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2.2 – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal – IDHM

CAPÍTULO III – OS IMPACTOS DO SETOR PETROLÍFERO NO MUNICÍPIO DE CAMPOS DOS

III. 2.2 – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal – IDHM

O conceito do desenvolvimento humano sustentável tornou-se referência internacional no debate sobre o desenvolvimento. Evidenciando que nem sempre o aumento de riqueza significa melhoria da qualidade de vida da população. Países com alta renda per capita podem apresentar baixos indicadores de desenvolvimento humano e vice-versa.

De acordo com o PNUD (1998), “o desenvolvimento humano pode ser definido como um processo abrangente de expansão do exercício do direito das escolhas individuais em diversas áreas: econômica, social, política ou cultural. Algumas dessas escolhas são básicas para a vida humana. A opção para uma vida longa e saudável, ou por adquirir conhecimento, ou por um padrão de vida decente são fundamentais para os seres humanos”. Partindo dessa premissa, o PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento vem patrocinando instituições como o IPEA e a Fundação João Pinheiro na pesquisa para a produção de uma base de dados e informações a partir das informações do IBGE. Dentre os resultados obtidos destacam-se o Mapa de Desenvolvimento Humano no Brasil, que permite a análise dos municípios existentes no ano de referência de 1991 e o Novo Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil, elaborado a partir de dados do Censo 2000.

O IDH é um índice criado pela ONU no início da década de 90 que inovou ao introduzir, além da variável econômica (renda), comumente utilizada nas comparações do grau de desenvolvimento entre países, variáveis que captam outros aspectos das condições de vida da população. Embora tenham ocorrido algumas alterações em sua metodologia de cálculo, ao longo dos anos o IDH tem mantido sua concepção básica, sendo composto de três índices: longevidade, educação e renda.

O índice varia de 0 (nenhum desenvolvimento humano) e 1 (desenvolvimento humano total), classificando os países segundo três níveis de desenvolvimento: países com baixo desenvolvimento humano (IDH até 0,499); países com médio desenvolvimento

humano (IDH entre 0,500 e 0,799) e países com alto desenvolvimento humano (acima de 0,8).

O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), assim como o IDH, mede o desenvolvimento urbano por unidade geográfica, entretanto sua aplicação a nível municipal tornou necessárias algumas adaptações metodológicas e conceituais utilizadas na apuração dos indicadores clássicos publicados nos Relatórios do Desenvolvimento Humano do PNUD para medir o grau de desenvolvimento humano de países e de estados.

Portanto, para a análise dos dados dos municípios, foi desenvolvido um indicador específico a partir do IDH: o IDHM – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal, que utiliza quatro indicadores básicos agregados da seguinte forma: i) Longevidade (esperança de vida ao nascer), ii) Educação (alfabetização e taxa de matrícula) e iii) Renda (PIB per capita). Sendo o IDHM de cada município fruto da média aritmética simples desses três sub-índices: somam-se os valores e divide-se o resultado por três (IDHM-E + IDHM-L + IDHM-R / 3).

Para a avaliação da dimensão longevidade, o IDH municipal considera a esperança de vida ao nascer. Esse indicador mostra o número médio de anos que uma pessoa nascida naquela localidade no ano de referência deve viver. Dessa forma, o indicador de longevidade reflete as condições de saúde e salubridade daquele local, visto que, quanto mais mortes houver nas faixas etárias mais precoces, menor será a expectativa de vida observada no local.

Na dimensão educação, o cálculo do IDH municipal considera dois indicadores, com pesos diferentes: taxa de alfabetização de pessoas acima de 15 anos de idade (peso dois) e a taxa bruta de freqüência à escola (peso um). O primeiro indicador consiste no percentual de pessoas com mais de 15 anos capaz de ler e escrever um bilhete simples, ou seja, o percentual de adultos alfabetizados. O segundo indicador é o somatório de pessoas (independentemente da idade) que freqüentam os cursos fundamental, secundário e superior é dividido pela população na faixa etária de 7 a 22 anos da localidade. Os alunos de cursos

supletivos de primeiro e de segundo graus, de classes de aceleração e de pós-graduação universitária também estão incluídos nesse indicador, sendo descartadas para efeito do cálculo apenas as classes especiais de alfabetização.

Com relação à dimensão renda, o critério usado é a renda municipal per capita, ou seja, a renda média de cada residente no município. Para se chegar nesse valor soma-se a renda de todos os residentes e divide-se o resultado pelo número de pessoas que moram no município, inclusive crianças ou pessoas com renda igual a zero.

De acordo com o Atlas de Desenvolvimento Humano (PNUD, 2003) elaborado a partir de dados do CENSO 2000, pode-se observar que entre 1991 e 2000, o Brasil melhorou sua posição no Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M), passando de 0,709 para 0,764. Cabe ressaltar que o índice aumentou em todos os estados e em quase todos os municípios brasileiros. No ano 2000, do total de 5.507 municípios, 23 foram classificados de baixo desenvolvimento, 4.910, de médio e 574, de alto desenvolvimento humano. Entretanto, na classificação internacional, o Brasil continua sendo um país de médio desenvolvimento humano.

A exemplo da maioria dos municípios brasileiros, na Região Norte Fluminense, todos os municípios melhoraram seu IDH-M (ver tabela 3.2). Pode-se observar também que não há uma disparidade muito grande entre os indicadores dos municípios da Região. Ao longo do período analisado, Macaé continua apresentando o melhor índice seguido imediatamente pelo município de Campos dos Goytacazes. São Francisco de Itabapoana continua apresentando o pior índice.

O município de Campos dos Goytacazes apresentou, respectivamente, a seguinte evolução no IDH-M: 0,684 para 0,752. Apesar desse aumento, em 2000, o município ocupava a posição a 54o no ranking do Estado do Rio de Janeiro contra a 44o posiçãoem 1991, o que representa uma piora no desempenho quando comparado aos demais municípios do estado. O mesmo também ocorreu em Macaé, embora o IDH tenha

aumentado no período analisado, o município perdeu posições no ranking estadual, cabendo-lhe a 17o posição em 2000.

Tabela 3.2 –Índice de Desenvolvimento Humano (1991 – 2000)

Fonte: Elaboração própria a partir do Novo Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil Entretanto, ao comparar o IDHM de Campos com este índice dos principais municípios do Estado do Rio de Janeiro e com alguns municípios de porte médio de algumas regiões do país, observa-se que Campos bem como Macaé possuem um IDHM bem inferior ao dos municípios selecionados. Nos demais municípios analisados, Nova Friburgo, Petrópolis e Volta Redonda, apresentam os melhores índices do Estado permanecendo, no período analisado, entre os as 10 primeiras posições.

Como observado no gráfico abaixo, o município de Campos dos Goytacazes no período analisado melhorou todos os seus índices de desenvolvimento humano, destacando- se os índices de Longevidade e de Educação que melhoraram, respectivamente, 11,46% e 11,42%. Entretanto, observa-se que outros municípios do Estado do Rio de Janeiro melhoram esse índice ainda mais, fazendo com que Campos, apesar do resultado positivo, não avançasse no ranking estadual, permanecendo na mesma posição no período analisado.

Cabe ainda destacar que, o IDH de Campos esteve abaixo da média da Região Metropolitana (0,695, em 1991 e 0,766, em 2000) e da Região das Baixadas Litorâneas (0,689 e 0,774), sendo superior apenas ao da Região Noroeste Fluminense (0,659 e 0,737). Além disso, na região Norte Fluminense, somente os municípios de Carapebus, Cardoso Moreira e Quissamã melhoraram sua posição relativa no Estado do Rio de Janeiro. Entre os municípios de controle apenas Nova Friburgo teve uma melhora significativa em seu resultado, subindo 5 posições nesse ranking.

Gráfico 3.1 – Evolução dos Índices de Desenvolvimento Humano Município de Campos dos Goytacazes (1991 – 2000)

0.63 0.78 0.65 0.68 0.70 0.87 0.69 0.75 9.98% 6.82% 11.46% 11.42% 0.00 0.10 0.20 0.30 0.40 0.50 0.60 0.70 0.80 0.90 1.00 Índice de longevidade

(IDHM-L) Índice de educação(IDHM-E) Índice de renda (IDHM-R) IDH Municipal

0.00% 2.00% 4.00% 6.00% 8.00% 10.00% 12.00% 14.00% 1991 2000 Índice de crescimento 1991/2000 Fonte: PNUD (2003)

Conclui-se portanto que, apesar das significativas melhorias em todos os seus indicadores do IDHM, quando se compara os dois municípios de melhor desempenho no Norte Fluminense – Campos dos Goytacazes e Macaé – com outros municípios do Estado do Rio de Janeiro e do Brasil (Vide anexo III), constata-se que apesar dos avanços, há muito a se fazer para promover um processo de desenvolvimento local compatível com as grandes carências regionais. (Boletim nº. 10). Esses resultados indicam que nem sempre as melhorias observadas nas atividades econômicas refletem em melhorias na qualidade de vida da população. Cabe ressaltar, entretanto, que o IDH-M não é um bom indicador para o

trabalho em questão dado a periodicidade do mesmo, a cada 10 anos, visto que se baseia nos Censos realizados pelo IBGE.

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