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V PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS MERCADOS A VISTA

V.IV Açúcar

O açúcar é extraído da cana-de-açúcar e da beterraba, tendo composição idêntica independente da sua fonte. O açúcar de beterraba é produzido principalmente por países desenvolvidos (Europa e EUA) e o açúcar proveniente da cana de açúcar é produzido por países tropicais em desenvolvimento. O açúcar de cana em sua primeira etapa de produção é conhecido como açúcar cru ou demerara. De seu processamento, resulta o açúcar cristal especial. A etapa seguinte é a transformação em açúcar refinado67. O açúcar branco ou refinado é destinado ao

consumidor final. Os países em desenvolvimento exportam normalmente açúcar cru, e os países desenvolvidos exportam açúcar refinado.

A União Européia é a maior produtora mundial de açúcar, seguida da Índia e do Brasil, que apresenta um baixo custo de produção, entre os três menores do mundo. Individualmente, no entanto, Índia e Brasil são os maiores produtores mundiais. O consumo de açúcar no Brasil, proveniente da cana, é o terceiro maior do mundo, abaixo da Índia e da União Européia, e similar ao da China e dos EUA. Apesar da União Européia ser em conjunto a maior exportadora mundial, o Brasil é o país que individualmente exporta a maior quantidade do produto, tanto açúcar cru como refinado. Entre os maiores exportadores estão também Austrália, Tailândia e Cuba. Boa parte dos principais participantes deste mercado adotam políticas de subsídio e protecionismo na produção de açúcar, entre eles França, Alemanha, EUA, Japão e China, e apenas 20% do total exportado de açúcar no mercado mundial se dá de forma livre. Como apenas um pequeno volume de açúcar é transacionado livremente, uma pequena alteração na produção total pode representar um grande

aumento na oferta do produto no mercado internacional, o que justifica em parte a alta volatilidade histórica dos preços do açúcar no mercado mundial.

A Organização Internacional do Açúcar, associação entre exportadores e importadores, monitora as transações internacionais deste produto. Os principais importadores são Rússia, EUA, China, Japão e países da União Européia.

Grande parcela da produção do setor sucroalcooleiro no Brasil é destinada à produção de álcool, e o restante à de açúcar que, além do uso como adoçante para o consumidor final, serve como insumo em indústrias de bebida, balas e chocolates, entre outros produtos 68 (em torno de 60% da cana vai para a produção de álcool e

40% para a produção de açúcar). A demanda pelo álcool tem diminuído sensivelmente nos últimos anos devido à queda do número de veículos que utilizam este combustível (menos de 1% dos veículos produzidos em 1997 são movidos a álcool).

O governo controla o preço interno do açúcar através do tabelamento da cana de açúcar e do álcool hidratado. Até meados da década de 90, o governo também limitava o volume de açúcar a ser exportado via sistema de cotas, mas atualmente a exportação de açúcar está liberada. O preço do álcool, por sua vez, é determinado indiretamente pelo preço do petróleo, que tem apresentado tendência declinante nos últimos anos. O controle do preço da cana e do álcool hidratado estava previsto para ser liberado no final de 1998 (o álcool, de qualquer forma, já estava sendo vendido por um preço abaixo do preço de tabela).

Os principais compradores domésticos de açúcar são: indústrias de bebidas e de alimentos, atacadistas, refinarias e traders. As indústrias têm uma importância grande no consumo de açúcar no Brasil, o que torna o desempenho industrial importante na determinação do nível de consumo deste produto. Existem centenas de usinas de açúcar no Brasil, sendo a maior concentração de moagem nos estados da região Centro-Sul. A produção de açúcar está concentrada no estado de São

Paulo, seguido, com participação bem menor, dos estados de Alagoas e Pernambuco.

É possível identificar uma tendência sazonal na venda do açúcar produzido em São Paulo, com maior volume nos meses de safra, entre maio e novembro, e declínio nos primeiros meses do ano. A safra dos estados nordestinos ocorre entre setembro e março. A sazonalidade das vendas está mais vinculada ao nível das exportações do que às vendas para o mercado interno69. O preço internacional do açúcar não

segue uma tendência sazonal clara, no entanto, pois é um produto homogêneo produzido em vários locais ao redor do mundo.

O açúcar tem como principais referências de preço internacionais: o contrato de açúcar cru da Coffee, Sugar & Cocoa Exchange nos EUA, o contrato de açúcar refinado da London Futures and Options Exchange (FOX), e os contratos de açúcar cru da Tokyo Sugar Exchange e da Osaka Sugar Exchange.

V.V - Algodão

O Brasil já foi um grande exportador de algodão na década de 70, mas devido à crise do setor e à influência negativa do governo, que pretendia beneficiar a indústria têxtil facilitando a importação do produto, o país passou a se colocar entre os três maiores importadores de algodão no mundo, juntamente com a China e Rússia. Sua importância econômica para o Brasil é grande, principalmente como matéria-prima para a indústria têxtil.

Os maiores produtores mundiais de algodão são China e EUA.

O Brasil chegou a produzir 740 mil toneladas de algodão em pluma por ano no início da década de 80. A safra de 96/97, no entanto, foi de apenas 307 mil toneladas, uma das menores safras dos últimos anos, enquanto o consumo interno neste período foi de 830 mil toneladas. A safra de 520 mil toneladas no período 97/98

69Burnquist, Heloísa L. & Bacchi, Mirian R. P. “Sazonalidade no Mercado de Açúcar”. Revista Preços

indica um reaquecimento deste setor, impulsionado, entre outros fatores, pela medida provisória editada em março de 1997 que determinava o alongamento do prazo médio de pagamento das importações. Esta medida incentivou a produção interna em detrimento das importações70.

As principais regiões produtoras de algodão no Brasil atualmente são Centro-Oeste e Sudeste, seguidos com menor participação das regiões Nordeste e Sul. Os principais estados produtores são: São Paulo, Paraná, Bahia, Goiás, Minas Gerais, Ceará e Mato Grosso.

Atualmente a cultura de algodão passa por um processo de aumento de produtividade. Os estados de Goiás e Mato Grosso se caracterizam como novas regiões produtoras, utilizando um sistema de produção com colheita mecanizada, maiores áreas de produção e novas variedades de algodão, diferente das regiões produtoras tradicionais, como São Paulo e Paraná, cuja produção se baseia em pequenas propriedades.

Mundialmente, os contratos futuros e opções de algodão e derivados são negociados principalmente na New York Cotton Exchange (NYCE), na Tokyo Commodity Exchange e na Nagoya Textile Exchange.

70Rezende, Gervásio & Nonnenberg, Marcelo. “O Caso do Algodão”. Revista Agroanalysis. Abril 1998.

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