• Nenhum resultado encontrado

5.1 – A COMPOSIÇÃO, QUALIFICAÇÃO E ATITUDE DAS EQUIPAS DE PROJECTO

5 – METODOLOGIA DE APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS GERAIS DE PREVENÇÃO NA FASE DE PROJECTO

5.1 – A COMPOSIÇÃO, QUALIFICAÇÃO E ATITUDE DAS EQUIPAS DE PROJECTO

Se os autores de projecto não tiverem experiência efectiva de obra, se não conhecerem bem os materiais, os equipamentos e as técnicas de trabalho, se não souberem a forma e as condições em que os trabalhadores operam, nem como é feita a articulação entre as diversas actividades que em simultâneo decorrem numa obra. Então não poderão identificar os riscos para a segurança e saúde dos trabalhadores, inerentes ao processo produtivo e se não identificarem os riscos, então não os podem prevenir.

As acções de prevenção de riscos têm de ser concretas, coerentes, objectivas e direccionadas para um problema real e previamente identificado.

Para que seja possível aplicar os princípios gerais de prevenção durante a elaboração dos projectos, deve ser tida em especial atenção a composição, a qualificação e a atitude da equipa que os elabora, nomeadamente quanto aos aspectos que se seguem.

A Composição:

a) As equipas que elaboram os projectos devem integrar pelo menos um elemento com formação na área da segurança e saúde no trabalho da construção.

b) As equipas que elaboram os projectos devem integrar pelos menos um elemento que tenha experiência efectiva do tipo de obra em causa e que conheça nomeadamente:

- As condições reais de trabalho em obra, a sua sujeição às intempéries. - A mentalidade e a cultura dos trabalhadores da construção, suas

potencialidades e limitações.

- As características físicas e químicas dos materiais.

- As ferramentas e os equipamentos usados nas fases construção, de exploração e de demolição.

- As técnicas e os métodos construtivos, as condições de operação de cada actividade em obra.

- A planificação e coordenação das diversas actividade que em simultâneo decorram numa obra.

A Qualificação:

Nos termos do n.º 3 do artigo 8º das instruções para o cálculo de honorários referentes aos projectos de obras públicas, “A programação e coordenação do projecto competirá, em regra, ao autor do projecto geral, com a colaboração de um delegado do dono de obra.”.

Para se cumprir com esta “regra” do preceito legal acima referido, o autor do projecto geral além de ter conhecimentos na área da segurança e saúde no trabalho, deveria também ter conhecimentos gerais sobre as diversas partes do projecto e sobre as técnicas construtivas, sendo-lhe ainda exigido experiência efectiva de obra.

Nestas condições, o autor do projecto geral teria muito maior facilidade de articulação com o coordenador de projecto em matéria de segurança e saúde, nomeadamente quanto à aplicação das medidas, que levam a que os princípios gerais de prevenção sejam atendidos durante a elaboração do projecto.

Resultariam ainda grandes benefícios para a prevenção dos riscos profissionais, pois as opções de projecto estariam logo à nascença imbuídas das regras da segurança e saúde no trabalho.

Em projectos de edifícios, o autor do projecto geral é normalmente um arquitecto, pelo que durante a respectiva formação académica, nomeadamente durante a licenciatura, deveria ser dada uma atenção especial à matéria de segurança e saúde no trabalho, a qual deveria ser complementada com estágios práticos a fim de ser adquirida experiência efectiva de obra.

Situação idêntica se passa relativamente aos engenheiros, quando se trata de projectos de instalações e equipamentos, de pontes e viadutos, de estradas, de obras hidráulicas, de abastecimentos de água, de drenagem e de

tratamentos de esgotos. Pois nestes tipos de projectos, são geralmente estes profissionais que assumem a função de autor do projecto geral, pelo que as exigências seriam idênticas às referidas anteriormente para os arquitectos.

Os restantes autores de projecto também devem ter formação na área da segurança saúde no trabalho e manter-se actualizados em termos técnicos.

A Atitude:

a) Os autores de projecto devem ter sempre presente que as obras são feitas por pessoas e para pessoas.

b) O primeiro passo da elaboração de um projecto deve ser o levantamento das condicionantes do terreno de construção.

c) Os projectos devem ser elaborados segundo as instruções para o cálculo de honorários, referentes aos projectos de obras públicas.

d) Deve haver reuniões regulares e frequentes de coordenação de toda a equipa de projecto.

e) Todos os elementos da equipa de projecto devem manter os seus conhecimentos permanentemente actualizados.

f) Os autores de projecto devem ter consciência que os riscos para a segurança e saúde no trabalho, decorrem no presente das condicionantes do terreno, no futuro dos métodos e das técnicas de trabalho a utilizar bem como da sua adequação às primeiras e ainda, da organização e coordenação do trabalho:

- Os riscos decorrentes das condicionantes existentes no terreno são, as características naturais e/ou artificiais existentes no terreno de construção no momento em que se inicia a elaboração do projecto, nomeadamente a vegetação, as perturbações de natureza topográfica, ou geológica, as linhas de água, o nível freático, as vias de comunicação adjacentes rodoviárias e/ou ferroviárias e/ou fluviais e/ou marítimas, as redes aéreas e/ou subterrâneas de electricidade e de telecomunicações, as redes subterrâneas de gás, de água e de

vão ser mantidas, alteradas ou demolidas. Todas elas vão condicionar profundamente o projecto em todas as suas partes.

- Os riscos decorrentes da realização das operações, que sejam consequência da execução material do projecto, numa perspectiva que abranja todo o ciclo de vida do imóvel:

o Na fase de construção há a considerar os métodos e técnicas construtivas, que foram escolhidas na fase de projecto, em função das opções arquitectónicas e que levaram a prever determinadas opções organizativas.

o Na fase de exploração há a considerar os métodos e das técnicas de limpeza e manutenção, que foram escolhidas em fase de projecto, em função as opções arquitectónicas, dos equipamentos incorporados no imóvel e dos materiais de revestimento usados no interior e exterior, os quais levaram a prever determinadas opções organizativas para esta fase. o Na fase de demolição há a considerar as técnicas de

demolição que se prevê vir a utilizar e que foram escolhidas em fase de projecto em função das opções arquitectónicas, da potencialidade de reutilização dos materiais usados na construção e ainda em função da existência ou não de edifícios adjacentes e que levaram a determinadas opções organizativas para esta fase.

5.2 – A APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS GERAIS DE PREVENÇÃO NA