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4 – A ação criminosa de JOSÉ ADELMÁRIO PINHEIRO FILHO e de AGENOR FRANKLIN MAGALHÃES MEDEIROS

No documento Ministério Público Federal (páginas 108-110)

LÉO PINHEIRO e AGENOR MEDEIROS, na condição de administradores da OAS, atuaram na corrupção de LULA, RENATO DUQUE, PEDRO BARUSCO e PAULO ROBERTO COSTA, no interesse do Grupo OAS nas obras do Gasoduto PILAR-IPOJUCA, GPL Duto URUCU-COARI e do Novo CENPES, as duas últimas executadas em consórcio com outras empresas cartelizadas402. LÉO

PINHEIRO, enquanto Presidente da OAS, e AGENOR MEDEIROS, enquanto alto executivo da CONSTRUTORA OAS LTDA., eram responsáveis por comandar a atuação do Grupo OAS no cartel 401 Ação penal nº 5054932-88.2016.4.04.7000: Apenas a título de contextualização, MARCELO ODEBRECHT controlava a planilha “Programa Especial Italiano”, planilha esta elaborada no âmbito do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht para contabilizar os repasses de propina no interesse do Partido dos Trabalhadores e de seus líderes, realizados por intermédio de ANTONIO PALOCCI. No âmbito da ODEBRECHT, era MARCELO ODEBRECHT quem determinava a contabilização de valores como créditos a serem anotados na Planilha “Programa Especial Italiano”, posteriormente geridos por ANTONIO PALOCCI. Após a ordem expedida por MARCELO ODEBRECHT, a execução da entrega dos valores era coordenada e concretizada pelos funcionários do Setor de Operações Estruturadas da ODEBRECHT. Após efetuada a entrega dos valores de forma dissimulada, a quantia era atualizada na Planilha Italiano como forma de consolidar o saldo de propina ainda devido e controlar os pagamentos já pactuados. Este procedimento de controle direto dos pagamentos ilícitos por MARCELO ODEBRECHT restou comprovado tanto pelo reiterado contato direto mantido entre MARCELO ODEBRECHT e ANTONIO PALOCCI (revelado em encontros presenciais, em e-mails e documentos remetidos a ANTONIO PALOCCI por intermédio de seu assessor BRANISLAV KONTIC) quanto pela identificação, em um dos celulares de MARCELO ODEBRECHT, de versão atualizada da Planilha Italiano. Além disso, verificou-se que as iniciais de MARCELO ODEBRECHT (MO) constavam no nome de um dos arquivos eletrônicos em que foi salva a planilha relativa ao “Programa Especial Italiano”, (“POSICAO – ITALIANO310712MO.xls”).

402 Deixa-se de imputar as condutas de corrupção ativa de JOSE ADELMÁRIO PINHEIRO FILHO e AGENOR MEDEIROS em relação a PAULO ROBERTO COSTA quanto aos contratos em comento, uma vez que já denunciadas em sede das Ações Penais nº 5083376-05.2014.404.7000 e nº 5037800-18.2016.4.04.7000

de empreiteiras que funcionava perante a PETROBRAS, assim como pelo oferecimento e promessa de vantagens indevidas aos agentes corrompidos.

Nesse sentido, AUGUSTO MENDONÇA apontou serem LÉO PINHEIRO e AGENOR MEDEIROS os responsáveis por representar o Grupo OAS nas reuniões do cartel e nas negociações com funcionários corrompidos do alto escalão da PETROBRAS. PEDRO BARUSCO declinou que LÉO PINHEIRO era o contato com JOÃO VACCARI NETO, um preposto de LULA, no âmbito do Grupo OAS, que negociava diretamente com ele o pagamento de vantagens indevidas destinadas ao Partido dos Trabalhadores. Mencione-se, ainda, que, em planilha apreendida na residência de PAULO ROBERTO COSTA, na qual são relacionadas as colunas “empresa”, “executivo” e “solução” indicando os representantes de empresas com os quais o ex-diretor da PETROBRAS efetuou contato a fim de obter recursos para campanhas políticas, a OAS é vinculada ao executivo “Léo”403.

LÉO PINHEIRO e AGENOR MEDEIROS eram responsáveis, ainda, por coordenar as operações de lavagem dos valores auferidos com a prática desses e de outros crimes. Nessa atividade, e para tais assuntos, no âmbito da Diretoria de Abastecimento, comunicava-se diretamente com os executivos da PETROBRAS, como PAULO ROBERTO COSTA, e com operadores financeiros, como ALBERTO YOUSSEF404. ALBERTO YOUSSEF, na condição de operador da

organização criminosa, não só viabilizou a interlocução entre as partes, como também participou das tratativas acerca das propinas envolvidas405.

Quanto aos pagamentos efetuados pela OAS no âmbito da Diretoria de Serviços em decorrência de contratos firmados com a PETROBRAS, era AGENOR MEDEIROS o responsável por contatar diretamente MARIO GOES406 e com ele ajustar a forma como as propinas seriam pagas,

conforme demonstrado na ação penal nº 5012331-04.2015.4.04.7000. Naqueles autos, também restou clara a participação de executivos vinculados a LÉO PINHEIRO e AGENOR MEDEIROS em conversas, por exemplo, com ALBERTO YOUSSEF sobre a liberação e operacionalização de pagamentos de vantagens indevidas pelo Grupo OAS407 para agentes corrompidos.

Da mesma forma, em decorrência dos contratos especificados no item IV.1 houve a promessa e o pagamento de vantagens indevidas correspondentes a, ao meno s , 3% do valor do contrato original e respectivos aditivos celebrados no período em que RENATO DUQUE e PAULO ROBERTO COSTA ocuparam, respectivamente, a Diretoria de Serviços e a Diretoria de Abastecimento da PETROBRAS. Do montante referente à aludida vantagem indevida, coube a LÉO PINHEIRO e AGENOR MEDEIROS oferecer e prometer vantagens indevidas pelo menos proporcionais à participação do Grupo OAS nas obras do Gasoduto PILAR-IPOJUCA, no CONSÓRICO GASAM – GPL Duto URUCU-COARI e no CONSÓRCIO NOVO CENPES.

Diante de tal quadro, no período entre o início dos procedimentos licitatórios e a data da efetiva contratação pela PETROBRAS, LÉO PINHEIRO e AGENOR MEDEIROS, após se reunirem com os representantes das demais empreiteiras cartelizadas e definir o vencedor do certame, comunicar a RENATO DUQUE, PEDRO BARUSCO, PAULO ROBERTO COSTA e ALBERTO YOUSSEF tal circunstância, oferecendo e prometendo àqueles, ou a pessoas por eles indicadas, vantagens indevidas que adviriam imediatamente após a celebração do contrato408.

403 Autos 5049557-14.2013.404.7000, evento 201, AP-INQPOL1 – ANEXO 222

404 Conforme admitido por ambos os réus, por exemplo, em relação à Diretoria de Abastecimento nos autos de processo criminal nº 5026212-84.2013.404.7000, evento 1101 – ANEXO 53

405 Conforme reconhecido na Ação Penal nº 5083376-05.2014.404.7000. 406 MARIO GOES era operador, que atuava por meio da empresa RIO MARINE.

407 Nesse sentido, destaca-se em especial conversa ocorrida no dia 12/03/14 em que YOUSSEF (nick PRIMO) fala a “LA”: “Falei com matheus vai liberar semana que vem” “Uma parte dos 400”. – ANEXO 223

408 No que se refere à OAS, consoante termos de transcrição de interrogatórios juntados ao evento 1.101 dos autos 5026212-82.2014.404.7000, PAULO ROBERTO afirmou que realizou tratativas com o denunciado LÉO PINHEIRO. -

Aceita tal promessa de vantagem por RENATO DUQUE, PEDRO BARUSCO, PAULO ROBERTO COSTA e ALBERTO YOUSSEF409, diretamente e agindo dentro de um esquema

comandado pelo Partido dos Trabalhadores, pelo Partido Progressista e, acima desses todos, por LULA, porque fazia parte da estratégia criminosa por ele controlada, os referidos Diretores da Estatal, no lapso temporal de execução desse contratos, mantiveram sua anuência quanto à existência e efetivo funcionamento do Cartel em desfavor da PETROBRAS, omitindo-se nos deveres que decorriam de seu ofício para assim permitir que a escolha interna do “CLUBE” para a execução das obras se concretizasse.

Uma vez confirmada a contratação de empresa do Grupo OAS nos respectivos consórcios para a execução das obras, LÉO PINHEIRO e AGENOR MEDEIROS ajustaram a forma de pagamento das vantagens indevidas prometidas a, e aceitas por, LULA, RENATO DUQUE, PAULO ROBERTO COSTA, PEDRO BARUSCO, ALBERTO YOUSSEF, Partido dos Trabalhadores, e Partido Progressista.

Em suma, agindo dolosamente, LULA, por 7 (sete) vezes incorreu na prática do delito do artigo 317, § 1º do Código Penal, ao passo que LEO PINHEIRO e AGENOR MEDEIROS, por 3 vezes, em concurso de pessoas, e MARCELO ODEBRECHT, por 4 vezes, incorreram na prática do delito do artigo 333, parágrafo único do Código Penal

V – DAS IMPUTAÇÕES DE LAVAGEM DE ATIVOS

V.1 – DOS PAGAMENTOS, MEDIANTE OCULTAÇÃO E DISSIMULAÇÃO, COM OS

No documento Ministério Público Federal (páginas 108-110)