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A COMPLEXA SEMENTE DE UM UNIVERSO METODOLÓGICO

No intuito de compreender como a mensagem de cunho ecológico e ambiental percorre os corredores do Iguatemi, entre julho de 2005 e abril de 2007, utilizando duas edições da campanha Cubra o Mundo de Verde, a peça publicitária, veiculada em Zero Hora, referente ao Donna Fashion Iguatemi 2005, bem como a primeira edição de inverno desse evento de Moda, agendada em 2007, pontuando a proposta Carbon Free, em conjunto com a campanha do Greenpeace, tematizando a Floresta Amazônica, procuramos observar o diálogo Ecologia/Meio Ambiente/Shopping Center, tomando como suporte o Paradigma da Complexidade, proposto por Morin.

Contando com os pressupostos teóricos da Comunicação moriniana, na qual a

Cor, de Farina, Studium, Punctum e Estereótipo, de Barthes, e Nome, de Cassirer, contribuem como subcategorias, somadas às categorias de Poder, Mito e Cultura, apontadas por Barthes, assim como o Conhecimento, mencionado por Morin, o Paradigma da Complexidade, viabilizador do olhar Transdisciplinar, através dos princípios Sistêmico ou Organizacional, Hologramático, do Anel Retroativo, do Anel Recursivo, Auto-eco-organizador, Dialógico e da Reintrodução, busca elo com o objeto, fornecendo subsídios para a construção de um Conhecimento contextualizado, conector de conjunturas heterogêneas.

Entendermos o método regente de tal estudo, a fim de aplicarmos as suas bases teóricas num contexto prático, requer detectar as partes, formadoras do todo, objetivo e subjetivo, de Morin. A Complexidade de sua trajetória, pessoal e profissional, parece refletir na estruturação de tal Paradigma, capaz de resgatar, o objeto, como uma abrangência, limitada, nas alamedas, da vivência humana particularizada.

Esse prisma é percebido por Morin, como Reorganizações Genéticas, decorrentes da ligação entre a sua vida e as concepções teóricas que o formaram e que, por ele, foram concebidas, explicitadas como ponto em comum nas suas obras, especialmente, de caráter biográfico. Assim, pinçamos tópicos de sua trajetória, permeando por produções literárias, resgatadas a seguir (EDGAR..., [200-]).

Nascido em oito de julho de 1921, filho único de casal de judeus espanhóis, que vieram para a França, na primeira década do século XX, Morin criou-se num universo no qual as tradições, o saber, as normas e as crenças familiares foram resumidas no gosto pelos temperos da culinária mediterrânea (MORIN, 1997). “Mas o que aprendi, não de minha família, mas na minha família, foi o mais importante de tudo: aprendi, aos nove anos, o que é a morte.” (MORIN, 1997, p. 14).

Após o falecimento de sua mãe num vagão de trem de subúrbio, sua vida familiar foi dilacerada. Numa convivência constante com a dor da morte e da perda, o menino Morin fechou-se num mundo onde o único sobrevivente era ele (MORIN, 1997). “Assim, parti para a vida, sem Cultura nem Verdade, somente com a ausência da morta e a presença da morte.” (MORIN, 1997, p. 15). Segundo Morin (1997), foi a história da França – parte que passou a integrar o seu todo – o único ensinamento repassado pelos bancos escolares. “O que aprendi por mim mesmo? O resto [...]” (MORIN, 1997, p. 15-16).

O gosto pelo Cinema e pela Literatura romântica foi uma constante na infância de Morin. Conforme ele, aprender literatura foi uma conseqüência de seu companheirismo inseparável com os romances (MORIN, 1997).

Entre 13 e 14 anos, o jovem Morin amplia os seus horizontes de leitura e

começa a apropriar-se de nomes como Balzac e Zola, Tolstoi, Dostoievski, Rousseau, Voltaire e Diderot. Assim, ele diz que “[...] Pelo romance e pelo livro, cheguei ao mundo.” (MORIN, 1997, p. 20).

Com a Segunda Guerra Mundial, Morin aproximou-se dos ideais comunistas e socialistas, discutidos entre os colegas de quinta série. O contexto revolucionário que movia o mundo instigou-o ao Marxismo, visto como uma ciência articulada com as demais. Assim, “[...] O marxismo impelia-me ao saber ‘total’, isto é, ao conhecimento do todo enquanto tal, permitindo integrar o conhecimento das diversas partes constituintes desse todo” (MORIN, 1997, p. 28).

Durante os anos de guerra, Morin se entregou aos livros, a fim de entender e contextualizar a sua existência ao todo, no qual se encontrava inserido. Ele revela que:

Esses quatro anos de guerra, derrota, ocupação, resistência, tão pesados para o mundo, para a França e para o adolescente que os vivia, foram meus verdadeiros anos de escola, a escola dos livros que procuramos para encontrar respostas às questões vitais, a escola da tragédia histórica que nos carrega em seu turbilhão furioso, a escola onde tentamos compreender, orientar-nos, determinar-nos, fazer o que se deve, a escola da vida e da morte. (MORIN, 1997, p. 31).

A simpatia com os ideais comunistas fez de Morin um oficial, entre os seus 19 e 20 anos, quando convertido ao comunismo stalinista (MORIN, 1997). Na Faculdade, dedicou-se ao estudo de Economia Política, buscando a humanização econômica, pelo viés político. Para tal objetivo, procurou embasamento teórico nas Ciências Sociais, da Sorbonne, matriculando- se nos cursos de História, Geografia e Direito; e em disciplinas de Ciências Políticas, Sociologia e Filosofia (MORIN, 1997).

Em 1945, Morin representou o Estado Maior do Primeiro Exército Francês, na Alemanha, permitindo a reflexão sobre a efemeridade da existência humana, diante da dialogicidade vida/morte (MORIN, 1997).

A tormenta histórica havia empurrado-me ao marxismo, que pensava eu, devia satisfazer minha procura de inteligibilidade do destino humano, e o marxismo havia levado-me à história e à sociologia. O vazio que se apossou de mim pós-Liberação, suscitou uma fuga interior que me levou à Alemanha, onde me juntei ao 1º Exército. (MORIN, 1997, p. 32).

Foi nesse período que Morin escreveu o seu primeiro livro, L’na Zéro de

l’Allemagne (O Ano Zero da Alemanha), publicado em 1946, quando retornou a Paris (MORIN, 1997). De 1949 a 1951, num intensivo, na Biblioteca Nacional, Morin produziu L’Homme et la Mort (O Homem e a Morte), que traz a morte como fenômeno humano e fundamental, para distinguir ser vivo e máquina (MORIN, 1997).

[...] foi a produção deste livro que me fez elaborar uma concepção antropossociológica, reservando sua parte aos dois aspectos desprezados pela antropologia, e que o problema da morte salientava: de um lado a realidade biológica do ser humano que é mortal como todos os seres vivos; do outro, a realidade humana do mito e do imaginário que por toda a parte constroem uma vida após a morte. (MORIN, 1997, p. 34).

A expulsão do Partido Comunista, em 1951, graças às críticas ao Stalinismo e ao dogmatismo, fez com que Morin se aproximasse da sua vocação de investigador. Desse ano até 1989, atuou como pesquisador no Centre Nationale de Recherche Scientifique (CNRS) (MORIN, 1997).

[...] Graças às condições favoráveis e especiais que uma carreira no CNRS proporcionou-me, o autodidatismo não parou. Não deixei de ser estudante porque fui pesquisador no sentido pleno e existencial do termo. Eu o era antes de entrar no CNRS, e continuo sendo. (MORIN, 1997, p. 42).

A produção literária, de cunho ideológico, até então, por ele desenvolvida, cedeu espaço para novas pesquisas, centralizadas no mundo do Cinema – paixão cultivada desde a infância. O resultado desses estudos apareceu em 1956, quando publicou, pela Editora Minuit, Le Cinéma ou l’Homme Imaginaire (O Cinema ao Homem Imaginário). A obra expressa a Complexidade da relação entre Imaginário e real, através da Antropologia do Cinema (MORIN, 1997). Em 1957, Morin e alguns amigos fundam a Revista Arguments, cujo objetivo era retomar ideologias, visando a uma análise da realidade, sob os espectros que a guiam (MORIN, 1997). Nesse mesmo período, também, lançou Les Stars (As Estrelas) (MORIN, 1997).

Em 1959, foi publicada Autocritique. A obra, de caráter autobiográfico, que resgata as percepções do autor durante a sua participação na Segunda Guerra Mundial, procura estabelecer o ponto de equilíbrio entre a objetividade e a subjetividade (MORIN, 1997).

Numa releitura sobre o Cinema, associando-o com a Cultura de Massa,

Morin escreve L’Esprit du Temps (O Espírito do Tempo) em dois volumes (MORIN, 1997). Num retorno às reflexões políticas, utilizou-se das concepções freudianas e marxistas, para tratar da complexidade humana em Introduction à Une Politique de l’Homme (Introdução a Uma Política do Homem). Nessa obra, o autor buscou envolver o homem numa política de desenvolvimento global, através da qual a Ciência funciona como oráculo das crises sociais (MORIN, 1997).

Em 1967, a Editora Fayard publicou Commune en France: La Métamorphose de Plodemet (Comuna na França: A Metamorfose de Plodemet). A obra retrata as singularidades e as diversidades, os fenômenos sociais, culturais e históricos de uma comunidade de 3 mil habitantes (PETRAGLIA, 1995).

O olhar sobre os movimentos estudantis, que marcaram os anos 60, via observação não-participante, resultou na obra Mai 68: La Brèche (Maio de 68: A Brecha), escrita com Cornélius Castoriadis e Claude Lefort, editada em 1968 e reeditada em 1988, pela Editora Complexe (PETRAGLIA, 1995).

O retorno de Morin aos bancos acadêmicos se deu em 1968, permanecendo até 1975, como integrante do ‘Grupo dos Dez’, quando vislumbrou a ligação entre a Cibernética e a introdução ao Pensamento Complexo (MORIN, 1997). Entre 1969 e 1970, ingressou no Salk Institute for Biological Studies, de San Diego e permaneceu até e realização do Colóquio, que resultou no livro L’Unité de l’Homme (A Unidade do Homem), escrito em 1974, numa parceria com Massimo Piatelli-Palmarini (PETRAGLIA, 1995).

Em 1969, Morin publicou La Rumeur d’Orléans (O Rumor de Orleans) (MORIN, 1997) e Le Vif du Sujet (O Mérito o Sujeito) (MORIN, 1997). Um ano depois, foi publicado Journal de Californe (Jornal da Califórnia) (MORIN, 1997).

A repercussão das pesquisas desenvolvidas junto ao “Grupo dos Dez”, e as práticas do Colóquio, ainda, apareceram refletidas em 1973, na obra Le Paradigme Perdu: La Nature Humaine (O Paradigma Perdido: A Natureza Humana). Considerado marco inicial dos estudos, que levaram Morin a escrever os volumes do Método, Le Paradigme Perdu: La Nature Humaine resgata as reflexões sobre a Natureza humana – tema central de L’Homme et la Mort – utilizando-se de teorias biológicas e antropológicas (MORIN, 1997).

Ao deter o seu olhar no ser humano, observando-o como Homo sapiens sapiens demens, Morin coloca que configuramos determinados padrões, em função de pertencermos a uma cadeia biológica, através da qual somos capazes de alimentar, as raízes culturais. Dessa forma, cada parte do todo da humanidade é passível de transparecer 100% Natureza e 100%

Cultura, permitindo aflorar o Homo complexus, fundamentado numa Tetralogia, passível de guiar qualquer atividade dos sistemas vivos (EDGAR..., [200-]).

Então, passamos a pensar no ser humano, envolvido pelas relações de Ordem, focada nas regularidades, de Desordem, voltada para as dissonâncias, de Interação, face aos elementos imprevistos, e de Reorganização, como o caminho indicado pelo sistema. A soma desses componentes gera o Tetragrama Organizacional que, em conjunto com a dialogicidade, com o holograma e com a recursividade, explicitados, posteriormente, nos Princípios da Complexidade, sedimenta o Pensamento Complexo (EDGAR..., [200-]).

Entre 1973 e 1989, Morin atuou na co-diretoria do Centro de Estudos Transdisciplinares, da Ecole des Hautes Etudes em Sciences Sociales, em Paris, e dirigiu a Revista Communications, que serviu de veículo de divulgação das investigações científicas de caráter Complexo e Transdisciplinar (PETRAGLIA, 1995).

A elaboração das bases epistemológicas, para tal construção do Pensamento Complexo, parece explícita, enfaticamente, a partir da década de 60, quando Morin entra em contato com as formulações das Teorias da Informação, dos Sistemas e da Cibernética, que auxiliaram na concepção dos volumes, das obras O Método, consideradas o grande marco de sua produção bibliográfica (EDGAR..., [200-]).

No primeiro número, publicado, em 1977, pela Editora Seuil, sob o título Le Méthode 1: La Nature de la Nature (O Método 1: A Natureza da Natureza), Morin utilizou-se da relação ordem-desordem-organização, via Teoria dos Sistemas e da Cibernética, para estabelecer o elo entre a Ciência do homem e da natureza, chegando, assim, à Complexidade da Natureza e na Natureza da complexidade. Em 1980, a Editora Seuil publicou o Le Méthode 2: La Vie de la Vie (O Método 2: A Vida da Vida), que retoma a origem da vida e o Complexo diálogo do Homem, consigo, e com o seu mundo. O terceiro volume, Le Méthode 3: La Connassance de la Conaissance (O Método 3: O Conhecimento do Conhecimento), que foi editado em 1986, traz o todo do Conhecimento como temática central, apontando para a necessidade de reunir as ciências físicas, humanas e biológicas, a fim de que possamos compreender a complexidade do mundo do qual somos parte. Iniciado em 1984, Le Methode 4: Les Idées (O Método 4: As Idéias) só foi publicado em 1991, vislumbrando as idéias sob a ótica de sua Ecologia, com destaque para os aspectos culturais e sociais; da noosfera, relacionando a autonomia/dependência das idéias; e da noologia, através da qual as idéias aparecem organizadas por meio da linguagem e da lógica (MORIN, 1997).

Depois de, aproximadamente, uma década, sendo composta por quatro volumes, a série O Método ganha, em 2001, mais um integrante. Em La Méthode 5: L’humanité de

l’humanité (O Método 5: A Humanidade da Humanidade), Morin resgata a veia

filosófica, questionando as entranhas obscuras da existência humana, sua unidade e, simultaneamente, sua pluralidade frente à realidade social (MORIN, 2002).

Já em 2004, soma-se ao quinteto de tais obras La Méthode 6: Éthique (O Método 6: Ética). Propiciando o diálogo entre tópicos referencias do século XX e a realidade planetária – marca do século XXI –, Morin procura enfocar a ética num contexto no qual os parâmetros objetivos e subjetivos parecem estar se diluindo (MORIN, 2005).

Após 15 anos dedicados aos quatro primeiros números de O Método, Morin desenvolveu estudos que complementaram as análises, explicitadas em tais publicações. Assim, lança, em 1981, pela Inter-Editions, Journal d’un Livre (Jornal do Livro) e Pour Sortir du XX Siècle (Para Sair do Século XX), pela Editora Nathan. Em 1982, publica Science Avec Conscience pela Editora Fayard. A obra, reeditada em 1990, analisa a Ciência sob os mais variados prismas, apontando a sua responsabilidade social e a necessidade da construção de um todo científico, para melhor compreender a realidade da complexidade. Um ano após a primeira publicação de Science Avec Conscienc, a editora Fayard lança De La Nature de l’URSS (Da Natureza da URSS), que centraliza a análise na URSS (PETRAGLIA, 1995).

Em 1984, ao participar de um debate, em Lisboa, que tematizava o Problema Epistemológico da Complexidade, Morin e os demais profesores, debatedores, tiveram as suas intervenções e argumentações organizadas em um livro, pela Publicações Europa-América, que atendia pelo mesmo título do debate. Nesse ano, a Librairie de l’Université, em Aix en Provance, disponibilizou Science et Conscience de la Complexité (Ciência e Consciência da Complexidade), uma coletânea dos trabalhos de Morin, organizada por C. Atias e J.L. Le Moigne; já a Editora Galilée colocou no mercado Le Rose et le Noir (O Rosa e o Negro), e a Editora Fayard lançou Sociologie (Sociologia) (PETRAGLIA, 1995).

Em 1987, o autor de O Método voltou os seus olhos para a Europa e sua Complexidade, publicando, assim, pela Editora Gallimard, Penser l’Europe (Pensar a Europa). Dois anos após, Morin lança Vidal et les Siens (Vidal e os Seus), pela Editora Seuil e, em 1990, Colloque de Cerisy, um colóquio sobre o seu pensamento, que resulta num livro com o mesmo título. Também, em 1990, a ESF Editora, de Paris, divulga Introduction à la Pensée Complexe (Introdução ao Pensamento Complexo), no qual algumas idéias sobre o Pensamento Complexo aparecem explicitadas. Já em 1991, numa parceria com Mauro Ceruti e Gianluca Bocchi, gerou Un Nouveau Commencement (Um Novo Começo), obra publicada pela Editora Seuil (PETRAGLIA, 1995).

Ainda pela Seuil, Morin e a jornalista Anne Brigitte Kern lançaram, em

1993, Terre-Patrie. Nesse mesmo ano, Morin, Baudrillard e Maffesoli integraram o grupo de teóricos que compõem a obra sobre contemporaneidade, A Decadência do Futuro e a Construção do Presente, da Editora da Universidade Federal de Santa Catarina (PETRAGLIA, 1995).

Sua caminhada consagrada recebeu, em 1988, o Prêmio Europeu de ensaio Charles Veillon; o Prêmio Viareggio Internacional, em 1989; a Palma de Ouro do Festival de Struga, em 1990; e o Prêmio Europeu da Mídia pela Cultura, em 1991. O reconhecimento do seu trabalho rendeu o título de Doutor Honoris Causa, pela Universidade de Perugia e pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul; de Laus Honoris Causa, pelo Instituto Piaget, em Lisboa; a comenda da Ordem das Artes e das Letras e o título de Oficial da Legião de Honra da França (PETRAGLIA, 1995).

A Transdisciplinaridade sempre esteve presente, consciente ou inconscientemente, na sua formação. Textos de Marx, Freud, Lacan, Rousseau, Molière, Shakespeare, entre tantos outros, compõem o estoque de Conhecimento de Morin, constituído pelo conjunto de leituras, que consolidam a Cultura proposta por Barthes (PETRAGLIA, 1995).

Assim como foi influenciado por várias concepções ideológicas e literárias, Morin, também, presta a mesma assistência aos que buscam, na Transdisciplinaridade, a orientação, para compreender a Complexidade, que envolve o mundo. Utilizando-nos de seu Paradigma, como suporte metodológico desta pesquisa, procuramos estudar o diálogo Ecologia/Meio Ambiente/Shopping Center, observando, pela Comunicação, de que forma as mensagens, recortadas no escaninho ecológico e ambiental podem ser apresentadas, diante de uma reconstituição física, essencialmente, varejista.

As influências intelectuais, as atividades científicas e as experiências particulares de Morin cruzam-se no caminho rumo ao Paradigma da Complexidade. Para Kuhn (2000), o nascimento de um paradigma exige gestação, na qual ciência e comunidade se interligam.

A investigação histórica cuidadosa de uma determinada especialidade, num determinado momento revela um conjunto de ilustrações recorrentes e quase padronizadas de diferentes teorias nas suas aplicações conceituais, instrumentais e na observação. Essas são os paradigmas da comunidade, revelados nos seus manuais, conferência e exercícios de laboratório. (KUHN, 2000, p. 67).

Partindo da idéia de que um Paradigma não necessita produzir interpretação

padronizada e rezar pela cartilha da unanimidade, a fim de que possa orientar uma pesquisa, a Complexidade busca tradução, via dúvida e incerteza, em direção ao saber lento, contínuo e parcial. Para começarmos a entendê-la, precisamos resgatar a análise dialética, na qual o todo é Complexo (KUHN, 2000).

Morin (1999, p. 31-32) ressalta que “Complexus significa, originalmente, o que se tece junto. O Pensamento Complexo, portanto, busca distinguir (mas não separar) e ligar”, bem como fundamentar-se na incerteza, objetivando “[...] ao mesmo tempo, unir (contextualizar e globalizar) e aceitar o desafio da incerteza.”

Logo, procura deflagrar que as etapas, para conhecer a Complexidade, com uma abordagem dialética, estão classificadas em três. A primeira considera os Conhecimentos simples, como não reveladores do conjunto. Isso significa que o todo representa mais que a soma das partes que o constituem. Numa alusão à tapeçaria, a segunda garante que, num conjunto de fios, nem todos se exprimem plenamente. Assim, o todo é menor que a soma das partes. Já na terceira, o todo se manifesta como mais e menos, que a soma das partes, no qual cada parte possui uma função que, em diálogo, resulta na Complexidade do todo.

O elo partes/todo pode ser introduzido, nesta pesquisa, através dos sete princípios do Pensamento Complexo, a seguir, descritos (MORIN, 1999, p. 32):

Princípio Sistêmico ou Organizacional: liga o Conhecimento das partes ao Conhecimento do todo, conforme a ponte indicada por Pascal e mencionada antes: ‘Tenho por impossível conhecer o todo, sem conhecer as partes, e conhecer as partes, sem conhecer o todo’. A idéia sistêmica, oposta à reducionista, entende que ‘o todo é mais do que a soma das partes’. [...] A organização do ser vivo gera qualidades desconhecidas de seus componentes físico-químicos. Acrescentemos que o todo é menos do que a soma de todas as partes, cujas qualidades são inibidas pela organização do conjunto.

Nessa concepção, em que o conhecimento das partes mostra-se, intimamente, ligado, com o saber do todo, e vice-versa, a apropriação das partes requer um olhar sobre os elementos, de cunho ecológico e ambiental, que constituem o todo, fundado no Iguatemi – sede do diálogo entre as concepções ecológicas, ambientais e sobre Shopping.

De forma abrangente, o todo é capaz de enunciar a Comunicação, via partes, decodificadas em Ecologia, Meio Ambiente e Shopping Center.

Sob outra ótica, indicativa do corpus do estudo, podemos observar, como todo, o discurso ecológico e ambiental, implícito no espaço urbano recriado, enquanto que as partes,

significativas na estruturação de tal proposta discursiva, parecem representadas pelas

duas edições, campanha Cubra o Mundo de Verde, pela peça publicitária, referente ao Donna Fashion Iguatemi 2005, pela versão outono/inverno desse evento de Moda, agendado em 2007, em comunhão com a campanha do Greenpeace.

Princípio ‘Hologramático’ (inspirado no holograma, no qual cada ponto contém a quase totalidade da informação do objeto representado): coloca em evidência, o aparente paradoxo dos sistemas Complexos, onde não somente a parte está no todo, mas o todo se inscreve na parte. Cada célula é parte do todo – organismo global –, mas o próprio todo está na parte: a totalidade do patrimônio genético está presente em cada célula individual; a sociedade, como todo, aparece em cada indivíduo, através da linguagem, da Cultura, das normas. (MORIN, 1999, p. 32).

No Princípio Hologramático, em que o todo revela a parte, e vice-versa, o Iguatemi pode servir de suporte para o diálogo entre Ecologia, Meio Ambiente e Shopping Center, refletido, tanto por meio de seus elementos paisagísticos, sonoros, térmicos e de qualidade do ar, responsáveis pela busca de consolidação de um ecossistema, urbano, cujo parâmetro está fixado no ideal, quanto e, especialmente, através das partes, constituintes do corpus de tal estudo.

“Princípio do Anel Retroativo: [...] permite o Conhecimento dos processos de auto- regulação (feedback). Rompe com o princípio de causalidade linear: a causa age sobre o efeito, e este sobre a causa, como no sistema de aquecimento [...]” (MORIN, 1999, p. 32-33).

O anel, símbolo do todo, estabelece que as causas é que determinam os efeitos, e vice-versa. Esse princípio relaciona-se com o Conhecimento, produzido a partir do todo, do

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