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CAPITULO 2 PANORAMA DO NEGÓCIO: PRODUTO E MERCADO

2.4 O Mercado de Aparas Brasileiro

2.4.2 A Cadeia

Para que se entenda o mercado de aparas de papel com mais propriedade é fundamental o entendimento da cadeia produtiva e de todos os possíveis caminhos atravessados pelas aparas.

O primeiro passo é identificar as diversas fontes de matéria prima, e a partir daí descrever passo a passo os caminhos que as aparas seguem até a indústria recicladora.

2.4.2.1– Fontes Geradoras de Aparas

Todos nós, conscientes ou inconscientemente, somos geradores de aparas de papel. Quando se descarta um jornal já lido ou uma caixa de sapato, estamos iniciando o ciclo produtivo do mercado.

A maioria das indústrias também são geradoras de aparas. Imaginemos uma indústria automobilística e sua linha de produção. Quase todas as peças chegam às fábricas embaladas. Assim que solicitadas para compor o produto, esta embalagem se torna lixo, ou matéria prima para indústria recicladora.

Além disso, temos também outras fontes geradoras, como por exemplo, as redes de supermercados e shoppings, que recebem todo o material que é vendido nas lojas em caixas, e quando chega a hora das mercadorias irem para as gôndolas, essas caixas são também descartadas.

Devem-se mencionar ainda as gráficas, que para chegar no produto final, como por exemplo, um livro, tem que cortar rebarbas para acertar a medida do produto. E essas rebarbas também são aparas.

Portanto, percebe-se que a geração de aparas é um processo natural no dia a dia do ser humano. Em qualquer lugar do mundo, neste exato momento, uma grande quantidade de aparas está sendo gerada.

2.4.2.2– Responsáveis pela Captação e Coleta de Aparas

Identificou-se até então, que qualquer pessoa é geradora de aparas e, portanto, em qualquer lugar do planeta encontrar-se-á esta matéria prima.

Iniciado o ciclo produtivo da reciclagem de papel com a geração de aparas, o segundo passo é fazer este material chegar às indústrias recicladora. Surge então o maior desafio a ser superado.

Qualquer indústria, independente do segmento em que atua, necessita de um volume de produção para viabilizar seu negócio. Na indústria recicladora não é diferente, é necessário que a matéria prima seja abundante e seu fornecimento constante, para evitar que as máquinas fiquem ociosas.

Como então garantir este fornecimento constante e abundante de matéria prima? Quem coleta este material no mercado e o faz chegar às fábricas recicladoras?

Para que se possam responder essas perguntas é fundamental descrever o papel de agentes que compõe esta cadeia. Seguem abaixo estas descrições:

Catadores de Papel – Pessoas simples, muitas vezes sem

instruções, que sofrem a exclusão social, com a falta de empregos e de oportunidades. Apesar disso exercem um importante papel no ciclo estudado aqui. São responsáveis pela coleta do material gerado por moradores, comércios, escritórios, etc. Utilizam-se de carroças para carregar o material coletado, e percorrem as ruas das cidades em busca de material. Depois de coletar o papel, os catadores os levam até um depósito mais próximo, onde este material é pesado e vendido.

Depósito de Ferro Velho - localizados na maioria das vezes em

pontos estratégicos dos bairros, são denominados de Depósitos de Ferro Velho, pois além de papel, trabalham com outros tipos de materiais reciclados, como por exemplo, plástico, ferro e alumínio. Sua função no ciclo da reciclagem de papel é absorver o papel coletado por catadores e outros

geradores de aparas da região. Na maioria das vezes estes depósitos não possuem maquinários necessários e nem volumes suficientes para atender diretamente as fábricas recicladoras, e por esse motivo vendem o papel para depósitos maiores, denominados Aparistas.

Aparistas – Último agente do ciclo produtivo de aparas, antes da

matéria prima chegar à fábrica. É chamado de Aparista o dono de uma empresa que comercializa aparas de papel. É responsável por absorver todo material captado pelos depósitos de ferro velho, além de captar também os papéis gerados por fábricas, gráficas, supermercados, shoppings e qualquer outro possível gerador de papel. Este agente é o responsável na captação, coleta, compactação e fornecimento de aparas em grandes quantidades para as indústrias. É também o objeto de estudo neste trabalho, por estar no topo da cadeia no comércio de aparas. A empresa do Aparista é composta por caminhões que fazem a coleta, maquinários que fazem a separação e compactação, e toda uma infra-estrutura de captação, armazenamento, administração e vendas, permitindo assim enquadrar o papel nos moldes exigidos pelas indústrias recicladoras. No decorrer deste trabalho, iremos aprofundar nessa estrutura, que compõe este agente.

Fica evidente, portanto, que os catadores de papel, os donos de depósitos de ferro velho e principalmente os Aparistas são fundamentais para a viabilização do processo de reciclagem de papel. Sem eles o papel não chegaria à indústria recicladora, conseqüentemente não haveria matéria prima a ser reciclada.

2.4.2.3 – Estrutura Necessária no Mercado de Aparas

A estrutura necessária no mercado de aparas para encaminhar o papel da fonte geradora até seu destino final, basicamente é de responsabilidade do Aparista. Visto que o carroceiro só necessita de uma carroça, feita na maioria das vezes de forma artesanal, e o dono do depósito de “Ferro Velho” apenas precisa de um espaço físico que possibilite o

armazenamento da mercadoria comprada do carroceiro, ou de qualquer outro gerador de aparas.

Já o Aparista é responsável por todo o procedimento que depende de investimento, ou seja, é dele a responsabilidade de coletar o material nas fontes, separar e compactar o papel. Sendo assim, precisa de uma frota adequada para atender a cada tipo de cliente, além da máquina compactadora e todos outros equipamentos, como por exemplo, empilhadeiras, balanças, etc.

O mais comum é a utilização de caminhões grandes, que permitem carregar uma quantidade maior de material. Os dois tipos de caminhões mais usados são:

Caminhão equipado com sistema de caçamba, também conhecido como “Caminhão Caçamba”. Este tipo de caminhão é composto por um equipamento hidráulico, que permite o deslocamento das chamadas “caçambas ou caixas”. Estas caixas podem apresentar-se em diferentes tamanhos e seu deslocamento facilita a carga e a descarga do material. O procedimento operacional realizado por este tipo de equipamento é muito simples: o Aparista deixa uma caçamba vazia na fonte geradora de matéria prima e quando esta caixa apresenta-se cheia o caminhão apenas vem, e a troca por outra vazia. Além da eficiência na carga e descarga, este tipo de equipamento necessita de apenas um funcionário para operá-lo. Inevitavelmente, o motorista.

O caminhão com sistema de carroceria, também é muito utilizado. Não há a mesma eficiência na carga e descarga apresentada por um caminhão de caçamba, pois em cada coleta o caminhão chega vazio e tem de ser carregado na hora, necessitando assim de mais mão de obra e mais tempo. O que torna este caminhão imprescindível, apesar dos pontos negativos, é o fato de que nem todo gerador de apara tem espaço disponível para estacionar caçambas.

centros urbanos é comum o uso de veículos menores para a coleta, pois em muitos bairros caminhões grandes são impedidos de transitar durante o dia. Com isso o custo de coleta é prejudicado, pois não se consegue carregar um bom volume nestes veículos menores.

No decorrer do capítulo seguinte, será abordado de forma mais detalhada, todos os sub-processos da cadeia, e conseqüentemente os custos envolvidos em cada processo.

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