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É o mais recente OCR previsto para instalação na rede aérea MT portuguesa, não sendo ainda oficial a definição das suas características (ainda não existe qualquer documento normativo que fale deste dispositivo). No entanto, está já a decorrer um projeto tipo, que envolve a instalação destes dispositivos, conhecendo-se por isso, o fabricante e o respetivo modelo [21]. Assim, nesta Dissertação, são utilizadas as características disponibilizadas pelo fabricante para definir o OCR 3.

O OCR 3 é um disjuntor religador (ver Secção 2.1.4) que tem capacidade de cortar correntes de curto-circuito e também de fechar sobre as mesmas. Por definição, este tipo de aparelhos está apto para efetuar ciclos de religação. Possui também relés digitais, que permitem a deteção de defeitos de máximo de intensidade entre fases (MIF, #50 e #51), máximo de intensidade homopolar (MIH, #50N e #51N), função direcional (#67 e #67N), entre outros. Deste modo possibilita a sua atuação para isolamento de defeitos permanentes e despiste de defeitos fugitivos, na rede a jusante, sem qualquer interrupção verificada na rede a montante. Pode também ser atuado por forma telecomandada ou manualmente no local. Outra aplicação pode ocorrer nos nós de interligação normalmente abertos, possibilitando novas funções de automatismo para estes pontos da rede [20, 22].

No entanto, o armário de controlo habitualmente utilizado em Portugal (μTCMT da Efacec) não pode ser utilizado para interação com este tipo de OCR, porque não tem as funções de proteção necessárias para aproveitar todas as características deste aparelho. Os armários para utilização com este tipo de OCR, têm de englobar todas as características exigidas para os restantes OCR, mais uma função de relé para vários tipos de defeitos e

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função de parametrizar a função de religação do dispositivo. Na Figura 2.9 está representado um exemplo do funcionamento, que é em tudo semelhante ao funcionamento dos armários vistos anteriormente, mas com a diferença que não possui apenas funções de controlo simples, mas um relé com funções de proteção mais avançadas.

Figura 2.9. Exemplo de operação de um armário de controlo com relé [20].

Este tipo de solução já permite funções de proteção contra correntes de defeito, utilizando curvas de tempo inverso, ou atuação por tempo definido, o que possibilita uma maior flexibilidade em termos de coordenação de proteções. Este é um facto importante, porque a introdução deste tipo de dispositivos obriga a novos desafios de coordenação entre o OCR 3 a proteção da subestação, ou mesmo entre OCR’s 3 [9, 17].

Uma rede com grande implementação deste tipo de aparelhos possibilita um grande grau de automação. Podem ser implementados novos automatismos locais, programados nas URR, mais sofisticados que as utilizadas atualmente, utilizando as características próprias que têm os disjuntores religadores. Podem também ser implementadas funções centralizadas de controlo de um grupo de OCR 3, que definam automaticamente qual a configuração ótima da rede para que, em caso de defeito, o menor número de cargas possível fique sem alimentação elétrica, que serão implementados pelo CCMT, para que posteriormente as ordens sejam enviadas para os dispositivos [22-24].

Em Portugal está já definido um tipo de dispositivos que utilizam disjuntores religadores, os DAR (disjuntores auto-religadores). No entanto, estes nunca foram muito utilizados nas redes aéreas, havendo um número muito reduzido instalado atualmente nas linhas aéreas portuguesas de média tensão. Estes são muito usados nas saídas das subestações como proteção da linha [1]. Por outro lado, o OCR 3 tem como principal objetivo a instalação nas linhas aéreas [21]. Outra diferença entre os dois tipos de dispositivos é que o OCR 3 tem a capacidade de detetar a presença de tensão nos terminais de ambos os lados, enquanto o DAR apenas nos terminais de apenas um lado. A capacidade de detetar tensão em ambos os terminais por parte do OCR 3 pode ser importante para funções de proteção mais avançadas e também para automatismos.

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 No início de ramais com fraca qualidade de serviço – A instalação nestes pontos da rede, permite que a grande ocorrência de defeitos nos ramais afetados pela fraca qualidade de serviço, não influencie a qualidade de serviço do resto da linha.

 Na fronteira de redes urbanas ou industriais com redes rurais – A instalação de DAR nestes pontos das redes, permite que um defeito que ocorra nas redes rurais não afetam grandes concentrações de cargas, como é o caso das redes urbanas e industriais.

 Escalonamento de troços de linhas extensas com cargas elevadas – Permite subdividir uma linha em várias secções, aumentando a qualidade de serviço da saída em questão.

Estas localizações foram definidas tendo em conta os DAR, mas também podem ser utilizados com os OCR 3, devido às similaridades entre ambos. Podem também ser utilizados num âmbito mais alargado, realizando funções, que eram anteriormente atribuídas a outros tipos de dispositivos. Estas funções aliadas às características de eliminação de defeitos deste tipo de OCR, pode aumentar significativamente a qualidade de serviço e levar a um grande grau de automação da rede em que estão inseridos.

Ainda sob a designação de DAR estão presentes na rede dispositivos da marca Cooper Power Systems, modelos KF VME (corte no vácuo) e WVE38X (corte no óleo) [1]. Já sob a designação de OCR 3 estão a ser utilizados dispositivos da marca NOJA Power, modelo OSM (corte no vácuo) (ver Figura 2.10).

Figura 2.10. OCR 3 instalado num apoio (esquerda) e em pormenor (direita) [20].