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2.2 Do texto ao hipertexto

2.2.4 Conversão de textos em hipertextos

2.2.4.2 A alternativa da modularidade

Modularidade, que será definida aqui como a divisão de documentos completos em pequenos módulos lógicos, é vista como importante conceito para as ferramentas

biblioteconômicas que representam os conceitos de uma área, proporcionando a divisão mais específica dos esquemas dos documentos.

Uma possível solução para a questão da fragmentação está no conceito de modularidade, que é a formação de blocos de informação e a estruturação do documento em módulos, permitindo definir os blocos de informação, os seus conteúdos, as ligações entre eles e a sua organização coerente. O módulo é a unidade básica na construção do sistema. O raciocínio inerente à concepção de documentos multimídia implica nas decisões de como segmentar a informação, de forma que cada módulo seja completo em si e contenha ligações suficientes com outros módulos. Além disso, deve ser possível ao usuário apreender outras informações relacionadas, sem que haja demasia de informações que dificulte a retenção na sua memória de curto-termo.

Cada módulo pode ser composto de um ou mais parágrafos que representam seu conteúdo, mantendo-o independente de outros módulos, sem a necessidade de relacionar entre si, podendo ser representado por um único conceito. Isto permite que o autor do hipertexto use o conceito para representar o conteúdo do módulo, ao invés de mostrar todas as sentenças e períodos que o compõem. Esses módulos de informação formam um documento online no todo, permitindo, porém, ser visto parcialmente no monitor. Este texto modular é acessado através de um link que pode ser representado pelo conceito que representa seu conteúdo informacional. A modularidade não implica necessariamente em uma estrutura hierárquica formal. É importante ter um documento principal para que todos os módulos necessários à sua estrutura particular sejam listados em um único lugar. Caso contrário, a identificação de um módulo constituindo-se nível hierárquico intrínseco e não- compartilhado geralmente é contraproducente, porque restringe seu uso e o coloca fora de contexto.

Segundo FISHER (1994, p.19), as formas lineares de seqüência e de estrutura são substituídas, em parte, pelas noções de conteúdo e contexto, respectivamente. Cada módulo de informação é definido pelo seu conteúdo nos nós, mas a sua compreensão depende também das relações que estabelece com outras partes do documento, ou seja, o seu contexto. Em cada módulo de informação, três aspectos

são considerados essenciais: clareza, foco e completude. A clareza assegura que a informação seja facilmente compreendida pelos usuários. O foco implica na identificação e concentração da informação necessária, excluindo-se dados tangenciais que poderiam ser acessados em outros módulos direta ou indiretamente (pelo re-direcionamento do usuário). A completude implica em cada módulo ser completo em si próprio, englobando toda a informação considerada suficiente para que o leitor possa tomar a decisão de prosseguir para outros módulos. Assim, busca-se criar um documento estruturado por níveis, assegurando a coerência em um nível mais alto (high-level), a partir do qual se monitoram relações e contextos. Ao mesmo tempo, desenvolve-se módulos em níveis inferiores (low-level). Esta interatividade se realiza através dos links determinados pelo autor do hipertexto, em níveis de modularidade que caracterizam essa navegação.

A modularidade apresenta benefícios ligados à subdivisão dos textos em unidades menores com conteúdos completos e mais focalizados. Em primeiro lugar, do ponto de vista do usuário, documentos com esquemas modulares pequenos estimulam sua reutilização. Em segundo, a praticidade dos módulos é facilitadora também para a organização do próprio autor do hipertexto e daqueles encarregados de sua manutenção. Em terceiro, o fato de serem esquemáticos os torna mais cognitivos, facilitando sua absorção e retenção na memória.

A maioria das estratégias de estruturação de hiperdocumentos se apóia nas linguagens de marcação de textos como SGML (Standard Generalized Markup

Language ou Linguagem de Marcação Padrão Generalizada), HTML(Hypertext Markup Language ou Linguagem de Marcação de Hipertexto) e XML (eXtensible Markup Language ou Linguagem de Marcação Estendida), que serão descritas logo

abaixo. Essas linguagens são gerenciadas por uma série de comandos que, uma vez inseridos em um documento tradicional, identificam sua estrutura lógica em títulos, seções e parágrafos. Estes tipos de componentes de um documento servem de guias para o processo de conversão de textos em hipertextos, pois sugerem maneiras de fragmentá-lo e de conectar algumas de suas partes entre si. Estas divisões lógicas em títulos, seções e parágrafos podem ser suficientes para determinar uma boa configuração de um hipertexto, no caso de documentos cuja organização interna é bem definida e rígida, a exemplo de dicionários e catálogos. Todavia, podem ser pouco eficientes em textos livres com subdivisões menos

sugestivas, para os quais os algoritmos de conversão gerariam redes não muito adequadas à estruturação de seu conteúdo semântico. Entre as linguagens de marcação, o XML surgiu como recurso diferenciado na autoria de hipertextos, pois permite aos autores a marcação de conteúdo semântico dentro do próprio texto e o acréscimo de comandos, explicitando decisões de fragmentação e interconexão segundo configurações mais convenientes para aquele documento específico.

Segundo SONG e BAYERL (2003, p.4), a combinação da marcação semântica com a estrutura formal pode resultar na abordagem semântica composicional que facilita a extração do significado de documentos dentro de uma área específica. Para isso, todo o texto tem que ser marcado com seus conceitos específicos. O que observa- se, ainda hoje, é que o componente artesanal da especificação semântica de um documento XML ainda é necessário para possibilitar ao ser humano ou à máquina interpretar seu conteúdo como um todo.

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