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O Índice de Qualidade de Vida Urbana – IQVU é um instrumento fundamental de monitoramento dos impactos das ações e intervenções públicas, previsto no Plano Diretor do Município de Belo Horizonte, MG.

De uma maneira geral, ele é um índice que mede a qualidade de vida do lugar urbano. Tradicionalmente, os índices elaborados têm medido a qualidade de vida do indivíduo, avaliando indicadores tais como esperança de vida ao nascer, grau de alfabetização, renda individual ou familiar etc. O IQVU, ao contrário, busca medir a qualidade de vida do munícipe enquanto morador da cidade. Neste sentido, uma característica fundamental é o acesso à oferta de bens e serviços. Este aspecto do IQVU representa uma alteração profunda em relação aos índices tradicionais. Isto porque, além de medir a oferta localizada, mede o quanto esta oferta é compartilhada na cidade.

Desta forma, o IQVU permitirá o monitoramento e avaliação permanente do processo de expansão urbana, não só indicando a demanda específica dos serviços e identificando os resultados da ação pública, como também permitindo a avaliação e a simulação da intervenção estruturante sobre o sistema viário e de transporte coletivo.

1 O material a seguir, por tratar da descrição do índice e da sua metodologia de elaboração, foi transcrito integralmente, com algumas adaptações, do website da Secretaria de Planejamento da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte – SMPL, disponível em http://www.pbh.gov.br/smpl/iqvu/.

A Secretaria de Planejamento da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte – SMPL, com consultoria da PUC/MG, desenvolveu um método para expressar em um índice a complexidade de fatores que interferem na qualidade de vida nos diversos espaços de Belo Horizonte. Tal índice representa numericamente a qualidade de vida que determinada região – bairro ou conjunto de bairros – oferece aos seus moradores e de outras regiões que ali buscam serviços.

O IQVU mostra-se em primeiro lugar, como um instrumento que permite a mensuração das condições de vida nos locais intra-urbanos de Belo Horizonte, em um determinado momento.

A classificação obtida para as regiões da cidade, permite ao Planejamento Municipal, o estabelecimento de prioridades na gestão dos recursos, em bases objetivas. Portanto, é um bom instrumento para orientar o fluxo de investimentos municipais, objetivo que levou à sua elaboração. Além disto, será útil no monitoramento do Plano Diretor, podendo indicar as áreas em que o adensamento populacional foi excessivo e onde se fazem necessárias alterações nos parâmetros urbanísticos estabelecidos.

Da forma como foi elaborado e calculado, o IQVU se torna um instrumento importante também para a gestão regional, permitindo às Administrações Regionais da PBH, comparações internas às Regiões Administrativas, podendo ser de grande utilidade, por exemplo, no Orçamento Participativo. Além disto, mostra-se interessante como instrumento de gestão setorial, já que permite avaliar a necessidade de investimentos deste ou daquele setor em cada UP.

É importante destacar ainda que, sendo calculado periodicamente, o IQVU permitirá a avaliação temporal das condições de vida na cidade, funcionando como um dos instrumentos de monitoramento da gestão da capital mineira.

Finalmente, a pesquisa de informações gerou um extenso Banco de Dados sobre Belo Horizonte, que poderá ser utilizado por diversos grupos da sociedade civil, servindo inclusive para subsidiar a elaboração de projetos destinados à melhoria de áreas marginalizadas da cidade.

O IQVU foi construído para ser um instrumento que possibilite uma distribuição mais eficiente e justa dos recursos públicos municipais. Foi calculado para cada uma das 81 unidades espaciais de Belo Horizonte, denominadas Unidades de Planejamento – UP (ver o Mapa I). Estas Unidades de Planejamento foram adotadas para os estudos básicos do Plano Diretor de Belo Horizonte de 1995. Os limites de cada UP foram definidos considerando: os limites das Regiões Administrativas da PBH; grandes barreiras físicas naturais ou construídas; continuidade de ocupação; padrão de ocupação. Assim, foram definidas unidades espaciais relativamente homogêneas. Os grandes aglomerados de favelas e conjuntos habitacionais de BH, tais como Cafezal, Barragem e outros, foram considerados unidades independentes. As favelas menores como Buraco Quente, Acaba Mundo e outras foram incorporadas às UP próximas.

Para o cálculo deste índice considerou-se:

1) a oferta de serviços urbanos essenciais existentes no local;

2) o acesso dos moradores a serviços oferecidos em locais mais ou menos distantes, utilizando-se transporte coletivo.

Metodologia e Modelo Numérico

Com ampla participação dos órgãos e setores da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte – PBH, foram definidas 11(onze) variáveis ou setores de serviços, a serem quantificados: Abastecimento, Assistência Social, Educação, Esportes, Cultura, Habitação, Infra-estrutura Urbana, Meio Ambiente, Saúde, Serviços Urbanos e Segurança Urbana.

Em seguida, foram definidos os componentes de cada variável, ou seja, os aspectos que deveriam ser considerados para melhor avaliar cada uma. A variável Abastecimento, por exemplo, foi avaliada considerando-se dois componentes: a oferta de “Equipamentos de Abastecimento” (como super e hipermercados, mercearias e outros) e o valor da “Cesta Básica” fornecida na UP.

Para expressar cada componente desenvolveu-se uma extensa pesquisa de informações sobre a oferta destes serviços em Belo Horizonte. Com as informações obtidas foram produzidos 75 (setenta e cinco) indicadores que expressam numericamente a quantidade e a qualidade da oferta dos serviços pesquisados em cada UP. A lista dos componentes e indicadores de cada variável encontra-se no Quadro I.

As informações utilizadas foram obtidas em fontes como: Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE de 1991, cadastros do Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU, do Imposto sobre Serviços – ISS, da Companhia de Saneamento de Minas Gerais –COPASA e da Companhia Energética de Minas Gerais – CEMIG, secretarias, órgãos e setores municipais e estaduais, administrações regionais da PBH, órgãos privados, banco de dados do Comando de Policiamento da Capital – COPOM, da Polícia Militar de MG, e diversos outros. Só foram consideradas as informações que estivessem disponíveis para toda a cidade, que fossem georreferenciadas (ou seja, “com endereço”) e que fossem referentes a 1994. Os dados selecionados foram processados na Empresa de Processamento de Dados de Belo Horizonte – PRODABEL e na Secretaria Municipal de Planejamento.

Este conjunto de indicadores foi processado através de um modelo matemático para se obter uma “nota” final única para cada UP, ou seja, o IQVU do lugar.

O método de cálculo considerou a oferta local dos serviços e a acessibilidade dos moradores a serviços de outros locais. Isto porque, se em uma UP são ofertados muitos e bons serviços e na UP ao lado a oferta é menor ou inexistente, os moradores desta última naturalmente utilizarão também os serviços da melhor. Esta acessibilidade

faz abaixar o valor da “nota” na UP que está melhor e elevar a nota da UP onde há menor oferta. Tal acessibilidade foi calculada considerando-se o tempo de deslocamento de uma UP à outra, utilizando-se o sistema de transporte coletivo urbano, segundo dados fornecidos pela BHTRANS. É considerada para as variáveis cujo acesso não seja imediato.

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