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Agora, precisamos voltar para o segundo dos dois textos que você admite que talvez dê apoio à minha posição sobre o “livre-arbítrio”, embora você realmente negue que assim seja. Qual é o seu argumen-to? Lemos em Gênesis 25.23: “E o mais velho servirá o mais moço”.

E a sua “explicação” é algo como: “Corretamente compreendida, essa passagem não diz respeito à salvação; pois Deus pode querer que um homem seja um servo e um mendigo, sem que seja rejeitado para a sal-vação eterna”.

Que mente escorregadia você tem, ao tentar escapar da verda-de! Mas você não pode escapar. Pense no uso que Paulo fez desse texto, em Romanos 9.12,13. Estaria Paulo torcendo as Escrituras, ao mesmo tempo em que lançava os fundamentos da doutrina cristã?

Certamente que não! Jerônimo ousou comentar: “As coisas têm uma força, nos escritos de Paulo, que não possuem em seu contexto origi-nal”. Jerônimo pode dizer tal coisa, mas isso não prova nada. Pessoas como Jerônimo nem compreendem Paulo e nem os trechos bíblicos por ele citados. Não posso concordar que Gênesis 25.21,23 refira-se somente a uma pessoa que serve à outra; contudo, suponhamos por alguns momentos que assim fosse; mesmo assim, podemos perceber que Paulo citou corretamente a passagem, para demonstrar que não havia mérito nem em Jacó nem em Esaú. Paulo estava discutindo se o que foi relatado a respeito deles, foi obtido pelos méritos do “livre-arbítrio”; e mostra que não foi assim. Tudo fora determinado antes que eles nascessem.

Os comentários de Paulo sobre Gênesis 25.23 não devem ser en-tendidos como se envolvessem mera questão de serviço humilde. Estão envolvidas questões de salvação eterna. Jacó fez parte do povo de Deus. A promessa feita a ele incluía tudo quanto pertence ao povo de

Deus — a bênção, a Palavra, o Espírito Santo, a promessa e o reino eterno de Cristo. Isso é confirmado em Gênesis 27.27 e versículos se-guintes. Por conseguinte, a nossa resposta a Jerônimo é que todas as passagens citadas pelos apóstolos têm mais força em seus contextos ori-ginais do que em seus comentários!

Como em Malaquias l.2,3, que Paulo também cita: “Eu vos tenho amado, diz o Senhor; mas vós dizeis: Em que nos tem amado? Não foi Esaú irmão de Jacó? disse o Senhor; todavia amei a Jacó, porém abor-reci a Esaú; e fiz dos meus montes uma assolação, e dei a sua herança aos chacais do deserto”. Você, Erasmo, tenta de três maneiras diferentes escapar do claro sentido dessas palavras.

Na primeira, você diz que não podemos entender literalmente essas palavras, porque o amor e a ira de Deus diferem do amor e do ódio humanos, não tendo neles qualquer traço das paixões humanas.

Ora, todos sabem que o amor e a ira de Deus não se assemelham às paixões humanas; porém, a questão com que ora nos defrontamos não requer que perguntemos como Deus ama ou odeia, mas por que Deus ama ou odeia. Porém, visto que você prefere desviar a atenção para como Deus ama ou odeia, vejamos, por um momento, se isto colabora com a sua posição. De fato, não a ajuda em nada. O amor e a ira de Deus não estão sujeitos a alterações, conforme ocorre conos-co. Em Deus, ambos são eternos e imutáveis. Foram fixados muito antes que o “livre-arbítrio” fosse possível. Vemos nisso, que nem o amor nem a ira de Deus espera pela reação humana, mas antecedem à mesma. Isso se torna ainda mais claro quando perguntamos por que Deus ama ou odeia. O que poderia ter feito Deus amar a Jacó ou odiar a Esaú? Certamente, não por qualquer coisa que eles tivessem feito, pois a atitude de Deus para com eles foi estabelecida e declarada antes mesmo de terem nascido, e não havia muita atuação do “livre-arbítrio” naquela ocasião!

A sua segunda tentativa, para escapar do claro sentido das pa-lavras, é que você diz que Malaquias não parece estar falando da ira

mediante a qual somos eternamente condenados. Você sugere que Malaquias está falando apenas das dificuldades experimentadas aqui na terra. Uma vez mais, esta é uma sugestão caluniosa de que Paulo está usando erroneamente as Escrituras. Novamente, vejamos se a tentativa de escapar do sentido claro das palavras ajuda a sua po-sição. Sem dúvida, o ponto de Paulo nesses versículos é enfatizar a completa ausência de mérito ou do exercício do “livre-arbítrio”.

Mesmo que Paulo esteja somente tratando com coisas experimen-tadas na terra, ele continua usando uma ilustração apropriada da vida de Jacó e Esaú. Seja como for, é falso sugerir que Malaquias refere-se somente a coisas experimentadas na terra. O contexto da passagem demonstra que seu propósito é repreender o povo de Israel porque eles não correspondiam ao amor que Deus tinha por eles. O amor de Deus envolvia mais do que as bênçãos terrenas, pois essa passagem mostra que o nosso Deus é o Deus de todas as coisas. Ele não se contentava em ser um Deus que recebe uma adoração parcial, a quem se oferecesse um animal doente “...o dilacerado, o coxo e o enfermo” (Ml l. 13). A verdadeira adoração a Deus deve ser prestada de todo o coração, alma, entendimento e forças. Pois Ele é Deus tan-to aqui, como no mundo vindouro, em tan-todas as ocasiões, em tan-todas as questões, em todos os tempos e em tudo quanto se faz.

A sua terceira tentativa de evitar o pleno significado de Malaquias l.2,3 consiste em afirmar que Malaquias quis dar a entender que Deus ama a alguns judeus e odeia a outros. Você diz que isso abre o caminho para a incredulidade por parte de alguns dos judeus, e que em vista disso eles merecem ser cortados. E também pensa que a sua “interpretação”

abre o caminho para a fé de outros judeus, e que mediante essa fé eles merecem ser novamente enxertados na boa oliveira.

Você não sabe o que está falando! Sei perfeitamente bem que os homens são cortados por causa da incredulidade e enxertados pela fé, e que devem ser encorajados e motivados a crer. Entretanto, isso não tem nada a ver com crer ou não crer através do poder do “livre-arbítrio”.

a rgumento 12

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