• Nenhum resultado encontrado

de Biodieselde Biodiesel

3.3 A cadeia produtiva do Biodiesel

contar com a cooperação entre as empresas, capazes de estimular o clima de empreendedor do sistema produtivo local, mas sem perder a vinculação com os mercados nacionais e internacionais. Nisto, as regiões começaram a apresentar parcerias entre os diversos atores que formaram a cadeia produtiva do biodiesel, conforme as rotas produtivas mais utilizadas.

3.3 A cadeia produtiva do Biodiesel

No Brasil, existe a vantagem de utilizar a rota produtiva da transesterificação etílica, que é um produto disponível em todo território nacional, contando inclusive com larga experiência em obtenção. Entretanto, os custos de frete entre o metanol e o etanol podem gerar opções diferentes em cada usina. No mundo há predominância de uso da rota metílica. No caso brasileiro o uso do etanol oferece vantagens logísticas pela distribuição e também ambientais por não derivar do petróleo, corroborando a questão de combustível renovável. Todavia, em contraste, o processo produtivo com o metanol possui vantagens econômicas pela redução de alguns itens (Ilustração 09).

Ilustração 09 – Comparação entre as rotas metílica e etílica ( Parente, 2003)

Rotas de processo Quantidade e condições usuais médias aproximadas Metílica Etílica Quantidade consumida de álcool (kg) por 1000 litros de biodiesel 90 130

Preço médio de álcool US$/m³ 190 360

Excesso recomendado de álcool recuperável por destilação após a reação

100% 650%

Temperatura recomendada de reação 60ºC 85ºC

Tempo de reação ( minutos) 45 90

Fonte: Parente , 2003.

O esquema mostrado na ilustração 10 apresenta a cadeia produtiva do biodiesel, considerando desde a esfera agroindustrial até o mercado consumidor. A complexidade desta cadeia, somado a dimensão territorial e a variedade de matérias-primas, reflete em reações diferentes daquelas projetadas pelas ações do PNPB.

Ilustração 10 – Cadeia produtiva do biodiesel

Fonte: ABIOVE

Lobato (1998), cita as economias de aglomeração como sendo um mecanismo de natureza econômica que surge quando várias atividades juntas beneficiam-se mutuamente uma das outras pela escala que criam, ao se utilizarem das mesmas formas espaciais. No PNPB as economias de aglomeração ficam por conta das unidades fabris de óleos vegetais existentes em diferentes pontos no território nacional com ociosidade nos seus equipamentos. Também se enquadram como economias de aglomeração toda a frota distributiva e pontos de venda ao consumidor de combustíveis. Este item em especial minimiza a complexidade da organização espacial.

A inserção do biodiesel na matriz energética brasileira é uma clara ação do grande capital na formação do espaço nacional. O trabalho sob comando do capital nos diferentes tipos de proprietários da terra, dos meios de produção, da indústria, da tecnologia produtiva, dos meios distributivos e somado a ação do Estado capitalista, formando uma organização espacial propicia a esta mudança de consumo.

Nesta mesma avaliação há de se considerar a dinâmica de acumulação do capital, o qual busca lugares em que possa se reproduzir de maneira mais fácil e eficaz. Assim, como chama Milton Santos (2003), existem os lugares opacos e os lugares que brilham, acentuando as diferenças regionais. O papel do Estado é minimizar esses diferenciais, oferecendo vantagens tributárias, logísticas e infra-estrutura para que o capital se reproduza de forma mais homogênea.

Ingenuidades a parte, não se pode pensar num Estado neutro, ou num Estado protencionista, seja das classes dominantes ou das classes menos favorecidas. No PNPB lida-se com um estado globalizado (player), em que a ordem ambiental internacional estimula um modelo de governança, pressionando decisões de governos e gerando programas políticos voltados a redes sociais mundiais. Este fato torna-se evidente quando se observa as metas determinadas na Convenção sobre Mudanças Climáticas e seus reflexos nas políticas públicas.

As redes de informação cada vez mais estão se expandindo em escala global e trazem desdobramentos e formações de espaços públicos globais. A globalização da tecnologia e a informação propicia a articulação entre os territórios e as redes mudando o processo interno de formação sócio-espacial:

“a questão pode ser formulada no sentido de identificar o modo como a legitimação interna dos estados para as políticas internacionais esta sendo hoje afetada pelo desenvolvimento desse novo espaço público na escala internacional. Questões atuais, como os riscos ambientais, a pobreza, a corrupção, as minorias, a exclusão, os direitos humanos (...). Mesmo se as decisões sobre estas questões continuam sendo responsabilidade do aparato institucional dos Estados, os espaços públicos internacionais em construção têm se tornado cada vez mais arenas políticas e tem afetado, em muitos casos, as opiniões públicas nacionais sobre estas decisões internas.” (CASTRO, 2005, p.256)

Tem-se a figura do grande capital e do pequeno capital, como agentes da organização espacial que se complementam, através de subcontratos, fornecimento de matérias-primas ou como distribuidores. Neste encaixe estão os pequenos produtores de oleaginosas, as pequenas usinas esmagadoras e cooperativas de produtores. Quanto ao fator locacional , este é minimizado pelos sistemas técnicos já existentes no território nacional que são os fixos que promovem os fluxos necessários a reprodução das atividades produtivas. O PNPB dispõe ainda da vantagem do processamento não necessitar estar próximo ao local de plantio, pois não há perda das qualidades ou perecibilidade do produto colhido em poucas horas ou dias.

Sob este ponto de vista, há dois lados da questão: torna-se vantajoso ao grande capital, pois pode instalar-se em locais com infra-estrutura garantida (objetos técnicos), por outro lado, dificulta ao pequeno produtor que sofre com o aumento dos custos de transportes da sua produção, podendo até inviabilizar o plantio. Novamente o capital age como principal agente de formação espacial.

Por outro lado, a rede que se forma no território permite um leque de atividades paralelas ao segmento principal, onde surgem e se inserem os agentes dos circuitos inferiores como defini Milton Santos (1978).

No circuito produtivo inferior do PNPB, estão inclusos os pequenos agricultores, os freteiros que levam a colheita para as usinas, as lavouras que contratam mão-de-obra para colheita e secagem, o comércio de bens auxiliares a produção, como lenha para a secagem dos grãos, além de pequenas usinas de esmagamento. Segundo Corrêa (1998), essas atividades podem garantir a inclusão social de camadas da população que estariam marginalizadas do processo produtivo:

“Estas atividades do circuito inferior não são independentes das outras, mas um meio através do qual o processo de acumulação capitalista pode incluir um setor que não é atrativo para a pequena empresa. Além do mais, garante determinado nível de subsistência para uma população aparentemente marginalizada que não teria emprego fixo nas atividades modernas.” (CORRÊA, 1998, p.66) É neste contexto que a cadeia produtiva do biodiesel busca a inclusão social e a melhor distribuição de renda, formando uma rede distribuitiva ( Ilustração 11) que atingirá o mercado nacional e internacional.

Ilustração 11 – Rede distribuição do biodiesel

Fonte: Palestra da Ministra Dilma Rouseff em dez/2004, por ocasião do lançamento da rede nacional do biodiesel. Disponível em: www.biodiesel.gov.br

Com o intuito de verificar a estruturação desta cadeia produtiva, o próximo apresenta um levantamento da participação por macrorregião brasileira no mercado do biodiesel.

CAPÍTULO 3

4. CENÁRIO DE DEMANDA INTERNACIONAL E NACIONAL POR