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4. Os resultados de uma pesquisa etnográfica

4.2. A construção do produto

Quando falamos em tecnologia e nos propomos a desenvolver uma pesquisa que relaciona o desenvolvimento humano e ferramentas tecnológicas, é comum acreditarmos que tal relação só é possível com aparelhagem eletrônica e alto custo. É inequívoco, que produzir instrumentos tecnológicos vai requerer um custo financeiro, mas ele não precisa ser essencialmente alto. Como também produzir tecnologia não vai exigir sempre a utilização de sofisticada aparelhagem eletrônica. O que queremos pontuar é que as novas tecnologias já existem e ocorrem em sala de aula, toda inovação no processo de ensino e nas práticas pedagógicas transformando e renovando os velhos moldes educacionais já pode ser configurado como novas tecnologias. No entanto, hoje temos acesso a instrumentos que podem ainda mais otimizar essa relação ensino-aprendizagem e promover o professor a um nível de profissionalização e conhecimento, mais assertivo. A exemplo do uso do computador e data show para minimizar as transcrições no quadro, esses instrumentos geram um ganho de tempo que pode ser melhor aproveitado, não para mais exposição conteudísticos, mas principalmente para novas formas de promover a discussão do conteúdo apresentado em sala. É preciso focar a sala de aula como um espaço de construção do conhecimento e não apenas de repasse dele. Promover a dialogicidade em sala e construir um produto de aprendizagem a cada aula proposta, passa a ser o objetivo central na promoção de uma aprendizagem eficaz, que relaciona e compreende o desenvolvimento cognitivo de cada aluno.

Iniciamos esse trabalho explicando o que é tecnologia, como se dá sua construção e desenvolvimento e como as inovações tecnológicas estão intrinsecamente relacionadas ao desenvolvimento humano pois a

A tecnologia existia muito antes dos conhecimentos científicos, muito antes que homens, embasados em teorias pudessem começar o processo de transformação e controle da natureza. Além de ser mais antiga que a ciência, a tecnologia não auxiliada pela ciência, foi capaz de inúmeras vezes, criar estruturas e instrumentos complexos. Os nossos ancestrais criadores tiveram êxito porque a experiência lhes havia ensinado que certos materiais e técnicas produziam resultados aceitáveis, enquanto que outros não (VERASZTO et al, 2004).

Quando o autor se refere aos nossos ancestrais, ele está citando o homem das cavernas, que aprimorou instrumentos básicos do cotidiano para melhorar suas condições de vida e sobrevivência. Essa explicação do surgimento da tecnologia nos amplia a compreensão de como se faz tecnologia em nossos dias, e como ela não precisa relacionar-se exclusivamente com aparelhos eletrônicos, mas sim com o processo de desenvolvimento humano. É o desenvolvimento humano em favor de relações de otimização e promoção da vida que produzem novas tecnologias. Mas é importante ressaltar que a ciência aproximou a tecnologia de avanços ainda mais satisfatórios e que todo o conhecimento científico só existe porque o homem desenvolveu seu sistema cognitivo e procurou assimilar as relações de convivência a formas mais elaboradas de viver em sociedade.

Nosso produto de pesquisa busca promover o professor e suas práticas pedagógicas, convidando-as para desenvolver-se sob um instrumento tecnológico, que é o Mapa ADC, com a finalidade de que o mapa possa produzir resultados de avaliação e acompanhamento das aulas, que favoreçam os professores em seu processo de construção e execução da aula. Tendo o professor, como nosso principal ativos de inovação e tecnologia para a sala de aula, no sentido em que ele é responsável por produzir inovação em suas aulas, assim como Castro & Silva (2016, p.10) afirmam e orientam,

O movimento das tecnologias possibilita recriar caminhos para uma escola produtiva, mas ainda distanciada pela realidade dos números da exclusão, que insistem em assolar o cenário de muitas regiões brasileiras. São indispensáveis olhares de diferentes esferas de atuação nos setores educacionais para que o uso das tecnologias seja efetivo como parte do sucesso dos resultados escolares.

Procuramos um caminho de possibilidades para a educação, que a faça transpor as dificuldades do cotidiano escolar. Essa busca atende ao movimento proposto por Castro e Silva, no sentido da dialogicidade frente as multiplas realidades da sala de aula. Ter somente o equipamento tecnológico não nos garante uma proposta de ensino válida, é preciso ter o conhecimento para trabalhar com o instrumento tecnológico, sendo capaz de manipulá-lo e aplicá-lo ao cotidiano escolar, desenvolvendo os recursos disponíveis ao processo de ensinar e aprender.

A pesquisa, buscou principalmente, apresentar algumas propostas aos professores através da sequência didática para que eles compreendam o processo do desenvolvimento cognitivo e possam trabalhar com o Mapa ADC, sendo capaz de operacionalizá-lo e promover multiplas possibilidades de ensino à sala de aula. O Mapa de Avaliação do Desenvolvimento

Cognitivo é principalmente uma ferramenta de conhecimento e investigação dos instrumentos metodológicos de ensino.

A propositura do Mapa de desenvolvimento cognitivo é apresentar ao professor quais os espaços de aprendizagem do aluno no campo cognitivo, oferecendo a eles um panorama de possibilidades de instrumentos e atividades para práticas de ensino, conforme os aspectos cognoscentes dos alunos, promovendo relações e interações sociais, estabelecendo estruturas aprendentes para cada conteúdo proposto. Portanto, durante a pesquisa concentramo-nos na formação docente, em linhas de estruturação, veiculação e otimização das aulas.

Concordamos ser relevante, dialogar com os professores quanto ao Desenvolvimento Cognitivo, a importância de compreendê-lo para otimizar o processo de ensino-aprendizagem. Portanto utilizamos a sequência didática, entendendo que essa ferramenta é comum na prática docente e que em linhas práticas ele poderá comunicar aos professores o processo do desenvolvimento cognitivo, estabelecendo as reais necessidades educacionais de seus alunos dentro das inúmeras possibilidades de aprendizagem a que estão dispostos. Compreender a estrutura de desenvolvimento humano possibilitou um olhar plural quanto o fazer docência. Assim Oliveira define a sequência didática da seguinte forma:

A sequência didática interativa é uma proposta didático-metodológica que desenvolve uma série de atividades, tendo como ponto de partida a aplicação do círculo hermenêutico-dialético para identificação de conceitos/definições, que subsidiam os componentes curriculares (temas), e, que são associados de forma interativa com teoria (s) de aprendizagem e/ou propostas pedagógicas e metodologias, visando à construção de novos conhecimentos e saberes. (OLIVEIRA, 2013, p.43)

Em linhas gerais podemos definir a sequência didática interativa como um conjunto de estratégias, atividades e intervenções planejadas, passo a passo para que o tema proposto seja alcançado e compreendido. Partindo sempre do princípio interativo, do que os indivíduos participantes da atividade já conhecem sobre o tema, inserindo assim as orientações didático- metodológicas nas construções que buscamos promover.

O tema central trabalhado com o professor, na sequência didática foi: Desenvolvimento cognitivo: Definindo estruturas organizacionais tecnológicas para o ensino-aprendizagem. A sequência didática buscou promover o conhecimento das fases cognitivas do aluno, possibilitando aos professores uma compreensão geral de como o processo de ensino e aprendizagem acontece para o aluno. O próximo passo após a sequência didática seria a aplicação do Mapa ADC, para o professor utilizá-lo em sala de aula, entretanto devido a um atraso na diagramação do Software, e por precisarmos cumprir o prazo estabelecido pelo

Mestrado na defesa desse trabalho, pois provavelmente o software, só será concluído em agosto de 2018.

Acreditamos que a sequência didática cumpriu o seu papel propondo um caminho para uma formação continuada, dentro do tema proposto e que diante dos discursos dos professores participantes das oficinas de aprendizagem, a implantação do software, será mais uma ferramenta de estruturação do processo de ensino e da aula. Nesse sentido Palangana (2015, p.11) nos orienta quanto a principal finalidade de todo o esforço por fazer educação,

A principal finalidade de toda estrutura educacional é promover a aprendizagem e o desenvolvimento do ser humano. Isso por si só, justifica a constante preocupação, não apenas de psicólogos e educadores como de pesquisadores de outras áreas, com a complexa natureza desses processos. A educação é um sistema complexo, cheio de fatores e proposituras, de certo e errado, mas principalmente é um conjunto de processos que promovem o indivíduo socialmente. Não há um único caminho, mas há caminhos diversos, que precisam ser percorridos, desvelados e transformados continuamente com a finalidade de promover o sujeito no ensino, no conhecimento e na vida (FREIRE, 2011).

Os processos que precisamos percorrer até conquistar a educação são diversos, complexos e contínuos, não há nada na educação que tenha um fim em si mesmo, é preciso perseverar em aprender e continuar aprendendo, mesmo quando acreditamos que já sabemos o suficiente.