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A coisa julgada coletiva se operará em desfavor de terceiros – erga omnes ou ultra

partes - quando houver suficiência de provas; na precariedade dos elementos probantes, a

quaisquer dos interessados será legítima a propositura de nova ação para tutelar o mesmo ob-jeto. Ou seja, na insuficiência de provas, não se forma coisa julgada material.

A ação rescisória é o instrumento para desconstituir a coisa julgada, isto é, mesmo depois de formada a coisa julgada material, será lícito a propositura de uma demanda para desconstituí-la. É um instrumento de exceção.

A legislação processual civil estabelece os motivos através dos quais a coisa julgada poderá ser rescindida, a saber: i) verificação de que a decisão de mérito foi fruto de prevarica-ção do juiz; ii) foi proferida por juiz impedido ou absolutamente incompetente; iii) é resultado de dolo ou coação da parte do vencedor em detrimento da vencida; iv) ofensa à coisa julgada; v) violação manifesta de norma jurídica; vi) obtenção de nova prova cuja existência o autor ignorava na época da propositura da ação; e vii) quando houver erro de fato. É possível, ade-mais, rescindir apenas parte da decisão de mérito. É o que consta no artigo 966190 do Código de Processo Civil.

A ação rescisória, assim, tem por objeto desfazer uma decisão de mérito que contrarie alguns dos pontos previstos no artigo 966 do Código de Processo Civil; ela poderá ser propos-ta pela parte ou seu sucessor, por um terceiro juridicamente interessado ou pelo Ministério Público. É a previsão do artigo 967 do Código de Processo Civil191.

Há um prazo para ajuizamento da ação rescisória: dois anos contados do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo192.

Não haverá necessidade de ação rescisória quando a ação coletiva receber julgamento de improcedência por insuficiência de provas. Neste caso, a coisa julgada ficará no campo formal, estando autorizado ajuizamento de nova ação coletiva por qualquer dos interessados e a qualquer prazo.

A ação rescisória será manejada, todavia, quando o julgamento em ação coletiva se der com robustez de provas, isto é, quando julgada com amparo em provas. Neste caso, a de-pender do preenchimento das condições previstas no Código de Processo Civil, poderá se falar em ação para desconstituir a coisa julgada.

I - se verificar que foi proferida por força de prevaricação, concussão ou corrupção do juiz;

II - for proferida por juiz impedido ou por juízo absolutamente incompetente;

III - resultar de dolo ou coação da parte vencedora em detrimento da parte vencida ou, ainda, de simulação ou colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei;

IV - ofender a coisa julgada;

V - violar manifestamente norma jurídica;

VI - for fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou venha a ser demonstra-da na própria ação rescisória;

VII - obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja existência ignorava ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável;

VIII - for fundada em erro de fato verificável do exame dos autos.

§ 1º Há erro de fato quando a decisão rescindenda admitir fato inexistente ou quando considerar inexistente fato efetivamente ocorrido, sendo indispensável, em ambos os casos, que o fato não represente ponto contro-vertido sobre o qual o juiz deveria ter se pronunciado.

§ 2º Nas hipóteses previstas nos incisos do caput, será rescindível a decisão transitada em julgado que, embora não seja de mérito, impeça:

I - nova propositura da demanda; ou

II - admissibilidade do recurso correspondente.

§ 3º A ação rescisória pode ter por objeto apenas 1 (um) capítulo da decisão 191 Art. 967. Têm legitimidade para propor a ação rescisória:

I - quem foi parte no processo ou o seu sucessor a título universal ou singular; II - o terceiro juridicamente interessado;

III - o Ministério Público:

a) se não foi ouvido no processo em que lhe era obrigatória a intervenção;

b) quando a decisão rescindenda é o efeito de simulação ou de colusão das partes, a fim de fraudar a lei; c) em outros casos em que se imponha sua atuação;

IV - aquele que não foi ouvido no processo em que lhe era obrigatória a intervenção.

192 Art. 975. O direito à rescisão se extingue em 2 (dois) anos contados do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo.

Por hipótese, imagine-se uma ação coletiva promovida por um particular cujo objeto seja proibir o funcionamento de um bar, após as 23h, no bairro em que o autor reside, sendo vizinho do estabelecimento comercial. Ante os critérios aqui adotados, se trata de ação coleti-va promovida por um particular. A ação é julgada improcedente. Ao Ministério Público será legítimo, em um prazo de dois anos, ajuizar ação rescisória para desconstituir o julgado se, neste caso, quando do recebimento da inicial, o juiz não intimar aquele Ministério da existên-cia desta ação.

De acordo com o Código de Defesa do Consumidor, o juízo competente para apreciar uma ação coletiva é aquele titular da cidade onde ocorrer o dano. Se o dano for de abrangên-cia nacional, será o juízo da capital do Estado ou do Distrito Federal. Por hipótese, ocorre um dano nacional na floresta amazônica e ajuíza-se uma ação coletiva no fórum da Comarca de Atalaia do Norte para preservar a floresta. A ação é julgada improcedente, mantendo-se, por ilustração hipotética, o desmatamento. Neste caso, por se tratar de juízo absolutamente in-competente, está autorizado, para desconstituir eventual coisa julgada, ajuizamento de ação rescisória.

As ações coletivas, ante a premissa adotada no presente trabalho, são aquelas cujos re-sultados sejam coletivos. Serão propostas por particulares (desde que sejam, também, titula-res, em eventual caso, de pretensão individual) ou por legitimados extraordinários.

No caso de ações ajuizadas por particulares, quando julgadas com suficiência de pro-vas, será legítimo propor ação rescisória, em se tratando de ação coletiva, quando os demais legitimados não forem intimados, não tiverem oportunidade de atuarem nos autos e quando não tiverem ciência daquela demanda.

Assim, como nos exemplos anteriormente citados, se não houver cumprimento do princípio da publicidade, intimando-se os eventuais interessados em participar de uma ação, de maneira a garantir o princípio da representatividade adequada, é possível falar, sempre dentro do prazo de dois anos, em ação rescisória.

É certo, de outro lado, que a estabilidade consubstanciada no princípio da segurança jurídica tem por objetivo, também, garantir um direito – o de não ser indiscriminadamente demandado – ao réu. Não se ignora que, nas ações coletivas, cujo viés é em regra atingir um anseio de toda coletividade, há uma conotação social bem significativa. É difícil alinhar pon-tos tão sensíveis do direito: o direito coletivo da comunidade em ver tutelado um bem comum

com o direito individual do réu em não ser indiscriminadamente sujeito passivo em ações ju-diciais sobre o mesmo tema.

O princípio da estabilidade, todavia, é um ideal do sistema; é preferível preservá-lo, sendo o caso, em detrimento até da busca pelos valores de justiça.

Estabelecida esta premissa, volta-se para os conceitos aqui entabulados: a identifica-ção de uma aidentifica-ção coletiva se faz a partir do resultado que o conteúdo pode produzir. É possí-vel, com partes diversas, causas de pedir ou pedidos diferentes, produzirem-se o mesmo resul-tado. Nessa hipótese, havendo uma segunda decisão de mérito, já finda, cujo conteúdo possa produzir o mesmo resultado de uma ação anterior, o réu estará legitimado para a propositura de uma ação rescisória.

É o caso da prova de rodeio. A primeira ação promovida pelo Ministério Público, em desfavor dos promotores do evento e cuja causa de pedir eram os maus tratos aos animais, é julgada improcedente. Ajuíza-se uma nova ação contra a prefeitura para impedir a concessão de alvará para a realização da mesma festa, sob o manto da mesma causa de pedir: os maus tratos aos animais. A ação contra a prefeitura é julgada procedente. Ao promotor do evento, salvo melhor juízo, será legítimo ajuizar ação rescisória invocando o primeiro julgado para tentar afastar a segunda decisão. Já há coisa julgada.

Questões bastante debatidas, em nível de ação coletiva, mormente aquelas que se re-ferem a direitos difusos, o meio ambiente, por exemplo, estão situadas no campo das ações julgadas com suficiência de provas, as quais produzem, portanto, coisa julgada material. Estão elas sujeitas ao prazo de dois anos para ajuizamento de ação rescisória com o objetivo de des-constituir o julgado?

Suponha-se que nova prova surja após os dois anos; será possível ajuizar ação rescisó-ria, mesmo vencidos seus prazos de ajuizamento? Zufelato faz uma reflexão sobre o tema e a dificuldade de resolver o problema do prazo da rescisória nesse contexto:

O tema, contudo, merece maior atenção em decorrência das peculiaridades das ações coletivas, seja quanto ao seu objeto de cunho social, seja quanto ao empréstimo de institutos cunhados na perspectiva individualista de processo.

A primeira e mais saliente característica ínsita dessas ações é a especial natureza dos direitos tutelados, envolvidos por uma relevância que lhes dá significativa conotação social, „alguns dos quais se inserem na categoria de direitos fundamentais da socie-dade, ou até mesmo da própria humanisocie-dade, como é o caso do meio ambiente‟. Re-gra geral, portanto, a má instrução probatória é um conflito transindividual, diferen-temente dos intersubjetivos, pode acarretar danos insuportáveis à coletividade, os quais não estão relacionados apenas com a justiça da decisão, mas em alguns casos com a própria sobrevivência – ou, no mínimo, com a existência digna e saudável – de certo grupo social.

Conforme retro alertado, basta pensar num caso envolvendo autorização para produ-ção de alimentos transgênicos. Se na colheita das provas para demonstrar a danosi-dade aos consumidores dos alimentos geneticamente modificados o autor coletivo não fez, por desconhecimento, uso de prova existente ao tempo da ação, que de fato atestasse a nocividade desses produtos, transitada materialmente em julgado a sen-tença, com a chancela de suficiência de provas, poderão tais alimentos continuar a ser produzidos e comercializados, a despeito de comprometerem a sadia qualidade de vida dos consumidores em escala nacional?

(...)

Mas, mesmo diante desse quadro, não se afigura razoável propor desconsideração do valor segurança jurídica no âmbito da tutela jurisdicional coletiva em prol da suposta justiça das decisões. A estabilização da sentença de improcedência com trânsito em julgado torna o objeto do processo imutável, e não convém, por razões de política judiciária, reverter tal regra inerente ao próprio fundamento da res iudicata e que, in-dependentemente da natureza e do interesse tutelado, é da própria essência do insti-tuto.193

A posição de Zufelato parece a mais adequada. O sistema tem que privilegiar a estabi-lidade, ainda que em detrimento do sentimento de justiça. O sistema não pode ignorar a exis-tência do réu, o qual não pode ficar descoberto e sujeito a um número sem limite de ações judiciais. Bem por isso, o prazo de dois anos para uma ação rescisória, salvo se outro vier a ser estabelecido, é peremptório.

O projeto de Lei n.º 5139/2011, do Código Brasileiro de Processo Coletivo prescrevia também a possibilidade de ajuizamento de ação rescisória. É o artigo 39 da propositura, a qual, contudo, não traz fixação de prazo, razão porque, ainda que venha a ser aprovado com esta redação, prevalece o prazo de dois anos para a ação rescisória194.

A ação rescisória é, de todo modo, uma exceção tendente a garantir o primado da jus-tiça. Serve para que uma decisão com trânsito em julgado, que tenha contrariado peremptori-amente o ordenamento, seja retirada do sistema. Aplica-se também em nível coletivo, servin-do ao interesse da comunidade, mas, também para atender o anseio servin-do réu que, por exemplo, em outro processo, já tiver sido partícipe enquanto sujeito passivo e, naquele processo, já tiver sido alvo de julgamento.

193 ZUFELATO, 2011, p. 367.

194 Art. 39. A ação rescisória objetivando desconstituir sentença ou acórdão de ação coletiva, cujo pedido tenha sido julgado procedente, deverá ser ajuizada em face do legitimado coletivo que tenha ocupado o polo ativo originariamente, podendo os demais co-legitimados atuar como assistentes. Parágrafo único. No caso de au-sência de resposta, deverá o Ministério Público, quando legitimado, ocupar o polo passivo, renovando-se-lhe o prazo para responder.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O reconhecimento das dimensões de direitos, a partir da chancela aos direitos de liber-dade (primeira dimensão) até se chegar aos direitos de solidarieliber-dade (terceira dimensão), re-presentou processo importante para o desenho, em nosso sistema processual, de um esquema conceitual dos direitos coletivos (difusos e coletivos estrito senso), e do estabelecimento de esquemas processuais, calcados, sempre, no princípio da inafastabilidade do poder judiciário para a tutela dos direitos coletivos e também para a tutela coletiva de determinados direitos individuais, chancelados como, sendo de origem comum, individuais homogêneos.

O eixo adotado no presente trabalho, no que se mostra como a premissa inicial do es-tudo, partiu da análise do reconhecimento dos direitos difusos e coletivos, adotando-se como referencial, numa perspectiva meramente didática, a conceituação de desenvolvimento histó-rico através da análise daquilo que se denominou como as dimensões de direitos.

A primeira dimensão de direitos reconhece os direitos essencialmente individuais; re-conhecidos institucionalmente, os direitos sociais integram a segunda dimensão e, finalmente, com a institucionalização dos direitos de solidariedade – os direitos difusos – surgem os direi-tos de terceira dimensão.

Este reconhecimento, fruto de um processo inacabado de formação de direitos huma-nos, foi bastante relevante para o estudo e a sistematização do processo coletivo, inclusive em nível supranacional. Em outras palavras, não fosse o processo de reconhecimento e formação dos direitos materialmente difusos, os direitos de solidariedade, a tutela coletiva não teria al-cançado o seu estágio atual, em que pese esteja ainda impregnada pelo processo individual em diversos pontos.

O sistema processual brasileiro é retrato significativo deste cenário: o reconhecimento dos direitos de terceira dimensão ocorrido no último quadrante do século XX. No Brasil, é no início da década de 1980 que começam a positivar-se dispositivos tendentes a reconhecer de-mandas – ação civil pública, mandado de segurança coletivo, ação de improbidade adminis-trativa – que, propostas por legitimados extraordinários e ajuizadas não apenas contra o

Esta-do, poderiam representar os interesses da comunidade. Antes disso, institucionalmente, ape-nas a ação popular estava disponível para a tutela de direitos do tipo difuso e restrita, apeape-nas, a desconstituir atos de agentes administrativos lesivos ao patrimônio público.

O nosso sistema processual, talvez calcado no liberalismo que impregnou o ocaso do século XIX e boa parte do século XX, ainda está essencialmente voltado para a resolução de lides individuais, o que se pode sentir mesmo no Código de Processo Civil editado em 2015.

É certo, todavia, que atento ao dinamismo das relações sociais, nosso legislador vem procurando desenhar e fixar conceitos alusivos ao processo coletivo. Depois da ação popular, regulada em lei de 1965 e cujo objeto era, ainda que com efeitos coletivos, afastar atos lesivos ao patrimônio público, apenas ao patrimônio público, o nosso legislador inseriu no ordena-mento jurídico a ação civil pública, o mandado de segurança coletivo e a ação ordinária cole-tiva. É o que se vê desde 1981 com a Lei n.º 6838, depois com a Lei de Ação Civil Pública de 1985 (Lei n.º 7.347), consolidando-se com o texto constitucional de 1988 e com o Código de Defesa do Consumidor de 1990 (Lei n.º 8078). Confirmando a preocupação com esta sistema-tização, há ainda um projeto de Código Brasileiro de Processo Coletivo (PL 5139/2011), for-matado por ilustres juristas e que se encontra parado no Congresso após o parecer contrário da Comissão de Constituição e Justiça.

O sistema processual coletivo, porém, não se esgota em si mesmo, buscando sua ar-gamassa no sistema do processual ordinário, o qual tem regras originais voltadas às resolu-ções de conflitos individuais.

Este modelo de resolução de conflitos, porém, estritamente individual, não se adequa exatamente às demandas coletivas; não é possível, por exemplo, identificar uma ação coletiva a partir da teoria da identidade tríplice: mesmas partes, mesma causa de pedir e mesmo pedi-do. Decorrem daí, a partir da impossibilidade de utilização do mesmo modelo do processo individual, diversos problemas.

Para tentar resolvê-los, estabelecemos que as ações serão coletivas se o resultado a ser produzido com o conteúdo constante na sentença atingir além das partes integrantes do pro-cesso. Para isso, agarrados ao princípio da inafastabilidade do poder judiciário, acreditamos que qualquer demanda, qualquer que seja o seu nome, quem quer que seja o seu autor, pode ter natureza coletiva: basta a verificação do resultado que o seu conteúdo pode produzir, eis que, atingindo além das partes, será uma demanda coletiva.

Destarte, o presente estudo procurou diferenciar as ações individuais das ações coleti-vas para, em seguida, identificar entre si as ações coleticoleti-vas. Ressalvamos que o particular terá legitimidade para ajuizar ação coletiva, se ele, o particular, for também titular do direito.

Inobstante a possibilidade de o particular ajuizar ação coletiva, será legítimo também àqueles que estão legalmente habilitados, por força de disposição de lei (Ministério Público, Defensoria Pública, União, Estados e Associação na defesa do interesse dos seus associados, ou na defesa do interesse de terceiros a depender da pertinência temática), a buscarem as vias do judiciário na defesa de interesses difusos, coletivos ou individuais homogêneos.

Como regra, a ninguém é dado o direito de defender interesses de terceiros; no caso, estamos diante de uma exceção, eis que a própria lei dá legitimidade, tanto ao particular que também tenha direito, como aos demais legitimados que tenham a prerrogativa de ajuizarem ações cujos resultados atingirão terceiros.

A partir disso, buscamos identificar as ações coletivas entre si, depois de as diferenci-armos das individuais, não em função das partes, até porque a qualquer um é dado o direito de ajuizar ação coletiva, tampouco do pedido ou da causa de pedir, mas a partir da identificação da relação jurídica que o conteúdo de uma sentença pode produzir.

Vários exemplos foram apresentados; retomemos alguns para facilitar didaticamente o entendimento da conclusão. Suponha-se que um cidadão ajuíze uma ação popular em desfavor do Município para anular um processo licitatório e o Ministério Público proponha uma ação civil pública com mesmo objetivo em desfavor da mesma parte. As causas de pedir e os pedi-dos serão os mesmos (lesividade ao patrimônio público e cancelamento da licitação, respecti-vamente), mas as partes serão diferentes. Pelos critérios adotados para o processo individual, as ações, cujos resultados seriam exatamente os mesmos, mas que por apresentarem partes diferentes, não seriam idênticas. Por tal razão, os critérios do processo individual para identi-ficar ações não se prestam ao processo coletivo. Para este, como o resultado a ser produzido pelo conteúdo da eventual sentença – seja na ação popular, seja na ação civil pública – é o mesmo, as ações serão idênticas mesmo que ajuizadas por partes diferentes.

Em um outro caso, admitiu-se como hipótese a tentativa do Ministério Público em pro-ibir a realização de rodeio em suposta cidade, ajuizando ação em desfavor de determinada empresa para a não realização do evento, ante supostos maus tratos causados aos animais, em defesa de direito difuso. O Ministério Público vê sua demanda julgada improcedente e apre-senta, por isso mesmo, uma nova ação que, embora com a mesma causa de pedir (os maus

tratos aos animais) é em desfavor do Município: pretende-se que este não conceda alvará de funcionamento para a realização do evento. Tem-se duas ações com a mesma causa de pedir, mas com partes diferentes e com pedidos igualmente diversos; o resultado procurado, entre-tanto, é o mesmo: a não realização do evento. Daí se tratar de duas ações iguais.

As ações coletivas ajuizadas por particulares, como a do sujeito que pretende ver a