A cidade de Cataguases

Cataguases é um município localizado na Zona da Mata do estado de Minas Gerais, localizado a 320 quilômetros da capital mineira, Belo Horizonte. A cidade tem um importante papel na segunda geração do movimento modernista, da década de 40, e também na história do cinema brasileiro. A cidade também é conhecida pelo seu pólo industrial e pela histórica Companhia de Luz e Força Cataguases- Leopoldina, atualmente Grupo Energisa. Cataguases se destacou nas artes pela presença marcante da arquitetura modernista e pelo cinema. Segundo Luiz Doria (2014), além de Eva Nil, temos os cineastas Humberto Mauro e Pedro Comello, que foram os pioneiros do Cinema Brasileiro:

O Cine-Teatro Edgard substituiu o Cine-Teatro Recreio, que inspirou Humberto Mauro e Pedro Comello a caminharem e escreverem os seus nomes na história do cinema. O Recreio, construído em 1896, é de estilo eclético. O prédio atual – de 1946 – chama a atenção pelas suas curvas em concreto armado do salão de festas, a fachada com parede inclinada, o mosaico em ladrilhos hidráulicos, os pilares da fachada, as escadarias curvas, o mezanino e o grande vão da platéia mostrando o avanço tecnológico da época. Obra tombada pelo IPHAN em 1994 e projeto de Aldary Henriques Toledo e Carlos Azevedo Leão.

Para além do cinema, Cataguases tem grande relevância no cenário arquitetônico, e sua Igreja Matriz, o Santuário de Santa Rita de Cássia é exemplo disso. A pequena paróquia de Santa Rita do Meia Pataca passou por sucessivas reformas e ampliações. Ela foi incialmente projetada em estilo neogótico por Agostinho Horta Barbosa em 1893, mas foi profundamente remodelada no período de 1907 a 1909. Em 1942, devido aos abalos apresentados na estrutura, um novo templo fora construído. E em 1944 foi lançada a pedra fundamental da nova Igreja Matriz de Santa Rita de Cássia: a construção da atual igreja iniciou-se em 1948 e foi concluída em 1968. O projeto do atual templo, assinado pelo arquiteto Edgar Guimarães do Vale, é contemporâneo à II Guerra Mundial. Seguindo o estilo moderno, o arquiteto deu ao templo a forma de um avião9 que, bombardeado, tivesse perdido uma asa. A nave assemelha-se ao bojo de um avião, envolvida por uma abóbada que se afunila da fachada em direção ao presbitério, no qual se encontra o altar-mor de mármore sob um baldaquino revestido de granito. O templo apresenta uma única torre, a qual possui 30 metros de altura, construída em formato ogival, à semelhança de um torpedo. A fachada10 é decorada com um painel em azulejos intitulado "A vida de Santa Rita", da pintora Djanira. Em 1995, a pintora Nanzita recriou os passos da Via Crucis no interior do templo, em uma obra de estilo expressionista11. Em 1996, a igreja foi elevada à condição de santuário, em solenidade presidida pelo então bispo da Diocese de Leopoldina, Dom Ricardo Pedro Chaves Pinto Filho

A Igreja de Santa Rita está localizada na Praça Rui Barbosa. A praça possui rampas, desenhos no piso em ladrilhos hidráulicos e pedras portuguesas, extensos bancos curvos e sem encostos em pastilhas. Tudo isso chama a atenção da praça, que foi construída em 1957 e tem a assinatura de Luzimar Goes Teles. A Concha Acústica é de autoria de Francisco Bolonha.

De acordo com Mattos12,

Cataguases entrou no séc XX sendo considerada, juntamente com a cidade de Belo Horizonte e de São Paulo, um dos centros culturais de referência da vanguarda nacional. Paralelamente a realização da semana de arte

9

Como é possível ver nas figuras 2, 3 e 4, do anexo 1.

10

Como é possível ver na figura 1, do anexo 1.

11 _{As imagens da “Via Crucis” podem ser observadas nas figuras 5 e 6, do anexo 1.} 12

MATTOS, Ricardo Quinteiro. História de Cataguases. Disponível em:

moderna, em 1922, o modernismo invadia Cataguases, inicialmente com a literatura e cinema. Na segunda onda do modernismo vieram a arquitetura, a escultura, a pintura e a música. No final da década de 40, foi introduzido em nosso espaço urbano, um dos primeiros projetos residenciais elaborado por Oscar Niemeyer. Pela cidade espalharam-se painéis, jardins e monumentos assinados por artistas consagrados como Cândido Portinari, Burle Marx, Jan Zach, Djanira e Bologna, dentre outros. Esse conjunto de obras está bem conservado e pode ser apreciado por quem visita a cidade. Apesar de toda a inovação do séc XXI que está sendo introduzida em nosso Município, conservamos bem o nosso patrimônio.

A decadência do ouro na região mineradora ao redor de Vila Rica levou os mineiros a procurarem novas jazidas. Atraídos pelas histórias de faiscadores, muitos aventureiros chegaram pela cabeceira do Rio Pomba e ribeirão Meia Pataca a este promissor vale da Zona da Mata. Por volta de 1809, na margem esquerda do Rio Pomba, próximo ao ribeirão do Meio Pataca, foi instalado um aquartelamento com o nome de Porto dos Diamantes, que tinha como objetivo, evitar o contrabando de ouro e pedras preciosas.

Assim, a cidade de Cataguases foi fundanda como um arraial pelo coronel francês Guido Tomaz Marlière, militar que tinha a responsabilidade de civilizar os índios e criar novos povoados por no Brasil. Ele chegou no país em 1811 e foi preso, acusado de estar a serviço de Napoleão Bonaparte. Depois de ser inocentado pela acusação de espionagem a favor dos franceses, Guido pediu para ser enviado para um lugar longe da civilização com o intuito de trabalhar pela civilização dos indígenas.

Em 1813, o pedido de Guido Marlière fora atendido, e ele chega à região, que hoje é o município de Rio Pomba, com o intuito de civilizar os índios daquela localidade. Em 1826, o então Tenente-Coronel das Divisões do Rio Doce, Guido Marlière, funda o povoado de Meia Pataca. Em 1841, é elevado à categoria de curato. Mais tarde passou a distrito e foi denominado de Santa Rita de Meia Pataca, em 1851. Em 25 de novembro de 1875 a Assembleia Provincial criou o Município de Cataguases, com território desmembrado dos de Leopoldina, Muriaé (ex-São Paulo do Muriaé) e Ubá.

Hoje em dia, Cataguases leva o seu nome para o mundo por meio de sua indústria e de sua forte ligação com as artes. Na parte da indústria destacamos a Companhia Industrial Cataguases, considerada uma das mais importantes empresas de tecelagem do Brasil: a Cia. Cataguazes de Papel, pela sua importante atuação na

área de reciclagem de papéis e a Companhia Manufatora, que fabrica e exporta algodão hidrófilo da melhor qualidade para todas as partes do mundo.