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Nos termos do art.º 10 do Cód. Reg. Civ. os órgãos normais do registo civil são as delegações municipais do registo civil e a Conservatória dos Registos Centrais166.

Contudo, tal como dispõe o art.º 11, excecionalmente, determinados órgãos especiais podem desempenhar funções de registo civil, tais como, os agentes diplomáticos e consulares angolanos no estrangeiro; os comissários, os capitães, mestres ou patrões de embarcações particulares angolanos e os comandantes de aeronaves; as entidades designadas por regulamentos militares; e quaisquer indivíduos em casos especialmente previstos na lei.

Todos estes órgãos especiais desempenham, a título excecional, funções de registo civil e devem obedecer ao preceituado do diploma do registo, nas partes que lhes é aplicável. Os atos praticados por estas entidades são integrados na ordem jurídica angolana, sendo competente para tal a Conservatória dos Registos Centrais e apenas podem provar-se mediante certidão emitida por esta conservatória167.

Neste sentido, as entidades ora mencionadas devem remeter à Conservatória dos Registos Centrais as cópias ou duplicados, por intermédio do ministério a que se encontrem subordinadas, no prazo de sessenta dias (art.º 6 Cód. Reg. Civ.), sendo que os assentos são integrados ou transcritos nos livros da conservatória, a quem foi cometida a competência

165 BUMBA, Eliseu; ALMEIDA, Isabel Rocha; VIEGAS, Maria da Assunção António, op. cit., p. 75. 166 Art.º 4 da Lei nº 1 /97 de 17 de Janeiro. «Nº 1 – Quando o desenvolvimento dos Municípios não justificar

a instalação de Cartórios Notariais e Conservatórias de 2ª classe, são criadas nas respetivas sedes, Delegações Municipais do Registo Civil e Notariado; Nº 2 – O disposto no número anterior não se aplica aos Municípios urbanos; Nº 3 – O Ministro da Justiça pode, sob proposta do Diretor Nacional dos Registos e Notariado e mediante decreto executivo, estender a área de competência territorial das delegações municipais do Registo Civil e do Notariado a um ou mais Municípios limítrofes; Nº 4 – Os quadros de pessoal das delegações de Registo Civil e Notariado são as constantes do anexo IX; Nº5 – As delegações municipais do Registo Civil e Notariado são chefiadas por delegados municipais do Registo Civil e Notariado; Nº 6 – Os delegados municipais do Registo Civil e Notariado têm a categoria e auferem o vencimento de 1º Ajudante dos Serviços de Registo e Notariado.»

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exclusiva. Apenas depois da sua integração ou transcrição, nos livros, podem ser emitidas certidões168.

11.1. Regras de competência

À Conservatória dos Registos Centrais compete lavrar registos169 de nascimento ou de óbito de cidadãos angolanos, ocorrido no estrangeiro; de nascimento ou de óbito ocorrido em viagem, a bordo de navio ou aeronave angolana; de casamento celebrado no estrangeiro, se algum dos nubentes for angolano; de convenções antenupciais referentes a casamentos celebrados no estrangeiro, se algum dos nubentes for angolano; de casamento urgente contraído em campanha, no estrangeiro, por militares angolanos, ou de qualquer outra nacionalidade se os nubentes se encontrarem a bordo de navio ou aeronave angolanas; de tutela, administração de bens, curatela ou curadoria, se o menor, interdito, curatelado ou ausente tiver nascido no estrangeiro; de todos os factos sujeitos a registo, não especificados anteriormente, respeitantes a angolanos, quando ocorridos no estrangeiro; de transcrição de atos de registo, realizados no estrangeiro perante as autoridades locais, referentes a cidadãos estrangeiros; de transcrição das decisões proferidas pelos tribunais estrangeiros, nos termos do art.º 7 nº 1 e 2 do Cód. Reg. Civ. Não obstante, no caso de nascimento ou de óbito de cidadãos angolanos, ocorrido no estrangeiro; de casamento celebrado no estrangeiro, se algum dos nubentes for angolano; de convenções antenupciais referentes a casamentos celebrados no estrangeiro, se algum dos nubentes for angolano; ou de todos os factos sujeitos a registo, não especificados anteriormente, respeitantes a angolanos, quando ocorridos no estrangeiro, se os respetivos assentos tiverem sido lavrados pelos agentes diplomáticos ou consulares angolanos, a Conservatória do Registo Central procede apenas à integração dos assentos no respetivo livro170.

Às conservatórias de registo civil compete registar os factos sujeitos a registo obrigatório ocorrido em território angolano, seja qual for a nacionalidade das pessoas a quem

168 BUMBA, Eliseu; ALMEIDA, Isabel Rocha; VIEGAS, Maria da Assunção António, op. cit., p. 16-17. 169 Art.º 12 Código do Registo Civil. Vide: BUMBA, Eliseu; ALMEIDA, Isabel Rocha; VIEGAS, Maria da

Assunção António, op. cit., p. 17-18.

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respeitem, não obstante o que agora ficou exposto quanto à Conservatória dos Registos Centrais171.

A competência em razão da matéria das conservatórias do registo civil está definida no art.º 13 do Cód. Reg. Civ., que atribui competência para a prática de todos os factos ocorridos em território angolano, independentemente da nacionalidade do indivíduo, com a exceção dos atos que são da competência da Conservatória dos Registos Centrais172.

A regra geral da competência das conservatórias é defina através da residência habitual das pessoas a quem o registo respeita ou, subsidiariamente, pela sua naturalidade, caso não exista norma que determine o contrário173.

Contudo, podem ser prestadas em conservatórias intermediárias, conforme previsto no art.º 15 Cód. Reg. Civ., as declarações para atos de registo ou para instauração de quaisquer processos previstos no código de registo civil174.

O conservador ou oficial com poderes para o efeito na conservatória intermediária, deve proceder à análise da identidade do declarante e os documentos que devem instruir os atos ou processos, não obstante a sua redução a auto, nos termos do art.º 80 do Cód. Reg. Civ.175.

Nos termos do art.º 17 do CRC compete, ainda, aos postos hospitalares receber as declarações de nascimento e óbitos ocorridos no respetivo estabelecimento, bem como reduzi-las a auto.