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2. ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA – UMA BREVE

2.4. Século XX – Palco de grandes avanços metodológicos

2.4.3. A Abordagem Comunicativa (The Communicative Approach)

Fonte: BROWN, H. Douglas. Principles of Language Learning and Teaching. 4th Ed. White Plains, New York:

Longman, 2000.

2.4.3 A Abordagem Comunicativa (The Communicative

e passando a incorporar visões de aprendizagem e de linguagem que tenham como objetivo a promoção de uma educação que viabilize a habilidade de se comunicar efetivamente com o outro.

Transformar a sala de aula em um ambiente de comunicação autêntica serve ao real propósito de se aprender e ensinar línguas. Lembramos que o ser humano tem necessidade de se comunicar, de entender sua própria realidade, de interagir com o outro, que tanto pode dominar os mesmos códigos lingüísticos, como pertencer a grupos de culturas e línguas diferentes.

Segundo Berger e Luckmann, “A vida cotidiana é, sobretudo a vida com a linguagem, e é por meio dela que participo com meus semelhantes. A compreensão da linguagem é, por isso, essencial para minha compreensão da realidade da vida cotidiana” (1995:57).

Portanto, o enfoque central está na questão da linguagem como capacidade de comunicação entre os seres humanos e de sua importância, visto que ela é, segundo Saussure, um fato social que “... na vida dos indivíduos e das sociedades (...) constitui fator mais importante que qualquer outro” (2002:14).

É nesse sentido que a aplicação da Abordagem Comunicativa nas salas de aula, ao invés de métodos estruturalistas, precisa adentrar os muros das escolas públicas e privadas brasileiras, mesmo que com adaptações, já que o ambiente ideal com poucos alunos não é comum nesses estabelecimentos de ensino.

A flexibilidade encontrada em relação a essa abordagem explica-se no fato de não ser ela um método, mas por estar ligada, segundo RICHARDS & RODGERS (2001), a um conjunto de princípios que reflete uma visão de linguagem permeada por uma visão de aprendizagem comunicativa que pode se valer de técnicas e estratégia de diferentes métodos para facilitar o aprendizado.

Um exemplo disso está no uso da repetição, técnica intimamente ligada ao Método Audiolingual, só que não em excesso, apenas quando o professor sentir que ela irá contribuir com

o processo de aprendizagem. Explicações gramaticais e o uso da tradução também acontecem, mas de forma cuidadosa, sempre visando facilitar a comunicação.

Seguindo a mesma linha de raciocínio de Totis em relação à adequação dessa abordagem ao momento atual de intensa troca de informações e, portanto, de busca pela competência comunicativa, destacamos a seguinte colocação de Warschauer:

A ênfase da Abordagem Comunicativa na interação funcional, ao invés de no alcance da perfeição lingüística de falantes nativos, corresponde aos imperativos da nova sociedade, na qual o inglês é compartilhado entre muitos grupos de falantes não nativos em oposição ao inglês dominado pelos britânicos e americanos (WARSCHAUER, 2000, p.01) (tradução minha).51

O método Audiolingual, ao contrário, coloca grande ênfase na ‘pronúncia perfeita’, ou seja, o falante deve ser forçado a imitar, no caso da língua inglesa, o sotaque de americanos ou britânicos. Já a Abordagem Comunicativa entende que o objetivo é ter um tipo de pronúncia que permita que a comunicação aconteça, não importando se a pessoa tem pronúncia americana ou não. Na atualidade, quando tantos povos estão falando inglês com diferentes sotaques, a busca pela imitação do sotaque deste ou daquele povo não faz mais sentido.

A preocupação com o aprendizado de uma outra língua, sob a perspectiva da comunicação, da funcionalidade e da praticidade, está expressa nos PCNs de Língua Estrangeira:

O desenvolvimento de habilidades comunicativas, em mais de uma língua, é fundamental para o acesso à sociedade da informação. Para que as pessoas tenham acesso mais igualitário ao mundo acadêmico, ao mundo dos negócios e ao mundo da tecnologia, etc., é indispensável que o ensino de Língua Estrangeira seja entendido e concretizado como o ensino que oferece instrumentos indispensáveis de trabalho (1998, p.38).

Porém, como pensar, principalmente, em um ensino público eficaz de língua estrangeira que seja adequado ao momento presente de globalização, se os professores não apresentarem

51 “The emphasis of the communicative approach on functional interaction, rather than on achieving native-like perfection, corresponds to the imperatives of the new society, in which English is shared among many groups of non-native speakers rather than dominated by British or Americans” (2000, p.01). Texto original disponível em:

http://www.gse.uci.edu/markw/default.html .

embasamento teórico adequado para tal? Como pensar em adequar o ensino de língua inglesa às evoluções tecnológicas quando nas escolas ainda se lança mão de metodologia estruturalista antiquada baseada no método de Tradução e Gramática que dominou o ensino de línguas estrangeiras na Europa no século XIX?

Que os computadores estão aos poucos chegando às escolas, é fato. Que saber lidar tecnicamente com eles não é complicado, também é fato, principalmente com todas as facilidades de manuseio que os softwares proporcionam a seus usuários. No entanto, mesmo que a tecnologia mais moderna do mundo chegue de fato a todas as escolas brasileiras, com laboratórios equipados com computadores, softwares educativos e acesso à Internet, se os docentes não estiverem devidamente preparados em termos metodológicos para saberem lidar com recursos tão ricos, não teremos um resultado satisfatório, podendo, inclusive, complicar ainda mais a situação do ensino brasileiro.

Saber que caminhos tomar em uma sala de aula de língua estrangeira implica ter conhecimento do variado leque de metodologias que foram desenvolvidas para atender as diferentes necessidades dos aprendizes.

O próximo capítulo apresentará uma análise da adequação do ensino de língua inglesa ao contexto das NTICs e continuará a enfocar a Abordagem Comunicativa como metodologia que melhor se enquadra às necessidades atuais da sociedade. A análise prosseguirá tratando do desenvolvimento de competências comunicativas, enfocando também o ensino baseado em tarefas The Task Based Language Teaching, o qual é apresentado, por alguns teóricos como um desenvolvimento lógico da Abordagem Comunicativa.

3. As Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação Aplicadas ao Ensino de Língua Inglesa

O foco de várias discussões a respeito dos rumos que a Educação vem tomando no presente século gira em torno da melhor maneira de se aplicar as Novas Tecnologias da Informação e Comunicação – NTICs - ao ensino em geral, tendo como pano de fundo a questão da inclusão digital/social. A principal preocupação deste estudo, além de abordar esse aspecto, é analisar a adequação do ensino de língua inglesa às atuais demandas da nossa sociedade para que se possa tirar melhor proveito das inúmeras vantagens que as NTICs vêm oferecendo, principalmente quando pensamos em nível de ensino de língua inglesa e Internet.

Os capítulos anteriores abordaram os efeitos da globalização da economia em nossa sociedade, com ênfase nas transformações ocorridas nos âmbitos do trabalho e da educação e, em relação ao ensino de língua estrangeira, nas mudanças metodológicas que acompanham as diferentes fases da sociedade em relação à necessidade de comunicação, bem como a importância que o idioma inglês vem assumindo nos processos comunicacionais da sociedade contemporânea.

Dando continuidade a esse estudo, o presente capítulo apresenta uma análise mais específica do papel que a língua inglesa assume hoje como língua global na chamada “sociedade da informação”52 de suas conexões com as NTICs, principalmente quando estas são aplicadas ao ensino do idioma em destaque.

52 O conceito de sociedade da informação vem sendo utilizado por vários autores, entre eles Daniel Bell (2000), no sentido de uma sociedade que já superou os pressupostos do capitalismo e, portanto, deixaria de ter o trabalho como categoria central para passar a ter a informação como essa categoria. Neste estudo o termo “sociedade da informação” não estará sendo utilizado com este referencial, mas sim, referindo-se a tendência da informação assumir cada vez mais espaço na sociedade contemporânea. Ressalte-se, mais uma vez, não adotamos aqui o viés pós-moderno que dá por encerrada a modernidade e a sociedade capitalista, mas reconhecemos a importância da informação na conjuntura atual.