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2. A NÁLISE DE C ONTEÚDO DAS E NTREVISTAS

2.3. S ÍNTESE DA O PINIÃO DOS E NTREVISTADOS

Considero a resposta a este item muito estimulante. De um lado um informante que tem um olhar abrangente e fundamentado sobre a problemática da Educação, enquanto direito reconhecido internacionalmente e função do Estado, entidade a quem

104 cabe assegurar a todos os alunos condições de excelência – sucesso para todos; de outro, professores formadores com a responsabilidade de preparar os professores do 1º Ciclo do Ensino Básico.

Serão coincidentes os diagnósticos feitos, as perspectivas formuladas, as orientações a adoptar?

As entrevistas revelam que há uma perspectiva coincidente acerca da mudança dos públicos escolares, que ocorreu com uma intensidade inusitada.

Em termos de tendência, considera-se que a formação (nenhuma formação, sobretudo aquelas que preparam para a compreensão das grandes mudanças sociais e se preparam para gerir as consequências de tais mudanças, se pode demitir de olhar para a pessoa na sua circunstância e de a olhar numa perspectiva holística). Assim sendo a formação dos professores (e os planos de formação) tem de ser transversais, capacitarem para os problemas trazidos pela diversidade, serem completados por vivências de aceitação autênticas geradoras de um conhecimento e de uma aceitação recíproca que será criadora de interculturalidade.

Estas posições colhem, em princípio, a inteira aprovação dos professores.

Contudo, as posições tomadas nas entrevistas, revelam algumas discordâncias (não generalizadas, nem sequer maioritárias, nomeadamente em manter separados as unidades curriculares de cariz “científico”, centradas na aquisição dos conteúdos e dos saberes das unidades cientificas que teriam um cariz mais virado para os valores, as atitudes e os comportamentos.

105

C

ONCLUSÕES E

R

ECOMENDAÇÕES

Esta investigação teve como tema a Interculturalidade nos programas de formação dos professores do Ensino Básico do 1º Ciclo. Uma vez terminada, ao menos nesta fase (elaboração da tese de dissertação), parece-me poder concluir que a Interculturalidade é um desafio civilizacional, tendo em conta a diversidade étnica, cultural, religiosa, de estatuto sócio-económico.

Só a criação de um ambiente de Interculturalidade permitirá a todos os cidadãos, no dizer de Jacques Delors, «viver juntos».

Ao longo desta investigação, encontrei, tanto da parte dos autores consultados, como dos professores com responsabilidade de formação, uma atitude muito positiva quanto à necessidade prepararem os futuros professores para, face à diversidade cultural, serem capazes de criar ambientes de Interculturalidade.

Não obstante, a informação do Professor Informante Qualificado, que encontrou professores que, sem terem recebido preparação específica, tinham sido capazes de encontrar estratégias adequadas e inovadoras, face à repentina diversidade cultural que encheu as suas aulas, pareceu-me indiscutível que é forçoso assegurar uma formação aos futuros professores nesta perspectiva.

É evidente que os conteúdos de formação são indispensáveis, mas a minha reflexão tornou claro que a perspectiva da Interculturalidade só pode ser encontrada numa atitude transversal e prospectiva. Efectivamente, não pode obter-se como soma de partes (todas úteis e indispensáveis), mas como matriz geradora de uma nova posição formativa.

Tendo sido estabelecidos os objectivos orientadores desta investigação, cabe-me, nesta parte final do meu trabalho, dar a resposta que estes suscitaram:

a) Verificar se os programas de formação dos professores asseguram a compreensão das mudanças sociais, nomeadamente a resultante da mobilidade das populações e a diversidade cultural que daí resulta e incluem os conteúdos e as estratégias de respeito e de diálogo, tendo em vista uma educação intercultural

Face a esta questão, a investigação realizada conduziu a esta conclusão: o sucesso ou o insucesso da escola reside na capacitação de esta reconhecer que as culturas escolares são o produto da interacção entre a cultura «oficial»

106 com as culturas dos alunos que a frequentam, interacção que passa, fundamentalmente, pelas relações entre professores e alunos. Dentro desta linha de pensamento, parece fundamental que a formação dos professores forneça, não apenas uma bagagem científica e pedagógica requerida ao ensino das matérias curriculares, mas ainda na auto-compreensão dos mecanismos de defesa, ainda que não conscientes, face a padrões culturais diversificados e a capacidade de superação dos mesmos.

A partir da análise realizada às unidades curriculares (os programas de formação, concluí que há uma sensibilidade muito incipiente face aos desafios e às necessidades que a diversidade cultural coloca como exigência na formação inicial dos professores do 1º Ciclo do Ensino Básico.

Efectivamente nas ESE’s estudadas, o apuramento dos dados contidos nas unidades curriculares, face á pergunta: “está presente a interculturalidade (que resulta, na melhor das hipóteses, da compreensão das mudanças sociai, nomeadamente a resultante da mobilidade das populações e da diversidade social que daí resulta) nos programa da sua unidade curricular?”, forneceu os dados que, a seguir, se apresentam:

Sim – 15 Não – 84

Subliminarmente - 6

A análise das entrevistas aos Professores das ESE’s confirma a conclusão revelada na análise dos programas. Contudo, as posições tomadas nas entrevistas realizadas a estes, revelam algumas discordâncias (não generalizadas, nem sequer maioritárias, nomeadamente em manter separados as unidades curriculares de cariz “científico”, centradas na aquisição dos conteúdos e dos saberes das unidades cientificas, em relação às que teriam um cariz mais virado para os valores, as atitudes e os comportamentos.

Esta posição aparece muito claramente nas entrevistas aos Professores). Reconhecem que há uma diversidade cultural que devia ser tomada em conta, mas persiste a posição que as unidades curriculares, com uma carga excessiva de conteúdos, não permitem ao docente que ocupe o tempo de aula com essas questões de teor humanístico».

Um Professor entrevistado, do grupo Sim afirmou que a dificuldade trazida pela diversidade cultural deve ser encarada e trabalhada, não tanto a

107 nível conceptual, mas a nível do estabelecimento das relações de convivialidade, dentro da sala de aula, em que a detecção e o respeito pela diferença, não constituam uma mera aceitação passiva, mas sejam encarados como factor de enriquecimento na linha da interculturalidade.

O Informante qualificado considera que a formação, nenhuma formação, sobretudo aquelas que preparam para a compreensão das grandes mudanças sociais e se preparam para gerir as consequências de tais mudanças, se pode demitir de olhar para a pessoa na sua circunstância e de a olhar numa perspectiva holística.. Assim sendo a formação dos professores i) devem assentar em planos de formação transversais, ii) capacitarem para os problemas trazidos pela diversidade,iii) serem completados por vivências de aceitação autênticas geradoras de um conhecimento e de uma aceitação recíproca que será criadora de interculturalidade.

Estas posições colhem, em princípio, a inteira aprovação dos professores. No entanto, consideram-se demasiado ocupados com tarefas de natureza burocrática que lhes ocupam muitas horas, e a que se não podem furtar, com turmas muito grandes e demasiado heterogéneas, em que alguns alunos requerem muito tempo e atenção. Assim expressam a opinião que a aceitação da diversidade requer uma estratégia que conduza à interculturalidade, que reconheçam que a adopção desta política e desta prática seja urgente e indispensavel,, afirmam que, no contexto actual da Escola, «não existem condições para a levar a cabo.».

b ) Analisar, na opinião dos professores dos cursos de formação das ESE’s, as dificuldades sentidas face a situações decorrentes da realidade multicultural dos alunos.

A partir da análise realizada às unidades curriculares, conclui-se que há uma sensibilidade muito incipiente face aos desafios e às necessidades que a diversidade cultural coloca como exigência na formação inicial dos professores do 1º Ciclo do Ensino Básico. As dificuldades sentidas são, basicamente, as decorrentes da perturbação que os alunos, em situação de diversidade cultural trazem à Escola. Em situação de entrevista a um Professor de uma ESE, foi referido que as dificuldades sentidas podiam ser um ponto de partida para entender a situação, estabelecendo pontes entre

108 pares, de modo a que descobrissem as semelhanças e, a partir daí, encontrassem capacidade para aceitarem as diferenças.

c) Terá o professor capacidade e análise de diagnóstico acerca das suas reais expectativas e capacidades?

A partir da entrevista do Informante qualificado e das leituras conducentes à elaboração do enquadramento teórico, há, efectivamente, professores com capacidade para, sem preparação académica especializada, identificarem os desafios trazidos pela situação de alunos em situação de diversidade cultural e criarem estratégias adequadas tendentes à criação de um ambiente intercultural.

Contudo, a formação dos Professores do 1º Ciclo não dispensa que essa capacidade seja desenvolvida, a partir de conteúdos e de estratégias de formação explícitos, incluídos nos programas.

Terminado o meu trabalho de Dissertação do Ciclo de Estudos Conducente ao Grau de Mestre em Ciências de Educação, considero que o percurso realizado foi muito útil à minha formação, na medida em que colocou o desafio de um trabalho que não tinha realizado ainda e que exigiu, da minha parte, capacidades de investigação, de reflexão, de discernimento em relação ao qual, não obstante o apoio e orientações recebidos, encontrei muitas dificuldades. Ao mesmo tempo, este trabalho realizado desenvolveu a minha capacidade de formular um problema e de escolher um percurso metodológico adequado. As minhas limitações, de tempo e de competência, não permitiram que o plano traçado fosse realizado com a correcção que eu desejaria.

É meu intuito prosseguir esta investigação, em vista à obtenção do grau de Doutoramento pois, dada a diminuta extensão da amostra, as conclusões referidas carecem ser confirmadas ou infirmadas.

109

B

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115

116

A

NEXO

I

Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o

Século XXI, coordenada por Jacques Delors.

Dado que oferecerá meios, nunca antes disponíveis, para circulação e armazenamento de informações e para a comunicação, o próximo século submeterá a educação a uma dura obrigação que pode parecer, à primeira vista, quase contraditória. A educação deve transmitir, de fato, de forma maciça e eficaz, cada vez mais saberes e saber-fazer evolutivos, adaptados à civilização cognitiva, pois são as bases das competências do futuro. Simultaneamente, compete-lhe encontrar e assinalar as referências que impeçam as pessoas de ficarem submergidas nas ondas de informações, mais ou menos efémeras, que invadem os espaços públicos e privados e as levem a orientar-se para projectos de desenvolvimento individuais e colectivos. À educação cabe fornecer, de algum modo, os mapas de um mundo complexo e constantemente agitado e, ao mesmo tempo, a bússola que permita navegar através dele.

Nessa visão prospectiva, uma resposta puramente quantitativa à necessidade insaciável a educação - uma bagagem escolar cada vez mais pesada - já não é possível nem mesmo adequada. Não basta, de fato, que cada um acumule no começo da vida uma determinada quantidade de conhecimentos de que possa abastecer-se indefinidamente. É, antes, necessário estar à altura de aproveitar e explorar, do começo ao fim da vida, todas as ocasiões de actualizar, aprofundar e enriquecer estes primeiros conhecimentos, e de se adaptar a um mundo de mudanças.

Para poder dar resposta ao conjunto das suas missões, a educação deve organizar-se em torno de quatro aprendizagens fundamentais que, ao longo de toda vida, serão de algum modo para cada indivíduo, os pilares do conhecimento: aprender a conhecer, isto é adquirir os instrumentos da compreensão; aprender a fazer, para poder agir sobre o meio envolvente; aprender a viver juntos, a fim de participar e cooperar com os outros em todas as actividades humanas; finalmente aprender a ser, via essencial que integra as três precedentes. É claro que estas quatro vias do saber constituem apenas uma, dado que existem entre elas múltiplos pontos de contacto, de relacionamento e de permuta.

117 Mas, regra geral, o ensino formal orienta-se, essencialmente, se não exclusivamente, para o aprender a conhecer e, em menor escala, para o aprender a fazer. As duas outras aprendizagens dependem, a maior parte das vezes, de circunstâncias aleatórias quando não são tidas, de algum modo, como prolongamento natural das duas primeiras. Ora, a Comissão pensa que cada um dos "quatro pilares do conhecimento" deve ser objecto de atenção igual por parte do ensino estruturado, a fim de que a educação apareça como uma experiência global a levar a cabo ao longo de toda a vida, no plano cognitivo no prático, para o indivíduo enquanto pessoa e membro da sociedade.

Desde o início de seus trabalhos que os membros da Comissão compreenderam que seria indispensável, para enfrentar os desafios do próximo século, assinalar novos objectivos à educação e, portanto, mudar a ideia que se tem da sua utilidade. Uma nova

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