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Ações propostas pelas lideranças para intensificar a preservação da APA

Santos (2000 apud CEARÁ, 2005), as condições materiais para a maior solidariedade organizacional com o resto do mundo. É neste contexto que a economia cearense vem sendo modernizada, baseando-se nas possibilidades advindas dos aportes científico-técnicos, construindo-se a partir da dialética entre a ordem global e a ordem local.

Alguns pontos dos espaços cearenses vêm sendo afetados por um processo de reestruturação produtiva, resultando da intensificação das relações econômicas tipicamente capitalistas, cujo âmago não é endógeno. Mas este processo se dá em áreas espaciais restritas, onde se observa a difusão de inúmeros sistemas de projetos associados aos transportes, às comunicações, à eletrificação, ao saneamento básico, à irrigação dentre outras, difundindo-se um meio técnico-científico-informacional, na cidade e no campo. Igualmente, ampliando-se uma nova sociabilidade e buscando erigir uma racionalidade condizente com a economia contemporânea, sustentada nos princípios da competitividade, palavra de ordem do presente.

Os investimentos fixos associados à irrigação (canais, barragens, perímetros irrigados, etc.), à eletrificação, aos transportes (construção de rodovias, do porto do Pecém e aeroporto), às comunicações, aos recursos hídricos (interligação de bacias hidrográficas, construção de importantes açudes como o Castanhão), vêm resultando em novas sociabilidades e em novas territorialidades em vários pontos do Estado, pontos de transformação da economia e do território e, assim, de expansão do meio técnico-científico- informacional no espaço agrário e urbano, promovendo novas horizontalidades e verticalidades Santos (1996 apud CEARÁ, 2005)e expandindo o processo de territorialização do capital e de monopolização do território cearense.

Essas mudanças vêm acelerando o processo de urbanização cearense, extremamente macrocefálica, uma vez que a Região Metropolitana de Fortaleza, em especial a cidade que lhe empresta o nome, concentra a maior parte da população, dos serviços, assim como do setor industrial, comandando toda a vida de relações, denotando uma das principais características do sistema urbano do Estado, ou seja, a fraca articulação entre as cidades e a forte concentração urbana na Região Metropolitana, dada por uma rede de cidades inexpressivas, na sua maior parte dependentes das atividades agropecuárias pouco importantes que se realizam nas áreas próximas.

2.2.1 A ocupação do litoral cearense

O final do século XX testemunhou notáveis transformações na ocupação da zona costeira no Ceará, devido à permissividade das políticas de preservação ambiental e controle urbanístico, ao longo de todo o litoral.

A perspectiva que se abre para o século XXI é de agravamento das transformações em razão dos investimentos governamentais em infra-estrutura para os grandes empreendimentos turísticos ao longo da costa, a construção do complexo industrial portuário do Pecém (promovendo um desenvolvimento para o oeste do eixo de desenvolvimento metropolitano, com grandes conseqüências para a região, como a criação de uma área industrial de empresas de transformação de grande porte e alto risco ambiental), a implantação de fazendas de camarão em todos os grandes estuários da costa cearense (afetando a pesca e o equilíbrio dos ecossistemas estuarinos), os processos erosivos verificados em diversos pontos do litoral (causando prejuízos materiais e despesas governamentais), interferências na dinâmica costeira, provocadas pela ocupação irregular e desordenada da orla, devendo aumentar sensivelmente o quadro erosivo ao longo desse século. (CAMPOS, et al, 2003, p. 145).

O diagnóstico do desenvolvimento histórico da urbanização e ocupação da Zona Costeira cearense revela que um dos fatores mais importantes, em termos de extensão territorial, é justamente a explosão imobiliária provocada pela valorização das zonas de praia, advindas dos fenômenos relacionados às novas práticas litorâneas, consolidadas nas residências de veraneio e, mais recentemente, nos equipamentos de lazer e turismo de massa (MONTENEGRO JR., 2004).

Para este mesmo autor, estas práticas litorâneas tornam-se problemas extremamente complexos e que podem causar uma série de impactos à zona costeia devido a sua intensa ocupação, e isto demonstra uma quase que total falta de controle e gestão sobre o meio ambiente e o território, no Ceará e nos demais estados brasileiros, mesmo com inúmeras leis ambientais e iniciativas de planejamento e controle, especialmente após a obrigatoriedade dos planos diretores de desenvolvimento urbano – PDDUS, na Constituição Federal de 1988.

Os PDDUs são instrumentos fundamentais para o desenvolvimento sustentado no município e de muita importância para todos os agentes econômicos, pois sugere os tipos de atividades produtivas e as áreas mais convenientes para sua implantação, a partir de uma correta avaliação das restrições para o pleno desenvolvimento de sua economia. Estes documentos são de interesse das prefeituras e também da sociedade, pois neles estão contidas informações sobre vários problemas sócio-econômicos e ambientais encontrados no município, assim como proposições de soluções para a melhoria da qualidade de vida da população a que ele se refere (PARACURU, 2002).

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As várias formas de usos e ocupação do litoral têm exigido uma compreensão das diversas atividades praticadas e pretendidas, como também a necessidade de elaborar critérios bem definidos para a distribuição espacial e a harmonização das atividades, isto é, um planejamento integrado que resulta em uma ação eficaz da gestão, para tentar mediar e conciliar os possíveis conflitos de uso pelo espaço e pelos recursos naturais. O crescimento urbano descontrolado gera uma discussão sobre o motivo que faz com que este processo ocorra de forma generalizada e simultaneamente em vários municípios.

Assim fica constatada a relação da problemática ambiental das zonas costeiras com a ineficiência dos diversos instrumentos da gestão do território cuja razão deve ser compreendida num contexto mais amplo, desde as origens que remontam ao passado.

2.3 Fundamentação teórica e de base legal para as leis ambientais

Este item aborda o histórico da criação da Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA e do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA, e detalha as competências de algumas das instituições criadas, tanto na esfera nacional como na estadual e municipal.

2.3.1 A criação da Política Nacional do Meio Ambiente e os órgãos do Sistema Nacional do Meio Ambiente

Fazendo-se um breve histórico sobre a legislação brasileira, encontraremos inúmeras leis e decretos como as das décadas de 30 e 40 que dispunham de dispositivos legais sobre aspectos específicos relacionados ao meio ambiente, mas com poucas conseqüências efetivas para a sua proteção. Citem-se como exemplos: o "antigo" Código Florestal (Decreto 23.793/34); o Código de Águas (Decreto 24.634/34); a Regulamentação sobre Tombamento (Decreto-lei 25/37); a Regulamentação sobre Pesca (Decreto-lei 794/38); o Código Penal (Decreto-lei 2.848/40); e, dentre outras a Lei de Contravenções Penais (Decreto-lei 3.688/41) Pessoa (2006).

Nas décadas de 60 e 70 foram editadas normas mais diretamente dirigidas à prevenção e controle da degradação ambiental. Registre-se entre estas: o "Novo" Código Florestal (Lei 4.771/65); o Código de Minas (Decreto-lei 227/67); a Lei de proteção à fauna (Lei 5.197/67); o Código de Pesca (Decreto-Lei 221/67); a Regulamentação sobre Poluição

das águas por óleo ou outros detritos (Lei 5.35767), revogada pela Lei 9.966/00, que dispõe sobre a prevenção, o controle e a fiscalização da poluição causada por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas em águas sob jurisdição nacional); a Legislação ambiental do Estado do Rio de Janeiro (Decreto lei 134175, que cria a Comissão Estadual de Controle Ambiental - CECA, e Decreto 1.633177, que institui o Sistema de Licenciamento de Atividades Poluidoras - SLAP); a Lei dispondo sobre "Danos Nucleares" (Lei 6.453177); e, dentre outras a Lei sobre Parcelamento do Solo Urbano (Lei 6.766179) Pessoa (2006).

Nas décadas de 80 e 90 e a partir de 2000, a legislação ambiental brasileira passa a se desenvolver com maior consistência. Foram instituídos diplomas legais mais ambiciosos, voltados à proteção do patrimônio ambiental do Brasil e segundo uma visão global e sistêmica. Seguem, abaixo, alguns destes instrumentos legais: o Zoneamento Industrial (Lei 6.803/80); a Regulamentação de Áreas de Proteção Ambiental e Estações Ecológicas (Lei 6.902/81) e somente no ano de 1981, o Brasil instituiu sua Política Nacional para o Meio Ambiente (PNMA), por meio da Lei de nº 6.938. O objetivo principal deste instrumento é compatibilizar o desenvolvimento econômico e social, com a preservação da qualidade e do equilíbrio do meio ambiente (PESSOA, 2006, p. 25).

Para implementação da PNMA, a própria lei que a criou instituiu a criação de um Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), com um órgão colegiado de caráter deliberativo denominado de Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), para trabalhar diretamente com os organismos ambientais estaduais em suas atribuições e competências. A este órgão estão listadas, de acordo com Brasil (2009) as seguintes atribuições, de acordo com a PNMA:

I - estabelecer, mediante proposta do IBAMA, normas e critérios para o licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, a ser concedido pelos Estados e supervisionado pelo IBAMA;

II - determinar, quando julgar necessário, a realização de estudos das alternativas e das possíveis conseqüências ambientais de projetos públicos ou privados, requisitando aos órgãos federais, estaduais e municipais, bem assim a entidades privadas, as informações indispensáveis para apreciação dos estudos de impacto ambiental, e respectivos relatórios, no caso de obras ou atividades de significativa degradação ambiental, especialmente nas áreas consideradas patrimônio nacional.

III - decidir, como última instância administrativa em grau de recurso, mediante depósito prévio, sobre as multas e outras penalidades impostas pelo IBAMA;

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IV - homologar acordos visando à transformação de penalidades pecuniárias na obrigação de executar medidas de interesse para a proteção ambiental;

V - determinar, mediante representação do IBAMA, a perda ou restrição de benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público, em caráter geral ou condicional, e a perda ou suspensão de participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito;

VI - estabelecer, privativamente, normas e padrões nacionais de controle da poluição por veículos automotores, aeronaves e embarcações, mediante audiência dos Ministérios competentes;

VII - estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle e à manutenção da qualidade do meio ambiente com vistas ao uso racional dos recursos ambientais, principalmente os hídricos.

Esta legislação em âmbito federal favoreceu, entre outros aspectos, a possibilidade de as unidades da federação constituírem suas políticas ambientais.

O Estado do Ceará instituiu a Lei nº 11.411 em 28 de dezembro de 1987, estabelecendo a Política Estadual do Meio Ambiente, com diretrizes administrativas e técnicas destinadas a orientar a ação governamental na utilização racional, conservação e preservação do meio ambiente, em consonância com o PNMA, e regulamentando a criação do Conselho Estadual do Meio Ambiente – COEMA (PESSOA, 2006).

Constituição do Estado do Ceará, publicada em 1989 traz em seu artigo 259 como prerrogativa, o dever de defesa e preservação, por parte do Estado e da própria comunidade, do meio ambiente equilibrado e uma sadia qualidade de vida, como direitos inalienáveis do seu povo. Para tanto, prevê a criação de um órgão deliberativo e colegiado - COEMA, cujo objetivo, de acordo com Ceará (2009b) é estudar, controlar e planejar a utilização do meio ambiente, tendo como competências:

I - Examinar e aprovar os planos anuais e/ou plurianuais da Superintendência Estadual do Meio Ambiente - SEMACE;

II - Colaborar com a Superintendência Estadual do Meio Ambiente e com outros órgãos públicos e particulares na solução dos problemas ambientais do Estado;

III - Sugerir ao Chefe do Poder Executivo medidas destinadas a preservar o meio ambiente do Estado;

IV - Estimular a realização de campanhas educativas, para mobilização da opinião pública, em favor da preservação ambiental.

V - Promover e estimular a celebração de Convênios, ajustes e acordos, com entidades públicas e privadas para execução de atividades ligadas aos seus objetivos;

VI - Coordenar, em comum acordo com a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente a implantação e execução da política estadual do Meio Ambiente;

VII - Estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle e à manutenção da qualidade do meio ambiente (natural e construído) com vistas à utilização, preservação e conservação dos recursos ambientais;

VIII - Sugerir aos organismos públicos estaduais, em caráter geral ou condicional, que imponham aos agressores do ambiente a perda ou restrição de benefícios fiscais concedidos, bem como a perda ou suspensão de participação em linhas de financiamentos de estabelecimentos estaduais de crédito;

IX - Sugerir a SEMACE a suspensão das atividades poluidoras, contaminadoras e degradadoras do ambiente;

X - Estimular e colaborar com a criação de Conselhos Municipais de Defesa do Meio Ambiente – COMDEMA’s

XI - Decidir sobre assuntos encaminhados a sua apreciação pela Secretaria Executiva do Colegiado;

XII - Executar outras atividades correlatas.

Ainda no âmbito estadual, o Ceará possui o conselho de políticas e Gestão do Meio Ambiente – CONPAM, órgão criado pela Lei 13.875, de 2007, que responsável pelo planejamento e implementação das políticas ambientais no estado.

O CONPAM tem como missão promover a defesa do meio ambiente, bem como formular, planejar e coordenar a política ambiental do estado do Ceará, de forma participativa e integrada em todos os níveis de governo e sociedade, com vistas a garantir um meio ambiente ecologicamente equilibrado, economicamente viável e socialmente justo para a presente e as futuras gerações (CEARÁ, 2009b).

Pertence ao CONPAM as seguintes competências:

I - Elaborar, planejar e implementar a política ambiental do Estado; II - Monitorar e avaliar a execução da política ambiental do Estado;

III - Promover articulação interinstitucional nos âmbitos federal, estadual e municipal e estabelecer mecanismos de participação da sociedade civil;

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IV - Efetivar a sintonia entre sistemas ambientais federal, estadual e municipais;

V - Fomentar a captação de recursos financeiros através da celebração de convênios, ajustes e acordos com entidades públicas e privadas, nacionais e internacionais, para a implementação da política ambiental do Estado;

VI - Propor a revisão e atualização da legislação pertinente ao sistema ambiental do Estado; VII - Coordenar o sistema ambiental estadual;

VIII - Exercer outras atribuições necessárias ao cumprimento de suas finalidades nos termos do regulamento.

De acordo com (CEARÁ, 2009a), a Superintendência Estadual do Meio Ambiente - SEMACE, como órgão executivo ambiental do estado do Ceará, possui as seguintes competências:

I - Executar a Política Estadual de Controle Ambiental do Ceará, dando cumprimento às normas estaduais e federais de proteção, controle e utilização racional dos recursos ambientais e fiscalizando a sua execução;

II - Estabelecer os padrões estaduais de qualidade ambiental;

III - Administrar o licenciamento de atividades poluidoras do Estado do Ceará; IV - Estabelecer o zoneamento ambiental do Estado do Ceará;

V - Controlar a qualidade ambiental do Estado, mediante levantamento e permanente monitoramento dos recursos ambientais;

VI - Adotar as necessárias medidas de preservação e conservação de recursos ambientais, inclusive sugerir a criação de áreas especialmente protegidas, tais como, Estações Reservas Ecológicas, Áreas de Relevante Interesse Ecológico e Parques Estaduais; VII - Exercer o controle das fontes de poluição, de forma a garantir o cumprimento dos

padrões de emissão estabelecidos;

VIII - Aplicar, no âmbito do Estado do Ceará, as penalidades por infrações à legislação de proteção ambiental, federal e estadual;

IX - Baixar as normas técnicas e administrativas necessárias a regulamentação da Política Estadual de Controle Ambiental com prévio parecer do Conselho Estadual do Meio Ambiente;

X - Promover pesquisas e estudos técnicos no âmbito da proteção ambiental, concorrendo para o desenvolvimento da tecnologia nacional;

XI - Desenvolver programas educativos que concorram para melhorar a compreensão social dos programas ambientais;

XII - Celebrar convênios, ajustes, acordos e contratos com entidades públicas e privadas, nacionais ou internacionais para execução de atividades ligadas aos seus objetivos.

Os órgãos ou entidades municipais, também são responsáveis pelo controle e fiscalização das atividades que dizem respeito ao meio ambiente, nas suas respectivas jurisdições, ficando esta responsabilidade a cargo das Secretarias de Meio Ambiente Municipais e aos Conselhos Municipais de Defesa do Meio Ambiente - COMDEMA’s, sendo o primeiro um órgão executivo e o segundo podendo ser deliberativo, normativo, consultivo e ou recursivo.

Essa hierarquização existe para melhor atender aos diferentes confrontos que há na aplicação das leis, onde os órgãos Federais, Estaduais e Municipais devam fazer o seu papel como agentes reguladores das leis ambientais. Assim, fica sendo de competência da União, dos Estados, Distrito Federal e dos Municípios protegerem e preservar florestas, fauna e flora, combatendo a poluição, mantendo o meio ambiente ecologicamente equilibrado, a bem do uso comum do povo e essencial a sadia qualidade de vida, garantindo a preservação para as gerações futuras.

Desta forma, percebe-se a importância destes instrumentos de planejamento absolutamente legítimos, cuja ausência pode resultar em distorções na área ambiental, acarretando em prejuízos para a coletividade em escala espacial e temporal.

“As normas ambientais anteriores a PNMA têm como característica serem menos abrangentes, enfocando o meio ambiente de uma forma mais restrita, fragmentada, como a exemplo do Código Florestal de 1965” (PESSOA, 2006, p. 24).

Nos anos seguintes, após a criação da PNMA inúmeros eventos entre nações compromissadas com o meio ambiente ocorreram, como por exemplo, as conferências da década de 90, Rio-92 e Habitat 11 e mais recentemente a Convenção das Nações Unidas sobre Mudança Climática, de 1992, o Protocolo de Kyoto (negociado e firmado por mais de 150 nações em 1997) e a Rio+ 1O em Johanesburgo, no ano de 2002.

Nos últimos vinte anos, vários sistemas e entidades multilaterais, como o Banco Mundial, o Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF), o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), dentre outras, foram criadas para articular, catalisar e dar suporte técnico e institucional para a gestão ambiental no país (PESSOA, 2006).

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Seguindo com o histórico de criação das leis ambientais após a criação da PNMA, podemos citar a Lei de Ação Civil Pública (Lei 7.347/85); a Regulamentação do Gerenciamento Costeiro (Lei 7.661/87); a Constituição da República de 1988; a Lei de Agrotóxicos (Lei 7.802/89); a Regulamentação do Patrimônio Genético, Biodiversidade e Organismos Geneticamente Modificados (Lei 8.974/95); a lei dispondo sobre o Amianto (Lei 9.055/95); a Instituição da Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei 9.433/97); a Lei de Crimes ambientais e sanções administrativas ambientais (Lei 9.605/98); a Lei de Educação ambiental (Lei 9.795/99); a Regulamentação referente a Poluição por óleo (Lei 9.966/00); a Criação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza, "lei do SNUC", (Lei 9.985/00), a qual será estudada mais profundamente nos itens seguintes deste estudo; e, dentre outras, o Estatuto da Cidade (Lei 10.257/01).

Importante ressaltar que a legislação brasileira permite a utilização de instrumentos de planejamento ambiental e urbano que articulados entre si possibilitam efetividade, eficiência e eficácia na consecução da gestão ambiental, levando-se em consideração as bases do desenvolvimento sustentável, entre estas: a manutenção da qualidade ambiental em escala temporal e espacial (PESSOA, 2006, p. 26)

2.4 Fundamentação teórica e de base Legal para as Unidades de Conservação no Brasil

Este item foi destinado ao esclarecimento do atual conceito de Unidades de Conservação (UC) e a sua realidade. São relatados processos desde a criação até o manejo ideal para as suas sustentabilidades de acordo, principalmente, com as bases legais.

Para uma melhor compreensão do processo de criação, caracterização e função de uma Unidade de Conservação, foi feito um breve histórico da criação das UCs no Brasil, seguido de uma descrição das duas grandes classes de unidades de conservação, e por fim das Áreas de Proteção Ambiental (APAs).

2.4.1 A criação e classificação das UCs

Devido ao avanço da destruição de vários ecossistemas, muitas Organizações Não Governamentais - ONGs e Organizações Governamentais - OGs, juntamente com

empresários, administradores, cientistas e a sociedade, passaram a se preocupar com a criação e proteção das unidades de conservação.

Hoje, torna-se cada vez mais necessária a atenção quanto à proteção da natureza, considerando as mudanças climáticas, a exploração exaustiva dos recursos naturais e o aumento demográfico evoluindo para as pressões humanas nas grandes e médias cidades sobre as áreas de bacias hidrográficas e comumente, sobre as unidades de conservação.

Neste sentido, o Fórum Global – Eco Rio em 1992 debateu exaustivamente acerca das conseqüências da explosão demográfica, a destruição de grandes áreas florestadas e o comprometimento do recurso água como o bem mais precioso a todos os seres vivos do planeta. Neste Fórum, exortou-se aos países signatários especial atenção às questões de preservação dos ecossistemas frágeis, buscando minimizar o esgotamento dos recursos não-renováveis e permanecer nos limites da capacidade de suporte do planeta. (MOTA et al. 2002, p. 755)

Segundo UICN, PNMA e WWF (1991 apud MOTA et al):

a ética baseia-se na confiança de que as pessoas são uma força criativa e no valor de cada indivíduo e de cada sociedade. Reconhece a interdependência das comunidades humanas e o dever de cada um em preocupar-se com seus semelhantes e com as gerações futuras. Ela reivindica a responsabilidade humana sobre as outras formas de vida com as que compartilham o planeta. Também reconhece que a Natureza deve ser cuidada.(2002, p. 755).

Problemas como o mau gerenciamento das florestas, o controle inadequado de queimadas, o desmatamento causado pela exploração comercial insustentável de madeira, pastoreio demasiado e os efeitos maléficos dos poluentes levados pelo ar provocam a degradação dos solos e das fontes de água, perda da vida silvestre e da diversidade biológica e agravamento do aquecimento global. Estes problemas agregados à especulação imobiliária e a ocupação clandestina estimulam a degradação ambiental na forma de desmatamento, caça e poluição, comprometendo com o passar dos anos as bacias hidrográficas de relevante interesse para o abastecimento de água potável para uma população crescente nas cidades

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