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A coleta das informações e a análise dos dados

Para colher os dados, elaboramos um instrumento em forma de questionário com escalas do tipo Likert, ou escalas somadas. Esse modelo de medição foi elaborado por Rensis Likert, em 1932, e requer que o entrevistado indique seu grau de concordância ou discordância com declarações relativas à atitude que está sendo avaliada. Atribuem-se valores numéricos6 e/ou sinais às respostas para refletir a força e a reação do entrevistado à declaração (BRANDALISE, 2010).

Optamos pela escala Likert por suas vantagens, segundo Mattar (apud BRANDALISE, 2010): simplicidade na construção e amplitude de respostas que permitem informações mais precisas da opinião dos respondentes em relação a cada afirmação. Além disso, acreditamos que seria mais confortável ao professor expressar sua opinião por meio da indicação no quadro com a escala Likert, sendo- lhe possível escolher respostas previamente formuladas. Temíamos que um

6 Nesta pesquisa, para as declarações de máxima concordância, atribuímos o valor 1 e para as de menor

concordância ou total discordância, valor 5. Sendo assim, o valor 3 indica um ponto de vista intermediário, sugerindo concordância/discordância parcial.

questionário dissertativo, com somente questões abertas, desmotivasse o respondente a redigir as respostas. Segundo Brandalise (2010, p. 4), as declarações feitas em escala Likert oportunizam ao entrevistado “expressar respostas claras em vez de resposta neutras, ambíguas”. Mesmo assim, para que pudéssemos conhecer melhor a responsividade dos sujeitos em relação ao LDP ENAP, inserimos espaço para justificativa após cada questão.

O questionário elaborado foi submetido a uma das escolas do campo da pesquisa para um teste-piloto, que se realizou entre os dias 5 e 20 de abril de 2010. A escolha da escola deveu-se ao fato de conhecermos aquela instituição, pois já estivéramos naquele estabelecimento de ensino em oportunidades anteriores, para contato com a direção, os professores e os alunos. Ao todo, nos turnos da manhã e da tarde, de acordo com a informação da diretora, a escola contava com 17 professores em seu quadro e alguns deles lecionavam nos dois turnos.

Após contato telefônico com a diretora para solicitar a permissão de irmos até a instituição para realizar a aplicação dos questionários, dirigimo-nos ao local. Ao conversar pessoalmente com a diretora e uma das professoras, que estava em horário de planejamento, chegamos a um consenso de que não seria possível responder ao questionário nos 15 minutos de intervalo, devido, sobretudo, ao número de questões. Além disso, o horário de intervalo tem por finalidade possibilitar ao professor ter um pequeno descanso, alimentar-se, ir ao banheiro, realizar algum telefonema particular. Não seria justo (ou elegante) de nossa parte fazer com o professor que se privasse dessas necessidades. As educadoras solicitaram, então, que os questionários fossem deixados para que os professores os respondessem com mais tranquilidade, sendo recolhidos no dia seguinte, o que ficou acordado.

Ao retornarmos à escola, verificamos que alguns questionários estavam totalmente em branco, e fomos informados que eles foram oferecidos a professores que não haviam utilizado o LD e, por essa razão, eles julgaram não ser necessário responder a nenhuma das questões. Explicamos que seria importante que tais professores também respondessem às questões iniciais (que se referem à instituição em que trabalham, formação, série(s)/ano(s) para os quais lecionam, tempo de docência), pois essas informações ajudariam a verificar, na pesquisa, quantos docentes foram abordados, independentemente do fato de terem ou não utilizado o LD em questão e, sendo o caso, as razões para não o terem utilizado.

Assim, conforme sugestão da diretora, os questionários ficaram com ela novamente para serem retornados aos professores e serem pegos em nova data. Voltamos à instituição por mais quatro vezes a fim de obter os questionários de volta, conseguindo alcançar nosso objetivo 10 dias depois.

Esse fato levou-nos a inserir no caput do instrumento de coleta de dados a seguinte informação: “A pesquisa refere-se ao LD A Escola é Nossa Alfabetização e Língua Portuguesa. Caso não tenha utilizado esse livro, é importante que assim mesmo você preencha os dados iniciais do questionário, responda às questões de 1 a 4 e o devolva à pesquisadora. Independentemente de sua situação (ter ou não usado a obra), você tem a opção de não responder a nenhuma questão, caso entenda que não deva fazê-lo.”

Os questionários respondidos pelos professores usuários do LDP, por ocasião do teste-piloto, demonstraram pouco grau de informatividade. As respostas, curtas e pouco aprofundadas, forneciam poucos elementos para análise. Muitas das justificativas para as questões foram deixadas em branco, o que dificultaria uma compreensão da atitude responsiva ativa desses professores, sujeitos da pesquisa, em relação à coleção ENAP.

Para tentar minimizar esse efeito na aplicação do questionário com outros professores, foram elaboradas três novas questões e inseridas logo no início dele. As questões referiam-se à importância dada pelo sujeito aos LDs nos processos de ensino e aprendizagem; à importância atribuída pelo sujeito às pesquisas sobre LDs, com o intuito de melhorá-los; ao nível de importância atribuída à participação do sujeito nessa pesquisa (questões 1, 2 e 3, respectivamente, do questionário constante do Apêndice). O objetivo dessas questões fora levar o professor a ponderar acerca da sua participação, pois ela influenciaria no resultado da pesquisa e, por extensão, poderia colaborar com o aprimoramento da elaboração de materiais didáticos de modo geral. Assim, ajustado o instrumento de coleta de dados, passamos à etapa seguinte da pesquisa, que consistiu na aplicação do questionário nas demais escolas do campo estabelecido por nós.

As demais escolas foram abordadas no período de maio a julho de 2010, sendo as visitas sempre precedidas de contato telefônico. Os questionários foram entregues diretamente aos professores, geralmente em seus horários de intervalo.

Nessas ocasiões, conversamos com os docentes explicando sobre a pesquisa e solicitando a colaboração deles. A participação foi parcial, da mesma maneira como ocorreu na situação piloto. O retorno dos questionários era geralmente feito por algum funcionário da escola (secretário/a ou coordenador/a), que os recolhia e os juntava em um envelope para nos devolver.

O quadro a seguir permite visualizar, por escola, o número de questionários entregues e o número de questionários que retornaram com respostas.

ESCOLA QUANTIDADE DE

QUESTIONÁRIOS ENTREGUES

QUANTIDADE DE

QUESTIONÁRIOS RESPONDIDOS

Quadro 1 – Relação das escolas participantes da pesquisa, número de questionários entregues e

número de questionários devolvidos respondidos.

Conforme demonstra o quadro 1, 86 questionários (43%) foram devolvidos respondidos, ainda que parcialmente. Verifica-se que algumas escolas tiveram participação escassa. A escola 12, como se vê, contou com apenas um professor respondente. Em determinadas escolas, além de terem sido poucos os que participaram, parte deles não justificou as opções assinaladas nas tabelas com escala Likert. Os motivos da não adesão dos docentes à pesquisa são variados e muitos deles desconhecemos. Porém, algumas justificativas são possíveis de aventar, como o fato de a escola ter sido abordada no período das festas juninas ou no período de conselho de classe ou ainda na aproximação das férias escolares. Nessas ocasiões, os docentes têm muitas tarefas extras a cumprir, o que lhes toma tempo. Essa explicação importa para evitar dúvidas e estranhamentos ao serem lidas, na subseção 3.1: Descrição dos dados e análises parciais, as transcrições de

respostas dos professores. Algumas escolas serão mais recorrentes e outras quase inexistentes pelos motivos que acabamos de explicar: falta de participação de muitos dos professores.