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A CATEGORIZAÇÃO DAS ATIVIDADES

No documento carolinalessacataldi (páginas 126-130)

3 PERFIL DOS ALUNOS/PROFESSORES DO CURSO DE

3.4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.2.2 A CATEGORIZAÇÃO DAS ATIVIDADES

A escolha das atividades adequadas às diferentes realidades encontradas na diversidade imposta pela humanidade pode ser um fator que ainda traz equívocos. Estas escolhas estão relacionadas a padrões, constructos estabelecidos socialmente e culturalmente, portanto, consegue-se entender que o problema não está na deficiência em si, mas, nestes padrões, ou seja, em fatores que não fazem parte da deficiência, mas que estão fora dela. Costa e Sousa (2004) apontam que, ao compreender este fato, fica evidente que apenas acrescentar o conteúdo da atividade física e do desporto adaptado como partes constituintes do conhecimento da Educação Física Escolar não é o bastante para assegurar a inclusão, mas em um período inicial isso contribuiu para suscitar uma reflexão sobre a deficiência.

Hoje, torna-se necessário avançar, compreendendo-se que não será apenas o desporto adaptado o responsável pela inclusão, ou por minimizar discriminações e preconceitos. Um exemplo disso é que, por mais que os atletas paralímpicos venham conquistando medalhas e destacando-se mundialmente, estes não têm

recebido um reconhecimento compatível com atletas sem deficiência, que são privilegiados em termos de patrocínios e representam grandes marcas esportivas.

Diante disso, nada mais coerente que avaliar como as iniciativas governamentais, individuais e coletivas estão influenciando a prática docente. Uma das formas de se fazer isso é através da análise das propostas práticas dos professores de Educação Física, que encontram-se na “linha de frente” do processo inclusivo e buscam implantar o que hoje acreditam ser uma Educação Física Inclusiva.

Para Parrilla (2002), a atividade física e o esporte inclusivo são parte de uma corrente que busca ampliar o cenário escolar para desenvolver atividades compartilhadas entre pessoas com e sem deficiência.

Já Lieberman (2009), afirma que para se obter a igualdade de oportunidades na participação dos alunos nas aulas de Educação Física é necessário estabelecer critérios gerais para todas as atividades físicas e o esporte, buscando alcançar êxito pelos participantes, sendo necessárias variedades de propostas porque os alunos apresentam diferentes tipos de deficiências e, consequentemente, diferenças nas habilidades motoras.

Este autor apresenta uma proposta de categorização das atividades físico- esportivas que se configura da seguinte maneira:

CATEGORIA 1 - Atividades que utilizam as regras da atividade física e do esporte original – devem ser utilizadas quando o aluno com deficiência não necessita de nenhuma modificação das regras do esporte original, ou utiliza as regras do esporte original com alguns ajustes, quando se realiza algumas modificações e adaptações nas instalações, sem influenciar o rendimento de qualquer um dos participantes.

CATEGORIA 2 - Atividades que utilizam as regras da atividade física e do esporte original com algumas modificações no regulamento – utiliza-se estas atividades para aumentar a participação e a oportunidade das pessoas com deficiência quando estas possuem capacidades diferenciadas.

CATEGORIA 3 - Atividades que utilizam as regras da atividade física e do esporte adaptado para todos – todos participam dentro das regras das atividades e do esporte adaptado, sem qualquer modificação.

CATEGORIA 4 - Atividades que utilizam as regras da atividade física e do esporte original para pessoas sem deficiência e da atividade física e o esporte adaptado para as pessoas com deficiência.

Baseado na proposta de Lieberman (2009), as estratégias pedagógicas da população estudada apresentaram a seguinte configuração:

Gráfico 48 – Distribuição percentual das atividades copiladas da plataforma Moodle da 4ª e 5ª edições.

Fonte: A autora

O Gráfico 48 mostra uma relação percentual entre o total de atividades avaliadas na 4ª e 5ª edições e a distribuição das atividades propostas por cada categoria.

Os dados desta categorização acompanharam aqueles encontrados na pesquisa de Cataldi e Ferreira (2013), em uma proporção menor, já que nesta foram considerados um número menor de professores e atividades.

74,15% 7,57%

28,36%

4,68%

Percentual das categorias

Categoria 1

Categoria 2

Categoria 3

Tabela 41 – Distribuição das atividades copiladas da plataforma Moodle de acordo com a categoria. CATEGORIAS ATIVIDADES DA 4ª EDIÇÃO TOTAL 2 ATIVIDADES DA 5ª EDIÇÃO TOTAL 3 TOTAL 4 SOMAS DA e DV DF DA, DV e DF DA e DV DF DA, DV e DF CATEG TOTAL CATEG. 1 292 57 349 227 41 268 617 CATEG. 2 5 20 25 2 11 13 38 CATEG. 3 62 23 85 46 20 66 151 CATEG. 4 6 7 13 5 8 13 26 TOTAL 1 365 107 472 280 80 360 832

*TOTAL 1 – somatório das atividades por disciplina da 4ª edição (por coluna) **TOTAL 2 – somatório das atividades por categoria da 4ª edição (por linha) ***TOTAL 3 – somatório das atividades por categoria da 5ª edição (por linha)

**** TOTAL 4 – somatório das atividades por categoria da 4ª e 5ª edições (por linha e coluna) Fonte: A autora

Foram compiladas 836 atividades da 4ª e 5ª versões do curso, sendo 4 destas excluídas por não se adequarem aos requisitos de análise descritos na metodologia. Na categorização das 832 atividades que estavam de acordo com o critérios de análise, encontrou-se grande superioridade quantitativa das atividades que se enquadravam na categoria 1, a qual representa aquelas que sofrem apenas pequenas adequações nas regras e/ou instalações com o objetivo de proporcionar maior participação das pessoas com deficiência em situações inclusivas.

A categoria 3, que representa o grupo de atividades em que os professores propuseram adaptar o esporte ou a atividade física para todos os alunos, alcançou 28,36% no somatório das duas edições do curso consideradas para esta pesquisa, um percentual bastante inferior se comparado à categoria 1, mas significativo, demonstrando que esta estratégia é frequentemente considerada em situações inclusivas.

As categorias 2 e 4 foram as menos utilizadas pelos professores no momento de propor práticas pedagógicas inclusivas, demonstrando, talvez, dificuldades em se estabelecer momentos de vantagem às pessoas com deficiência ou em se conciliar regras do esporte original e do adaptado em um mesmo tempo e espaço. Outra possível análise estaria relacionada ao fato de estas estratégias não serem, na concepção dos professores, mais adequadas para promover a inclusão. Isso porque

a categoria 2 abrangeu atividades em que as modificações na regra geravam certa vantagem para a pessoa com deficiência, o que, para alguns, poderia significar, por exemplo, exposição do aluno, ou gerar desigualdade de tratamento entre os mesmos.

A categoria 4 sugere a proposição de atividades em que as regras para pessoas com deficiência são diferentes das regras para pessoas sem deficiência, provocando, em um mesmo tempo e espaço, dois grupos na mesma prática mas em condições diferenciadas. Esta linha de atividade busca a igualdade de oportunidade através da diferenciação das regras. Neste caso, o professor que não utiliza esta categoria pode acreditar que promover esta situação não está de acordo com os princípios da inclusão.

No documento carolinalessacataldi (páginas 126-130)