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A atenuação da seleção adversa através dos Bancos Comunitários

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4. OS BANCOS COMUNITÁRIOS

4.1 A atenuação da seleção adversa através dos Bancos Comunitários

Os programas de microcrédito em grupo vêm crescendo em parte como resposta ao problema da seleção adversa segundo Morduch e Aghion (2005). Esses programas oferecem empréstimos para todo um grupo que possuam atividades econômicas diversas e morem numa mesma comunidade. Como todos os membros são conhecidos, é menor a probabilidade de que pessoas consideradas de risco participem; é maior a probabilidade dos membros dos grupos solidários que pegaram crédito serem os representantes da média da população. A seleção adversa também pode ocorrer (clientes de alto risco escolhem créditos mais elevados para cobrir suas deficiências), mas é menor a probabilidade do que os que pegam crédito individual e por isso os grupos solidários podem garantir o menor risco a juros mais baixos. Há também algumas outras explicações para o juro mais baixo dos grupos solidários, tal como custos administrativos mais baixos.

Considerando que os membros sabem o caráter de cada um, os clientes de baixo risco procuram por outros de baixo risco e os clientes de alto risco procuram por outros também de alto risco.

Hipóteses do modelo segundo Morduch e Aghion (2005).

i ) Cada cliente solicitante de crédito toma empréstimo de $ 1,00 (uma unidade de capital);

ii ) O projeto é composto de um período de tempo definido por um ciclo de pagamento dos empréstimos;

iii ) p é a probabilidade de que o tomador de empréstimos se esforçará para que o projeto alcance sucesso e (1 – p) é a probabilidade que não se esforçará; iv ) Se o cliente do crédito se esforçar o projeto terá sucesso com probabilidade 1; v ) C é o custo do esforço6, que deve ser entendido como o custo de

oportunidade de abdicar de uma fonte de renda para dedicar-se ao projeto; vi ) Y é a renda obtida quando se esforça;

vii ) Custos de capital bruto (k), pode-se afirmar que os bons clientes terão interesse pelo empréstimo caso y k e os clientes de risco também buscarão o empréstimo caso y k.

viii ) Rb é a taxa de juros que a Instituição de Microcrédito cobra.

ix ) A Instituição de Microcrédito oferece um colateral w que poderá ser confiscado em caso de inadimplência;

x ) A probabilidade da Instituição de Microcrédito capturar o colateral em caso de inadimplência é s;

xi ) O grupo possui dois participantes;

Agora deve considerar uma situação onde ambos os perfis de clientes estão no mesmo grupo solidário participando da mesma Instituição de Microcrédito. Como uma parte da população que é de baixo risco está em q <1, então esta também será a proporção para o grupo solidário. Para entendimento e para simplificar o comportamento dos clientes, deve-se considerar também um grupo solidário com dois clientes. As vantagens de associação aparecerão claras e sob essa condição

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Conceito de esforço está relacionado ao investimento de tempo empregado em outra atividade remunerada.

mas pode ser facilmente expandidas para um grupo de n componentes. A taxa de juros total sofre um acréscimo do risco Rb (principal mais risco) que a Instituição de

Microcrédito cobra pelo custo da inadimplência. Um problema interessante é assumir que y 2.Rb de forma que, quando liberado o crédito, o cliente de alto risco aceita

pagar mais caro pelo empréstimo. Então a renda esperada pela Instituição de Microcrédito fixa sua taxa de juros Rb como segue: com a probabilidade q a

Instituição de Microcrédito possui clientes de baixo risco que pagam o empréstimo; com probabilidade 1 q , para clientes de alto risco da Instituição de Microcrédito onde enfrenta a possibilidade de receber o pagamento do empréstimo ou obter um resultado ruim; juntando a probabilidade da Instituição de Microcrédito em receber o empréstimo temos g. Se os dois clientes são de alto risco, simultaneamente deixarão de pagar o empréstimo 1 q 1. q ou a chance de um ou ambos pagarem é

2 1

1 p

g . O retorno do pagamento esperado de um determinado cliente de alto risco é assim b b q p R R q k . 1 .1 1 2. e (10) g q q k Rb . 1 . (11)

A equação (11) mostra a influência de q sendo o percentual de clientes bons ajudando a reduzir a taxa de juros Rb em grupos solidários e um percentual de

clientes de alto risco 1 q proporcionando o retorno dos juros totais Rb de grupos

solidários que só g proporcionam no período. Isto considerando que o pagamento de juros deve ser igual ao custo de transação k da Instituição de Microcrédito mantendo fundos saudáveis para manter a segurança para novos empréstimos. Quando o empréstimo é liberado em grupo solidário Rb k q 1 q.g a taxa de juros total Rb

é menor que a taxa de juros na ausência de um grupo solidário encontrado na equação (2) (lá, individualmente foi encontrado R k q 1 q.p . O fato que a taxa de juros é menor aqui surge porque como g 1 1 p 2 e 0 p 1, então g p; quer dizer, o programa de grupos solidários é um meio que os clientes de alto risco podem pagar mais freqüentemente os empréstimos (graças a responsabilidade em comum do grupo) já que o juros podem aumentar devido ao risco de liberar um 43

empréstimo individual. O risco é passado da Instituição de Microcrédito para os clientes de alto risco. A Instituição de Microcrédito pode reduzir assim a taxa de juros aplicando uma Metodologia de grupos com uma maior quantidade solidária no mercado.

Uma segurança da Metodologia é que todos os clientes assinam o mesmo contrato, mas, graças à garantia solidária entre todos, os tipos de alto risco pagam mais em média. A Instituição de Crédito pode efetivamente trabalhar com taxas de juros mais justas, sem precisar saber qual é o cliente bom e o cliente de alto risco.

Portanto, a associação permite que a Instituição de Microcrédito se equilibra a uma taxa de juro menor. Isto é possível devido a dois fatores:

- Os membros bons escolhem clientes bons, sem risco;

- O sistema de responsabilidade solidária aumenta a probabilidade das Instituição de Microcrédito receber seu capital de volta.

4.1.1 Risco Moral Ex-ante

Hipóteses do modelo segundo Morduch e Aghion (2005)

i ) Cada cliente solicitante de crédito toma empréstimo de $ 1,00 (uma unidade de capital);

ii ) O projeto é de um período de tempo;

iii ) p é a probabilidade de que o tomador de empréstimos se esforçará para que o projeto alcance sucesso e (1 – p) é a probabilidade que não se esforçará; iv ) Se o cliente do crédito se esforçar o projeto terá sucesso com probabilidade 1; v ) C é o custo do esforço, que deve ser entendido como o custo de oportunidade

de abdicar de uma fonte de renda para dedicar-se ao projeto; vi ) Y é a renda obtida quando se esforça;

vii ) Ra é a taxa de juros que a Instituição de Microcrédito cobra Ex-ante.

viii ) A Instituição de Microcrédito oferece um colateral w que poderá ser confiscado em caso de inadimplência;

ix ) A probabilidade da Instituição de Microcrédito capturar o colateral em caso de inadimplência é s;

x ) O grupo possui dois participantes;

xi ) Os grupos atuam como maximizadores de renda e punem os que não o fazem.

O retorno esperado é igual a 2y 2Ra 2C se os dois membros se esforçam para que suas atividades econômicas dêem certo e se os dois não se esforçam é

2 2 2y Ra p , o que produz 2 1 p C y Ra (12)

Nota-se que sob a condição de grupo solidário, o limite da taxa de juro é expandido pois p2 p e Ra R sendo R a taxa de juro

p C y R

1 calculada para

empréstimos individuais. Nota-se que o grupo solidário diminui os problemas causados pelo risco moral ex-ante isto é não esforçar-se para que o negócio dê certo.

4.1.2 Risco Moral Ex-post em grupo

O empréstimo solidário impõe a cada membro do grupo um custo Ka de

monitoramento dos seus pares, ajudando a diminuir o risco moral ex-post que consiste em não pagar o empréstimo, mesmo tendo sucesso no projeto.

Considerando as hipóteses anteriores e acrescentado as seguintes:

xii ) Um tomador pode saber a renda do outro do grupo com probabilidade q; xiii ) Custo de monitoramento Ka;

xiv ) d é a sanção social imposta aos não pagadores.

Os membros do grupo solidário pagarão o empréstimo somente se R d q y R y o que produz d q q R 1 (13) 45

Nota-se que o empréstimo em grupo com monitoramento pode operar sem colateral desde que a taxa de juro seja menor que d

q q

1 .

Nota-se que o monitoramento somente será efetuado se Ka qy, isto é: o custo do

monitoramento é menor do que o ganho que haverá por evitar que o outro do grupo solidário não pague.

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