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A Contabilidade como sistema de informação quanto à postura

A Contabilidade, como ciência que estuda o patrimônio das organizações, muniu-se de práticas capazes de evidenciar a situação patrimonial e o desempenho econômico-financeiro das entidades. Nesta perspectiva, possui instrumentos necessários para colaborar na identificação do nível de responsabilidade social dos agentes econômicos. Com o objetivo de evidenciar a situação econômico-financeira das empresas e o desempenho periódico destas, constitui-se em um adequado sistema de informações frente à postura ambiental das entidades.

Portanto, propostas e recomendações existem no sentido de que as companhias tornem públicos os efeitos de sua interação com o meio ambiente. Os efeitos da interação da empresa com o meio ambiente, de acordo com Ribeiro e Lisboa (1999, p.75), podem ser identificados mediante:

a) os estoques de insumos antipoluentes para inserção no processo operacional;

b) os investimentos realizados em tecnologias antipoluentes (máquinas, equipamentos, instalações);

c) montante de obrigações assumidas pela empresa para a recuperação de áreas degradadas ou de águas contaminadas, e para pagamento de penalidades ou multas decorrentes de infrações à legislação ambiental; d) as reservas para contingências constituídas com base na forte

probabilidade de ocorrência de perdas patrimoniais provocadas por eventos de natureza ambiental;

e) montante de custos e despesas incorridos com vistas à contenção dos níveis de poluição e/ou por penalidades recebidas por procedimentos inadequados; e

f) Balanço Patrimonial, refletindo a situação econômico-financeira das empresas, ou seja, bens, direitos e obrigações, poderia discriminar como Ativo as aplicações de recursos, tendo como objetivo o que estiver relacionado à proteção, recuperação e restauração ambiental, bem como os investimentos em estoques de insumos preventivos aos efeitos poluentes, além dos bens de longa duração, que seriam utilizados no processo de contenção/eliminação da poluição.

Além dos aspectos citados, podem ser representadas, no Ativo, as perdas por meio de provisão para desvalorização, totais ou parciais. Essas perdas são as decorrentes da exposição dos ativos quanto à poluição, traduzindo-se em redução do potencial em uso.

De acordo com Ribeiro e Lisboa (1999, p.76), "essas informações traduziriam o empenho prático da organização em melhorar a qualidade ambiental do planeta e, por conseguinte, em demonstrar sua Responsabilidade Social, além de servir de parâmetro para a melhoria de suas congêneres".

Por sua vez, o Passivo, que representa as obrigações para com terceiros, deve ser reconhecido a partir do momento em que é verificado, mesmo que ainda não haja uma cobrança formal ou legal. Esta identificação e divulgação do Passivo Ambiental são de grande relevância para a avaliação das condições de continuidade da empresa, além de serem úteis na evidenciação da responsabilidade social.

Dentre outras formas de identificação do Passivo Ambiental, tem-se o Estudo de Impactos Ambientais (EIA) e os Relatórios de Impacto ao Meio Ambiente (RIMAS). O EIA é elaborado na época de constituição da empresa e o RIMA é elaborado periodicamente, para acompanhamento, por esses órgãos, dos impactos dos procedimentos operacionais das empresas.

O Passivo Ambiental tornou-se um quesito elementar nas negociações de empresa, ou seja, na compra e venda, pois poderá ser atribuída aos novos proprietários a responsabilidade pelos efeitos nocivos ao meio ambiente provocados pelo processo operacional da companhia ou pela forma como os resíduos poluentes foram tratados. Isso é corroborado por Ribeiro e Lisboa (1999, p.77), ao dizer que "pode gerar significativos impactos no fluxo financeiro e econômico da organização".

A identificação do Passivo Ambiental também tem relevância nos processos de privatização e de compra. Nessas negociações de valores das transações e nos processos de incorporação de empresas com características altamente poluentes, em que este item foi ignorado, houve grandes prejuízos para a incorporação.

Não obstante, o desempenho das empresas, apurados pela demonstração de resultado, pode mostrar com clareza o montante de recursos consumidos naquele período específico para a proteção, controle, preservação e restauração ambiental, identificando o montante de gastos com penalidade e multas.

Ribeiro e Lisboa (1999, p.77) argumentam que "a evidenciação dos fatores que refletem a interação da empresa com o meio ambiente é fundamental. Qualquer

que seja o usuário dessa informação, poderá estar interessado na identificação dos riscos de eventual descontinuidade e das perspectivas de continuidade, tendo em meta as ações e pressões governamentais da comunidade financeira, de crédito e da sociedade em geral."

Outro enfoque importante que essas informações poderão trazer são as instalações e manutenção de empresas, pois, por intermédio dessas informações, pode-se analisar o custo-benefício dessas organizações.

Portanto, a Contabilidade poderá dar essas informações, pois é responsável pela identificação e apuração dos resultados econômico-financeiros. Essas informa- ções contábeis, de acordo com Ribeiro e Lisboa (1999, p.78), "conjugadas com dados físicos sobre os poluentes produzidos comparativamente à quantidade e tipos produzidos no período imediatamente anterior, bem como sobre os níveis permitidos pela legislação ambiental, podem ser de grande valia no que tange à avaliação da Responsabilidade Social de uma empresa."

Verifica-se, portanto, que por meio da identificação, mensuração e divulgação das referidas informações, a Contabilidade pode contribuir muito com a sociedade e com o Governo, buscando soluções para os problemas sociais. A Contabilidade, como meio de fornecer informações, deve buscar responder a este novo desafio, satisfazendo os usuários interessados na atuação das empresas sobre o meio ambiente, devendo, ainda, contribuir para a tomada de decisão.

A sociedade, cada vez mais, exige fornecimento de informações úteis. Nos meios de comunicação estão presentes, a cada dia que passa, as questões ecológicas ambientais e sociais. A Contabilidade e os profissionais que a exercem não podem ficar de fora desta realidade. Não menos relevante mostra-se a problemática da gestão dos custos ambientais nas organizações.

2.5 A CONTABILIDADE E A PROBLEMÁTICA DA GESTÃO DOS CUSTOS

Para Ribeiro (1992, p.41), a Contabilidade surgiu com a necessidade humana de quantificar riquezas, até o momento sem nenhum valor agregado. Limitada, inicialmente, a acumular valores, acompanhou a evolução do homem adaptando-se, primeiramente, à realidade da era mercantilista, em que o elemento fundamental da

época - os estoques - demandavam controles apurados e demonstrações dos resultados obtidos.

Ribeiro (1992, p.42) salienta que o surgimento de oficinas, trabalhos artesanais domésticos, pequenas indústrias, energia a vapor, primeiras estradas de ferro e a evolução das máquinas, consolidaram o início da Era Industrial, estimulando-se assim os constantes avanços tecnológicos experimentados pelo mundo.

Segundo Leone (1985, p.34), a partir deste estágio, o processo produtivo passou a exigir a incorporação de novos valores à matéria-prima, até então comercializada em seu estado natural. Ao custo do produto passou-se agregar, além do custo da matéria-prima e dos materiais auxiliares, mão-de-obra, aluguel do espaço utilizado e a depreciação das máquinas, tornando o processo de obtenção da receita mais complexo.

A Contabilidade de custos aprimorou-se ao longo dos séculos, incorporando práticas, em seguida princípios, postulados e convenções, para fazer face à evolução da sociedade e suas novas tecnologias. Deste modo, a determinação dos custos de uma organização tornou-se um poderoso instrumento nas mãos de administradores, para o eficiente desempenho de suas funções. Ribeiro (1992, p. 44) afirma, ainda, que:

A Contabilidade evoluiu o bastante para identificar, mensurar, registrar e tornar público todos os eventos de relevância envolvidos no desenvolvimento das atividades de uma empresa, com isso fornecendo fundamentos para a escolha mais acertada entre as alternativas possíveis em relação à alocação de recursos escassos e, em seguida, oferecendo elementos para avaliação dos recursos consumidos comparativamente aos rendimentos obtidos.

Segundo Leone (1985, p.35), a Contabilidade de custos engloba técnicas para o registro, organização, análise e interpretação dos dados relacionados à produção, ou à prestação de serviços. Desta forma, a Contabilidade de custos, quando acumula os custos e os organiza em informações relevantes, pretende atingir três objetivos principais: a determinação do lucro, o controle das operações e a tomada de decisões. Porém, apesar da evolução inegável da Contabilidade de custos, esta não vem acompanhando, de maneira satisfatória, as modificações que estão ocorrendo no meio empresarial nos últimos anos.

Bornia (1995, p. 3), por exemplo, afirma que, apesar da grande magnitude destas mudanças, não houve respostas à altura por parte dos sistemas de

informações gerenciais, e particularmente dos sistemas de custos, no sentido de se adaptarem à nova realidade e proverem informações altamente necessárias para o bom gerenciamento da empresa moderna, tais como medidas de desempenho que indiquem quais atividades estão sendo eficientes, quais são perdas para a empresa e os locais onde devem ser focalizadas as atenções.

Antes, porém, de enfatizar as falhas dos sistemas de custos, faz-se necessário um maior detalhamento sobre os mesmos. Também é importante observar suas magnitudes em relação a seus propósitos.