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4. RESULTADOS E SUAS ANÁLISES

4.4. A ACESSIBILIDADE E FUNCIONALIDADE DOS PORTAIS

Vicente e Scheffer (2013) asseguram que a internet é uma “ferramenta indispensável no processo de democratização da informação, essencial para o controle democrático, para a participação popular e para efetividade da governança no setor público” (p. 70). A pesquisa demonstrou, contudo, que não basta determinar que a disponibilização dos dados e informações se dê por meio de sítios da internet como fizeram a Lei de Transparência (Lei Federal Complementar nº 131/2009) e a Lei de Acesso a Informações (Lei Federal nº 12.527/2011), mas é preciso que tais plataformas, garantam acessibilidade e funcionalidade facilitada para que qualquer cidadão possa usá-las. A fim de identificar se os portais realmente estão aptos a cumprir suas funções de realizar a transparência da gestão pública, de forma acessível à cidadania, a primeira subdivisão do Bloco 1 do instrumento de avaliação

31 Para se ter um exemplo, no instrumento de avaliação (Apêndice B) há a pergunta que interroga se há no portal relação de bens e imóveis do município (1.2.9) e a questão sobre a existência de relação de veículos próprios e alugados (1.2.10). Para tais perguntas houve uma baixa pontuação geral, visto que apenas 34,88%das cidades da amostra possuíam em seus portais algum tipo de listagem desses bens, sendo que nenhuma delas disponibilizava uma lista completa e com fácil identificação de bens móveis, imóveis e veículos próprios e alugados. Chamou a atenção a existência de casos que, apesar de terem um espaço para listagem de bens imóveis, havia neste espaço uma listagem de bens móveis, ou seja, não houve o cuidado com o tipo de dado disponibilizado, nem uma revisão para correção de problemas.

(questões de 1 a 10 do instrumento – Apêndice B), buscou verificar a disponibilização dos dados com foco na operacionalidade da navegação.

É importante frisar que todas as cidades da amostra têm mais de dez mil habitantes, sendo, nos termos da lei, obrigadas a possuírem os portais de transparência e de acesso à informação, obrigação que todas cumprem corretamente, sendo que apenas 13,95% da amostra não tem um link na página oficial do município que leva o usuário diretamente ao portal de transparência32, o que demonstra um comprometimento da grande maioria das cidades em cumprir as normas legais sobre a disponibilização de acesso aos portais. Contudo, não se pode dizer o mesmo em relação à acessibilidade, pois não houve compromisso com a elaboração portais com layout amigável33, sendo que 30,23% das cidades da amostra não primam pela qualidade de seus portais, o que faz com que os usuários tenham dificuldades no acesso e na utilização da ferramenta, diminuindo sua eficiência prática, o que contraria a legislação neste quesito.

Vale salientar o fato de que praticamente 93% das cidades da amostra mantêm seus portais atualizados34, com exceção de Bauru, Bragança Paulista e São João da Boa Vista. Chama a atenção de forma positiva que todas as cidades estudadas tenham em seus portais a possibilidade de gravação de relatórios ou download dos dados disponíveis. Nesse quesito apenas 9,30% da amostra teve alguma limitação para o download (limitação quanto ao tamanho dos arquivos que podem ser baixado, exigindo uma filtragem prévia no caso de Botucatu; ou tiveram falhas no sistema quando se ordenava o download dos arquivos, nos casos de Jaú, Ourinhos e Presidente Prudente).

O aspecto negativo da análise desse subitem do bloco 1 ficou por conta do baixo cumprimento de obrigações simples que aumentam e facilitam a funcionalidade dos portais, como, por exemplo, a disponibilidade de tutoriais e/ou manuais de instrução para seu uso, apenas 18,60% dos municípios da amostra cumpriram esta exigência: São Paulo, Araçatuba, Barretos, Botucatu, Campinas, Dracena, Lins e Piracicaba, sendo que o restante não presta qualquer explicação de como proceder para usar corretamente o portal e buscar as

32 As cidades de Araraquara e Cruzeiro têm um link que direciona para outra página, na qual se acessa o link direto para o portal de transparência. Já os municípios de Barretos, Bauru, Catanduva e Votuporanga têm um link que leva a uma página com diversos portais de transparência, tanto antigos bem como de outros órgãos, que fazem com que o usuário tenha que procurar qual é o que deseja ou o atual em funcionamento, o que dificulta o acesso rápido e eficiente.

33 Como layout amigável entende-se um site com informações claras, atalhos/links visíveis, letra de fácil leitura, cores equilibradas etc..

34 Consideraram-se informações e dados atualizados aqueles com menos de 30 dias de sua ocorrência ou realização.

informações que se deseja. Preocupa o fato de que a maior parte das cidades pesquisadas não tenham em seus portais ferramentas de buscas que possibilitem um acesso mais rápido e específico para a busca de informações determinadas, pois 62,79% municípios da amostra35 não possuem ferramentas de buscas especificas em seus portais de transparência, o que aumenta a dificuldade do usuário, obrigando-o a passar mais tempo para conseguir encontrar uma determinada informação que deseja.

O problema mais grave, entretanto, foi identificado quando a disponibilização da tradicional listagem de “respostas a perguntas mais frequentes” com base na Lei de Acesso à Informação36. Neste quesito embora se tenha identificado que apenas 23,26% das cidades da amostra não possuem a listagem de respostas para as perguntas mais frequentes, numa análise mais acurada, verificou-se que 62,79% da amostra disponibilizam apenas uma lista com respostas e perguntas genéricas, sem qualquer relação com as perguntas feitas nos portais de acesso desses municípios. Desta forma, constatou-se que somente 13,95% das cidades da amostra cumpriam corretamente a regra (São Paulo, Botucatu, Bragança Paulista, Campinas, Marília e Santos), sendo que 86,05% da amostra não cumprem, ou pior, mascaram o cumprimento à lei, o que, além de ser incorreto nos termos da legislação, também enfraquece a transparência, pois cria um cenário falso da realidade.

De qualquer forma, as cidades da amostra, em geral, tiveram um bom desempenho na primeira subdivisão do Bloco 1 do instrumento de avaliação, o que demonstra que seus portais são feitos para terem um acesso simples aos usuários, com boa funcionalidade durante a navegação.

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