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Índice Composto da Economia Criativa (CICE) 2006

3.3 COMPOSTOS PARA A ECONOMIA CRIATIVA

3.3.3 Índice Composto da Economia Criativa (CICE) 2006

O Índice Composto da Economia Criativa foi desenvolvido com o objetivo de responder a seguinte questão: Por que algumas regiões são prósperas enquanto outras não são? A partir dessa questão os desenvolvedores do CICE procuram justificar a importância da criatividade para a inovação (BOWEN et al., 2006).

O CICE é um resumo de medidas da capacidade criativa de uma região e possui, basicamente, três dimensões chaves: Inovação, Empreendedorismo e Abertura. Foram

66 levantados indicadores para nove regiões pré-selecionadas com o objetivo de testar a metodologia e verificar sua aplicabilidade. É a primeira metodologia que utiliza, para cada região, pesos específicos (BOWEN et al., 2008).

O índice também foi influenciado pelo modelo dos três T’s de Richard Florida. Porém, foi incluída na análise a dimensão empreendedorismo. No CICE é possível identificar indicadores relacionados às dimensões Talento, Tecnologia e Tolerância proposto no índice CCI. Esta questão será mais bem explicada na seção 3.5.

O valor numérico do CICE propicia um índice que quantifica as diferenças entre regiões em termos de sua criatividade. Os valores do CICE podem fornecer um ranking básico das regiões em termos de criatividade (BOWEN et al., 2006).

Um aspecto especial da análise é a utilização de um método inovador que atribui pesos para cada subcomponente do CICE e pesos específicos para cada região. Assim é possível ter uma identidade para cada região, além de tentar mensurar e comparar a criatividade das regiões. Esse método foi inspirado em Melyn e Moesen (1991) que propuseram a construção de indicador composto para o desempenho macroeconômico (BOWEN et al.,

2006).

3.3.3.1 A metodologia de pesos endógenos

A metodologia de pesos endógenos tem origem no trabalho de Melyn e Moesen (1991) e tem como objetivo atribuir pesos a cada variável que compõem o indicador. O peso atribuído é determinado endogenamente e reflete o desempenho relativo de uma região em cada dimensão a ser avaliada. Dessa forma, atribui-se pesos mais favoráveis para cada região que contribui para elevar o valor do índice da região.

Além de permitir um tratamento específico da diversidade das regiões, outra característica da metodologia de pesos endógenos é a sua flexibilidade uma vez que é possível impor restrições aos pesos atribuídos. Isso é importante, segundo os autores, pois, é difícil conceber que os especialistas concordarão com os pesos atribuídos a cada região, mas concordarão mais facilmente sobre os limites dos pesos atribuídos as variáveis (BOWEN et al., 2006).

67 O procedimento de ponderação utilizada por Bowen et al. (2008) é inspirado na Análise Envoltória de Dados (DEA) desenvolvido por Charnes et al. (1979). O DEA foi concebido para medir a eficiência relativa das organizações quando várias saídas são produzidas com várias entradas, assim, seu objetivo é definir a curva de eficiência ou de produtividade máxima ao se considerar a relação ótima entre insumo e produto (BOWEN

et al., 2006).

A técnica dos pesos endógenos consiste em resolver, para cada região “ ”, um problema de programação linear em que as incógnitas são os pesos a ser dado a cada uma das variáveis “ ” ( ) que são então somados para dar um índice composto. Os pesos são calculados de modo que maximize para a região “ ”, o valor de uma função objetiva, sendo esse índice composto a ser considerado.

Dado regiões e variáveis a problema da programação linear pode ser escrita:

∑ Sujeito a: ∑

A equação (1) considera que o valor do CICE deve ser maximizado pela escolha do . A restrição (2) determina que os pesos atribuídos a soma das variáveis seja igual a um. Essa restrição permite total flexibilidade para determinar os pesos ideais para cada região. A expressão (3) restringe o valor de cada peso a um determinado intervalo.

Porém, uma vez que a função (1) é uma média ponderada dos valores das variáveis, seu valor não pode ser maior do que o máximo dos valores de todas as variáveis. Isso quer

68 dizer que a tendência será sempre atribuir todo o peso para a variável com maior valor numérico. Para evitar que isso aconteça, a restrição (3) deve ser imposta a restrição (2). Da mesma maneira, deve-se atribuir um limite inferior para os valores de peso, a fim de evitar que uma ou mais variáveis recebam peso zero. Portanto, foi especificado, de forma arbitrária, que cada peso deve ser de pelo menos 15% e de no máximo 50%, como indicado na restrição (3). Evidentemente que a imposição de restrições nos limites superiores e inferiores nos pesos resultará em um valor mais baixo do que índice CICE teria se não existisse tais restrições. Contudo, segundo os autores, não haverá prejuízo quando ocorrer a comparação dos valores dos índices entre as regiões e tampouco afetará a classificação do valor do índice entre as regiões (BOWEN et al., 2006).

Segundo Bowen et al. (2008) para criar um indicador composto que permita a comparação entre as regiões é necessário que os dados abordem três conjuntos de questões.

1) Âmbito: quais dados primitivos devem ser utilizados para representar os conceitos subjacentes, o que o índice pretende sintetizar?

2) Normalização: sobre o qual escala comum aos dados serão medidos?

3) Agregação: quais os pesos a serem dados a cada componente de dados primitivos?

O peso atribuído a cada dimensão é endogenamente determinado, e revela o desempenho relativo de uma região associada em cada dimensão a ser avaliada (BOWEN et al., 2006;

69 3.3.3.2 Indicadores

Quadro 13 - Indicadores CICE

Categoria Indicadores

Inovação

Recursos humanos em ciência e tecnologia Patentes Acesso à internet Empreendedorismo Empresas recém-criadas Medo do fracasso Capital de risco Abertura População estrangeira Estudantes estrangeiros População urbana

Fonte: Bowen et al. (2006).

1. Inovação

a. Recursos humanos em ciência e tecnologia

Um indicador comum do nível de capital humano dentro de um país ou região é a quantidade de recursos humanos envolvidos em ciência e tecnologia em um campo de estudo ou se não formalmente qualificado são empregadas em uma ocupação de ciência e tecnologia.

b. Patentes

É usado como um indicador tradicional de inovação, o número de patentes depositadas.

c. Acesso à internet

A geração e a difusão da inovação dente e entre regiões requerem uma informação eficaz e eficiente infraestrutura de tecnologia e comunicações. Um indicador óbvio de infraestrutura de TIC é o acesso à internet.

2. Empreendedorismo

70 Uma medida importante do nível da atividade empresarial é o número de novas empresas em relação ao número de empresas instaladas em uma região.

b. O medo do fracasso

Esse indicador é baseado em outras pesquisas específicas que procuram mostrar os principais problemas dos empresários para abrirem suas empresas. Porém, é um indicador difícil de ser obtido por não terem pesquisas desse tipo em todas as regiões pesquisadas.

c. Capital de risco

É realizado aqui uma comparação entre os EUA e a Europa, mostrando que os investidores europeus tem preconceito em investir em empresas novas.

3. Abertura

a. População estrangeira

Muitas regiões enfrentam desafios demográficos, a taxa de natalidade significa que o número de pessoas que entram no mercado de trabalho vai crescer a ritmo mais lento, enquanto a demanda por trabalhadores do conhecimento está aumentando. Essas mudanças demográficas intensificará a concorrência para os trabalhadores altamente qualificados dentro e entre países e regiões. Portanto atrair capital humano estrangeiro, especialmente os que possuem qualificação é muito valioso.

b. Estudantes estrangeiros

Os estudantes estrangeiros aumentam a diversidade cultural de uma região, além de serem a força de trabalho potencial.

71 É a capacidade de cidades atraírem a classe criativa para desenvolver talentos.