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A construção das entrevistas

No documento flaviamolinatoledocouto (páginas 56-59)

4. O grupo de estudo

4.1 A construção das entrevistas

Os formulários utilizados na pesquisa foram elaborados a partir do conhecimento teórico da equipe de pesquisa a respeito do risco de queda do idoso em ambientes domiciliares e teve sua construção iniciada pela entrevista estruturada a qual deu origem à semiestruturada. A "entrevista é uma das principais técnicas de trabalho em quase todos os tipos de pesquisas utilizadas nas ciências sociais" (LÜDKE; ANDRÉ, 1986 apud REINGANTZ et al., 2009) e "gera um conjunto de informações sobre o que as pessoas pensam, sentem, fazem, conhecem,

acreditam e esperam" (ZEISEL, 1981 apud REINGANTZ et al., 2009). Trata-se de uma técnica de coleta de dados em pesquisas qualitativas e que pode ser elaborada de diferentes maneiras no que tange à natureza de suas perguntas a fim de adequá-las com maior critério ao propósito da pesquisa (CALEFFE E MOREIRA, 2008).

Foram elaboradas dez questões objetivas para a primeira fase da coleta de dados, as quais foram precedidas de um cabeçalho para identificação dos indivíduos participantes e apresentação aos mesmos do conceito de queda adotado na pesquisa, além de um campo para a especificação da medicação utilizada pelo respondente e indicação prescrita, afastando-se, dessa forma, os idosos com maior propensão a quedas, a partir da apresentação de medicamentos para diagnósticos que alteram o equilíbrio como, por exemplo, a labirintite e os polifármacos (acima de quatro medicações) (CRUZ, 2011).

O objetivo da primeira pergunta foi coletar a informação sobre a ocorrência de queda ou não por parte do voluntário respondente, independentemente da época do ocorrido, bastando para a pesquisa que o fato tenha acontecido após o respondente ter completando 60 anos. Em caso negativo, as quatro perguntas seguintes não se aplicam ao respondente, por se tratar de um bloco de questões que procura diagnosticar os motivos e locais de ocorrência da queda. Nesse caso, o voluntário segue para a sequência de pergunta de seis a dez, cujo objetivo é avaliar o receio na ocorrência de quedas e o questionamento sobre os locais de maior risco, na opinião do entrevistado. Já em caso afirmativo, a entrevista segue seu curso natural, devendo o pesquisador apenas certificar-se de que o respondente é domiciliado no local de ocorrência da queda.

A entrevista finalizada foi enviada para avaliação de conteúdo e certificação de que o material elaborado era suficientemente abrangente e capaz de acrescentar informações à pesquisa. A apreciação foi feita pela arquiteta Cybele Barros, autora do projeto Casa Segura, aprovado pelo Ministério da Saúde e parte integrante do Programa de Atenção Integral à Saúde do Idoso, e aprovada em sua totalidade. Em seguida, a mesma foi enviada ao CEP da UFJF como anexo do processo, diante do qual foi aprovada e liberada para aplicação.

Como o número previsto de voluntários respondentes era de 250 idosos, optamos por validar a entrevista com um pequeno grupo aleatório pertencente à instituição coparticipante, onde se desenvolveria toda a coleta de dados. Foram entrevistados cinco idosos, sendo possível identificar pequenas falhas, as quais foram sanadas antes de seguir com a coleta. Tais falhas se apresentaram pela necessidade de maior clareza nas perguntas bem como nas opções de resposta, além da necessidade de uma forma mais precisa e prática de coleta no intuito de viabilizar, ao final, a organização e tabulação dos resultados encontrados.

Quanto à clareza, todo o questionário foi reescrito para atender adequadamente às demandas do grupo de pesquisa. Quanto à forma de tabulação dos resultados futuros, optamos por utilizar o software SPSS® de análise estatística para as ciências sociais. Para tanto, foi necessária a adaptação da entrevista aos padrões de referência do software para posterior análise no mesmo, acrescentando, assim, um número correspondente a cada questionamento, tanto aqueles alocados no cabeçalho, quanto as questões propriamente ditas e a respectiva opção de resposta, além de incluir nestas últimas, a opção “não aplicada” e a “não sabe ou não respondeu”. A opção “não aplicada” foi inserida em virtude de haver a possibilidade de o respondente não ter sofrido nenhuma queda; nesse caso, algumas perguntas subsequentes não seriam realizadas pelo pesquisador. Como o software utilizado para a análise não reconhece ausência de resposta, foi inserida a opção “não sabe ou não respondeu”, deixando o respondente à vontade caso não quisesse responder a qualquer uma das questões. Após o fechamento da versão final da entrevista estruturada (Apêndice B), iniciou-se o processo de aplicação das mesmas, no dia 08 de setembro de 2015.

A entrevista semiestruturada (Apêndice C) foi elaborada como um aprofundamento das questões presentes na primeira entrevista. Nesse caso, todos os respondentes seriam, obrigatoriamente, indivíduos que já sofreram pelo menos uma queda em seu domicílio, o que permitiu iniciar o questionamento sobre o motivo que o levou à queda. Como a segunda entrevista foi elaborada para ser realizada com a presença do pesquisador nos ambientes que propiciaram tais quedas, a maior parte das perguntas apresentam campos de preenchimento permitindo uma avaliação crítica do pesquisador sobre cada um dos fatos. As perguntas dois e três deixam claro se houve mais de uma queda e real consequência para o idoso, ao questioná- lo sobre a necessidade ou não de se hospitalizar devido à queda sofrida. O restante da entrevista é desenvolvido a partir de um percurso por todos os ambientes, feito simultaneamente entre voluntário e pesquisar, sendo o último guiado pelo primeiro. O intuito do percurso é avaliar como o indivíduo se comporta em seu ambiente domiciliar, suas necessidades e costumes, desvendando os reais riscos de queda capazes de ser atribuídos ao ambiente físico visitado. Os registros foram feitos ainda através de imagens retiradas pela equipe de pesquisa e croquis do domicílio, tendo o último a finalidade de orientar a equipe durante a análise dos dados por considerar a forma de percurso e funções desempenhas em cada ambiente como influenciadores do processo.

No documento flaviamolinatoledocouto (páginas 56-59)

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