos sanitários (m2), 1980-1999: universo da amostra.

Apartamentos com 2 sanitários sociais Área média dos sanitários (m2) 1980-1989 16% 3,96 1990-1999 32% 3,69

1.2.7.

As circulações

Seguindo a tendência observada nos gráficos grfs. 13 e 14 de diminuição da área útil dos apartamentos, as áreas ocupadas por circulações nos apartamentos de dois dormitórios levantados também tenderam a diminuir, porém, numa proporção menor que a do encolhimento da área útil (tb. 01). Isso significa que a percentagem da área útil ocupada por circulação tendeu a aumentar, ao longo dos vinte anos analisados. Medidas de racionalização do espaço que adotadas em apartamentos de três e quatro dormitórios, como eliminar grandes corredores – esses já praticamente inexistentes nos apartamentos de dois dormitórios –, não parecem ter representado, na amostra de apartamentos levantados, uma significativa redução de área útil. No entanto, com a suavização da curva decrescente da área útil, ocorre uma estabilidade na proporção ocupada por circulação. Esse fato, verificado na segunda metade da década de 1990, demonstra um provável patamar atingido, segundo o qual, por maior que tenha sido a racionalização da área de circulação dos apartamentos de dois dormitórios, observa-se uma estabilização proporcional entre os espaços ocupados pela circulação e pela área útil dos apartamentos (grf. 22).

Grf. 22 – Percentagem de circulação na Área Útil e Área Útil (m2), 1980-1999 – universo da mostra de unidades levantadas.

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