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2. O desenvolvimento do jovem e a aquisição da linguagem

2.2 A Aquisição da Linguagem

De par das transformações que ocorrem no jovem neste 3º. Setênio passa-se a uma abordagem de questões sobre a aquisição da linguagem após os 14 anos. Segundo Saussure (2003), a língua é uma parte da linguagem, um produto social da faculdade da linguagem e um conjunto de convenções necessárias, adotadas pelo corpo social para permitir o exercício dessa faculdade nos indivíduos. Saussure também diz que ela ocupa o primeiro lugar entre os fatos da linguagem; é algo adquirido, convencional e estático. Por sua vez, a linguagem, na concepção de Saussure (2003), tem um lado individual e um lado social, pois é multiforme e heteróclita, isto é, capaz de se desviar dos princípios da analogia gramatical, e o lingüista considera-a dinâmica, com movimento.

Rudolf Steiner, fundador da Pedagogia Waldorf, (1978) apresenta o seguinte sobre a questão a respeito de língua e linguagem:

A linguagem é considerada como um elo entre o homem e o Cosmo (mundo). Apenas por si, o homem estacionaria no sentimento de admiração. É a sua relação com o Cosmo (mundo) que transforma a admiração em som.

Complementando o que foi exposto, Bock (2001) aborda a questão da linguagem como sendo uma condição básica para a criança “entrar” no mundo e se apropriar dele, dando significância às coisas, aos objetos e às situações. A criança, com esta apropriação do mundo acaba por interferir nele. E isso é o que realiza a dimensão humana e social de cada pessoa. Para que isso ocorra, a linguagem é uma ferramenta necessária e imprescindível para a troca e comunicação com o mundo e, também, para a relação consigo

Segundo Teles (2001, 180), Ludwig (1999, 136) e Heberle (1997), a aquisição ou aprendizagem de uma L2 é um processo complexo constituído de um número significativo de variáveis que interagem nele: questões relativas à metodologia, recursos instrucionais, diferenças individuais do aprendiz, características do professor e produção efetiva. Certas pessoas possuem melhores habilidades lingüísticas ou cognitivas para a aprendizagem de LE do que outras. Mas o processo de aprendizagem é dinâmico. Os fatores que influenciam o aprendiz e as suas estratégias cognitivas mudam com o passar do tempo. Por isso, necessário se faz uma diversificação nas atividades escolares.

2.2.1 A AQUISIÇÃO DE L2 ENTRE OS 14 e 21 ANOS

Muitos estudiosos acreditam que a habilidade de adquirir uma língua é inata, conforme declara Obler (1999) e Cabral (1976) quando menciona Chomsky:

Inatismo: em oposição ao empirismo, trata-se de uma concepção que justifica a capacidade de adquirir e usar a linguagem, por parte do homem, pelo fato de ele possuir estruturas inatas que o fazem único dentre as demais espécies. Dentro destas capacidades inatas, situa-se, também, a flexibilidade para reagir diante de contextos novos e inusitados e a de usar da linguagem com liberdade, ao contrário dos autômatos, cujo espaço de atuação está restrito ao atendimento de necessidades imediatas.

Presumidamente o cérebro infantil encontra-se estruturado de forma a aprender com certa facilidade os elementos universais expressos na(s) língua(s) a que são expostos e abstrair com eficiência os traços característicos específicos.

Obler ainda indica que os jovens de mais de 14 anos apresentam dificuldade progressiva na aquisição de L2 e na faixa etária de onze a 19 anos fez as seguintes observações:

1 – a lateralização já está formada e normalmente é irreversível;

2 – áreas livres de linguagem, no cérebro, não assumem o controle exceto onde a lateralização se apresenta incompleta;

Grande parte dos estudos, dizem respeito à aquisição de linguagem por crianças em sua fase pré-escolar e de ensino fundamental e no seio da família até a puberdade. Há uma certa resistência quando se discute sobre aquisição de L2 na fase da adolescência. Este aspecto é também abordado por Appel e Muysken (1996, 142) e Heberle (1997, 51), cujos estudos concordam com a impossibilidade do domínio completo da LE, para a maioria dos adultos, sendo que alguns tendem a fossilizar certos aspectos e expressões e parece haver um período crítico para a aquisição de pronúncia. Afirmam eles que a crença popular acreditava que as crianças poderiam aprender melhor e mais rapidamente uma segunda língua – uma L2 – que um jovem ou um adulto. Isto porque, acreditava-se que a lateralização do cérebro, ou seja, a especialização de funções dos diferentes hemisférios do cérebro estivesse completa. Afirmam ainda os autores que, investigações mais recentes deixam claro que não há certeza sobre o momento em que se produz a lateralização.

Neste caso, os professores devem estimular os alunos a avançar até onde puderem, sem deixar de serem realistas em suas expectativas. Mas nem todos os autores são do mesmo ponto de vista. Teles (2001, 180) afirma que, enquanto o organismo segue seu curso natural de maturação, o desenvolvimento mental processa seu crescimento também e o ser humano está sempre aprendendo. O autor (2001,189), que apresenta dados para a aprendizagem segundo Piaget, Rogers e outros, observa o seguinte:

Rogers crê, firmemente, nas possibilidades que o homem tem de criticar e transcrever os próprios condicionamentos porque é um ser livre, que pode superar os determinismos biológicos e culturais e criar novas formas existenciais.

Ainda dentro desta questão de aprendizagem de uma LE na puberdade, Candelier (1993, 197) informa que as experiências tem demonstrado que há um desenvolvimento na aquisição de elementos gramaticais e que se verifica também uma evolução das capacidades cognitivas nos aprendizes. Além destas capacidades mais desenvolvidas, Candelier explica que há maior disponibilidade e possibilidades de dedução duma consciência metalingüística; maior capacidade de reconhecer e corrigir erros; maior capacidade de evitar interferências cognitivas; maior capacidade de analisar e generalizar; maior consciência de estratégias de memorização e resolução de problemas e maior compreensão de abstração e suas relações no uso para o aprendizado de uma L2.

Teles afirma a influencia que o ambiente, a própria sala de aula, o professor, a cultura e, principalmente, a motivação, exercem no aluno em seu aprendizado de uma língua estrangeira.

De qualquer forma, os autores não negam que é necessário estabelecer graus de diferença na aquisição e no nível de competência alcançado. Assumem que vários fatores, tais como cognitivos, afetivos e sociais são preponderantes na aprendizagem de L2 pelos jovens e adultos. O que se percebe é a evidência da predisposição do indivíduo de ser capaz, após a puberdade, de discernir as dificuldades da vida e enfrentar os estudos, o mundo, suas dúvidas e os mais diversos questionamentos, enfim, todo o universo de desafios que se apresentam a partir desta fase.

A aquisição de L2 surge, nesta fase do jovem, com novo ímpeto, como uma novidade, atualmente reforçada pela era da globalização, em que o mercado econômico se expandiu ultrapassando as fronteiras dos países. E para sua aprendizagem, não se podem ignorar as particularidades e características que compõe a fase dos 14 aos 21 anos.

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