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A coletividade é outra marca essencial que contribui para o processo de formação humana das crianças Sem Terra. A estrutura organizativa social e política do MST favorecem para que as pessoas, que dele fazem parte, participem do debate/análises desde os núcleos de base até a tomada de decisão pelo conjunto da coletividade. Assim, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, desde a sua gênese, vem buscando organizar a participação coletiva das famílias no processo da luta pela terra, a participação da sua base social. Conforme as Normas Gerais do MST (1989)82, em sua estrutura organizativa, os princípios norteadores são:

Direção Coletiva – Este princípio alerta aos integrantes do Movimento para a necessidade de tomar as decisões coletivamente; deste modo, propõe que todas as instâncias deverão ser formadas por pequenos coletivos, todos com igual direito e poder de decisão, e acrescenta que tudo deve ser decidido pela maioria e cumprido por todo o coletivo. Igualmente deve ser a realização das tarefas, que devem ser divididas, estimulando a participação de todos e evitando o centralismo e o personalismo. Segundo

82 As Normas Gerais do MST são um conjunto de normas e princípios que regem o Movimento em nível

nacional. As normas nasceram e foram criadas na mesma medida que o Movimento. Foram sendo instituídas nos diversos coletivos que integram o Movimento e evoluindo conforme as necessidades da organização. As Normas Gerais do MST foram aprovadas em três coletivos diferentes: no primeiro Congresso Nacional, nos cinco encontros nacionais, realizados anualmente de 1984 a 1989, e nas reuniões da coordenação nacional que são realizadas trimestralmente. Todo esse acúmulo foi editado pela primeira vez em 1989 em um pequeno livreto de bolso. Essas normas norteiam o MST na sua totalidade e são abertas a todos os estados fazerem complementos, conforme a realidade local. As Normas Gerais são compostas de 15 capítulos que deixam claro o que é o Movimento. Os seus princípios, as plataformas de lutas, as instâncias do Poder Nacional, os critérios gerais dos membros das instâncias, os princípios organizativos das instâncias, a organização interna, a articulação das mulheres, os símbolos e meios de comunicação, as finanças, as normas gerais dos assentamentos, as relações internacionais, as instâncias estaduais e locais, a personalidade jurídica e os assuntos gerais.

o MST (2005, p. 82), “a única forma de termos de fato uma direção coletiva é se as famílias assentadas e acampadas estiverem organizadas em núcleos e possam discutir os problemas enviando sugestões para a direção”.

Disciplina consciente – Para o MST, a disciplina implica no respeito às decisões

tomadas no coletivo, sobretudo, às tarefas assumidas na auto-organização.

Planejamento – O Movimento parte do pressuposto de que nada acontece por acaso, mas que tudo deve ser planejado e organizado, a partir da realidade e das condições materiais e objetivas da organização.

Crítica e autocrítica − O Movimento insere a crítica e a autocrítica no método de

avaliação das ações dos integrantes que participam da organização. É uma forma de avaliação e autoavaliação. Em consonância com os princípios, o Movimento em nível nacional organiza as instâncias de decisões das suas lutas:

Congresso Nacional − É a instância máxima de debates e deliberações da organização.

Nele se reúnem integrantes do MST de todos os estados. O objetivo é traçar as linhas políticas de atuação do Movimento por um período de cinco anos. É um espaço de mobilização política em prol da reforma agrária e um momento de confraternização da classe trabalhadora.

Encontro Nacional – Este acontece a cada dois anos. Nesta instância, são definidas as pautas de lutas imediatas, de acordo com a conjuntura da sociedade e as necessidades dos estados. Sua composição, caráter, local e data são definidos pela direção nacional.

Coordenação Nacional − É uma instância que tem como funções encaminhar as resoluções aprovadas nos encontros e congressos nacionais; zelar pela aplicação dos princípios do Movimento; tomar decisões políticas de caráter nacional; acompanhar a implementação da organicidade nos estados. Esta instância é composta por dois representantes de cada estado, indicados nos encontros estaduais, pelos membros da direção nacional e um ou dois representantes de cada setor. Este coletivo se reúne duas vezes ao ano, e todos os membros da coordenação possuem igual poder, as tarefas e funções a serem encaminhadas são divididas.

Direção Nacional - Esta tem como função pensar, discutir e propor as linhas políticas para o Movimento, procurando garantir a sua efetivação. Planejar as estratégias de lutas em conjunto com a coordenação nacional; acompanhar os setores. Elaborar o método de trabalho e promover constantemente a formação política dos participantes do Movimento. Esta instância é composta por dois membros (um homem e uma mulher), eleitos nos encontros estaduais, referendados no Encontro Nacional, para um período de dois anos.

Para melhor viabilizar a participação de todos e todas nas instâncias em nível nacional, são organizados os setores e cada um tem uma função específica. Atualmente, os setores que estão organizados no MST são: Frente de Massa, Educação, Gênero, Comunicação, Finanças, Relações Internacionais, Saúde, Produção e Meio Ambiente, Direitos Humanos, Formação, Cultura e mais o Coletivo da Juventude.

Essas instâncias e esses setores são criados também nos estados onde o MST está organizado. Em âmbito estadual, para melhor participação de todos e todas, são organizadas as brigadas ou as regionais83 e em cada assentamento e acampamentos as famílias são organizadas por núcleos de base compostos aproximadamente por 10 famílias baseadas nas proximidades do local de moradia. A orientação é que todos os membros do MST devam pertencer a um núcleo para fazerem parte do Movimento e continuar o processo de formação e mobilização. Segundo Silva e Valério (2013, p. 5):

O núcleo de base é um espaço de estudos e encaminhamentos práticos, é importante que todos eles discutam a produção, a escola, a saúde da comunidade, as finanças, enfim, as necessidades de cada área [...] e façam isso no mesmo período de tempo, caso estes necessitem de um encaminhamento posterior às discussões, possa encaminhadas para outras instancias do MST.

Cada núcleo é coordenado por um homem e uma mulher, uma pessoa para secretariar e um representante por setor do Movimento, que, junto com os demais representantes de outros núcleos, formam os setores no assentamento ou acampamento. É importante ressaltar que o núcleo de base é o um jeito como os assentados e acampados organizam para participar da vida do Movimento Sem Terra.

83 O estado de São Paulo, por exemplo, é organizado por regional e o estado do Paraná é organizado por

Assim, os núcleos de bases ser o fio condutor da organicidade do MST pois é através deles que o Movimento garante a participação das famílias nas decisões politicas e na luta pela terra que o MST vem organizado em todo o seu processo histórico. Dessa forma, a organicidade é um dos princípios da estrutura organizativa do MST, é através dela que as famílias participam das partes e da totalidade do Movimento. Para o MST (2005, p. 25), “É essa dinâmica que possibilita a existência do Movimento enquanto organização social. Essa estrutura organizativa dos Núcleos de Base, setores, brigadas, coordenações e direções, é que possibilita ampliar a participação das famílias nas discussões, ações, e decisões do MST”. Caldart (2000) diz que a organicidade no Movimento é o elemento fundamental para que sua base social possa participar.

A autora (2000, p. 162) afirma que:

A expressão organicidade indica no Movimento o processo através do qual uma determinada ideia ou tomada de decisão consegue percorrer de forma ágil e sincronizada o conjunto das instâncias que constituem a organização, desde o núcleo de base de cada acampamento e assentamento até a direção nacional do MST, em uma combinação permanente de movimentos ascendentes e descendentes capazes de garantir a participação efetiva de todos na condução da luta em suas diversas dimensões.

Para Silva e Valério (2013), “é a partir da intencionalidade da luta que o MST constrói sua organicidade [...] ela expressa interesses e intenções de formação dos sujeitos vinculados à luta de classes”. Segundo os autores (2013, p. 8):

A organicidade é um método de organização e ao mesmo tempo um espaço formativo que permite aos militantes ampliarem a compreensão acerca da questão agrária e da realidade brasileira em sua conexão com o modo de produção capitalista, que os produz e sustenta, portanto, possibilita a estes sujeitos terem uma compreensão da divisão de classes, e evidentemente, dessa identidade de classe trabalhadora na luta pela terra.

O objetivo é o de envolver o maior número de famílias das áreas de acampamentos e assentamentos, em sua organicidade e nas suas instâncias locais, estadual e nacional, pois isso possibilita um espaço de formação e também amplia a participação das famílias nas decisões do Movimento. Além disso, a organicidade é a maneira de ir eliminando os aspectos espontâneos e ingênuos da consciência dos camponeses; estes, através do tempo, passam a perceber como se dá o controle da

sociedade e onde se localizam os interesses antagônicos das classes organizadas. Segundo Bogo (1999, p. 135):

[...] A organicidade, embora seja o oposto da espontaneidade, no movimento de massas convive com ela sem dificuldades; pois é através da luta espontânea e desqualificada, que as pessoas entram para o Movimento, que aos poucos vai lhes apresentando a estrutura orgânica, onde cada família tem seu lugar e procurará evoluir em sua participação, na medida em que compreender e assimilar os objetivos que a coletividade estabelece para serem alcançados.

Para Gomes (2009, p. 53) “compreender a construção da organicidade no MST requer situar o processo social específico vivenciado pelas famílias de trabalhadores rurais Sem Terra, vinculados a um movimento social.” Toda essa coletividade é permeada de ações educativas e a participação das crianças nesse processo possibilita a sua formação humana, o que é demonstrado a partir da sua participação nos coletivos organizados nas Cirandas Infantis. A coletividade dos assentados e acampados torna-se referência para a organização da vida nos assentamentos e acampamentos, principalmente para as crianças. Isso não quer dizer que existe uma maneira ideal de organizar os coletivos, mas existe uma preocupação em pensar a produção da vida e de resistência das famílias camponesas, que possibilite uma vida mais digna para todos e todas. Assim, as crianças vão buscando construir sua auto-organização infantil, tendo como base essa coletividade vivenciada pelo Movimento Sem Terra. Benjamim (1984, p. 85) afirma que:

Os teatros infantis proletários exigem, para atuarem fecundamente uma coletividade, exigem uma classe. A classe operaria possui um sentido infalível pela existência da coletividade, e as crianças constituem uma coletividade. [...] E é privilégio da classe operária prestar a máxima atenção à coletividade infantil, a qual jamais pode adquirir contornos nítidos da classe burguesa. Pois é esse coletivo infantil que irradia a mais poderosa força de mudanças e é impossível na atualidade alcançar sem a criação das crianças.

Os Sem Terrinha vão desenvolvendo novas relações nesse coletivo infantil, tanto pelo jeito de dividir as tarefas, quanto ao pensar no bem-estar do conjunto das famílias, e vão percebendo que a organicidade do MST é cada vez mais complexa. Então, as Cirandas Infantis, ao assumir a educação das crianças, também precisam desempenhar as tarefas que lhes cabem neste processo de fortalecimento da organicidade, tendo

clareza do projeto político dos trabalhadores e trabalhadoras. Isto implica em experimentar e vivenciar os processos produtivos e educativos numa coletividade. Krupskaya (2009, p. 105) apontou a necessidade de criar uma escola que preparasse os construtores da nova vida, afirmando que:

A passagem do poder para as mãos dos trabalhadores e camponeses abre ante o país perspectivas enormes, possibilidades enormes, mas, a cada passo, nós vemos as dificuldades que são criadas na tarefa da sua construção, pela falta de cultura geral no país, pela ausência de saber trabalhar e viver coletivamente.

Pistrak (2009, p. 125) chama a atenção para essa questão ao afirmar que:

Essa questão pode se responder assim: nossa época é uma época de luta e construção, sendo construção que parte da base, construção apenas possível e bem-sucedida nas condições em que cada membro da sociedade compreenda, claramente, o que precisa construir (isso se dá a formação na atualidade) e por quais caminhos realizar esta construção.

Para melhor vivenciar essa coletividade, as Cirandas Infantis, ao organizar os coletivos infantis, com tempo e espaço próprios, para analisar, discutir suas questões, elaborar propostas e tomar decisões, em vista da participação dos sujeitos no seu processo educativo de um modo geral, estimulam a auto-organização dos Sem Terrinha. Nesse sentido, as Cirandas Infantis estão diretamente ligadas com a participação das crianças e com a criação do coletivo infantil. Marcos Cesar Freitas (2007) ao fazer o prefacio do livro “O coletivo infantil em creches e pré-escolas,” (2007, p. 13) afirma que:

O coletivo infantil é a expressão de uma universalidade que só se torna efetivamente apreensível de perto. [...] O coletivo infantil, visto de perto, não é só um microcosmo a ser desvelado, é também um conjunto de falares e saberes para os profissionais que trabalham e aprendem com as crianças pequenas.

Entretanto, organizar as crianças em núcleos de base ainda é um grande desafio, principalmente nas Cirandas permanentes. Isso se explica pelo baixo número de crianças que participam da Ciranda, ou pela própria organização do assentamento em que está inserida, se não está organizado dessa forma. Mas isso não quer dizer que as crianças não participem do debate da luta pela terra, elas fazem isso em outros espaços em que também participam. Já nas Cirandas Infantis itinerantes, a organização dos

núcleos de base é mais frequente, por ter um número grande de crianças, para melhor organização das atividades. Roseli, em entrevista, afirma que:

As crianças são estimuladas a organizar-se em coletivos, com tempo e espaço próprios para elas, no sentido de ir discutindo, analisando e tomando conhecimento − do seu jeito de ser criança – de algumas tarefas que são de suas responsabilidades e envolvem a Ciranda Infantil, visando participar da vida do assentamento e da luta pela reforma agrária enquanto sujeitos históricos. Nós aqui na ciranda estamos passando por muitas dificuldades para reorganizar os núcleos de base das crianças, não por que elas não querem, mas pelas condições materiais da nossa ciranda e dos assentados, assim estamos vendo a melhor forma de organizar o coletivo infantil.

(Roseli, dirigente e educadora da Ciranda Infantil Dom Tomás − entrevista realizado no dia 10 de setembro de 2013).

Uma das grandes dificuldades do MST atualmente é manter as Cirandas permanentes nos assentamentos, por conta do custo muito alto, questão que vem dificultando um trabalho pedagógico com mais qualidade, principalmente nos assentamentos que ainda estão estruturando a sua infraestrutura. Quando isso ocorre, o Movimento organiza as Cirandas Infantis nos fins de semana, para que as crianças não fiquem sem se encontrar, para a troca de saberes e para construir sua auto-organização, enfim, seu coletivo infantil. Pistrak (2002) nos ajuda a compreender melhor essa preocupação que o MST tem com os Sem Terrinhas, o autor afirma (2002, p. 150) que:

A auto-organização das crianças é uma escola de responsabilidades assumidas, onde as atividades infantis se definem, desde a conservação da limpeza do prédio, a divulgação de normas higiênicas, a organização de sessões de leitura, o registro dos alunos, até espetáculos e festas escolares, a biblioteca e o jornal escolar. [...], pois, as crianças são brilhantes, ativas, capazes, de grande iniciativa e encontram condições quando o coletivo infantil tem possibilidade de se desenvolver, de crescer pelos seus próprios meios e de se organizar numa base social. Tudo se explica pelo coletivo infantil.

Ao organizar as crianças em núcleos de base infantis, definindo a auto- organização dos Sem Terrinha nas Cirandas Infantis, há possibilidade do criar e recriar das crianças, no âmbito da linguagem, dos símbolos, da cultura; criando e recriando o mundo humano como resposta às suas múltiplas necessidades. Pois nesse espaço planejam o estudo, escolhem o nome do núcleo, da Ciranda Infantil, criando um coletivo infantil e essa passa a ser uma prática educativa e social, cujo propósito político é a transformação da realidade vivenciada por elas, o que vai sendo construído juntamente com os educadores e educadoras no processo pedagógico e a Ciranda

Infantil torna-se sua base. Ao fazer a introdução do livro de Pistrak, Fundamentos da

Escola do Trabalho, Maurício Tragtenberg (1981, p. 15) afirma que:

A escola será à base desse coletivo infantil no dia em que se constituir como centro da vida infantil e não somente como o lugar de sua formação; quando for capaz de transformar os interesses e as emoções individuais em fatos sociais, fundados na iniciativa coletiva e na responsabilidade correspondente, através da auto-organização.

Dessa maneira, pensar e fazer uma educação onde as crianças participem de atividades da produção da própria vida coletivamente, compatíveis com sua idade, é pensar a sua formação humana das crianças sem terra, numa outra perspectiva, emancipadora. Assim, as crianças têm reais possibilidades de participar do coletivo infantil, sendo sujeitos construtores e construtoras de um projeto de sociedade, na perspectiva da emancipação humana, ou seja, podem construir uma sociedade para além do capital. Então, faz-se necessário ao MST ousar, fazer outras experiências educativas, com dimensões mais coletivas e que levem a construir saberes, vivenciar processos de cooperação e auto-organização. Essa forma de organizar envolve as dimensões do trabalho na atualidade e pode ser relevante para a construção de alternativas que estão pautando a tarefa de construir um novo projeto histórico. Pistrak (2002, p. 31) afirma que:

A auto-organização do coletivo traz elementos centrais para distinguir entre as diferentes formas de compreensão da coletividade e suas implicações no processo de trabalho coletivo que busca construir um novo projeto histórico, ou seja, que deve lidar com a formação rompendo com a lógica nela imposta pelo capital.

Dessa forma, há um entendimento no MST de que as crianças são sujeitos desse processo de produção da vida e estão na luta construindo um projeto de sociedade, por isso as decisões tomadas na sua coletividade é coisa séria e precisa ser considerada pelos adultos. Segundo Pistrak (2009, p. 127):

A autodireção não pode ser atingida se a autodireção das crianças é apenas de brincadeira. É preciso reconhecer de uma vez por todas, que as crianças, e especialmente um jovem, não apenas prepara-se para a vida, mas já vive o agora sua grande vida real. A criança não se prepara para tornar-se membro da sociedade, mas já é agora, já tem agora suas necessidades, interesses, tarefa, ideal, vive agora em ligação com a vida dos adultos, com a vida em sociedade, não deve jamais perder-se de vista pela escola, se ela não quer sufocar o interesse das crianças pela escola com sua organização, o seu centro vital.

A organização das crianças em coletivos está vinculada ao jeito do Movimento Sem Terra se organizar para fazer a luta pela reforma agrária. Ao criar os núcleos de base, as crianças escolhem, além do nome do núcleo, o coordenador e a coordenadora, e um horário e local para se reunirem. Assim, quando as educadoras incentivam as crianças a se auto-organizarem, elas criam espaços para que possam estudar, decidir e dividir as tarefas. As crianças dizem sobre o núcleo de base:84

Nosso núcleo nós discutimos muito para chegar a uma decisão. (Laís, 6 anos, anotações do caderno de campo).

No núcleo de base aprendemos a coordenar uma reunião e planejar nossas atividades.

(Danielle, 9 anos, anotações do caderno de campo).

Eu gosto muito do meu núcleo, ele chama ‘Paulo Freire’, mas tem vezes que a gente brigava porque alguns não querem respeitar as decisões coletivas do núcleo e isso era muito ruim.

(Victor, 10 anos, anotações do caderno de campo).

Meu núcleo chama ‘Terra vermelha’, gosto de participar e estudar no núcleo, quem sabe ajuda os que não sabem, eu gosto muito quando nós fazemos à mística, jornal, esses dias nós estamos ensaiando uma música para gravar um CD.

(Thiago, 12 anos anotações do caderno de campo).

O meu primeiro núcleo de base que participei foi na Ciranda do V Congresso ele se chamava ‘Paulo Freire’, foi muito legal, depois as educadoras também organizaram os núcleos de base aqui na ciranda, no núcleo nós participamos da mística, dos mutirões, da limpeza da ciranda e fazer o jornal.

(David, 11 anos, anotações do caderno de campo).

Observando as falas das crianças pode-se perceber que o núcleo de base infantil possibilita uma participação bem intensa dos Sem Terrinha na tomada de decisões, como, na escolha das brincadeiras, dos estudos, das místicas, nos mutirões para fazer o jornal das crianças, nos ensaios de música para gravar CD etc. Em cada atividade, as