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5.1 AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL

5.1.4 Análise por Impedância Bioelétrica

5.1.4.2 Ângulo de Fase

Parte da corrente elétrica introduzida no organismo através do equipamento de Impedância Bioelétrica pode ser estocada pelas membranas celulares, as quais agem como capacitoras, criando uma fase, denominada de AF – Ângulo de Fase (BARBOSA-SILVA; BARROS, 2005b).

Na desnutrição ocorre alteração da integridade das membranas celulares (GUPTA et al., 2008b). O AF pode indicar alterações funcionais nas membranas, refletindo a quantidade de MCC (NAGANO et al., 2000, GUNN et al., 2008) e, por esta razão, tem sido utilizado como indicador nutricional (PUPIM et al., 1999; NAGANO et al., 2000; BARBOSA-SILVA; BARROS, 2005a) e de estado geral de saúde (BARBOSA-SILVA; BARROS, 2005b; GUNN et al., 2008).

O AF é facilmente obtido através dos valores de R e Xc, sem usar equações de regressão (NAGANO et al., 2000), nem medidas de peso e altura (ELLIS et al., 1999; BARBOSA-SILVA et al., 2003). Por refletir a contribuição dos fluidos (resistência) e membranas celulares (capacitância) do corpo humano (GUPTA et al., 2009), está positivamente associado com Xc e negativamente associado com R (BAUMGARTNER et al., 1988). Representa a razão direta das medidas de R e Xc e pode ser um indicador prognóstico em muitas situações clínicas (BARBOSA SILVA; BARROS, 2005a, 2005b; BARBOSA- SILVA et al., 2003). Estudos sugerem que baixos valores de AF indicam morte celular ou diminuição da integridade celular, onde valores de Xc estão diminuídos e de R aumentados; enquanto altos valores de AF sugerem grande quantidade de membranas celulares intactas, ou seja, mais massa celular corpórea, sendo que Xc está aumentada e R diminuída (SELBERG; SELBERG, 2002; PETERS; JORGETTI; MARTINI, 2006).

O AF é o ângulo que o vetor Impedância forma em relação ao vetor Resistência. A relação geométrica entre R, Xc e AF está ilustrada na Figura 1.

Reatância

Figura 2 – Representação gráfica do ângulo de fase. Fonte: Adaptado deBAUMGARTNER et al., 1988.

Os valores diminuídos de AF têm sido sugeridos pela literatura, por ser de relevância prognóstica em pacientes idosos, com doenças hepáticas, câncer de pulmão, câncer colo-retal e pancreático avançados, doença pulmonar obstrutiva crônica, infectados pelo vírus HIV ou naqueles em tratamento dialítico(GUPTA et al., 2004a, 2004b; KYLE et al., 2004b; NORMAN et al., 2007; GUNN et al., 2008). Além disso, este método também pode ser considerado como indicador nutricional (PUPIM et al., 1999; BARBOSA-SILVA; BARROS, 2005a). Em indivíduos portadores do vírus HIV, um baixo valor do AF atuou como marcador prognóstico negativo na condição clínica e sobrevida destes indivíduos (SCHWENK et al., 2000).

Barbosa-Silva et al. (2005) identificaram fatores que contribuíram para alteração do AF, como idade, sexo, IMC e percentual de gordura. Com o aumento da idade, foi evidenciado que o AF reduziu, sendo, portanto, considerado como um indicador funcional e de saúde geral. Além disso, as mulheres apresentaram AF menores do que homens. Já o IMC apresentou uma correlação positiva com o AF, explicado pelo fato de indivíduos com IMC mais elevado apresentarem maior quantidade de massa celular, relacionada ao aumento do AF. O percentual de gordura corporal, por sua vez, correlacionou-se negativamente com o AF, visto que quando o último indicava baixos valores, o percentual de gordura estava elevado nos indivíduos estudados.

Um estudo, conduzido na Austrália com pacientes em reabilitação funcional, encontrou valores médios de AF na sua amostra

Resistência AF

entre 4,2º e 8,4º, sendo referentes, respectivamente, a mulheres acima de 80 anos e a homens de 20 a 24 anos (GUNN et al., 2008). Resultados semelhantes foram obtidos em uma pesquisa na Suíça com indivíduos saudáveis, em que o AF de 4,6º representou valores para idosos (> 85 anos) de ambos os sexos, sendo que o maior valor encontrado foi para o grupo de homens entre 25 e 34 anos (7,5º) (KYLE et al., 2001b). Barbosa-Silva et al. (2005) encontraram valores médios do AF na população norte-americana entre 6,93 ± 1,15°, sendo a média, para homens, 7,48 ± 1,10° e para mulheres, 6,53 ± 1,01°.

Barbosa-Silva e Barros (2005a) padronizaram o AF para a população de acordo com o sexo e idade, sugerindo que o uso do ângulo de fase padronizado (AFP) identifica melhor os indivíduos de alto risco, do que quando apenas comparados a valores de referência.

6 MÉTODO

6.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO

Trata-se de um estudo transversal, já que todos os dados foram coletados em um único momento, descritivo, com uma descrição detalhada das características da amostra e analítico, pois os resultados foram analisados e testados com relação à hipótese (HULLEY et al., 2007).

           Caracterização dos pacientes

 Coleta de sangue  Avaliação Subjetiva Global  Métodos de Rastreamento nutricional

 Análise por Impedância Bioelétrica Figura 3 – Delineamento da pesquisa

A pesquisa foi realizada entre os meses de abril e setembro de 2010, sendo o primeiro mês fundamental para o aprimoramento dos instrumentos de coleta de informações. O local de realização do estudo foi no Hospital Universitário (HU) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), no município de Florianópolis, estado de Santa Catarina, Brasil. Aprimoramento dos instrumentos 1 mês Coleta de dados 5 meses

6.2 POPULAÇÃO DO ESTUDO

A população do estudo foi constituída por pacientes admitidos na Clínica Cirúrgica I do HU/UFSC, durante o período de execução da pesquisa.

6.2.1 Amostra

A amostra foi composta por pacientes de ambos os sexos, com idade igual ou acima de 19 anos e que não apresentassem nenhum critério de exclusão, representados no quadro a seguir:

Quadro 1 – Critérios de exclusão.

CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO Idade inferior a 19 anos

Incapacidade de entendimento e comunicação IMC menor que 16 ou maior que 34 kg/m2

Ser gestante ou nutriz Portar marca-passo

Possuir membros superiores ou inferiores amputados

Os participantes estavam no período pré-operatório, ou seja, admitidos ao hospital nas últimas 24 horas e aguardando o momento da cirurgia que seria realizada no mesmo dia da coleta de informações. Além disso, estavam em jejum de 8 a 10 horas, não apresentavam hipertermia ou hidratação corporal alterada (NIH, 1996).

6.2.2 Local de estudo

O estudo foi realizado em uma clínica cirúrgica do HU, na qual pacientes internam para submeterem-se a cirurgias eletivas, principalmente de hérnia abdominal e gastrintestinais.

6.3 PROTOCOLO DO ESTUDO

O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UFSC, o qual foi submetido de acordo com as resoluções 196 e 251 do Conselho Nacional de Saúde, como adendo ao projeto de protocolo número 333/08.

Os pacientes que não apresentaram nenhum critério de exclusão foram convidados a participar do estudo. Após o esclarecimento sobre a pesquisa, o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice B) foi obtido de cada participante. O documento foi assinado pelo paciente ou responsável, em duas vias, ficando uma cópia anexada à ficha de protocolo do participante e a outra cópia do documento com o mesmo.

Uma única nutricionista realizou a coleta de informações, preenchendo um formulário para caracterizar o participante e avaliando o estado nutricional através dos distintos métodos. E ainda, foi realizada uma coleta de sangue por um profissional capacitado, para a determinação de albumina sérica.

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