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6.1 C ATEGORIZAÇÃO DOS DADOS

6.1.1 Concepção de educação integral presente nos documentos oficiais e

6.1.1.3 A análise documental do Plano de Atendimento das escolas

Para a execução do Programa Mais Educação, as escolas elaboram um Plano de Atendimento, no qual são inseridas as atividades a serem executadas naquele ano pelas escolas.

De acordo com o Manual de operacionalização de Educação Integral, recebido pelas escolas participantes do Programa Mais Educação, os planos de atendimento aos alunos deverão ser definidos de acordo com o Projeto Político Pedagógico, por meio do desenvolvimento de atividades executadas dentro e fora das escolas.

Mais uma vez o Projeto Político Pedagógico está em destaque na execução das atividades do Programa Mais Educação, ressaltando ainda mais sua importância, e a necessidade de articulação das atividades do Mais Educação com o currículo formal das escolas.

Conforme o documento Passo a Passo do Programa Mais Educação (2013), há um conjunto de orientações que visam organizar as atividades do programa nas escolas participantes, atendendo o desafio de vincular aprendizagem à vida dos alunos e alunas da educação básica.

Essa organização se dá por meio dos macrocampos, conforme explicitado na Seção 3 deste trabalho.

Para a execução das atividades do Programa Mais Educação, selecionadas através do Plano de Atendimento aos alunos, as escolas recebem verbas por meio do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE), do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) para as escolas participantes, cuja listagem é anualmente incluída no Sistema Integrado de Monitoramento do Ministério da Educação – Simec (www.simec.gov.br), (PASSO A PASSO, BRASIL, 2011, p. 08).

O Programa aconselha que sejam inseridos no mínimo cem alunos, ressaltadas as escolas que possuem um número inferior de alunos matriculados.

As escolas recebem verbas para bens de custeio e capital, além das necessárias para ressarcimento das despesas com monitores e demais responsáveis pela execução das atividades do programa.

Tabela 6 – Valores recebidos pelas escolas para as despesas de custeio e capital, para os anos2010, 2011, 2012 e 2013

Valor recebido pelas escolas

Número de estudantes Custeio (R$) Capital (R$)

Até 500 3.000,00 1.000,00

500 a 1.000 6.000,00 2.000,00

Mais de 1.000 7.000,00 2.000,00

Fonte: Manual Operacional de Educação Integral (2013, p. 24).

O manual orienta também que esses recursos poderão ser remanejados entre as ações de Educação Integral, contanto que contribuam para o desenvolvimento do programa, se respeitadas as categorias econômicas de custeio e capital.

Pode-se observar por meio das tabelas 7, 8, 9 e 10 as atividades desenvolvidas e a verba recebida por escola para execução do plano de atendimento, por ano, através do Programa Mais Educação.

Na tabela 7, verificam-se as verbas que cada escola recebeu e as atividades desenvolvidas no ano de 2010, observando-se que o macrocampo Acompanhamento Pedagógico é obrigatório e que deve ser escolhida pelo menos uma atividade desse macrocampo.

Tabela 7 – Total de alunos inseridos, verba recebida e atividades selecionadas em 2010

ESCOLAS Primavera Verão Outono Inverno

TOTAL DE ALUNOS (AS) 755 100 100 88

VERBA R$ 105.370,60 25.107,60 25.821,60 22.087,60 A T IV ID A D ES

Comunicação e uso de mídias/ vídeo

x - - x

Cultura e artes/ cineclube x - - -

Comunicação e uso de mídias/rádio escolar

x - x x

Cultura digital/ software educacional

x x - -

Acompanhamento pedagógico/letramento

x x x x

Esporte e lazer/recreação e lazer - x x x Esporte e lazer/ xadrez virtual - x - -

Cultura e artes/dança x - - -

Cultura e artes/banda fanfarra x x x X Comunicação e uso de

mídias/fotografia

- x X

Esporte e lazer/futebol - - x -

Fonte: Releitura do plano de atendimento de cada escola, no ano de 2010.

Na tabela 8, observam-se as verbas recebidas e as atividades desenvolvidas no ano de 2011.

Tabela 8 – Total de alunos inseridos, verba recebida e atividades desenvolvidas no ano de 2011

ESCOLAS Primavera Verão Outono Inverno

TOTAL DE ALUNOS 690 100 100 88 VERBA R$ 112.195,30 24.765,10 26.821,60 22.087,60 A T IV ID A D ES Comunicação e uso de mídias/ vídeo - - - X

Cultura e artes/ cineclube - - - -

Comunicação e uso de mídias/rádio escolar

- - x X

Cultura digital/ software educacional - - - - Acompanhamento pedagógico/letramento x x x X Esporte e lazer/recreação e lazer - x x X

Esporte e lazer/ xadrez virtual - x - - Cultura e artes/dança - - - - Cultura e artes/banda fanfarra x - x X Comunicação e uso de mídias/fotografia - - x X Esporte e lazer/futebol - - x -

Investigação no campo das ciências da

natureza/laboratórios, feiras e projetos científicos

x - - -

Acompanhamento

pedagógico/ língua inglesa

x - - -

Acompanhamento pedagógico/matemática

x x - -

Esporte e lazer/ Karatê x - - -

Cultura e artes/Leitura - x - -

Fonte: Releitura do plano de atendimento de cada escola no ano de 2011.

Novas opções foram oferecidas às escolas na seleção de atividades para serem executadas no ano de 2011, e algumas foram excluídas do ano anterior, em decorrência da inviabilidade de sua execução, foram substituídas por novas mais atrativas, escolhidas no vasto universo de atividades sugerido pelos manuais do Programa.

Mesmo com diversas opções, as escolas devem optar pelas atividades disponibilizadas no Simec e isso, às vezes, dificulta a execução, pois, apesar de muitas opções, nem sempre atendem às reais necessidades e vontade dos alunos, lembrando que os alunos não são chamados a participar da escolha dessas atividades, que é feita pelos envolvidos na execução do programa nas escolas e aprovadas pela coordenadora da secretaria municipal de educação.

Observou-se, pela tabela 8, que algumas escolas que inseriram o mesmo número de alunos receberam quantias diferentes de verbas para a execução das atividades, pois o valor repassado, conforme as orientações do programa, é diferente para cada tipo de atividade. Destaca-se que as verbas de custeio e capital são definidas pelo Manual Operacional, e o restante da verba é destinado ao pagamento dos monitores, agentes comunitários e outros responsáveis pelo desenvolvimento das atividades junto aos alunos.

Na tabela 9, são apresentadas as verbas que cada escola recebeu e as atividades desenvolvidas no ano de 2012.

Tabela 9 – Total de alunos inseridos, verbas recebidas e atividades desenvolvidas no ano de 2012

ESCOLA Primavera Verão Outono Inverno

TOTAL DE ALUNOS (AS) 620 100 100 83

VERBA R$ 99.523,10 30.338,10 21.110,60 18.110,60 A T IV ID A D ES

Cultura, artes e educação

patrimonial/dança x - - -

Comunicação e uso de

mídias/rádio escolar - - x X

Cultura digital/ software

educacional - - - -

Acompanhamento pedagógico/

letramento x x x X

Cultura e artes/ banda fanfarra - - x X Comunicação e uso de

mídias/fotografia - - x X

Investigação no campo das ciências da natureza/laboratórios, feiras e projetos científicos x - - - Acompanhamento pedagógico/matemática x x - -

Cultura, artes e educação

patrimonial/canto coral x - - -

Esporte e lazer/ Programa

Segundo Tempo x x x x

Cultura digital/tecnologias

educacionais - x - -

Cultura/artes e educação

patrimonial/artesanato popular - x - - Fonte: Releitura do plano de atendimento de cada escola no ano de 2012.

Conforme a Resolução n.º 34, de 06 de setembro de 2013, do FNDE, as escolas participantes do programa deverão funcionar em dois turnos nos finais de semana. Seu objetivo é fortalecer a integração entre escola e comunidade, ampliar oportunidades de acesso a espaços de promoção da cidadania, contribuindo para a redução da violência escolar em locais considerados de risco e de vulnerabilidade social.

A partir dessa resolução, em 2013, o Programa Mais Educação inovou em suas atividades, com a abertura da escola nos finais de semana, através das atividades do “Escola Aberta” e do Programa “Segundo Tempo”, que visa ocupar os espaços ociosos das instituições e ocupar as crianças em atividade lúdicas e de aprendizagem também nos fins de semana, além da participação da comunidade, estabelecendo uma maior relação entre a escola e a comunidade.

Essa inovação nas atividades procura atender às propostas iniciais do Programa, acerca da responsabilidade compartilhada de educar pela escola, família e a comunidade.

A seguir, apresento a tabela 10, que demonstra as verbas recebidas e as atividades desenvolvidas no ano de 2013.

Tabela 10 – Total de alunos inseridos/ verba recebida para execução das atividades no ano de 2013

ESCOLA Primavera Verão Outono Inverno

TOTAL DE ALUNOS (AS) 400 100 132 84

VERBA R$ 88.991,60 43.831,60 53.151,60 42.371,60 A T IV ID A D ES Acompanhamento pedagógico/orientação de estudos e leitura - x - -

Cultura, artes e educação Patrimonial/Canto Coral

- - - x

Cultura Digital/ tecnol. educacionais

- x -

Cultura/artes e educação patrimonial/ Artesanato popular

x - - x

Educação em Direitos humanos - - x -

Cultura/Artes e Educação Patrimonial

- - x x

Comunicação, uso de mídias e Cultura Digital e tecnologia/ Jornal Escolar

x - X -

Esporte e Lazer/ Esporte na escola/ atletismo e múltiplas vivências esportivas (basquete, futsal, voleibol, xadrez)

x x x x Acompanhamento pedagógico (obrigatória)/ Orientação de estudos e leitura x - x x Educação Ambiental e Sociedade Sustentável/ Uso eficiente da água e energia

x - - -

Cultura, Artes e Educação patrimonial/ Percussão

x - - -

Promoção da Saúde/ Promoção da Saúde e Prevenção de doenças e agravos à Saúde

Fonte: Releitura dos dados dos planos de atendimento das escolas em 2013.

Dentro das reformulações do Programa promovidas pelo próprio Ministério da Educação, tendo em vista algumas dificuldades enfrentadas pelas escolas na compra de material e execução das atividades, conforme o Manual Operacional de

Educação Integral (2013), foram estabelecidos kits completos para a execução das atividades especificadas em cada macrocampo selecionado.

No fim do ano de 2013, fez-se necessário reprogramar as atividades para o início de 2014 e as atividades da relação escola comunidade. Isso ocorreu principalmente na Escola Primavera, que desde o ano de 2010 vem reprogramando suas atividades e, consequentemente, seus gastos.

A Escola Primavera teve dificuldades para conseguir esclarecer suas dúvidas e resolver essa situação. Não existia nenhuma pessoa no município que auxiliasse na solução desse problema e, apesar de diversos contatos via telefone, e-mail e até mesmo com o Ministério da Educação por meio da Secretaria de Educação Básica (SEB), responsável pela execução do Programa, não obteve êxito.

A partir das inserções das escolas nas atividades dos macrocampos, vamos analisar, pelo quadro 3, os locais onde são realizadas as atividades contempladas pelo Programa Mais Educação.

Quadro 3 – Locais onde as atividades são ou poderiam ser realizadas na execução do Programa Mais Educação

ESCOLA Primavera Verão Outono Inverno

L OCAIS Salas de aula x x x x Pátio x x x x Quadra da Escola x x x x Biblioteca x x x x Sala de Multimeios - - - - Brinquedoteca - - - - Laboratório de Ciências x - - - Laboratório de Informática x x - - Laboratório de Matemática x - - - Refeitório x - x x Sala de dança x - - - Auditório x x - - L O C A I Sala de música x - - - Associações comunitárias - - - - Igrejas - - - - Casas particulares - - - - Praças públicas - - - - Campo de futebol - - - -

S Ginásios poliesportivos x - - -

Outros locais

- - - -

Fonte: Releitura dos dados dos planos de atendimento das escolas em 2013.

Pelo que se pode observar nos dados do quadro 3, todas as atividades desenvolvidas por meio do Programa Mais Educação, são realizadas no interior das escolas.

A execução das atividades somente no interior das escolas fere a proposta do Programa Mais Educação e o princípio da “Cidade Educadora”, no compartilhamento da tarefa de educar e da ocupação dos espaços públicos.

Ao estabelecer a educação como processo formativo, a LDBEN 9394/96, no seu artigo 1º estabelece que esse processo se desenvolve mediante a interação do educando com várias fontes de estímulo educativo, revelando a amplitude do conceito de educação, até mesmo além dos muros da escola.

Art. 1º – A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais (CARNEIRO, 2013, p. 37).

De acordo com as instruções do Programa, é necessário que se faça um mapeamento de toda a região onde está inserida a escola e a viabilidade da execução das atividades nesses espaços. E essa tarefa deve ser realizada com toda a comunidade.

Segundo Moll (2011, p. 09), “a Educação Integral pressupõe que a cidade, como um todo, é uma grande sala de aula”.

A Educação Integral também compõe as ações previstas no Plano de Desenvolvimento da Educação, o qual prevê que a formação do estudante seja feita além da escola, com a participação da família e da comunidade. Essa é uma estratégia do Ministério da Educação para induzir a ampliação da jornada escolar e a organização curricular, na perspectiva da Educação Integral, que é elemento de

articulação, no bairro, do arranjo educativo local, em conexão com a comunidade que se organiza em torno da escola pública, mediante ampliação da jornada escolar, ações na área da cultura, do esporte, dos direitos humanos e do desenvolvimento social.

A ideia de “educar a várias mãos” certamente não é nova. Hoje já faz parte do senso comum a visão de que o processo de formação acontece apenas em parte na escola, sendo complementado em outros momentos de interação social do dia a dia, seja em casa ou em outros espaços (físicos e virtuais) da comunidade. (RAMALHO, 2010, p. 30).

A proposta principal do Programa Mais Educação é a ocupação dos espaços públicos como direito, ou seja, a intersetorialidade.

Carvalho (2006, p. 09) menciona que “[...] a educação ganhou sentido multissetorial, já não se invoca a escola como único espaço de aprendizagem”.

Nesses novos tempos, onde os debates sobre a Educação Integral são intensificados, fica claro que existe um conceito que pode contribuir e muito para o entendimento dessas propostas, que é a intersetorialidade.

A intersetorialidade vem contribuir como uma orientação e reformulação de políticas públicas das novas propostas de educação integral. Em classes superlotadas, professores sobrecarregados, não é possível expandir atividades educativas, sob pena de um comprometimento ainda maior da escolaridade formal.

Tornar realidade a Educação Integral, com intersetorialidade e governança, é humanizar as políticas sociais e educacionais, colocando no centro o ser humano e, em especial as crianças, os adolescentes, os jovens e seus educadores. (MOLL, 2011, p. 28).

Nessa concepção, forma-se a Trilogia Educação Integral, Gestão Intersetorial de Território e a Rede de Saberes, propostas nas Mandalas Pedagógicas do Programa Mais Educação.

Quando se reúne a escola com as comunidades, no desenvolvimento de projetos educacionais, promove-se além da ampliação dos espaços educativos e dos tempos escolares, a permuta de saberes diferenciados.

Por isso, vai ganhando cada dia mais espaço a ideia da parceria escola/comunidade para a multiplicação dos espaços de aprendizagem e do exercício de uma educação comunitária.

Apesar de toda a verba recebida para a execução das atividades dos planos de atendimento, não é observada uma mudança significativa na educação e na rotina destas escolas, podendo concluir que a verba que chega às contas das escolas, não é fator determinante para a prática de uma educação diferenciada.

6.1.1.3.1 A análise documental do Projeto Curricular do Agrupamento de Escolas

Nas propostas das Atividades de Enriquecimento Curricular contempladas no Projeto Curricular do Agrupamento pesquisado, estão previstas que essas atividades podem acontecer nos espaços escolares e em outros espaços não escolares.

Para a execução das mesmas nos espaços escolares são contemplados as salsas de aulas, bibliotecas, o ginásio polivalente e o ringue esportivo. Quanto aos espaços não escolares, ficam previstos o Pavilhão Gimnodesportivo, e a Junta de Freguesia (EB1JI), entre outros que se tornarem necessários e que tiverem disponibilidades consideradas em situação de parcerias.

O deslocamento dos alunos a esses espaços são feitos por meio do acompanhamento de adultos em número suficiente para mantê-los em segurança.

6.1.1.4 Órgãos colaboradores na execução das atividades dos Programas Mais