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EDUCAÇÃO E POLÍTICA NOS ANOS 1920

Em 2014 a Associação Brasileira de Educação (ABE) comemorou 90 anos de

-se nos anos 1920 como espaço de atuação política e intelectual de membros das classes medias urbanas cariocas. As condições em que se formou, bem como sua presença em consonância com outras agremiações na capital da República serão recuperados neste capítulo. Centraremos nossa atenção na história da criação e fundação da ABE, com vistas à participação de alguns dos engenheiros que a fundaram. Além disso, trataremos de algumas das relações institucionais estabelecidas entre esta entidade e a Escola Politécnica do Rio de Janeiro no início de suas atividades. O que buscamos inicialmente é uma compreensão centrada nas motivações dos engenheiros, fundadores da ABE, ao se inserirem nas discussões educacionais nos anos iniciais do século XX. Assim, pretendemos ampliar as possibilidades de entendimento da articulação entre os ideários educacional e urbanístico nos projetos que formularam.

A partir das considerações elaboradas anteriormente, com base nos principais trabalhos que se debruçaram sobre as questões educacionais desenvolvidas no Brasil nos anos de 1920, seria importante darmos visibilidade as discussões políticas que fervilhavam no período Republicano e serviram, em alguns casos, como pressupostos conceituais para as noções de cidadão e sociedade que orientaram tais discussões.

educação como requisito básico para a inserção do Brasil na marcha rumo a modernidade se insere no pensamento social brasileiro a partir do estabelecimento da doutrina liberal como fundamento jurídico-

envolvida com a temática da modernidade e segura da aplicação de preceitos técnicos e científicos como fundamentos do processo civilizatório, já destacava a questão educacional, com ênfase na ar esse processo, embora, conforme o autor, a crença na educação como propulsora de estratégias de enfrentamento aos problemas da

sociedade brasileira tenha encontrado lugar privilegiado junto aos intelectuais adeptos das filosofias sociais de cunho positivista1.

O historiador André Luiz Paulilo baseia-se nos estudos de Maria Lúcia Hilsdorfe Roque Spencer Maciel de Barros para demonstrar como a crítica à manutenção de uma ordem Imperial no Brasil coincidiu com o momento em que a instrução pública passa a s

Tanto os liberais quanto os republicanos não pararam de o recordar: para eles não haveria democracia sem instrução dilatada; ao futuro pela escola, diziam republicanos e liberais de diferentes matizes, igualmente não seria possível reagir qualquer obra de renovação nacional. Eram referências que serviam para consubstanciar uma forma de uso do aparelho de ensino cuja finalidade era a produção/reprodução de uma outra ordem. Acima daquilo que dividia uns e outros, postulavam, em princípio, uma concepção da instrução como índice do progresso. Essa relação era polêmica, cheia de matizes, e tinha seus temas obrigatórios: punha em causa a organização do ensino elementar, profissional e secundário, a educação popular, o ensino religioso, as iniciativas de controle oficial da instrução pública, as práticas e os métodos de ensino, e também todo o alcance político dessas questões.2

Para entendermos tal alcance político, importa considerarmos as duas principais correntes de pensamento que orientaram e sustentaram os debates políticos em torno da adoção do sistema republicano no Brasil. Liberalismo e positivismo constituíram o quadro de referências mobilizadas nos argumentos políticos ainda no período imperial (comum tanto a monarquistas quanto a republicanos). Embora essas referências fossem empregadas de diferentes formas, delineavam um objetivo compartilhado entre a intelectualidade da época, o de elevar o país à

3. O alcance da projeção configurada por esse

objetivo previa medidas de controle social e organização da sociedade. As ações contemplariam

1 MONARCHA, Carlos. Brasil Arcaico, Escola Nova: ciência, técnica e utopia nos anos 1920-1930. São Paulo: Ed.

UNESP, 2009, p. 66.

2 PAULILO, André Luiz. Aspectos políticos das reformas da instrução pública na cidade do Rio de Janeiro durante os

anos 1920. In: Revista Brasileira de História, vol. 23, núm. 46, 2003, p. 102.

3 BRESCIANI, Maria Stella Martins. O cidadão da Replica: liberalismo versus positivismo. In: Revista USP. Dossiê

três eixos principais: o controle, ou o ideal de eliminação da criminalidade; a ampliação do acesso à instrução pública; e a estruturação do sistema econômico, pautado no trabalho livre e subsidiado por técnicas modernas (indústrias e implementos modernos na agricultura)4.

A historiadora Stella Bresciani afirma que, embora liberais e positivistas compartilhassem o interesse na instauração da república no Brasil, os signatários de seus respectivos projetos divergiam sobre a forma institucional a ser assumida no processo de adoção deste sistema de governo no país. Seus pressupostos e divergências constituem elementos importantes para entendermos, segundo a autora, como o debate político desenvolve-se no Brasil em torno de um projeto civilizador5.

A questão social é inaugurada no Brasil com o debate sobre o fim da escravidão e a transição do trabalho escravo para o trabalho livre6. As intenções civilizatórias preconizavam nesse

âmbito a urgência da participação coletiva da população na vida política e no trabalho. É importante enfatizarmos que estas eram as vias de inclusão no social. Fora destas atividades, os homens estariam fadados à condição de exclusão completa.

Não havia consenso entre liberais e positivistas acerca das formas desta participação.

Com relação à p -ingerência promíscua de

-

7. Estreitamente relacionada com a questão da participação política se dava a

problematização em torno da importância primordial do trabalho, ou seja, liberais e positivistas

8. De forma complementar considerava-se a instrução um elemento

imprescindível na formação do cidadão, dado que, conforme afirma Bresciani,

4 Op. cit. 5 Idem, ibidem,

políticas restritas aos grandes proprietários, sofre um embate ao ter que enfrentar, a partir da metade do século [XIX], a questão do trabalho. Tal como nos Estados Unidos e em outras antigas colônias europeias, o debate em torno do trabalho escravo ou livre coloca-se como cerne dos problemas econômicos e políticos, tornando-se indispensável

6 RIBEIRO, Maria Thereza Rosa. Controvérsias sobre a questão social: liberalismo e positivismo na causa

abolicionista no Brasil. Porto Alegre: Zouk, 2012, p. 14.

7 BRESCIANI, O cidadão da República... Op. cit., p.130. 8 Idem, ibidem.

do longo período de submissão à metrópole 9. Na opinião deles, prossegue a autora:

instrução pública traduzia na prática sua contradição. De um lado construíam-se escolas-palácios que davam a ilusão de progresso, de outro, nada se fazia em definitivo para eliminar a ignorância e a má-formação moral do povo.10

A formação de uma consciência nacional dependeria intrinsicamente da instrução do -lo das concepções dogmáticas. A defesa de uma instrução pública laica de responsabilidade do Estado pretendia viabilizar a emancipação da

objetivos compartilhados por liberais e positivistas11.

organização política dessa coletividade ch

- 12.

ausência de condições reais que possibilitassem tal intenção permite um ponto de inflexão no posicionamento político. Nesse sentido, cunhava-se a tutela da ação civilizatória como necessária dada à urgência em promover o país à condição de nação civilizada.

Há de se destacar que esta decisão política ligada à fala dos partidários do

trabalhador imigrante livre, numa resistência momentânea em integrar o ex-escravo, o indígena, ou mesmo o trabalhador livre brasileiro ao processo produtivo.

Trata-se, portanto, de uma decisão política, cuja opção define-se claramente por um projeto imigrantista. É somente em relação ao imigrante, seu recrutamento

9Idem, ibidem, p. 130-131. 10 Op. cit. p. 131.

11 Idem, ibidem, p. 132. 12 Idem, ibidem, p. 133.

na Europa e sua fixação na lavoura que os republicanos traçam uma posição unificada e persistente que passa também pela organização de um sistema de crédito bancário, pela formação de escolas técnicas de agricultura de maneira a vés de métodos compatíveis com a utilização dos equipamentos mecânicos à disposição do mercado.13

Esta decisão política de afirmação de um projeto excludente, o qual idealizava o inado da produção da -se, conforme seus adeptos argumentavam, pela impossibilidade de ex-escravos,

14 tarefa

pedagógica de fazer do antigo proprietário de escravos patrão dos tempos modernos, capazes eles também de reconhecer e agir em obediência aos direitos e deveres inerentes ao contrato de

15.

Este projeto imigrantista fortemente amparado por teses racistas articuladas em sua defesa, ao vislumbrar o trabalhador disciplinado e moralizado, ou seja, ao falar pelos interesses econômicos agrários do país, aos poucos passa a agregar à força política dos liberais um amplo grupo de fazendeiros interessados em reger a vida política e econômica, posto defenderem à época um Estado menos interventor, estruturado de tal forma a garantir seus privilégios.

Não obstante, após a instauração da república, representantes do positivismo já demonstravam insatisfação e descrença na forma adotada pelo regime16. Para alguns de seus

signatários, a opção republicana havia negligenciado a preparação da maior parte da população

decisões e assumir a tarefa de orienta-las17

13 Idem, ibidem, p. 134. 14 Op. cit., p. 135. 15 Idem, ibidem, 16 Idem, ibidem,

rapidamente (...) [modifica] suas opiniões e (...) [assume] uma postura ortodoxa. Dois anos depois da abolição do trabalho escravo e um depois da instalação da república, no texto Observações Preliminares à Ciência Política, Idem, ibidem, p. 135

17Idem, ibidem Salles] ser conhecedor das teorias sobre a psicologia das multidões, que

da população excluída pelas políticas públicas implementadas até então, seria possibilitada pela ação civilizadora da instrução pública e pelo preparo profissional. Ainda segundo Bresciani,

projetava- ários

da posição republicana positivista, cientificista, teriam lugar junto ao pensamento autoritário18 nas

três primeiras décadas do século XX19.

A leitura de Bresciani confirma a análise de Monarcha, pois considera a ascensão de um discurso político elaborado por intelectuais adeptos das filosofias sociais de cunho positivista, os quais reforçam a educação como fator estratégico para a resolução dos problemas identificados na sociedade brasileira. A acepção de educação contida nesta noção difere daquela concebida nos projetos liberais. Se no liberalismo a educação é antevista como condição essencial para a formação do cidadão, já que por meio dela a população conquistaria a consciência de seus direitos e deveres sociais necessária ao exercício pleno da cidadania, na vertente positivista, a importância da educação expressou-se, como já afirmamos, na necessidade de formação da população no sentido da civilidade.

Bresciani, ligada ao entendimento do processo histórico que, desde os anos finais do século XIX orientou os projetos republicanos. Regenerar o trabalho e garantir o direito à cidadania para o trabalhador em território brasileiro constituíram medidas vislumbradas pela elite política e intelectual como primordiais para acelerar o ingresso do país no circuito das nações civilizadas.

Ainda segundo a análise de Bresciani, entre os liberais, a preferência pela forma republicana federalista obedecia ao que designavam como etapa mais elevada do movimento histórico das nações. Já a vertente positivista justificava sua opção embasada na noção de

Idem, ibidem, p. 135.

18 BRESCIANI, Maria Stella Martins. Forjar a identidade brasileira nos anos 1920-1940 , p. 29. In: HARDMAN,

Francisco Foot. Morte e progresso: cultura brasileira como apagamento de rastros. São Paulo: Fundação Editora da desacertos da república liberal no Brasil, e no conflito mundial entre posições políticas divergentes envolvendo liberais, autoritários e socialistas espaço adequado para trazer para o campo do debate político questões sobre o tempo histórico, origens diferenciadas das doutrinas políticas, importância política das ciências sociais e de suas noções de etnia e raça, cultura e nacionalidade. A imagem de um país desencontrado consigo mesmo vem carregada de forte

Idem, ibidem, p. 29

das leis históricas, ou pela obediência a leis naturais, esteve sempre amparada na definição de

progresso, entendido como:

(...) crescimento econômico e alargamento da participação política. Uma noção de crescimento econômico vinculado ao aproveitamento das riquezas naturais; uma noção de alargamento da participação política aliada à supressão de privilégios e, portanto, da riqueza e da igualdade definidas enquanto fundamento de um povo que se formará através das instituições republicanas e democráticas. Com este argumento os republicanos legitimam seu lugar político negando ativamente a imobilidade do tempo.20

Se liberais e positivistas compreendiam a importância de ações no sentido do aceleramento do progresso, as formas de atuação/intervenção na sociedade para fins de efetivação deste alcance se diferenciavam entre os adeptos destas correstes em muitos aspectos. Bresciani, verifica a presença dos ideais republicanos universalistas nos argumentos políticos de liberais desde o século XIX. Conquanto, segundo esta historiadora, nos anos 1920 os liberais passaram a sofrer a crítica de seus opositores, possivelmente em virtude da crença que mantinham na noção de que

individuais só se realizariam em sociedad 21.

Nesta década, um conjunto de circunstâncias levou o Brasil ao que Adalberto

22. Fundamentos sociais e

políticos do mundo pareciam abalados e o pensamento liberal era colocado à prova. As mudanças políticas e econômicas ocasionadas com a eclosão da Primeira Guerra Mundial faziam-se sentir entre os brasileiros, algo que provocou a necessidade de revisão das concepções universalistas que orientaram a organização política nos anos iniciais da República. O regime republicano apresentava séria animosidade, algo que indicava a necessidade de revisão de suas bases.

20 BRESCIANI, O cidadão da República...., Op. cit., p.133.

21 BRESCIANI, Forjar a identidade brasileira nos anos 1920- . Op. cit., p. 28.

22 LOURENÇO FILHO, Adalberto. In: CARDOSO, Vicente Licínio. À margem da história da república.

Introdução de Adalberto Venâncio Filho. Brasília, Editora da Universidade de Brasília, c1981. 2v. (Biblioteca do Pensamento Político Republicano, 8). Apresentação.

intelectuais adeptos das ideias positivistas que em seus argumentos entendiam a adoção dos ideais

dependência pessoal e afetiva, não pela consciência de seus direitos e deveres sociais; homens

formados em escolas d 23. Assim,

lançavam-se contrários à adoção de quaisquer formas constitucionais idealizadas. Defendiam ser zidas

24

25.

Tal constatação esteve presente nos argumentos críticos à forma republicana liberal que partiam essencialmente de membros de grupos representativos da sociedade da época. Em suas críticas, inscritas no debate político sob a forma de propostas políticas alternativas àquela de rmar a nação a partir do

26.

Com estas observações, retornamos à citação do texto de Lourenço Filho que abre nosso primeiro capítulo e sua afirmação de que se tem, nos anos 1920, a questão da política nacional como propulsora de alterações nos quadros intelectuais brasileiros, cujo principal sintoma pode ser remetido à ampliação do número de associações e partidos políticos, entre estes a ABE. Conforme a análise da historiadora Marta Chagas de Carvalho:

Instituições como a ABE são instâncias de produção de propostas de intervenção social que produzem os objetivos da intervenção e suas técnicas. Este tipo de produção discursiva constitui como realidade social incontestável tanto os objetivos de intervenção política

quanto, principalmente, seus agentes, que

intelectuais se auto- -incumbiu de organizar

23 BRESCIANI, op. cit., p. 28

24 Op. cit., ade dos métodos de análise formulados a partir de questões

diversas daquelas às quais vão ser aplicados; rejeita, entretanto, a universalidade do sujeito de direito das sociedades

Idem, ibidem, (colocar a página)

25 Idem, ibidem, 26 Idem, ibidem, p. 29.

o país. Construiu, portanto, representações de um outro que programou moldar segundo seus desígnios particulares. Nessas encenações no intertexto discursivo em que se produzem como situação a ser transformada. Resgatar esse modo de aparecer é fundamental para compreender como, historicamente, certas representações puderam ser avançadas

27

A necessidade de definição da

-se como missionários e únicos capazes de recuperá-l

formarem um grupo homogêneo, mobilizados muitas vezes por interesses antagônicos, têm em comum a luta pela construção de um arcabouço estru

dirigente. Não mereciam inteiramente o título de intelectuais senão aqueles que aceitassem esse imperativo, o que não excluía, contudo, as diferenças internas dentro do campo. Aliás, frequentemente as posições conflitantes eram retiradas coexistência e compromisso entre as elites, entrasse, em ação28.

O avultamento da crítica republicana, ou, em outras palavras, o conjunto de regras e práticas políticas que caracterizou os primeiros anos do sistema republicano no Brasil, cuja base, a política dos governantes, havia privilegiado os interesses de grupos restritos da sociedade e negligenciado os de outros, vai perdendo sua legitimidade, sobretudo, entre as camadas médias urbanas.

A sociedade brasileira dos anos iniciais do século XX vislumbrou em meio a dinâmicas conflitivas atravessadas por processos de transformação e rupturas em sua ordem política, econômica e cultural o aguçamento da questão social. A dimensão da problemática aludida teve

27 CARVALHO, Marta Maria Chagas. Molde nacional e forma cívica: higiene, moral e trabalho no projeto da

Associação Brasileira de Educação (1924-1931). Bragança Paulista. SP: EDUSF, 1998, p. 38-39.

28 HERSCHMANN, Micael. Entre a Salubridade e a ignorância. A construção do campo médico e do ideário

moderno no Brasil . In: Missionários do Progresso: engenheiros, médicos e educadores no Rio de Janeiro 1870 1937. Rio de Janeiro: Diadorim, 1996, p. 12.

como núcleo do debate a figura do cidadão nacional

ideias e instit 29. Em termo gerais, o que se apresentava no cerne desta

evidência a inadequação dos pressupostos do liberalismo de fins do século XIX às necessidades

30. Isso porque,

(...) uma população ignorante e incapaz de exercer conscientemente seu direito

forças e d

políticas uma farsa; o ideal de unidade nacional via-se ameaçado pela dispersão geográfica, pelos interesses econômicos particularistas, pela heterogeneidade da população e de suas culturas originárias, pela cegueira das elites políticas que, em sua ânsia de dar ao país leis idênticas às grandes nações civilizadas, não percebera sua total inadequação às nossa nece 31

32. Buscava-se, pois, demonstrar a necessidade de uma revisão completa das

instituições políticas brasileiras. A alternativa proposta por estes críticos à matriz liberal definia-se

33, e, dentre estas bases, a garantia de acesso à população à plena cidadania.

A imagem de um país desencontrado consigo mesmo vem carregada de forte íderes políticos de um Estado autoritário. Mito e utopia cruzam-se no discurso que reivindica a neutralidade

29 BRESCIANI. O cidadão da República: liberalismo versus positivismo . Op. cit. 30 BRESCIANI. Forjar a identidade brasileira nos anos 1920 e 1940 .Op. cit, p.30. 31 Op. cit,

32 Idem, ibidem, p. 31. 33 Idem, ibidem, p. 30.

da ciência e a objetividade dos fatos, mas que recorre à troca afetiva entre os cidadãos criando símbolos da brasilidade e manifestações coletivas -se

34

De certa forma, a dimensão política do tratamento dado às questões sociais no período recuperava o debate entre as concepções republicana liberal-federalista e a positivista-ditatorial, que entre os anos 1870 a 1889 polarizou partidários da propaganda republicana35. Noções base do

projeto liberal como indivíduo e Estado davam lugar às noções de família e nação.

Entretanto, o pensamento autoritário nacionalista de 1920 permitiu um ponto de inflexão na atuação política: em lugar

condizente a nosso povo, falto mesmo dos rudimentos de educação política e portanto incapaz de pautar sua vida pelos princípios éticos do self-government anglo- 36. Assim, caberia as elites

esclarecidas tomar decisões e assumir a tarefa de orientar a população afim de transformá-la em

37, além de reorganizar a sociedade em uma nova matriz política, o nacionalismo-cívico38.

atestava o protagonismo da questão educacional. É nesse sentido que uma parcela substancial de integrantes das elites urbanas do país propunha a questão da educação, pela ótica da formação da nacionalidade39 e, portanto, do civismo.

Pa

desta questão, é importante, antes, assinalarmos o aumento no período da presença de grupos de profissionais liberais recém-formados que passam a compor as camadas médias urbanas emergentes da Capital Federal do país. O jogo de interesses entre estes diferentes grupos delineava

34 Idem, ibidem, p. 29. 35 Idem, ibidem, p. 30. 36 Op. cit..

37 Idem, ibidem psicologia das multidões, que

buscavam uma forma de convívio apaziguador entre proprietários e proletários nas sociedades civilizadas, esse teórico Idem, ibidem, p (?)

38 CATROGA, Fernando. Pátria e Nação . In: NAXARA, Márcia, CAMILOTTI, Virgínia. (Orgs.) Conceitos e

linguagens: construções identitárias. O autor estabelece uma diferenciação entre o nacionalismo orgânico e nacionalismo cívico. Para este autor, a noção cívica corresponde a eleição de elementos de aglomeração que não necessariamente se integram ao arcabouço tradicional.

a nova dinâmica das relações políticas na cidade e assim, determinava os marcos e os limites da

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