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3.4 Descrição e análise da prática

3.4.4 A atividade com o Objeto de Aprendizagem

Na semana seguinte, aconteceu a aula no Laboratório de Informática na escola, momento em que os estudantes manusearam o Objeto de Aprendizagem “Energia, uma propriedade dos sistemas”, do NOA, já citado. Naquele momento nós nos deparamos com o seguinte obstáculo: mesmo a escola dispondo de um Laboratório de Informática, os computadores que lá se encontram não têm funcionalidade.

O programa instalado nos computadores é o Linux Educacional, e eles não faziam a leitura de CD ou Pendrive, impossibilitando-os instalar o OA e, além disso, a escola não dispõe de Internet. Como já conhecíamos essa realidade da

escola, questionamos a Secretaria Municipal de Educação sobre a possibilidade de instalar a Internet na escola, tendo a Secretaria se prontificado a contribuir mas, no entanto, isso não aconteceu.

Diante desse obstáculo, levamos dois notebooks com o OA instalado em ambos, e a cada 30 minutos o OA era explorado por um grupo formado por quatro estudantes, totalizando 21 participantes na atividade.

Inicialmente, o OA foi apresentado aos grupos, que foram deixados a vontade para explorá-lo livremente, estando a pesquisadora pronta para intervir sempre que aparecia alguma dificuldade com relação ao uso do OA ou quando os participantes faziam alguma pergunta. Para exemplificar os questionamentos apresentados pelos estudantes, consideremos as seguintes falas: “É o atrito que faz a menina parar com força?”; “Quando a menina escorrega a energia vai mudando não é?”.

Essa exploração livre inicial é extremamente importante, possibilitando ao professor levantar informações sobre os conhecimentos prévios dos estudante se suas expectativas de aprendizagem sobre o conteúdo. No entanto, sugere-se o uso de roteiro para o trabalho em aulas realizadas em laboratórios de informática, considerando-se que os ritmos de realização das atividades, assim como das aprendizagens, são diferentes.

Os estudantes mostraram-se motivados durante o manuseio do OA, conversando entre si e levantando questões sobre a ação da garota no tobogã. Como exemplo de um desses diálogos, destacamos o que segue: “Olha, eu vou aumentar o atrito até a cor preta e a menina não vai chegar até o final. Por quê? Vamos fazer de novo prá ver. É por causa do atrito que impede o movimento dela”. Como já informamos, a variação de atrito entre a garota e a superfície do tobogã, assim como sua velocidade de descida, ficam sob o controle do usuário. No início da pesquisa um dos alunos se recusou a participar das atividades. Ele dormia nas aulas e embora tenhamos tentado convencê-lo a participar, não obtivemos sucesso. Em conversa com a professora da turma, ela informou que o aluno havia ingressado na escola no segundo semestre, apresentava um histórico de vida complicado e, apesar de cursar o 5º Ano, ainda não escrevia o próprio nome.

Na aula com o OA, o aluno interagiu com o objeto e com os colegas, fazendo comentários entusiasmados: “Vou aumentar aqui (a velocidade) e ela

desce mais rápido.” “Aumentando aqui (o atrito), ela para antes.” Ao término da aula o aluno pediu para permanecer no laboratório, trabalhando com o OA.

A etapa seguinte foi a construção dos MC referentes ao conteúdo ministrado de Energia Mecânica. Orientamos a atividade para a turma e solicitamos que formassem novamente os mesmos grupos de trabalho (4 grupos), com cinco componentes cada um. Nesta etapa, o aluno ausente na construção dos Mapas com o tema “casa” estava presente, no entanto, se recusou em realizar a avaliação.

Pode-se afirmar que, o OA foi proposto aos/as estudantes com a intenção de organizar previamente a rede de conceitos dos/as mesmos/as, isto, de ativar os inclusores necessários a aprendizagem do novo conteúdo. Assim, o OA configurou um organizador prévio para a aprendizagem do conteúdo Energia Mecânica, como estratégia facilitadora da construção de relações não arbitrárias e substantivas entre as novas ideias e as ideias âncoras na estrutura cognitiva do/a aprendiz.

Em seguida, foram distribuídas folhas de papel, lápis e blocos de post-it para os grupos. Após o término da atividade, aconteceu a socialização dos trabalhos pelos grupos, momento em que alguns conceitos foram negociados pela turma. A atividade de construção de MC sobre o conteúdo Energia Mecânica durou 04 horas/aula.

O primeiro Mapa Conceitual socializado pela turma encontra-se na Figura 8.

Figura 8. Mapa conceitual com o tema Energia Mecânica feito pelo Grupo 1 e transcrito pela pesquisadora.

FONTE: Elaboração da autora (2013).

Figura 9. Mapa conceitual com o tema Energia Mecânica feito pelo Grupo 2 e transcrito pela pesquisadora.

FONTE: Elaboração da autora (2013).

No MC construído pelo grupo 2, os estudantes expressaram seu entendimento acerca do conteúdo estudado, obedecendo a ordem de hierarquização abordada por Ausubel, por meio da qual os conceitos acompanharam os princípios de diferenciação progressiva e reconciliação integrativa.

Figura 10. Mapa conceitual com o tema Energia Mecânica feito pelo Grupo 3 e transcrito pela pesquisadora.

FONTE: Elaboração da autora (2013).

O Mapa Conceitual construído pelo grupo 3, evidencia os conceitos apreendidos pelos estudantes sobre o conteúdo e as relações entre seus diferentes elementos, em uma estrutura hierárquica.

O último Mapa Conceitual socializado pela turma encontra-se na Figura 11.

Figura 11. Mapa conceitual com o tema Energia Mecânica feito pelo Grupo 4 e transcrito pela pesquisadora.

FONTE: Elaboração da autora (2013).

É perceptível no MC construído pelo grupo 4 a relação estabelecida entre conceitos abordados no conteúdo estudado e a manipulação do OA quando associam a energia cinética ao aumento da velocidade da descida da garota no tobogã. Além disso, os conceitos estão organizados hierarquicamente, do mais inclusivo para os secundários e relacionados entre si.

A limitação da organização estrutural e dos conceitos utilizados pelos/as alunos/as na construção dos mapas, pelos 4 grupos, sobre o conteúdo abordado são justificados pelo fato de ser uma estratégia nova, com a qual eles/as tiveram a primeira oportunidade de trabalhar e pelo recorte realizado no próprio conteúdo, por se tratar do 5º Ano do Ensino Fundamental.

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