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Metodologia de inventário geobotânico para análise de formações vegetais:

ÍNDICE DE VALOR DE IMPORTÂNCIA

Espécies IVI

Mimosa ophthalmocentra Mart. ex Benth. 55.06

Poincianella pyramidalis (Tull) L.P. Queiroz 56.25

Capparis flexuosa (L.) L. 24.38

A espécie Mimosa ophthalmocentra Mart. ex Benth. nome popu- lar jurema-de-embira, é secundária, estabelecendo-se em áreas antropizadas, além de apresentar uma grande amplitude de tolerância aos diferentes parâmetros físico-químicos do solo (Camargo-Ricalde 2000), além desse fato, essa espécie possui um forte potencial madeireiro para o nordeste (Figueirôa et al. 2005).

A sistematização para análise dos dados foi realizada com agrupamento das parcelas em um Clusters, com o objetivo de identificar que espécies são similares com o coeficiente de dados quantitativos de Morisita. Os resultados podem ser observados na figura 3.

A análise Clusters agrupou as parcelas por semelhança flo- rística em três grupos, CAT 11, 12,13, referentes à vertente baixa, CAT 4, 6, 1, 2,3 referentes à vertente média e CAT 5, 7, 8, 9, 10 referentes à transição entre vertente média/alta. O agrupamento das espécies por similaridade florista obedece ao gradiente da posição geomorfológica da Serra de Caturité, por- tanto demonstra uma influência direta da altitude na presença das espécies identificadas.

Figura 2: Localização dos transectos realizados no Inselberg de Caturité,

conforme os gradientes de composição florística e altitude.

Figura 3: Dendograma de classificação por analise de agrupamento de 13

parcelas de caatinga na Serra de Caturité, produzido a partir dos índices de Morisita (quantitativo). 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1 Similarity CAT-11 CAT-12 CAT-13 CAT-4 CAT-6 CAT-1 CAT-2 CAT-3 CAT-5 CAT-7 CAT-8 CAT-9 CAT-10

A distribuição e frequência do diâmetro na altura do peito (DAP) de todas as espécies mostra uma população dominante (moda) (figura 4), com maior concentração de espécies com DAP em torno dos 10cm, seguidos dos exemplares com 5 e 15cm. Existe uma diferença significativa entre os elementos de 5, 10, 15cm para os demais, o que pode estar relacionado com o manejo recente do bosques, por isso, o mesmo encontra-se em um estádio de sucessão secundária, com um número não ele- vado de espécies arbóreas altas.

Figura 4. Distribuição da frequência (eixo Y: %) de DAP (eixo X: em centíme-

tros) da Caatinga. Elaboração própria.

A condição estrutural das espécies inventariadas possui uma relação direta com aspectos hídricos e bioclimáticos do município de Caturité, cujos dados representados nas figuras 5 e 6, indicam a existência de um bosque tropófilo semiárido. O balaço hídrico apresenta um com déficit hídrico presente em onze meses e uma recarga de água no solo presente no mês de junho. O balaço biclimático apresenta quatro meses de parali- sação vegetativa, entre setembro até dezembro. A Intensidade

Bioclimatica Livre (IBL), encontra-se presente entre janeiro até agosto, meses em que a vegetação não está condicionada a exis- tência de um déficit correspondente a um mês anterior.

Figura 5: Dados de balaço hídrico para o município de Caturité – PB.

A estrutura vertical, representada nos gráficos de bolhas, mostra a distribuição e cobertura das espécies ao longo dos transectos. Na vertente baixa, no transecto CAT-13, existe uma maior abundância da Poincianella pyramidalis (Tull) L.P. Queiroz com 23 indivíduos. A área basal total do transecto é 0,34m2, a dominância relativa da Mimosa ophthalmocentra Mart. ex Bent, é de 59,91% e área basal de 0,20m2 (figura 7).

Figura 7: Representação vertical da distribuição de espécies e indivíduos na

parcela CAT13

Na verte média, parcela CAT – 4, os indivíduos estão distri- buídos na parcela, sendo mostrando uma maior abundância da

Mimosa ophthalmocentra Mart. ex Bent, com dominância relativa

Figura 8: Representação vertical da distribuição de espécies e indivíduos na

parcela CAT4.

Na vertente alta, representada na parcela CAT – 7, existe uma maior abundancia da Capparis flexuosa (L.) L. As espécies

Ceiba glaziovii (Kuntze) K. Schum e Syagrus oleracea (Mart.) Becc.

Foram identificadas apenas na vertente alta do inselberg. A área basal total do transecto é de 5,96 m2, desse total Pseudobombax

marginatum (A. St.-Hil., Juss & Cambess) A. Robyns, tem 5,60m2 de área basal (figura 9).

Do conjunto de bosques tropicais e subtropicais do mundo, os bosques secos estacionais representam um total de 42% (Murphy; Lugo, 1986). Estes bosques, segundo Pennington et al. (2000), se distribuem nas áreas da América Central e do Caribe, costa caribenha da Colômbia, costa peruana equatoriana, vales andinos equatorianos, peruanos e bolivianos, a oeste do México, em núcleos localizados no Panamá (arco seco) e nas Caatingas do Nordeste do Brasil. Em geral, os bosques secos tropicais esta- cionais, segundo Gentry (1995), apresentam a metade ou um terço do total de espécies lenhosas, e em geral, possuem menor diversidade se comparados com os bosques úmidos tropicais, porém, em algumas situações podem mostrar índices de diver- sidade altos.

Figura 9: Representação vertical da distribuição de espécies e indivíduos no

transecto CAT7.

Durante anos acreditou-se que a Caatinga, por apresen- tar uma fisionomia, em grande parte de sua área, de porte arbustivo e aspectos xerófilos nos períodos de escassez de preci- pitação, possuía baixa diversidade de fauna e flora. Entretanto, os estudos sobre a biodiversidade desse bioma realizados mais recentemente por Leal (2005) e Prado (1998), apresentaram resultados contrários a essa ideia.

Confirmando as análises dos autores anteriormente citados, nessa pesquisa, os dados da tabela 2 indicam que no fragmento da vegetal de caatinga na Serra de Caturité, o índice de Shannon- Wiener (H’) é de 3,1, ou seja, uma diversidade alta de espécies. Destacamos que pesquisas desenvolvidas por Alcoforado-Filho,

et al. (2003) e Rodal, et al. (1998), encontraram valores de diversi-

dade de 2,73 e 3,09 nats indivíduo-1 em áreas de caatinga com as mesmas características da Serra de Caturité (tabela 2).

Tabela 2: Índices de diversidade alfa para o conjunto das parcelas nas ver-

tentes baixa, média e alta na Serra de Caturité.

ÍNDICES 1 LOWER UPPER

TAXA_ESPÉCIES 44 37 43 INDIVÍDUOS 573 573 573 SIMPSON_1-D 0,9325 0,9216 0,9388 SHANNON_H 3,125 2,992 3,168 EQUITABILITY_J 0,8258 0,8099 0,856 BERGER-PARKER 0,1501 0,1291 0,1798

O índice de Equitability_J, avalia a proporção da diversi- dade com relação à máxima diversidade esperada. Segundo Magurran, (1988), este índice pode variar entre 0 a 1, de tal maneira que 1 corresponde a situações onde todas as espécies são igualmente abundantes. O valor encontrado para o conjunto amostrado neste trabalho foi de 0.82, indicando que grande parte das espécies não é igualmente abundante.

Quanto ao índice de Simpson, este apresentou um valor de 0.93, indicando uma equidade entre todas as espécies identi- ficadas. O índice de Berger- Parker, por sua vez, considera a maior proporção de espécies com maior número de indivíduos, e um incremento de seu valor se interpreta como um aumento na equidade e uma diminuição da dominância. O valor encon- trado para o conjunto dos transectos foi de 0.15. A margem de variação alta e baixa dos dados representa um nível de con- fiança de 95%.

As análises dos dados de diversidade por cada grupo de par- celas (tabela 2) mostrou que na vertente baixa, por apresentar indícios de perturbação ambiental, fator que conduz ao empo- brecimento da flora e a redução da diversidade, o número de indivíduos e espécies são menores. O índice de Shannon-Wiener (H’), para o conjunto das parcelas realizadas foi de 1,9.

O valor de Equitability_J encontrado foi de 0.67, indicando que existe abundância de algumas espécies sobre as demais. Neste grupo, as espécies mais abundantes são Poincianella pyra-

midalis (Tull) L.P. Queiroz, e Mimosa ophthalmocentra Mart. ex

Benth., pioneiras em áreas degradadas.

Quanto aos Índices de Simpson (0.76) e Berger- Parker (0,40), estes indicaram que não existe equidade na distribuição das espécies presentes na vertente baixa da Serra de Catutité.

Na vertente média, existe uma diversidade alfa de Shannon_H de 2,84, enquanto o índice de Equitability_J de 0,82 indica que parte das espécies identificadas não são igual- mente abundantes, a exemplo de Mart.; Caesalpinia ferrea Mart.;

Sideroxylon obtusifolium (Roem. & Schult.) T.D. Penn., sendo iden-

tificado um indivíduo de cada espécie. O índice de Simpson 0,90 indica que grande parte das espécies é igualmente abundante, corroborando com os dados de Berger-Parker de 0,25.

As parcelas realizadas entre a vertente média – alta (tabela 3), apresentaram maior diversidade de Shannon_H 2,93. A vege- tação de caatinga em áreas mais elevadas possui maior riqueza específica e está conservada, provavelmente por haver maior dificuldade na sua exploração, como já foi citado em estudos realizados por Andrade - Lima (1981); Rodal & Nascimento (2002). Nessas parcelas existe um maior equilíbrio na abun- dância das espécies identificadas, conforme aponta o índice de Equitability_J de 0,84. O índice de Simpson 0,92 indica equidade entre todas as espécies identificadas e Berger-Parker 0, 17 con- firma o dado anterior. Algumas espécies como Syagrus oleracea (Mart.) Becc., só foram identificadas na transição da vertente média para a alta.

Tabela 3: Diversidade alfa para o conjunto das parcelas que forma o grupo

vertente baixa, média e alta.

ÍNDICES DE