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“ Não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo, tom á-lo sério, com adolescentes brincando de m atar gente, oferecendo a vida, destruindo o sonho, inviabilizando o amor. Se a Educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda. Se a nossa opção é progressista, se estamos a fa v o r da vida e não da morte, da eqüidade e não da injustiça, do direito e não do arbítrio, da convivência com o diferente e não de sua negação, não temos outro caminho senão viver plenamente nossa opção. Encamá-la, diminuindo assim a distância entre o que dizemos e o que fazem os. Desrespeitando os fracos, enganando os incautos, ofendendo a vida, explorando os outros, discriminando o índio, o negro, a mulher, não estarei ajudando m eus filh os a serem sérios, ju sto s e am orosos da vida e dos o u tr o s ”.

P r o p o s ta C u rricu lar de Santa C atarina: Maria W a lta ir C arvalho 52 o f a z e r e o dizer da Secretaria de E stado da Educação

O movimento docente catarinense já possuía sua forma de organização antes da atual PC -SC . Em 08 de maio de 1966 teve registrado seu nascimento a A LISC - Associação dos Licenciados de Santa Catarina, presidida por Nélson Teixeira. A ALISC teve sete presidentes/as eleitos/as: M aria Carolina Galtolo Kelisif; Júlio W iggers (que foi reeleito); Elvio Prevedello; O scar Ascindino da Rosa: Ana Maria do Nascimento Aquini e Ideli Salvatti. Os vices Mauro Francisco Vieira e Sérgio Grando assumiram por curtos períodos.

1980 é 0 ano da primeira greve do movimento docente em Santa Catarina e a segunda da categoria no país. A A LISC contava com 800 filiações e organizou os doze dias de paralisação. O governador nom eado Jorge K onder Bornhausen usou um a estratégia de desmobilização: decretou a redução dos dias letivos de 210 para 180, deixando o magistério com férias antecipadas, inclusive os/as grevistas.

No governo de Esperidião Amin Helou Filho, em 1983, o m ovim ento docente se organiza e constrói uma greve que marcou a história da ALISC, alcançando uma das maiores conquistas do magistério catarinense: a elaboração do Plano E stadual de Educação. As discussões, através dos Fóruns que aconteceram em todo o estado, envolveram m ais de um milhão de pessoas, entre docentes, pais/mães e estudantes. Culminou com a publicação do “livro verde”: “Democratização da Educação - A opção dos Catarinenses”. A Assembléia Legislativa aprova o Plano Estadual de Educação, todavia, a falta de políticas públicas voltadas para a Educação, dos sucessivos governos, faz o movimento docente acumular seus primeiros prejuízos em relação àquele Plano.

1985 é o ano de filiação da ALISC à C U T -C en tral Única dos Trabalhadores, e da aprovação da lei 6.709, que regulam entava as eleições de diretores de escola, outra grande conquista da categoria na luta pela dem ocratização do ensino. Esta eleição mobilizou m ais pessoas no estado que a própria eleição para governador. No entanto, como não foi interessante para o G overno, o processo de eleição de diretores escolares teve vida efêmera.

Em 1986, grandes eventos aconteceram como resultado da luta incansável do professorado. O governador Esperidião Amin Helou Filho assinou o decreto 29.790, (29/07) criando o Conselho Deliberativo Escolar. Foram aprovados também o Plano de Carreira e o Estatuto do Magistério (12/06). Em agosto, a categoria faz 15 dias de greve pela derrubada do veto à lei que previa um piso de três salários m ínim os no Plano de Carreira.

P ro p o s ta C u rric u la r de Santa Catarina: M aria W altair C arvalho 53 o fa z e r e o d iz e r da Secretaria de Estado da Educação

O horizonte que os/as docentes vislum bravam , em 1987, m ostrava-se bastante tempestuoso. O governo ditatorial de Pedro Ivo Campos revoga o decreto 29.790/86 que criava o Conselho Deliberativo Escolar, através do decreto 911, de 19 de novembro. Este govemo derruba tam bém a lei 6.709/85, que regulamentava as eleições para diretores de escola. 0 magistério público não suportando tanto autoritarismo deflagra a terceira maior greve estadual da categoria e a prim eira unificada com o funcionalism o público, por 54 dias.

Os m otivos que desencadearam a greve unificada foram: o não cum prim ento do Plano de Carreira, o não pagamento dos Gatilhos (política econômica do governo federal), atraso no salário do funcionalismo público estadual e o anúncio de demissão de 20.000 funcionários públicos, sob a alegação de não ter recursos financeiros suficientes. Conquistou-se a manutenção dos Gatilhos e o pagamento dos atrasados; e perspectivas de implantação do Plano de Carreira. 0 governo descontou os dias parados devido à greve, com o form a de punição aos grevistas, havendo vários confrontos dos/as docentes com a Polícia Militar, que obedecia às ordens do G overno. D ois professores e um supervisor escolar fizeram greve de fome com o intuito de acelerar as negociações, que foram tum ultuadas durante todo este mandato.

D ois grandes acontecim entos marcam o ano de 1988. 0 Plano de Ação da SEE - 1988/1991 - continha, entre outros, o desafio da reorganização curricular. E isto era saliente, tendo todas as características de ser prioridade neste momento para a Educação. Num governo nada democrático, inicia-se, então, o processo de elaboração de uma proposta curricular, calcada num a linha filosófica progressista, ahamente incongruente com esta prática governam ental.

Outro acontecimento marcante foi a fundação, em 04 de outubro, do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Rede Pública de Ensino do Estado de Santa C atarina-SIN TE. Um a diretoria provisória, presidida pela professora Ideli Salvatti, assume até a primeira eleição, no ano seguinte. Estas foram as presidentas do SINTE, até hoje (só mulheres!^^): Ideli Salvatti (1988/1990); Rita de Cássia Gonçalves (1990/1992); Ideli S a lv a tti-a vice-presidenta Célia

O m a g isté rio é um a categoria histórica e essencialm ente fem inina e, por isso tam bém , discrim inada devido às jo rn a d a s ex au stiv as de trabalho e aos baixos salários. N um a pesquisa realizada pelo SIN TE, em 1994, com provou q ue m ais de 80% da profissão, em Santa C atarina, na rede estad u al, é exercida p o rm u lh eres. A ideologia de ser sa lá rio c o m p le m e n ta r confere leg itim id ad e ao e m p o b re c im e n to cre sc e n te do m agistério, dev id o a c o n stan te d ete rio ra çã o salarial que atinge essa categoria predom inantem ente fem inina. Ler, a respeito, o m aterial elaborado pelo S IN T E e pela C N TE, todos os anos, no Dia Internacional da M ulher: “Igualdade entre hom ens e mulheres, essa luta é n o ssa - D ia Internacional da M ulher - E d ucação no c o m b a te à d isc rim in a ç ã o ”, este será o de 20 0 1 .

Zulm ira Kleine assume no último semestre -(1992/1994); Célia Zulmira Kleine (1994/1996); A na M aria do Nascim ento Aquini (1996/1998) e M arta V anelli (1998/2001).

Neste ano também, o professorado faz uma semana de greve para reivindicar seus direitos. O governo de Pedro Ivo Campos anunciava que o Estado não dispunha de recursos financeiros, porém , concedia uma representação especial para os oficiais superiores de 13% a 20%, em março e aumentou o soldo de 4% a 36%, em fevereiro, o que foi um reajuste camuflado; beneficiou, em junho, os cargos comissionados pelo projeto de isonom iae criou mais cargos com issionados na SEE; reajustou o salário de todos os m ilitares, em 33%, em outubro, beneficiando a atividade do policial militar com uma gratificação que variou de 65% para os soldados a 185% para os coronéis; e aprovou um reajuste de 87% para desembargadores e vetou o m esm o aum ento para o funcionalism o público, requerendo inconstitucionalidade.

E neste ano ainda, a SEE, já com o ‘D ocum ento Norteador para um a Proposta Curricular’ em mãos, realiza um seminário interno, em fevereiro, que estruturou e sistematizou ações específicas para a PC-SC.

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0 fazer e o d iz e r da S ecretaria de Estado da E du cação

“Processo árduo e problem ático, tendo em vista a própria formação acadêmica e a vivência profissional que são alicerçadas numa visão de mundo fragm entada” (PC-SC , 1991:9).

Começam os encontros nos pólos para discussão de uma proposta de elaboração dos conteúdos curriculares.

No entanto, o movimento docente não apresentava a tranqüilidade que este momento exigia para desencadear o processo da PC-SC. Tanto isto é verdadeiro, que neste ano foram deflagradas duas greves, uma em cada semestre. A contradição alcançou o m aior realce: o G overno queria o professorado para construir uma proposta de currículo, de cunho marxista, teoricam ente avançada, contudo, não atendia às reivindicações básicas do magistério público estadual, chegando a exercer atitudes radicais, como: não receber o sindicato para negociar; tratar os/as educadores/as com indiferença ou até com menosprezo; autorizar a polícia a reprimir os/as grevistas; etc. Tais atitudes refletiam direto na categoria, trazendo cada vez mais insegurança, ansiedade e, ao mesmo tempo, uma enorme desconfiança em relação a PC-SC. Pois, pensava-se

P ro p o sta Curricular de Santa Catarina: M aria W altair Carvalho 55 o fazer e o dizer da Secretaria de Estado da E d u cação

ser mais um ato de vilipêndio inconseqüente do Governo com a categoria do magistério, que queria entender a contradição tão gritante entre a prática governamental e a teoria progressista ‘desejada’ pela SEE para ser a linha da educação catarinense.

Neste clima de busca misturada com rebeldia, o movimento docente deflagra greve, de 30 de março a 18 de abril, conquistando concurso público de ingresso; eleição para diretores (novamente!), aprovada pela Assembléia Legislativa, dia 05 de maio; implantação da segunda e terceira etapas do Plano de Carreira; política salarial, com recuperação parcial das perdas; e não punição.

A segunda greve do ano, de 05 a 31 de outubro, trazia como primeiro item da pauta de reivindicações o cumprimento do acordo da primeira greve, o que se conseguiu em parte. Esta greve foi unificada com os demais servidores do serviço público estadual. O SINTE, percebendo a necessidade de um a discussão coletiva sobre a situação da educação catarinense, para estabelecer seu plano de lutas e ações políticas realiza seu prim eiro congresso, de 06 a 10 de dezem bro, em Joinville: “I Congresso dos Trabalhadores em Educação Adroaldo Lincks”

O ano de 1990 não foi diferente. A elaboração da PC-SC continua. A categoria faz

novam ente duas greves. A primeira de 15 a 25 de maio e a segunda de 18 de setembro a 23 de outubro, que obtiveram como conquistas: elaboração do projeto para liberação de dirigentes sindicais; manutenção de canais permanentes de negociação entre o Governo e os Sindicatos; reconhecimento da dívida com os servidores e da defasagem salarial gerada pela não aplicação da lei 7.802/89; m anutenção da política salarial prevista pela lei 7.802/89; em penho total do Governo, no sentido de abatimento da dívida até liquidação total; encaminhamento de projetos para um novo Plano de Carreira e reformulação do Estatuto do Magistério; agilização de estudos para reconhecimento do vínculo empregatício para serventes, merendeirase vigias das escolas; cumprimento do cronogramapara implantação do Regime Jurídico Único; desconto dos salários dos dias de greve, sem outras repercussões na vida funcional dos servidores.

Com 0 decorrer dos m eses, constatou-se, porém , que as conquistas viraram promessas. O tratamento do Governo para com o magistério era violento, tanto que no dia 26 de setembro a Polícia Militar investiu contra os/as professores/as manifestantes jogando bombas de

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A d ro a ld o L in ck s - nom e de um co m p an h eiro falecido a 11 de m aio de 1989, a quem o s/as d e le g a d o s/a s do C o n g re sso prestaram esta hom enagem . L incks dizia: “N ão tenho m edo de m orrer. Eu tenho m edo de não lu ta r” (E d u c A Ç A O S in d ic a l, m aio de 1989:4).

gás lacrim ogênio. O governador em exercício Casildo João Maldaner dizia tam bém da não disponibilidade de recursos financeiros do Estado, no entanto concedeu até 90% de reajuste para os cargos com issionados das atividades de engenharia e 21% para o judiciário.

Novamente o movimento docente consegue aprovar a lei que regulamentava a eleição para diretores de escola -le i 8.040, que representa um enorme avanço rumo à democratização da Educação, visto que esses cargos deixariam de ser ocupados por comissionados de confiança e nom eados pelo Governo, para serem eleitos pelo voto democrático da com unidade escolar.

Apesar desta conjuntura efervescente, o SINTE realiza o II Congresso Estadual dos T rabalhadores em Educação, de 05 a 09 de setem bro, em Florianópolis. A desconfiança da categoria a respeito da PC-SC ainda era muito destacada. A questão que se colocava m ais em saliência, sobre a PC-SC, era, evidentem ente, esta contradição entre ‘o fazer e o d iz e r’ do G overno/SE E em relação à Educação.

O segundo semestre do ano letivo de 1991 iniciou com todas as redes em greve, incluindo a UFSC e UDESC, do ensino superior, e as escolas municipais de Florianópolis. Neste coletivo, foi deflagrado o movimento “SOS Escoia P ú b lica”, que lutava contra o sucateamento da escola pública; desvalorização dos serviços públicos; queda da qualidade do ensino público; e defasagem total do material didático.

O m agistério público estadual fez um a das greves mais longas da história da categoria: 64 dias - de 05 de agosto a 07 de outubro, pela seguinte pauta de reivindicações: contra a m unicipalização do ensino; melhoria da qualidade dos serviços públicos; concurso público de ingresso no magistério; solução das questões funcionais específicas - ACT^®, serventes, merendeiras e vigias, FESC/FCEE, e aposentados; Plano de Cargos e Salários; política salarial mensal reajustada de acordo com a inflação; reposição das perdas, que perfazem um total de 394% ; e pagam ento em dia dos salários.

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A C T - a d m itid o em caráter tem porário - é o/a professor/a co n tratad o /a tem porariam ente para su b stitu iç ã o . É h ab ilitad o /a, só que ainda não teve oportunidade de prestar concurso de ingresso. Faz parte da categoria co m o o/a p ro fe sso r/a efetiv o /a, ou seja, com o o/a concursado/a. Por v ezes, a Secretaria da Educação contrata p esso as sem habilitação para o m agistério, e que m uitas vezes são cabos eleitorais dos govem os de plantão, po rtan to ,p esso as que não são professores/as,m as que ocupam o espaço da sala de aula para ministrarem aula oficialmente, fa zen d o decair ainda m ais a qualidade do ensino público e tirando a vaga de professoreslas, sucateando ainda m ais a profissão. O s/as educadores/as (professores/as, especialistas e funcionários/as de escola) merecem toda a atenção do S IN T E , porém não os/as ‘dadores/as de a u la ’, que se utilizam da educação para fazer “bico” em seu próprio proveito e p a ra c a m p a n h a s eleito reiras nas esco las, c o m p ro m e te n d o ,a ssim , a im agem do/a p ro fesso r/a.

Conseguiu-se encaminhar à Assembléia Legislativa um projeto de lei disciplinando a contratação dos ACT. As demais conquistas da greve foram, principalm ente: realização de concurso ptíblico; instituição da gratificação de 10% para os Especialistas (Adm inistrador, Supervisor e O rientador) e agilização de seu processo de aposentadoria especial; acerto da situação funcional do pessoal da antiga FESC; elaboração do Plano Estadual de Educação, após a aprovação da LDB e Lei Com plem entar que organiza o Sistem a Estadual de Educação, e definição de nova tabela de vencim entos.

O Governo de Vilson Pedro Kleinübing derrubou a lei 8.040/90, que regulamentava as eleições para diretores de escola.

A primeira versão da PC-SC é publicada neste ano de 1991, com o título: “Proposta C urricular - Uma contribuição para a Escola Pública do Pré - Escolar, 1°. Grau, 2.° Grau e Educação de A dultos”. Iniciam os cursos de capacitação da PC-SC para o m agistério, nas diversas regiões, coordenados pelas CRE - Coordenadorias R egionais de Educação.

0 SINTE pensando em ter mais contato com a comunidade escolar e com a sociedade em geral, em todo o Estado, começa dia 16 de abril a publicar, todas as terças-feiras, em jornal de circulação estadual, a C O LU N A DO SINTE, que permanece até hoje. O fito de dialogar com a sociedade catarinense (pais/mães, estudantes e professores/as do interior e de outras rede de ensino, outras entidades, a imprensa em geral, etc.) através da Coluna do SINTE foi alcançado am plam ente.

0 movimento docente encontra, em 1992, uma alternativa de luta inusitada: as aulas de trinta minutos, desorientando totalmente a SEE e causando grande impacto na comunidade e na im prensa. De 1°. a 08 de setembro, reduziu-se, então, o horário de duração das aulas de 45 para 30 m inutos, na grande m aioria das escolas estaduais.

O III Congresso Estadual dos Trabalhadores em Educação, realizado pelo SINTE, de 1°. a 03 de maio, em Chapecó, traz encaminhamentos para a categoria, entre eles, a campanha para eleição de diretores de escola. O SINTE apresenta na Assembléia Legislativa um projeto de iniciativa popular, com trinta mil assinaturas, para garantir esta eleição, prevista na Constituição E stadual, em seu artigo 162.

Neste ano de 1992, o SINTE resolveu aderir ao fenôm eno que iniciou em Santa C atarina em 1990: m arcar presença na mídia eletrônica com ercial, veiculando m ensagens

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direcionadas para temas de interesse coletivo, sem m anifestar conteúdo de reivindicações trabalhistas. O SINTE comprou, então, espaço nas emissoras de televisão de abrangência estadual para divulgar um a série de programas intitulados O P ro fe s so r Te Vê. Esta atitude foi considerada uma reação do sindicato ao programa A Escola na Tevê, produzido e patrocinado pela SEE. Neste espaço próprio na mídia eletrônica, os/as trabalhadores/as em Educação da rede pública faziam denúncias quanto à qualidade de ensino e solicitavam m elhorias para o atendimento à comunidade. Dessa forma, pela mídia de massa, as questões internas ou privadas do magistério deixam de ser simplesmente públicas, para desempenhar um importantíssimo papel na ferrenha disputa pela formação de conceitos, idéias e valores frente à opinião pública. De agora em diante, o SINTE constará na sua agenda ‘en co n tro s’ com a população, tendo a comunidade inteira de platéia, através dos meios de comunicação de massa, para discutir temas institucionais, qualidade de vida, direito à educação e à saúde gratuitas, postura de personagens do cenário político, entre outras assertivas. Para os/as trabalhadores/as em Educação, esse m om ento de convivência com a mídia de longo alcance foi um m arco, pelas seguintes e principais razões: levou-se para as mesas de negociação um novo personagem político: a opinião pública am pliada; deu visibilidade e credibilidade para o sindicato; uma reafirm ação de identidade dos/as educadores/as; o magistério apresentar-se, através de sua representação sindical, para a sociedade com o um ser necessário social e politicam ente.

A lgum as falas de entrevistados/as:

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“Era eu que falava, naquele m om ento”.

“Tudo 0 que eu queria dizer tava (sic) dito ali”.

“De repente, todo mundo estava vendo e escutando o que tínham os atravessado na garganta há tanto tem po”.

“A sociedade catarinense tinha que saber o que estavam fazendo conosco”.

Assim , é uma fase de auto-afirmação para o professorado, como reação à política educacional do Govemo, que vem sucateando a imagem do serviço público na Educação, levando a crer que estes serviços ou são dispensáveis ou são de má qualidade, tornando-os cada vez m enos indispensáveis e im portantes para os/as trabalhadores/as e seus/suas filhos/as.

M ais uma vez o magistério delibera por greve em 1993, de 05 de agosto a 13 de setembro, portanto, uma greve que dura 40 dias. As reivindicações não diferem muito das pautas anteriores: política salarial cora 100% da inflação; retorno do triênio de 6%; novo Plano de C arreira, com recuperação das perdas; melhores condições de trabalho; hora-atividade para professores/as de pré a 4*. série; eleição para diretores de escola; democratização e melhoria no atendim ento do IPESC.

D urante a greve os/as professores/as fizeram um acampamento na A ssem bléia Legislativa, com o form a de pressionar os deputados a intervirem nas negociações com o G overno.

A pós a greve e por causa do corte que o Governo fez, dem onstrando todo o seu autoritarism o, do repasse dos descontos dos associados ao sindicato, o prédio da Secretaria da Administração foi fechado por mais de seis horas, por professores/as e diretoria do SINTE, numa tentativa de se efetuar negociação com o Secretário Luiz Carlos Carvalho. Isto rendeu processos na justiça para a diretoria do SINTE.

Foi realizada, em todo o estado, pelo SINTE, um a pesquisa intitulada: “SO S E d u c a ç ã o -P ro fe ss o r Profissão em E xtinção”, que detectou a queda na procura pela profissão de professor/a, devido, principalmente, às precárias condições de trabalho e aos baixos salários. A pesquisa foi feita nos cursos de licenciatura e de magistério, durante o período de 1982 a 1992, com as entidades que formam professores/as: Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC),

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