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3.4. S ELEÇÃO DAS V ARIÁVEIS E XPLICATIVAS : C ARACTERÍSTICAS F ÍSICO – A MBIENTAIS E S OCIODEMOGRÁFICAS : E TAPA

3.4.2. I NDICADORES E V ARIÁVEIS S ÓCIODEMOGRAFICOS :

3.4.2.2 Í NDICE DE C ARÊNCIA H ABITACIONAL (ICH)

O índice de carência habitacional está inserido no quadro dos sistemas de indicadores utilizados para mensurar as condições de saneamento básico dos municípios brasileiros. Proposto pelo Instituto de Pesquisa de Planejamento Urbano e Regional (IPPUR – RJ) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em parceria com o Observatório das Metrópoles, do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT), o índice foi criado a partir de metodologias já difundidas pelos institutos através de estudos sobre Necessidades Habitacionais e Moradias Populares, com a proposta de oferecer uma alternativa de organização e resumo de resultados que se pautem por padrões de oferta de serviços essenciais à habitação. Em outras palavras, a partir da definição de critérios que subsidiariam a construção de indicadores da oferta dos serviços de saneamento básico, o objetivo a ser alcançado pelo índice é de ser um instrumento sintético que se presta a formalizar os resumos e tabulações a respeito das condições de moradia da população (IPPUR, 2003). Os estudos apresentados referentes a utilização do Índice variam entre diagnósticos urbano-habitacionais (para a definição de políticas públicas) e aplicações da metodologia do indicador para análise das condições dos serviços de saneamento básico relacionadas a outros indicadores de qualidade de vida de uma determinada região.

A construção do ICH baseia-se, exclusivamente, nas variáveis que tratam da oferta dos serviços de infraestrutura básica oferecidos nos domicílios, que são: tipos de abastecimento de água, presença de banheiro ou sanitário e os tipos de escoadouro disponíveis e o destino do lixo dos domicílios particulares permanentes. Cabe lembrar que domicílios particulares permanentes são aqueles definidos como sendo de utilização exclusiva para fins de moradia de uma ou mais pessoas, em que os “relacionamentos entre os seus integrantes são ditados por laços de parentesco, de dependência doméstica ou por normas de convivência” (Censo Demográfico, IBGE, 2010).

Baseadas em componentes de indicadores sobre estudos abordando metodologias para análise de Necessidades Habitacionais, foi definido, para cada variável sugerida (água, lixo e esgoto), uma condição da qualidade dos serviços oferecidos que classificam os domicílios em adequados e inadequados. Tal condição de adequação/inadequação aparece descrita na Tabela 7, a seguir:

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Tabela 8: Definição das condições de adequação e inadequação do ICH. Fonte: IPPUR / IBGE, 2010 (censo)

95 A construção do índice é focada na tentativa de mensuração da abrangência na

prestação inadequada de serviços de abastecimento de água, tipo de escoadouro sanitário e

destino do lixo. Para tanto, na composição do índice sintético, foram selecionadas, em cada temática, as variáveis que indicam inadequação dos serviços existentes. A Tabela 8 aponta a descrição e identificação de cada uma delas. Cabe dizer que a descrição e os códigos utilizados no modelo da tabela exposta são referentes ao último Censo (2010), portanto, para o Censo de 2000, foram utilizadas as variáveis próximas, mesmo que houvesse variação nos códigos ou na forma de descrição dos textos explicativos.

Somadas, cada subconjunto de variáveis apresenta o percentual de domicílios que contam com oferta de serviços inadequados. O valor do percentual de inadequação encontrado em cada temática (água, lixo e esgoto) é utilizado, primeiramente, para o cálculo individual de ICH de cada indicador. A equação tem como parâmetros a formulação utilizada para cálculo do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH):

Em que:

96 Tal equação tenta captar a razão entre a cobertura do serviço analisado e a amplitude total do indicador. Como os resultados tratam sobre percentuais de oferta de serviços, essa amplitude varia de 0% a 100%. Matematicamente, isso significa que é possível que se encontre espaços onde nenhum domicílio se enquadra na definição de inadequação, ou ainda, todos os domicílios podem se enquadrar nela. Dessa forma, quanto menor o percentual de domicílios em uma situação inadequada, melhor está a situação do recorte espacial analisado (IPPUR, 2003)

O cálculo de índice sintético, envolvendo o ICH de cada temática (água, lixo e esgoto) é calculado a partir da equação que segue, considerando a ponderação dos pesos dado a cada variável:

em que em que i = ICH parcial de cada temática e p = peso equivalente de cada ICH parcial

O valor do ICH varia de zero (0,0) a hum (1,00). Quanto mais próximo de zero, maior é o grau de carência na oferta de serviços básicos de saneamento. De forma que, ao o contrário, valores mais próximos de 1 indicam que a oferta desses serviços está mais próxima da adequação.

97 Por fim, a classificação final do Índice de Carência Habitacional estabelece 3 categorias: Extremo Índice de Carência (ICH de 0 a 0,5), Alto Índice de Carência (ICH de

>0,5 até 0,8) e Baixo Índice de Carência (ICH de >0,8 a 1).

A principal justificativa para o uso desse indicador baseia-se no fato de as condições de habitação e saneamento serem um dos principais indicadores aplicados nas abordagens sobre degradação ambiental, de riscos e desastres associados a porções de área urbana ocupadas por populações de grupos minoritários de pessoas, sejam étnicos, raciais ou de classe, expostos a uma parcela desproporcional das consequências ambientais negativas das operações econômicas, políticas e administrativas dos lugares que ocupam (GOMES, 2008; PORTO e FINAMORE, 2012; FRACALANZA et al., 2013).

A intenção em se discutir a inserção dessas variáveis através da associação de temas como modelagem de uso e ocupação da terra é indicar como a dinâmica espacial na sociedade contemporânea perpetua a desigualdade no acesso a recursos básicos e naturais. Podemos dizer que, no caso das condições de habitação relacionadas ao saneamento básico, as situações desiguais de adequação não só acentuam as dificuldades de uso por uma parte da população, como também resultam em situações de maiores danos ambientais associados ao uso do território para fins de moradia.

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3.5.A

NÁLISE

F

INAL

:P

ROPOSTA DE

M

ODELAGEM DA

D

INÂMICA

E

SPACIAL

: