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3. Caso de estudo

3.1. Áreas Protegidas de interesse Regional

dos Açores, uma das unidades de gestão base da Rede Regional de Áreas Protegidas da Região Autónoma dos Açores (artigo 17.º do Decreto Legislativo Regional n.º 15/2007/A, de 25 de junho).

São classificadas como Áreas Protegidas, pelo decreto-lei nº 142 de 24 de julho de 2008, as áreas terrestres, áreas aquáticas interiores e as áreas marinhas em que a biodiversidade e outras ocorrências naturais apresentem uma relevância especial (pela sua raridade, valor cientifico, ecológico, social ou cénico) exigindo medidas específicas de conservação e gestão em ordem a promover a gestão racional dos recursos naturais e a valorização do património natural e cultural

A União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) define uma área protegida como “um espaço geográfico claramente definido, reconhecido, dedicado e gerido mediante

meios legais ou outros tipos de meios eficazes para conseguir a conservação a longo prazo da natureza e dos seus serviços de ecossistemas e dos seus valores culturais associados” (IUCN,

s/data in Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, 2016), ou seja, é um espaço que tem como objetivo a proteção e manutenção da diversidade biológica e a integridade dos valores naturais e culturais que lhe estão associados.

Integram o Parque Natural da Ilha de São Miguel (criado pelo Decreto Legislativo Regional n.º 19/2008/A (Diário da República, 1.ª série — N.º 130 — 8 de julho de 2008 – 4243)) todas as Áreas Protegidas classificadas e reclassificadas ao abrigo do Decreto-Lei n.º 19/93, de 23 de janeiro, (normas relativas à criação da Rede Nacional de Áreas Protegidas e o estabelecimento do regime jurídico da classificação, gestão e administração dessas áreas), adaptado à Região Autónoma dos Açores pelo Decreto Legislativo Regional n.º 21/93/A, de 23 de dezembro, em que as matérias relacionadas com a proteção, preservação e valorização do património natural e cultural são, indubitavelmente, de interesse específico para a Região Autónoma dos Açores (Figura 2). A necessidade desta adaptação reside principalmente no fato da RAA possuir um rico património genético de espécies e ecossistemas, que integra um importante repositório de biodiversidade com relevância a nível planetário, sendo necessária uma adequada proteção dos recursos naturais, sobretudo devido ao isolamento das ilhas, fragmentação e/ou perda de habitat e fragilidade de espécies autóctones face a organismos invasores.

Hoje em dia, o Decreto-lei nº 142/2008 de 24 de julho estabelece o regime jurídico da Conservação da Natureza e da Biodiversidade e revoga o Decreto-Lei n.º 19/93, de 23 de janeiro.

A atual proliferação de figuras legais de proteção de áreas com interesse para a conservação da natureza articuladas com instrumentos de gestão ambiental, nomeadamente a integração no Parque Natural de áreas classificadas como Sítios de Importância Comunitária (SIC) e Zonas de Proteção

Especial (ZPE) ao abrigo da «Rede Natura 2000», aprovado pelo decreto legislativo regional n.º

20/2006/A de 6 de junho e a necessidade da adoção de um modelo de classificação assente em critérios de gestão, que concentre competências numa unidade territorial de ilha enquanto unidade base de gestão, conduziram à revisão da Rede Regional de Áreas Protegidas dos Açores através do Decreto Legislativo Regional n.º 15/2007/A, de 25 de junho, posteriormente retificado pela Declaração de Retificação n.º 79/2007, de 21 de agosto.

Estes espaços veem o seu regime legal reforçado com o estatuto de importância comunitária e os condicionalismos legais aplicáveis e decorrentes das diretivas da União Europeia. São igualmente classificadas áreas importantes para as aves – Important Bird Area (IBA) -, assim designadas pela BirdLife International, no Parque Natural da ilha de São Miguel. O Decreto Legislativo 15/2007/A de 25 de junho foi revogado pelo Decreto Legislativo Regional n.º 15/2012/A, de 2 de abril, que estabelece o regime jurídico da conservação da natureza e da proteção da biodiversidade. Esta reformulação teve como objetivo o estabelecimento de categorias de classificação adotadas e promovidas pela IUCN, a mais importante organização internacional dedicada á conservação da natureza.

Figura 1:Tipologia das Áreas Protegidas integrantes do Parque Natural da Ilha de São Miguel e sua correspondência com as categorias de proteção de acordo com a IUCN (Fonte:

IV) área protegida para gestão de habitats ou espécies; V) área de paisagem protegida e VI) área protegida para a gestão de recursos. O sistema de AP dos Açores apenas não inclui a categoria II) parque nacional. No quadro 5 e na figura 1, encontram-se as áreas terrestres e marítimas que integram o Parque Natural classificadas nas categorias de Áreas Protegidas.

Para a definição de AP bem como atribuição de categorias, a IUCN não considera o tipo de administração e a natureza da propriedade, não sendo relevante se aborda propriedades públicas ou privadas e se são geridas diretamente por: agências governamentais, ONG’s, comunidades e empresas privadas, isoladamente ou em associação (Batista, 2010).

Na RAA as categorias definidas não representam uma relação hierárquica quanto à importância e grau de conservação, nem se revelam iguais em todas as situações. O seu objetivo é maximizar a conservação sendo necessário adaptar as necessidades e características de uma determinada área. Na maioria das situações, pelo menos parte da área protegida deveria estar classificada entre a categoria I) a IV), dado serem as mais restritivas e constituem áreas altamente naturalizadas e sujeitas a uma maior proteção.

Quadro 5: Categorias e respetivas Áreas Protegidas integradas no Parque Natural da Ilha de São Miguel

Categorias de Áreas Protegidas Áreas Protegidas a) Reserva Natural Lagoa do Fogo; Pico da Vara

b) Monumento natural

Caldeira Velha; Gruta do Carvão; Pico das Camarinhas –

Ponta da Ferraria

c) Área protegida para a gestão de habitats ou espécies

Ilhéu de Vila Franca do Campo; Serra de Água de Pau; Tronqueira e planalto dos Graminhais; Ponta do Cintrão; Ponta do Anel; Feteiras; Ponta do Escalvado; Ponta da Bretanha; Faial da Terra; Ferraria; Lagoa do Congro.

d) Área de paisagem protegida Sete Cidades; Furnas

e) Área protegida de gestão de recursos

Caloura — ilhéu de Vila Franca do Campo; Costa Este; Ponta do Cintrão — Ponta da Maia; Porto das Capelas — Ponta das Calhetas; Ponta da Ferraria — Ponta da Bretanha.

O Parque Natural da Ilha de São Miguel constitui, assim, uma unidade coerente e integrada, pautada por objetivos de gestão e conservação, que contempla espaços com particulares aptidões para a conservação da natureza, da paisagem e dos recursos naturais, assente em critérios científicos de classificação, balizados por orientações internacionais, nacionais e regionais. A respetiva estrutura territorial abrange o núcleo dos principais maciços vulcânicos da ilha onde ocorrem valores a preservar, os locais com aspetos notáveis do ponto de vista geológico, assim como os troços litorais com interesse para a conservação da orla costeira e dos recursos marinhos (vide Decreto Legislativo Regional n.º 19/2008/A, Diário da República, 1.ª série — N.º 130 — 8 de julho de 2008 – 4243).